19.8.20

CARVANA


Fique à vontade para comprar uma Ford F-150 usada pelo computador ou smartphone e receba a picape em casa no dia seguinte. Com a americana CARVANA é assim. Conhecida como a “Amazon dos Automóveis”, a empresa não precisa de suntuosas concessionárias ou vendedores experientes e bons de lábia para vender carros usados. Desde a compra pela internet até a retirada ou entrega do veículo em casa, tudo é feito com o mínimo de contato com pessoas ou vendedores. Além é claro, de uma boa dose de marketing através de seus pontos de venda que mais parecem gigantescas e chamativas máquinas automáticas de automóveis. Assim funciona a CARVANA, que vêm revolucionando a forma de se vender ou comprar carros usados. 

A história 
Tudo começou em 2007 quando Ernest Garcia III (ao centro na foto abaixo), após se formar em engenharia na tradicional Universidade de Stanford, foi trabalhar na DriveTime Automotive, uma rede de concessionária de veículos usados, da qual seu pai era o maior acionista. Em 2012, juntamente com Ryan Keeton e Ben Huston, ele criou a CARVANA, uma plataforma online para venda e financiamento de carros usados, como uma subsidiária da DriveTime. A principal missão da nova empresa era “mudar a maneira como as pessoas compram carros”. Ao remover a infraestrutura tradicional da concessionária e substituí-la por tecnologia e atendimento ao cliente excepcional, a CARVANA oferecia aos consumidores uma plataforma de compra e financiamento online intuitiva e conveniente. O serviço foi lançado em janeiro de 2013, com início na cidade de Atlanta, estado da Geórgia. Inicialmente a recém-criada empresa comprava a maior parte de seu estoque de carros usados de sua controladora, que por sua vez lhe fornecia suporte financeiro e assistência tecnológica.


A CARVANA oferecia aos clientes garantias, financiamentos e preços extremamente competitivos, em parte porque não precisava se preocupar em manter e contratar uma equipe para as concessionárias físicas. Apesar da empresa não oferecer test drive, dava ao cliente sete dias para devolver um veículo, e sem dar explicação. Chegava até ligar para ele no sexto dia e lembrar que a política de retorno estava expirando. Outro diferencial da empresa era a opção do veículo ser entregue na residência do comprador, mediante uma taxa. Os veículos para entrega eram despachados em caminhões e embalados em sacolas gigantes (estampadas com o logotipo da marca e uma frase de agradecimento), uma grande ideia de marketing. Em novembro de 2014 a CARVANA se tornou uma empresa independente da DriveTime Automotive.


Mas foi em 2015 que a CARVANA começou a chamar a atenção da mídia e dos consumidores. Isto por que a empresa inaugurou a primeira Car Vending Machine, uma espécie de “máquina automática gigante de refrigerante” só que para vender carros. Localizada na cidade de Nashville, estado do Tennessee, a arquitetura inicial desse estabelecimento era formada por uma torre envidraçada de cinco andares, que essencialmente funcionava como uma pequena garagem automatizada com capacidade para 20 carros. A torre foi desenhada justamente para lembrar as máquinas automáticas usadas normalmente para vender alimentos, refrigerantes e outros tipos de bugigangas. Nesse inovador sistema automático de vendas de carros, o cliente escolhia no site da empresa o modelo com base em cor, faixa de preço e estilo (conversível, picape, SUV, minivan e afins), fechava o plano de compra ou financiamento, assinava o contrato e então ia até a máquina. Depois bastava colocar uma enorme moeda personalizada (entregue pela CARVANA) em uma máquina. Em seguida, uma mão robótica pegava o automóvel reservado e o depositava na frente do comprador. O último passo era fazer um test drive, ver o carro de perto e confirmar a transação.


O grande diferencial da máquina era a entrega dos carros aos compradores sem a intervenção de humanos. Com a Car Vending Machine a CARVANA tinha criado uma experiência de entrega personalizada e memorável. Afinal é raro que uma concessionária de veículos - especialmente uma revendedora de carros usados - adote o mantra de surpresa e encantamento que a maioria dos varejistas tanto se esforça para empreender. Esse sistema deu tão certo que a receita da CARVANA iria dobrar nos anos seguintes. Já em 2015 o modelo de negócios da CARVANA chamava a atenção, com a empresa ocupando a quinta posição na lista da Forbes das empresas mais promissoras dos Estados Unidos.


Nos anos seguintes novas unidades da Car Vending Machine (agora com oito andares e capacidade para abrigar 27 veículos) foram inauguradas em importantes mercados consumidores, como por exemplo, as cidades de Austin, Houston, Dallas e San Antonio. Essas unidades de Car Vending Machine da CARVANA deram a marca, essencialmente, outdoors permanentes e chamativos, um local de relacionamento com os clientes e um elemento de assinatura que representa a marca em sua comunicação e marketing. Outra estratégia de varejo que a empresa adotou foi o conceito omni-channel - deixar que os clientes comprem onde e como quiserem.


Em 2017 a CARVANA já havia entregue veículos para clientes em 48 estados americanos e oferecia entrega gratuita no dia seguinte para residentes em 48 mercados/cidades. E foi este excelente desempenho que levou a empresa à mais uma ação ousada, no mês de abril de 2017, com a abertura de seu capital na Bolsa de Valores. Com dinheiro em caixa a CARVANA investiu na melhoria e eficiência do processo como um todo (desde a compra até a entrega), ampliou sua infraestrutura física e adquiriu concorrentes do setor, como por exemplo, a startup Carlypso (2017), para aprimorar os dados de veículos e as ferramentas analíticas, e a Car360 (2018) por US$ 22 milhões. A partir deste momento os rumos da CARVANA começaram a mudar.


E o ano de 2018 ainda foi marcado por importantes conquistas. No segundo trimestre, a CARVANA estava vendendo aproximadamente 250 veículos por dia e reportava um lucro de quase US$ 2.200 por carro. No total foram mais de 94 mil veículos vendidos no ano. Oferecia mais de 11.000 automóveis em sua plataforma e aproximadamente um em cada cinco clientes começava e fechava a compra de um carro pelo smartphone. Além disso, começou a vender e entregar automóveis em um enorme mercado consumidor, Nova York, a 78ª cidade americana a fazer parte da lista da concessionária digital. E inaugurou suas chamativas Car Vending Machine em cidades como Charlotte, a capital Washington, Orlando e Phoenix. Com tudo isso, somado ao aumento nas vendas e satisfação dos clientes em alta, esse ano a CARVANA foi considerada a concessionária de carros usados com crescimento mais rápido no feroz e competitivo mercado americano.


Então chegou 2020 e com ele a pandemia de COVID-19. O que foi um enorme problema para os revendedores tradicionais de carros usados, devido ao fechamento das lojas físicas, para a CARVANA se transformou em um momento único em sua história. Afinal, com experiência no segmento de vendas de carros usados online (por exemplo, em resposta a pandemia introduziu a entrega e retirada sem toque - touchless delivery and pick-up - em março), a empresa relatou um aumento de 25% na venda de veículos no segundo trimestre. Todo esse sucesso também se refletiu na Bolsa de Valores, onde as ações da empresa alcançaram uma valorização acumulada superior a 500%, até agosto de 2020. Além disso, o novo comportamento do consumidor, outrora inseguro para comprar por meios digitais, foi impulsionado pela COVID-19 e deve permanecer em destaque. Afinal, o carro usado é uma alternativa mais rentável para quem busca um automóvel com preço mais atraente durante a crise - seja para evitar outras formas de transporte que exijam contato com terceiros durante a pandemia ou apenas para concretizar uma compra planejada. Mais uma ótima notícia para o futuro da CARVANA.


Um fator de sucesso e destaque da CARVANA no segmento é a apresentação dos veículos online, com estúdios fotográficos patenteados e tecnologia avançada que produz tours digitais dos modelos em 360 graus. Essas fotografias de alta definição destacam características, imperfeições e vistas detalhadas do interior e exterior de cada veículo, oferecendo aos clientes uma experiência de tour virtual transparente e rápida. Na CARVANA o consumidor pode vender, trocar ou comprar, financiar e agendar a entrega ou retirada na máquina de venda automática, tudo em apenas 10 minutos, do conforto de casa ou via dispositivo móvel. Além disso, todos os veículos vêm com uma política de devolução de 7 dias e são certificados, tendo passado por uma inspeção rigorosa de 150 pontos, não apresentam danos na estrutura e nunca sofreram um acidente relatado. Recursos, imperfeições e informações atualizadas sobre recalls de segurança abertos estão listados na página de descrição de cada veículo.


Dados corporativos 
● Origem: Estados Unidos 
● Fundação: 2012 
● Fundador: Ernest Garcia III, Ryan Keeton e Ben Huston 
● Sede mundial: Tempe, Arizona, Estados Unidos 
● Proprietário da marca: Carvana Co. 
● Capital aberto: Sim (2017) 
● CEO: Ernest Garcia III 
● Faturamento: US$ 3.94 bilhões (2019) 
● Lucro: - US$ 114.6 milhões (2019) 
● Valor de mercado: US$ 31.1 bilhões (agosto/2020) 
● Lojas: 25 
● Presença global: Não (presente somente nos Estados Unidos) 
● Funcionários: 2.500 
● Segmento: Comércio online
● Principais produtos: Venda/compra e financiamento de carros usados 
● Concorrentes diretos: Vroom, CarMax, Shift, Auto1, AutoNation, Lithia Motors e Cars.com 
● Ícones: As lojas (chamadas de Car Vending Machine) 
● Slogan: New Way To Buy A Car®. 
● Website: www.carvana.com 

A marca nos Estados Unidos 
Atualmente a CARVANA permite a compra, venda ou troca e financiamento online de veículos usados. Com mais de 33.000 veículos em seu estoque, a empresa oferece entrega no dia seguinte em mais de 260 mercados nos Estados Unidos e opera 25 pontos físicos de retirada, conhecidos como Car Vending Machines, localizados em estados como Tennessee, Texas, Flórida, Maryland, Arizona, Ohio, Pensilvânia, Indiana, Illinois, Missouri, Carolina do Norte, Oklahoma e Califórnia. Em 2019 a CARVANA vendeu 177.549 veículos e registrou receita anual de US$ 3.94 bilhões, tornando-se a terceira maior varejista de carros usados dos Estados Unidos. Desde sua fundação a empresa já vendeu mais de 400 mil veículos usados. 

Você sabia? 
Através do site, a CARVANA também compra veículos usados sem que os consumidores saiam de casa. Para isso basta carregar as fotos do veículo no site, negociar o preço e então a CARVANA retira o carro em casa e envia toda a documentação pelo correio. 
O pai do fundador da CARVANA, conhecido como Ernest Garcia II, foi condenado por fraude de empréstimos em 1990. O empresário passou três anos em liberdade condicional e depois de cumprida a pena teve os direitos civis restaurados. Hoje ele é proprietário da DriveTime Automotive, a quarta maior varejista de carros usados do país e um dos acionistas da CARVANA. 


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek, Época Negócios e Exame), jornais (Folha e Estadão), sites gerais (UOL), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers). 

Última atualização em 19/8/2020

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