28.1.20

SAUDI ARAMCO


Provavelmente você não saiba qual é a empresa mais valiosa do planeta. Oriunda de um país ditatorial e polêmico, muito em virtude de suas posições políticas e religiosas controversas para muitos, ela possivelmente tem boa parte da responsabilidade em fazer o “mundo rodar”. Afinal, é responsável pela produção de aproximadamente 10% do petróleo no mundo. Mais poderosa que muitos países, a petrolífera estatal saudita conhecida pelo nome de SAUDI ARAMCO, é um verdadeiro titã no mundo dos negócios, apontada como a maior e mais rentável empresa energética do planeta. 

A história 
A origem da SAUDI ARAMCO (em árabe أرامكو السعودية‎) data de 29 de maio de 1933, quando um contrato de concessão foi assinado entre o rei saudita Ibn Saud e a companhia americana Standard Oil Company of California (conhecida como SOCAL). Com isso, foi criada uma empresa subsidiária, a California Arabian Standard Oil Company (CASOC), para gerenciar o contrato de concessão de prospecção, perfuração e exploração de poços de petróleo no país. O trabalho começou imediatamente. Depois de pesquisar por todo o vasto deserto da Arábia Saudita em busca de petróleo, a perfuração começou em 1935. Após um período de um árduo esforço com pouco resultado prático, em 1937, os executivos da SOCAL procuraram o conselho de seu geólogo-chefe, Max Steineke. Com base em anos de trabalho de campo e muita experiência, Steineke aconselhou continuar a perfuração. E finalmente a empresa alcançou o tão almejado objetivo ao descobrir a primeira jazida de petróleo. Em 1938 teve início a produção comercial de petróleo no poço Dammam No. 7 - apropriadamente chamado de “Poço da Prosperidade”. Esse poço produziu imediatamente mais de 1.500 barris por dia, dando à empresa confiança para continuar sua procura pelo “ouro negro”. Nos anos seguintes, com petróleo jorrando em abundância, a empresa seria responsável por criar um oásis de riqueza para o país árabe.


Em 1949, a produção de petróleo bruto da empresa atingiu o nível recorde de 500.000 barris por dia e seguiu aumentando após a descoberta de outros grandes campos petrolíferos, como por exemplo, Ghawar, o maior do mundo, com reservas comprovadas de 60 bilhões de barris. Pouco depois, em 1950, o rei Abdulaziz ameaçou nacionalizar as instalações de petróleo de seu país, pressionando a empresa a concordar em compartilhar os lucros 50/50. Além disso, no ano seguinte a empresa descobriu o Safaniya, o maior campo do mundo de petróleo offshore (produção e serviços prestados no mar na indústria petrolífera). Era uma descoberta e tanto para começar a transformar a empresa em um gigante do setor. A década de 1970 foi extremamente importante para uma reviravolta na história da empresa. Isto porque, no ano de 1973, em pleno “boom” dos preços do petróleo no mundo, vinculado ao embargo árabe do chamado “ouro negro” contra os Estados Unidos por seu apoio a Israel na Guerra do Yom Kippur, a Arábia Saudita, então governada pelo rei Faisal Abdulaziz Al Saud, aproveitou a oportunidade para adquirir 25% da empresa, com os quais o percentual do Estado Saudita chegou a 60%, tornando-o acionista majoritário. Era o início da nacionalização da empresa.


Essa década também foi marcada pela diversificação dos negócios da empresa com o início da produção de gás por volta de 1975. Foi uma maneira de gerar fluxos adicionais de valor além do petróleo bruto. Hoje, a SAUDI ARAMCO é a única fornecedora de gás natural para a Arábia Saudita e a sétima maior do mercado mundial, além de operar a maior rede mundial de hidrocarbonetos, batizada de Master Gas System (uma extensa rede de dutos e instalações de processamento que conecta seus principais locais de produção de gás a centros de demanda em toda a Arábia Saudita). Na década de 1980, a empresa foi totalmente nacionalizada e oito anos mais tarde, rebatizada de Saudi Arabian Oil Company ou SAUDI ARAMCO. No final desta década, o primeiro CEO saudita da companhia, Ali al-Naimi, assumiu o comando com a visão de que a SAUDI ARAMCO poderia se tornar uma empresa global de energia integrada. Ao longo de seus anos como CEO, ele expandiu os ativos da empresa para incluir o downstream (refino, que hoje inclui produtos como GLP, nafta, gasolina, combustível de aviação/querosene, diesel, óleo combustível e asfalto) e outros ativos nos Estados Unidos, Coréia do Sul, China, Indonésia, Japão e Europa. Ali al-Naimi e seus sucessores também ampliaram a presença da empresa na Arábia Saudita por meio de joint ventures com refinarias e petroquímicas.


A partir dos anos de 1990, a SAUDI ARAMCO investiu bilhões de dólares em projetos de expansão para ampliar ainda mais sua capacidade produtiva, muito em virtude das consequências da Guerra do Golfo. Foi neste período também que a empresa iniciou uma expansão das vendas de petróleo no mercado asiático, incluindo acordos com a Coréia do Sul, Filipinas e China. Além disso, em 1998, a empresa resolveu ingressar no segmento de produtos químicos, procurando maximizar o valor de cada molécula de hidrocarboneto que produzia e criar um portfólio diversificado de fontes de receita não petrolíferas. Já em 2005, a SAUDI ARAMCO era considerada por especialistas a maior empresa do mundo, com um valor estimado de mercado de US$ 781 bilhões. Apesar de seu gigantismo, toda produção da SAUDI ARAMCO está em um país localizado na região mais conturbada e tensa do mundo. Os riscos em potencial ficaram evidentes no dia 14 de setembro de 2019 quando ataques realizados por drones atingiram a refinaria de Abqaiq (maior instalação de estabilização de petróleo bruto do mundo) e o campo de Khurais. E o impacto para o mundo foi grande. A empresa suspendeu a produção de 5.7 milhões de barris de petróleo bruto, o equivalente a aproximadamente 60% da produção do reino e 6% da produção mundial de petróleo. O preço do petróleo bruto Brent (a referência internacional) aumentou mais de 10% nas primeiras horas do dia 16 de setembro.


Até pouco tempo atrás envolta em mistério e pouca transparência, a SAUDI ARAMCO se transformou nos últimos anos à medida que se preparava para se tornar uma empresa de capital aberto. A SAUDI ARAMCO começou então a publicar seus resultados financeiros, realizar sessões de perguntas e respostas sobre a companhia e até mesmo levar jornalistas para visitar suas instalações. Também contratou mulheres ocidentais para alguns de seus principais cargos. E finalmente no dia 11 de dezembro de 2019, a SAUDI ARAMCO chamou a atenção do mundo ao protagonizar a maior oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de todos os tempos, conseguindo levantar US$ 25.6 bilhões, sendo avaliada em impressionantes US$ 1.7 trilhões. O que mais impressiona é que a empresa colocou míseros 1.5% do seu capital social, com dois terços destinados a investidores institucionais e o restante para particulares. Esta iniciativa faz parte do programa “Saudi Vision 2030”, anunciado em 2016 pelo príncipe herdeiro Mohammad Bin Salman. O propósito é modernizar a Arábia Saudita, tanto internamente como sociedade e também como potência financeira mundial. O programa tem como principal objetivo eliminar a dependência que o país tem sobre combustíveis fósseis. Apenas dois dias depois da entrada na bolsa de Riad, capital da Arábia Saudita, a empresa já havia se valorizado a ponto de atingir a marca dos US$ 2 trilhões. Com isso, tornou-se a primeira empresa multitrilionária do mundo dos negócios. O valor de mercado da SAUDI ARAMCO nesse dia foi maior que o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil em 2018, estimado em US$ 1.8 trilhões.


Um dos aspectos do enorme sucesso da SAUDI ARAMCO em um segmento altamente competitivo é o baixo custo de produção. Enquanto a extração de petróleo no mar custa caro devido à sua localização a dezenas de metros debaixo da água, o petróleo na Arábia Saudita está relativamente próximo da superfície. A empresa tem muitos campos de petróleo com custo barato para extração (especialistas estimam que em torno de US$ 10 o barril). Isto explica o enorme lucro da SAUDI ARAMCO. Durante sua história, a SAUDI ARAMCO construiu uma reputação de confiabilidade incomparável no fornecimento de petróleo bruto aos mercados de energia em todo o mundo.


Hoje em dia a SAUDI ARAMCO tem uma grande missão: atender mercados globais, resolver desafios globais e criar impacto global. A empresa saudita acredita no poder da energia para transformar vidas, melhorar comunidades, avançar o progresso humano e sustentar nosso planeta. Com a previsão de aumento da população global nos próximos 25 anos, será necessária ainda mais energia para atender à crescente demanda. Serão necessárias todas as fontes de energia disponíveis para atender a essa necessidade - fontes herdadas e alternativas. E a SAUDI ARAMCO está comprometida em impulsionar a eficiência energética e enfrentar o desafio das emissões globais. E, como maior empresa integrada de petróleo e gás do mundo, acredita estar qualificada de maneira única para fazer contribuições efetivas para a solução geral desse enorme problema.


A evolução visual 
A identidade visual da marca passou por algumas alterações ao longo dos anos. No dia 31 de janeiro de 1944, quando o nome da empresa foi alterado para Arabian American Oil Co. (conhecido pela abreviatura de ARAMCO), foi adotado um novo logotipo. Em 1988 com a mudança para Saudi Arabian Oil Company, pela primeira vez o nome SAUDI ARAMCO apareceu no logotipo. Posteriormente a marca apresentou um logotipo mais moderno e colorido. Este logotipo passou por uma modernização há alguns anos atrás.


Dados corporativos 
● Origem: Arábia Saudita 
● Fundação: 29 de maio de 1933 
● Fundador: Governo da Arábia Saudita 
● Sede mundial: Dhahran, Arábia Saudita 
● Proprietário da marca: Saudi Arabian Oil Company 
● Capital aberto: Sim (2019) 
● Chairman: Yasir Al-Rumayyan 
● CEO: Amin H. Al-Nasser 
● Faturamento: US$ 355.9 bilhões (2018/2019) 
● Lucro: US$ 111.1 bilhões (2018/2019) 
● Valor de mercado: US$ 1.8 trilhões (janeiro/2020) 
● Presença global: 60 países 
● Presença no Brasil: Não 
● Funcionários: 76.000 
● Segmento: Energia e químico 
● Principais produtos: Petróleo, gás natural e produtos petroquímicos 
● Concorrentes diretos: Shell, Exxon Mobil, BP, Total, Petronas, Chevron, ConocoPhillips, ADNOC’s, Sinopec, Lukoil, Petrobras, Equinor e Marathon Petroleum 
● Slogan: Where energy is opportunity. 
● Website: www.aramco.com 

A marca no mundo 
Não é nenhum exagero afirmar que a SAUDI ARAMCO, responsável pela riqueza da Arábia Saudita, é um verdadeiro titã difícil de ser superado. Afinal seus números impressionam: aproximadamente 260 bilhões de barris de reservas comprovadas de petróleo (tornando a Arábia Saudita o segundo país com as maiores reservas mundiais, atrás apenas da Venezuela), produção diária superior a 10 milhões de barris, mais de 76 mil empregados, faturamento de US$ 356 bilhões e lucro líquido de US$ 111.1 bilhões (dados de 2018/2019), que supera em mais de três vezes os lucros combinados de cinco das maiores petrolíferas do mundo. Além disso, a empresa saudita produz diariamente 1.1 milhões de barris de gás natural liquefeito (GNL) e 8.9 milhões de metros cúbicos de gás natural. A empresa está presente em mais de 60 países nos três principais mercados globais de energia (Ásia, Europa e América do Norte), através de filiais, refinarias e redes de oleodutos, nacionais e internacionais. A SAUDI ARAMCO exporta mais de 5 milhões de barris de petróleo por dia para países asiáticos (onde seus maiores clientes são China, Índia, Coréia do Sul e Japão), mais de 1 milhão de barris para a América do Norte e perto de 900 mil para o mercado europeu. A empresa mantém 11 centros de pesquisa & desenvolvimento e escritórios de tecnologias em países como Escócia, China, Estados Unidos, Coréia do Sul, Holanda, Rússia e França, além da Arábia Saudita. 

Você sabia? 
A empresa gerencia mais de cem campos de petróleo e gás na Arábia Saudita, incluindo 288 trilhões de pés cúbicos padrão de reservas de gás natural. A SAUDI ARAMCO ainda opera o Ghawar, o maior campo petrolífero onshore do mundo, e o Safaniya, o maior campo petrolífero offshore do mundo. 
Pesquisas de 2019 mostraram que a SAUDI ARAMCO, com emissões de 59.2 bilhões de toneladas de CO2 desde 1965, foi a empresa com as maiores emissões do mundo durante esse período. 
A SAUDI ARAMCO é hoje a maior exportadora de petróleo - e a única produtora que mantém pelo menos 2 milhões de barris por dia de capacidade ociosa que podem ser colocados rapidamente no mercado. 
O Governo da Arábia Saudita é dono de 98.5% da petrolífera. 


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, BusinessWeek, Isto é Dinheiro e Exame), jornais (Valor Econômico, Folha, O Globo e Estadão), portais (G1 e BBC), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand) e Wikipedia (informações devidamente checadas). 

Última atualização em 28/1/2020

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