14.6.20

BAIDU


Possui o motor de busca na internet mais popular da China. Tem seu próprio aplicativo de mapas. Opera no setor de armazenamento na nuvem e, de quebra, vem desenvolvendo seu próprio carro autônomo. Se você pensou naquele logotipo colorido, errou feio. É o BAIDU, popularmente conhecido como “Google chinês” e uma das maiores companhias de internet do mundo, cuja missão é descomplicar a vida através de inovadoras tecnologias. 

A história 
A história do BAIDU remonta a uma época em que o Google ainda estava em desenvolvimento. Em 1994, Robin Li (nascido como Li Yanhong), trabalhando para a Down Jones and Company, começou a pesquisar algoritmos para mecanismos de busca na internet. Ele desenvolveu o RankDex em 1996, um algoritmo que classificava páginas da web. Com patente concedida nos Estados Unidos, o RankDex foi o primeiro mecanismo de pesquisa que utilizava hiperlinks para medir a qualidade dos sites indexados. Após trabalhar por quase dois anos para a Infoseek, empresa pioneira em mecanismos de busca na internet, Robin retornou para a China em 1999 com o intuito de criar um novo negócio no então promissor mercado. Naquela época, o uso da internet estava apenas começando e era uma terra de enormes possibilidades. Robin (foto abaixo) e o ex-colega de classe Eric Xu, iniciaram a construção na web chinesa de um “crawler”, nome técnico para um servidor que varre, lê e organizava sites de acordo com palavras-chave. Era embrião da nova empresa que a dupla registraria pouco depois. Inicialmente eles lançaram um serviço de pesquisa paga para grandes corporações. Porém após menos de um ano, descartaram essa ideia e lançaram no dia 18 de janeiro de 2000 o BAIDU como um serviço de buscas na internet.


O nome do novo empreendimento originou-se de uma citação da última linha do poema clássico de Xin Qiji - “Green Jade Table in The Lantern Festival” - escrito durante a Dinastia Song (que governou a China de 960 a 1279) e que fala sobre a busca incerta pelo amor. BAIDU, cujo significado literal pode ser traduzido como “centena de vezes” (“Bai” significa centena e “du” vezes), representava uma busca persistente pelo ideal. Até hoje, as salas de reunião na sede da empresa em Pequim têm nomes de poemas chineses.


O primeiro escritório da empresa estava localizado em um quarto de hotel, perto da Universidade de Pequim, onde Robin se formou em gerenciamento de informações (também fez mestrado em ciência da computação na State University of New York, na cidade de Buffalo). Em um período de apenas um ano, o índice de páginas pesquisáveis atingia quase o dobro do tamanho de seu concorrente mais próximo na China. Em 2001 o BAIDU disponibilizou um sistema de leilões que permitia aos clientes fazerem lances para o posicionamento prioritário de links de anúncios, em busca de palavras-chave específicas dos usuários da plataforma, e pagassem toda vez que houvesse um clique no anúncio. Foi uma inovação utilizada antes mesmo da abordagem do Google à publicidade online. Em 2002 lançou o BAIDU MP3 SERACH, mecanismo de busca de músicas em formato MP3 e suas listas abrangentes de música popular chinesa, como o Baidu 500, com base nos números de downloads.


Pouco depois, em 2003, o BAIDU lançou um mecanismo de busca de notícias e de imagens, adotando uma tecnologia especial capaz de identificar e agrupar os artigos. Além disso, nesse mesmo ano lançou o BAIDU TIEBA, uma comunidade online onde os usuários podem procurar ou criar um tópico (fórum), digitando uma palavra-chave. E, nos dois anos subsequentes, lançou novos produtos e serviços, como por exemplo, o BAIDU MAPS (2005), aplicativo de mapas digitais que hoje em dia possui mais de 350 milhões de usuários ativos no mundo; e o BAIDU KNOWS (2005), fornece aos usuários uma comunidade baseada em consulta para compartilhar conhecimento e experiência. Nesta época o boom digital chinês lançou na web centenas de milhões de internautas que variavam entre os serviços para fazer suas buscas. Em meio à feroz competição, a velocidade e a precisão dos resultados do BAIDU o tornou o líder local em buscas. O dia 5 de agosto de 2005 foi histórico para o BAIDU, pois marcou sua abertura de capital na Bolsa de Valores NASDAQ, sendo uma das primeiras companhias chinesas listadas. Dois anos mais tarde se tornaria a primeira empresa chinesa a ser incluída no índice NASDAQ-100.


Em 2006 a empresa lançou mais novidades: a rede social BAIDU SPACE e a BAIDU BAIKE (enciclopédia colaborativa online, uma espécie de Wikipedia chinesa), que hoje conta com mais de 16 milhões de artigos e 6.9 milhões de editores. Em 2008, além de iniciar seu serviço de busca no idioma japonês (BAIDU JAPAN), o primeiro serviço regular da empresa fora da China; lançou o Baidu Safety Center, que oferece aos usuários varredura de vírus gratuita, reparo do sistema e avaliações de segurança online; e o BAIDU YOUA, uma plataforma de comércio eletrônico através da qual as empresas podiam vender seus produtos e serviços em lojas registradas no BAIDU. No início de 2010, executivos do Google na China fizeram acusações veladas contra autoridades do governo chinês, o que resultou na transferência de seus servidores para Hong Kong. A consequência imediata foi o bloqueio, por parte das autoridades de Pequim, de todos os serviços do Google no país. A saída do Google beneficiou muito o BAIDU em termos de faturamento e participação de mercado. Mas até hoje a empresa precisa lidar com a desconfiança de que foi ela quem pressionou o governo chinês para expulsar seu concorrente do país. E desde então, o BAIDU é constantemente acusado de ter se tornado mais passivo que o necessário, removendo qualquer resultado que critique Pequim ou o Partido Comunista Chinês.


Com seu buscador dominando o mercado chinês e vários serviços populares, o BAIDU resolveu se aventurar em outras áreas da tecnologia com o lançamento em 2010 do serviço de streaming de vídeo iQiyi (hoje o mais utilizado na China com mais de 400 milhões de usuários ativos) e; em 2011 com um sistema operacional para dispositivos móveis (batizado de BAIDU YUN). A aventura da empresa nesse segmento não teve vida longa e, quatro anos depois, o sistema operacional foi suspenso. E ainda em 2011 foi lançado em versão beta o navegador BAIDU BROWSER, cuja interface era similar ao Google Chrome, baseado no WebKit capaz de executar torrents, e cuja versão mais atual (batizada de SPARK e lançada em 2016) é capaz de baixar vídeos de streaming (sim, como o YouTube), receber comandos por gestos e fazer capturas de tela sem necessidade de plugins; e um serviço de busca de música, que permitia aos usuários transmitirem, baixarem e criarem acervos de músicas licenciadas.


Pouco depois, em 2012, foi lançado o BAIDU WANGPAN (também conhecido como BAIDU CLOUD), serviço de armazenamento de dados em nuvem (hoje oferece 2 TB de espaço livre gratuitamente), ingressando assim em um segmento bilionário da tecnologia. Neste mesmo ano a empresa chinesa também apresentou um aplicativo para pesquisas em dispositivos móveis. A empresa lançou seu antivírus (gratuito) para PCs em 2013. Com mais de 10 milhões de usuários baixando o software (BAIDU ANTIVIRUS) somente nos primeiros três meses, muitos ficaram chocados ao descobrir que era quase impossível desinstalar o programa de seus dispositivos, e que outros produtos do BAIDU precisavam ser baixados também para manter o sistema antivírus funcionando.


Entre as grandes companhias de internet da China, o BAIDU foi certamente o que mais ousou em esforços de internacionalização, abrindo escritórios no Oriente Médio, Tailândia, Índia, Indonésia e Japão. Em quase todos, fracassou. Por exemplo, no Brasil a empresa lançou seu serviço de buscas (em português) no mês de julho de 2014. Durante a sua curta estadia em território nacional, a empresa chinesa empenhou seus esforços para a popularização de seu antivírus, navegador de internet, aplicativos e de seu buscador. Além disso, chegou até a adquirir fatia majoritária no Peixe Urbano, uma plataforma de e-commerce local que disponibiliza milhares de ofertas em vários segmentos. A empresa chinesa permaneceu no mercado brasileiro até 2018. Sua saída deveu-se em boa parte pela péssima imagem e alta rejeição no país, prejudicada pela instalação involuntária de seus programas, como antivírus e navegador de internet. A empresa chinesa apostou em algumas estratégias arriscadas de difusão de seus serviços que basicamente forçou sua entrada em computadores brasileiros. E se deu mal.


Ainda em 2014 a empresa inaugurou um moderno Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Sunnyvale, estado da Califórnia. Outros produtos e serviços lançados pela empresa neste período foram: BAIDU WALLET (2014); um aplicativo de pagamento que oferecia transferências interbancárias gratuitas e permitia pagar compras online e contas de serviços públicos; e o DUER (2015), um assistente de inteligência artificial ativado por voz e projetado para sugerir recomendações e realizar pedidos online. Entre outros produtos populares da empresa estão o BAIDU DICTIONARY (fornece aos usuários tradução de texto entre os idiomas chinês e inglês) e o aplicativo BAIDU (200 milhões de usuários diários), fortemente baseado em inteligência artificial e que oferece funções como: motor de busca, feed de notícias, comando de voz, reconhecimento de imagem (objetos e tradução, por exemplo) e modo infantil.


No início de 2017, o BAIDU iniciou atuação no segmento de Inteligência Artificial e Machine Learning. O primeiro produto comercial bem-sucedido desta nova estratégia foi uma solução de reconhecimento de voz e rosto, que permite a faculdades e prédios comerciais a autorizar ou negar o acesso de pessoas. Além disso, como a empresa chinesa pode usufruir de um extenso conjunto de dados, seu assistente de voz, chamado Duer, acumulou mais conjuntos de habilidades baseadas em conversas do que Alexa, Siri ou Cortana. Logo depois surgiu o RAVEN H, seu primeiro alto-falante inteligente que se destaca pelo design: parece uma pilha de quadrados de plástico, cuja parte superior é sensível ao toque e pode ser levantada. Outro fruto dessa estratégia de investimento em Inteligência Artificial ocorreu no começo de 2018, quando o BAIDU recebeu aprovação para começar a realizar testes de carros autônomos nas ruas de Pequim. Por meio do Programa Apollo (plataforma que permite transformar carros e ônibus em veículos autônomos), as tecnologias de Inteligência Artificial do BAIDU são disponibilizadas gratuitamente às montadoras como um cérebro para seus veículos. Em troca, a empresa obtém acesso aos dados para tornar seus algoritmos mais inteligentes. Ainda na área da Inteligência Artificial o BAIDU desenvolveu uma solução para prever se as células são normais ou cancerígenas. Os resultados de usar os algoritmos dessa maneira são promissores – um número menor de falsos positivos, por exemplo.


Apesar de todo o sucesso, a empresa tem sua parcela de críticas (e que são muitas). O BAIDU foi acusado de censura e de promover downloads ilegais de músicas. Sua imagem sempre sofreu porque os resultados da pesquisa seriam inundados com anúncios patrocinados, dificultando a identificação orgânica pelos usuários. Porém, nos últimos anos, o BAIDU está tomando cada vez mais medidas para tornar a experiência mais centrada no usuário - uma maneira melhor de exibir anúncios, semelhante à forma como o Google.


A evolução visual 
O logotipo da marca é composto por uma pata azul (isso pode ser interpretado como uma pata de cachorro, animal conhecido por suas excelentes capacidades de busca através do faro apurado) e pelo nome da marca (incluindo a escrita em chinês 百度). Essa identidade visual passou por apenas uma discreta remodelação. A principal alteração ocorreu em relação à tipografia de letra, que se tornou mais afinada.


Dados corporativos 
● Origem: China 
● Fundação: 18 de janeiro de 2000 
● Fundador: Robin Li e Eric Xu 
● Sede mundial: Pequim, China 
● Proprietário da marca: Baidu Inc. 
● Capital aberto: Sim (2005) 
● CEO: Robin Li 
● Faturamento: US$ 15.4 bilhões (2019) 
● Lucro: US$ 906 milhões (2019) 
● Valor de mercado: US$ 40 bilhões (junho/2020) 
● Presença global: 10 países 
● Presença no Brasil: Não 
● Funcionários: 46.000 
● Segmento: Tecnologia 
● Principais produtos: Mecanismo de busca, antivírus e computação em nuvem 
● Concorrentes diretos: Google, Yahoo!, Microsoft, Alibaba, Tencent, Qihoo 360, ByteDance e Sohu  
● Slogan: Behind your e-success. 
● Website: www.baidu.com 

A marca no mundo 
Uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, o BAIDU é um gigante robusto em termos de números: fatura mais de US$ 15 bilhões (dados de 2019), tem 700 milhões de usuários em seus vários serviços (somente um de seus aplicativos são 200 milhões de usuários por dia), é o segundo maior mecanismo de busca da internet no mundo, está entre os seis sites mais acessados do mundo e emprega mais de 46 mil pessoas. Atualmente seu principal serviço é o motor de buscas, mas a empresa também conta com diferentes produtos, incluindo plataforma de mapas, imagens, vídeos, notícias, antivírus, navegadores, marketing e publicidade online. Além disso, mais recentemente passou a investir em Inteligência Artificial, sistemas autônomos, hardware, software e serviços de computação em nuvem. Boa parte de seu faturamento provém da plataforma de pagamento por desempenho (P4P), que utiliza a tecnologia PPC (pagamento por clique). 

Você sabia? 
Em conformidade com a política chinesa de controle, o motor de busca da BAIDU filtra material controverso dos seus resultados de pesquisa. Isto não se aplica ao portal da BAIDU no Japão, que desvia 60% do seu tráfego antes de chegar à China continental. 
Um dos temas que mais incomoda os “Baiduers”, como são chamados os funcionários do BAIDU, é de que sua empresa é uma cópia de tecnologias do Google. 
O logotipo da BAIDU também adquire várias formas e design em datas comemorativas, igualmente ao seu principal concorrente. 
No início de 2020 o BAIDU lançou a sua blockchain própria com uma criptomoeda chamada Xuperchain


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, BusinessWeek, Isto é Dinheiro, Veja e Exame), sites de tecnologia (Startse e Tech Mundo), portais (UOL), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers). 

Última atualização em 14/6/2020

Um comentário:

MeioImpossível13 disse...

Vc faz um ótimo trabalho, obrigado por reunir informações e colocar de forma acessível a tanto tempo.