11.9.20

MAX MARA


Tons terrosos, peças bem cortadas e um estilo pra lá de chique com forte e marcante DNA italiano. Nas passarelas peças de tons fortes e de alfaiataria impecável. Sucesso em Milão, Paris, Londres, Moscou, Nova York e Tóquio. Assim pode ser definida a marca Max Mara, que há quase 70 anos vêm vestindo intelectuais, empresárias, membros da realeza e atrizes como a duquesa de Cambridge Kate Middleton, Melania Trump, Kim Kardashian, Anne Hathaway, Carla Bruni e Katie Holmes. 

A história 
Formado em Direito pela Universidade de Parma o italiano Achille Maramotti (foto abaixo) não conseguiu resistir a sua paixão pelo mundo da moda. Isto porque em 1947 ele ingressou nesse universo desenhando e comercializando roupas de alta costura sob medida, paixão que herdou de sua mãe, Giulia Fontanesi Maramotti, que fundou uma escola de alfaiataria em 1923 e publicou vários livros dedicados à “teoria do corte”, e de sua bisavó, Marina Rinaldi, que supervisionou um respeitado ateliê de alfaiataria no século 19 na província de Reggio Emilia, a 160 km de Roma. Mas pouco depois, percebeu que havia um grande potencial para a moda de pronta entrega e decidiu investir no prêt-à-porter. Foi quando fundou a Maramotti Confezioni em 1951. Era uma ideia um tanto vanguardista na Itália da época, onde a moda ainda era uma atividade exclusivamente artesanal.


Inicialmente a nova empresa se dedicava a produzir ternos e roupas de gala em larga escala. Sua coleção inicial consistia em dois casacos e um blazer, que eram cópias dos designs da alta costura de Paris, mas feitos com técnicas de alfaiataria industrial de ponta. Com isso, Maramotti descobriu uma área nova e excitante da moda. Seus métodos criaram mais estilos, cortes e cores do que nunca, permitindo que ele atingisse um público muito mais amplo. Em 1955 o estilista resolveu criar a marca Max Mara, que surgiu da junção do seu apelido, Mara, com o nome de um famoso conde local, Max, que, segundo a lenda, andava sempre muito bem vestido, apesar de dificilmente estar sóbrio. A Max Mara foi criada porque ele acreditava que os holofotes deveriam estar na marca e não no nome do estilista. O sucesso inicial encorajou Maramotti a promover ainda mais seus produtos. Ainda este ano ele apresentou sua coleção outono/inverno na belíssima Cortina D’Ampezzo, em seu primeiro desfile.
 

A primeira coleção em larga escala, lançada em 1957/1958, foi marcada por um casaco na cor camelo, uma espécie de presságio do que ainda estava por vir, e um terno vermelho gerânio. Essas duas peças foram a base de um produto icônico e apresentavam a identidade e o estilo primário da marca italiana: cortes precisos, design limpo e linhas decisivas que garantiram sucesso imediato. Os tons terrosos foram muito usados por Achille Maramotti até os anos 1960. Ele também sempre apostou em formas confortáveis e femininas, especialmente nos vestidos.


Preocupado em oferecer moda de qualidade para diferentes estereótipos de mulheres, em 1961 o estilista lançou a coleção MyFair, voltada para mulheres pluz-size. Somente em 1964 foi inaugurada a primeira loja da Max Mara, localizada na Via Emilia, em Reggio Emilia, e cuja estratégia não era somente vender produtos, mas também experimentar novos modelos de distribuição. Ainda esse ano Maramotti contratou Laura Lusuardi como assistente de estilo. Em pouco tempo, ela se tornou a estilista da marca Max Mara e, em 1969, criou a linha Sportmax, com apelo esportivo e cujas peças fizeram sucesso com cores vivas e ar mais despojado. Visuais que misturavam elementos casuais, como a malha de pontos bem abertos, e peças mais sofisticadas, como a saia reta, se tornaram a um ícone da Max Mara. Nesta década, a marca continuou a desenvolver suas técnicas de produção ao mesmo tempo em que expandia sua gama de produtos. Além disso, colaborações com designers notáveis da época, como Luciano Soprani, Karl Lagerfeld e Jean-Charles de Castelbajac, ajudaram a aumentar a reputação e o valor da marca italiana. Em 1975 a Max Mara já atingia a impressionante marca de 35.000 casacos vendidos em um ano.


A década de 1980 começou com a Max Mara realizando seu primeiro desfile de moda em Paris. Mas foi em 1981 quando a estilista Anne Marie Beretta, uma das colaboradoras da marca, criou a peça que marcaria a história da Max Mara: o casaco 101801, feito de lã, com comprimento 7/8 e na cor camelo. Até hoje ele é o carro-chefe da grife italiana. Esta década foi marcada por novidades e lançamento de novas linhas: Marina Rinaldi (1981), nomeada em homenagem a sua bisavó e em substituição a linha MyFair (plus-size); Weekend by Max Mara (1983), uma linha jovem e casual de roupas e acessórios; e Max&Co. (1985), uma linha mais contemporânea com peças vibrantes, elegantes e versáteis voltada para as mais jovens. Apesar da enorme fama das peças de inverno, nesta época a grife também passou a fazer sucesso com vestidos frescos e soltinhos. Além disso, a Max Mara desfilou na Semana de Moda de Milão pela primeira vez (1983) e inaugurou suas primeiras lojas em Hong Kong (1987) e Japão (1990), iniciando assim um período de expansão pelo continente asiático.


Em 1994 a marca inaugurou sua primeira flagship store na pomposa Madison Avenue, em Nova York e, pouco depois, no ano de 1997, abriu sua primeira loja na China, que se tornaria um de seus mercados mais importantes. Em 1998 a Max Mara resolveu diversificar ainda mais sua linha de produtos com o lançamento de sua primeira coleção de óculos, que mantinha o mesmo DNA do resto dos seus produtos ao apresentar peças atemporais com alto padrão de qualidade e design prático. A primeira loja da Max Mara no Brasil foi inaugurada ainda este ano, na rua Haddock Lobo, bairro dos Jardins, em São Paulo. Uma segunda unidade seria inaugurada em 2001, no Shopping Iguatemi. Nos anos seguintes a marca italiana ampliou seu portfólio de produtos com o lançamento de uma linha de meias-calça (2003); da primeira fragrância (2004), batizadas de Max Mara for Women; além de apostar em bolsas, cintos e calçados.


Em 2011, para comemorar seis décadas de moda investindo em peças atemporais, com alto padrão de qualidade e design prático, a marca preparou uma série de eventos ao redor do mundo, como a exposição Coats! Max Mara 60 Years of Italian Fashion, em Moscou. A mostra reunia dezenas de casacos, o símbolo maior da marca. Pouco depois, em 2013, a marca lançou seu comércio eletrônico e voltou causar frisson no mundo da moda de luxo ao lançar o Teddy Bear Coat (imagem abaixo), seu tradicional casaco feito totalmente de pura lã em uma base de seda, que mais se assemelha ao tecido de bichos de pelúcia, em tons terrosos. O casaco se transformou em um hit instantâneo e passou a ser usado por celebridades como a ex-primeira-dama francesa Carla Bruni, que já foi modelo da marca italiana na década de 1990. Além disso, investiu em comunicação e contratou a atriz Jennifer Garner para se tornar a primeira celebridade porta-voz da marca.


Em 2014 a marca italiana abriu seu maior ponto de venda na Ásia, com a inauguração de uma loja na Avenue De Luxe (Huamao Center), ícone do varejo de luxo em Pequim, com nada menos que quatro andares. A abertura contou com uma exposição que possibilitou uma viagem na história da marca Max Mara, incluindo materiais de arquivo inéditos e inovações tecnológicas. Essa loja reforçou a presença no continente asiático, especialmente na China, onde a marca tinha mais de 230 lojas em aproximadamente 40 cidades. Achille Maramotti faleceu em 12 de janeiro de 2015 e a Max Mara foi assumida por seus filhos Luigi, Ignazio e Maria Ludovica, mantendo o negócio como uma empresa estritamente familiar e contrariando a atual ordem mundial dos grandes conglomerados de luxo. Apesar da injeção de sangue novo, o estilo da marca permaneceu o mesmo. E a responsável pelo feito foi Laura Lusuardi, diretora criativa que já trabalhava na marca há algumas décadas e conhecia profundamente seu DNA.


Ainda em 2015 a marca lançou um novo sucesso, mas em edição limitada: a bolsa Whitney Bag, em comemoração ao novo prédio do Whitney Museum, em Nova York, e criada a partir da fachada icônica do edifício - todo minimalista e cheio de pontas e vidro. Em 2018 a marca italiana resolveu reinterpretar seu tradicional logotipo de 1958, que ganhou ares contemporâneos, para compor a criação de um monograma. Era o surgimento do Max Mara Gram, que começou a estampar vários de seus produtos. No ano seguinte, pela primeira vez, as vitrines de Natal da tradicional loja de departamento Harrods em Londres exibiram roupas da Max Mara. Recentemente o casaco de pelúcia da Max Mara voltou a virar febre entre as fashionistas com versões em cores vibrantes, especialmente o vermelho.


A Max Mara tem distribuição seletiva em pontos de varejo de luxo, comunicação sofisticada e aposta também na criação de peças de moda feminina com edições limitadas, uma das características principais de marcas de luxo. Apostando em sofisticação atemporal e minimalista, a marca italiana tem um estilo de moda único, linhas definidas, tecidos fluidos e materiais de alta qualidade, que resultam em peças clássicas com corte impecável, cores suaves e discretas, e estampas exclusivas.


O ícone 
Apesar da inovadora história da Max Mara ter começado em 1951, somente 30 anos depois a marca italiana iria fascinar o segmento da moda de luxo ao criar um verdadeiro objeto de desejo: o casaco 101801, criado pela estilista francesa Anne Marie Beretta, uma das colaboradoras da marca na época. Misturando a melhor lã (80%) e caxemira (20%), na cor camelo, trespassado e com mangas quimono, esse casaco se tornou um símbolo da Max Mara e desde então tem aparecido em todas as coleções de inverno da marca, desfilando com supremacia, sem grandes alterações no design. Isto porque, desde 2010 o casaco foi ajustado com um cinto opcional em tecido combinando, forro de seda pura e uma etiqueta que pode ser personalizada com as iniciais da usuária. Com proporções perfeitas, o icônico casaco foi imortalizado por fotógrafos em inúmeras obras e atrizes e celebridades como a bela italiana Alba Clemente e a cantora Cindy Lauper.


O sucesso do casaco, que segue sendo um dos maiores clássicos da história da moda mundial, se deve principalmente à qualidade do produto, o tom neutro (se bem que recentemente foi reeditado em cores vibrantes), o corte indefectível e o caimento perfeito. Um casaco da Max Mara é para a vida inteira. É uma peça atemporal e muito elegante. Todos os casacos são feitos com lãs naturais. O de lã de camelo, uma das identidades da marca, tem fio produzido no norte da África, só com a primeira tosa. Os artesãos da marca - uma força de trabalho principalmente feminina vestida com jalecos brancos e com idade média de 35 anos - produzem até 450 casacos por dia em etapas de produção precisamente planejadas. Atualmente existem aproximadamente 20 modelos de casacos diferentes, cada um exigindo um processo personalizado. Um casaco Max Mara toma forma completa em quatro a cinco horas, dependendo do modelo - o 101801 requer 73 etapas. Por isso é a grande estrela dessa trupe. Este verdadeiro ícone da marca italiana, que no Brasil custa de R$ 6 mil a R$ 20 mil, tem lugar garantido em quase todas as coleções de inverno e conquistou celebridades como Cate Blanchett, Isabella Rossellini e Glenn Close. Esse casaco está para a Max Mara, assim como a bolsa Kelly para Hermès e o sobretudo para Burberry.


A evolução visual 
A identidade visual da marca italiana passou apenas por uma remodelação em sua história. O tradicional logotipo criado na década de 1950, em letras romanas ao estilo antigo, foi substituído por outro mais moderno e sofisticado.


Dados corporativos 
● Origem: Itália 
● Fundação: 1951 
● Fundador: Achille Maramotti 
● Sede mundial: Reggio Emilia, Itália 
● Proprietário da marca: Max Mara Fashion Group S.r.l 
● Capital aberto: Não 
● CEO: Luigi Maramotti 
● Diretor criativo: Ian Griffiths 
● Faturamento: €1.3 bilhões (estimado) 
● Lucro: Não divulgado 
● Lojas: 2.300 
● Presença global: 105 países 
● Presença no Brasil: Sim 
● Funcionários: 5.000 
● Segmento: Moda de luxo 
● Principais produtos: Roupas, bolsas, calçados e acessórios 
● Ícones: O casaco 101801 
● Website: www.maxmara.com 

A marca no mundo 
Hoje em dia a Max Mara, que conta com uma imensa variedade de produtos divididos em diferentes linhas e pertence a Max Mara Fashion Group, possui mais de 2.300 lojas, está presente em 105 países, sendo responsável pela maior parte do faturamento do grupo, aproximadamente €1.3 bilhões. Seus produtos, que englobam roupas, casacos, bolsas, calçados e acessórios, ainda são vendidos em mais de 12 mil lojas multimarcas. E, apesar de todo o sucesso e crescimento, a Max Mara ainda é fiel a algumas tradições. A principal fábrica do grupo permanece em Reggio Emilia, onde tudo começou. 

Você sabia? 
A influência da Max Mara no mundo da moda é tamanha, que a grife já teve peças desenhadas por grandes nomes como Karl Lagerfeld, a dupla Domenico Dolce e Stefano Gabbana e Narciso Rodriguez. 
Desde 2007 a marca patrocina o Max Mara Art Prize for Women, um prêmio bienal concedido a jovens artistas que trabalham no Reino Unido. 
Perto de sua sede, em Reggio Emilia, é guardado um arquivo meticulosamente catalogado da marca: 600 esboços originais, 300 caixas de amostras de tecido e mais de 20.000 peças de vestuário acabadas, que apareceram em uma exposição itinerante que visitou Berlim (2006), Tóquio (2007) e Pequim (2008) antes de chegar a Moscou em 2011 para o 60º aniversário da marca. 


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Vogue, Elle, BusinessWeek e Exame), jornais (Folha e Valor Econômico), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand) e Wikipedia (informações devidamente checadas). 

Última atualização em 11/9/2020

Um comentário:

Unknown disse...

Você pode fazer um artigo sobre a whole foods?.