Ele é muito mais que um símbolo para Cuba. É uma instituição, um verdadeiro orgulho do povo cubano. Mas principalmente, um verdadeiro orgulho para Fidel Castro. Um objeto de desejo para os conhecedores do assunto. Existem marcas no mundo que são referências de status em seus segmentos e representam muito mais que um produto. Assim é a COHIBA. Por isso, os charutos da marca são apreciados pelos paladares mais exigentes do mundo quando o assunto é um bom e inesquecível “puro cubano”.
A história
Para entender o efeito mágico de um COHIBA é preciso voltar um pouco no tempo. No início dos anos de 1960, logo após a revolução comunista cubana, boa parte dos barões do tabaco deixou o país levando embora seu conhecimento (know-how) na arte de fabricar charutos. Para provar que o país era capaz de manter a hegemonia na terra dos “habanos”, o comandante Fidel Castro criou o charuto COHIBA em 1966, sendo o primeiro a ser fabricado sob o regime comunista. Porém, sua origem é curiosa: um dia, Bienvenido “Chico” Perez Salazar, chefe da segurança de Fidel, foi visto pelo “eterno” presidente cubano fumando um charuto artesanal muito bem feito e de aroma muito agradável. Foi então que o comandante solicitou que seu segurança lhe apresentasse ao torcedor (profissional responsável por enrolar o charuto) que manufaturava aqueles puros de excepcional qualidade. Assim, Castro foi apresentado a Eduardo Rivera Irizarri, que trabalhava na fábrica de charutos La Corona e gostava de produzir charutos especiais somente por encomenda.
Fidel não resistiu. Experimentou (aquele exemplar tinha formato diferente e sabor marcante, características que não deixaram Fidel esconder sua profunda admiração). Gostou e imediatamente deu ordens para a produção em série. O comandante então criou uma escola para ensinar às mulheres o ofício de enrolar charutos, em uma tentativa de criar novas frentes de trabalho. No final de 1965, estava formada a primeira turma de charuteiras, esposas ou parentes dos membros da escolta de Fidel, aptas a trabalhar na fábrica. O projeto da fábrica sempre foi envolto de muitos segredos. Até a mansão nos arredores de Havana utilizada para a produção ganhou o nome de “Casa dos Mistérios”. Isso porque o casarão tinha sido abandonado durante a revolução cubana em 1959 e os vizinhos falavam que era habitado por fantasmas. E o fato das pessoas que trabalhavam ali não poderem dizer a ninguém o que faziam contribuía para aumentar o suspense.
Mas ainda faltava um nome para o charuto. O comandante, então, solicitou a sua secretária particular Célia Sánchez Manduley (também considerada uma das criadoras da marca) que fizesse uma pesquisa. Ele queria um nome que expressasse a alma cubana e que tivesse ligação inequívoca com a história do país. E, do ritual feito pelos nativos que habitavam a Ilha de Cuba, quando bebiam, dançavam e enrolavam folhas de tabaco para sair desta dimensão e entrar em contato com suas divindades, foi batizado um dos melhores charutos cubanos: COHIBA, que significa o maço de folhas enroladas que os índios fumavam. Em 1966, saiu da fábrica El Laguito a primeira fornada do “charuto de Fidel”. O primeiro formato produzido foi o Lanceros, com 19.2 cm de comprimento por 1.50 cm de diâmetro. Ao criar esse formato, Eduardo quis fazer um produto mais delicado e elegante, que tivesse vários sabores em sua composição, diferente de outros produtores de tabaco que produziam charutos mais grossos.
Durante vários anos, o charuto foi saboreado somente por um restrito grupo de pessoas próximas a Fidel (incluindo ele próprio, que só parou de fumar charutos em 1985 por ordens médicas; Che Guevara, pessoas do governo e corpo diplomático). A marca foi oficialmente registrada somente em 1969. A partir de 1982, os charutos da marca COHIBA começaram a ser vendidos ao público na Espanha em três tamanhos: Panetela, Corona Especiale e Lancero. Quando apareceu nas melhores tabacarias do mundo, a marca já era conhecida como um “Embaixador Extraordinário” da nação cubana, pois era oferecido como presente diplomático, além de ser o charuto preferido do próprio Comandante Fidel. As fotografias que rodavam o mundo e exibiam os COHIBA repousados na boca de Fidel Castro e de alguns dos mais importantes governantes mundiais fizeram a fama deste “puro” cubano, em uma ação eficaz do marketing comunista. Assim, os COHIBA tornaram-se um dos símbolos da Revolução, e marcaram o renascimento da indústria de charutos cubana.
Rapidamente, tornou-se o charuto mais desejado do planeta. Mas não somente pelo seu eficiente marketing. Os charutos são feitos de maneira inteiramente manual (nem todos os cubanos são), em pequenas quantidades, com as melhores folhas de fumo da melhor região produtora (Pinar Del Rio, em Vuelta Abajo), pelos melhores torcedores. E são os únicos, juntamente com os Trinidad, cujas folhas passam por três fermentações; os demais apenas duas. Inicialmente os charutos eram comercializados em quatro tamanhos: Lancero (um charuto longo e elegante), Corona, Especial e Panetela. Em 1989 mais três tamanhos foram oferecidos: o Robusto, o Exquisito e o Esplendido. Ao conjunto destes seis tamanhos foi dado o nome de Línea Clásica. No ano de 1992, a Habanos S.A., produtora da marca, lançou uma linha top chamada Linea 1492, com o charuto Siglo I, para comemorar o aniversário de 500 anos do descobrimento da ilha de Cuba por Cristóvão Colombo.
Há poucos anos atrás, outro membro dessa linhagem, o Siglo VI, foi lançado no mercado com grande estardalhaço. Feito com a melhor seleção de folhas de tabaco de Cuba, provenientes dos campos de Pinar del Rio, o Siglo VI recebe um tratamento único. Suas folhas, envelhecidas durante três anos, contam com uma terceira fermentação (normalmente as folhas são fermentadas duas vezes), que fortalece o aroma e torna o sabor mais agradável. Além da produção regular, a Habanos produz tiragens especiais limitadas dos COHIBA para eventos e comemorações. Por ocasião do Festival Anual Habanos é produzido o famoso Edición Limitada fabricado com folhas especiais mais escuras. Em 2016, para comemorar os 50 anos da marca mais desejada de charutos do mundo, foi lançada uma série única de apenas 50 umidores (fabricados pela francesa Elie Bleu) com 50 charutos (cada um numerado individualmente). Além disso, a marca apresentou uma série limitada de 1.966 umidores com 20 unidades do Majestuoso 1966 (cepo 58 por 150 mm de comprimento). Estes umidores numerados foram feitos com um design vintage e curvilíneo que era muito característico e popular no ano de lançamento da COHIBA. Foi assim que os charutos COHIBA, um dos maiores tesouros da indústria tabaqueira de Cuba, se transformaram nos prediletos dos grandes apreciadores. Essa é a rica história da COHIBA, grife criada por Fidel Castro, cobiçada por celebridades e consagrada no mundo inteiro.
Os produtos
O COHIBA é apresentado em quatro linhas: Clássica (desenvolvida entre 1966 e 1989) composta por Coronas Especiales (15.2 cm de comprimento), Exquisito (12.6 cm), Esplendido (17.8 cm), Panetelas (11.5 cm), Lancero (19.2 cm), Pirámide Extra (16 cm) e Robusto (12.4 cm); Siglo (antiga 1492), criada em 1992 para comemorar os 500 anos do descobrimento das Américas, que oferece seis formatos (Siglo I ao Siglo VI, que representam os seis séculos do descobrimento); e Maduro 5 (introduzida em 2007) composta por três formatos como Gênios (calibre de 20.64 cm e 14 cm de comprimento), Mágicos (calibre de 20.64 cm e 11.5 cm de comprimento) e os Secretos (calibre de 15.88 cm e 11 cm de comprimento). São também produzidos dois tipos de COHIBA cigarillos não artesanais: o Mini e o Club.
Em 2006, para celebrar os 40 anos da marca COHIBA foi lançada no mercado a linha Behike (cujo nome é uma homenagem aos feiticeiros dos Taínos, povos primitivos cubanos), considerado “o produto mais exclusivo da história dos puros”, em caixas umidificadoras de luxo, com 40 charutos cada uma. A produção inicial foi de 4.000 unidades, com anilhas devidamente numeradas, compondo um total de 100 umidores. As caixas foram comercializadas ao preço de €15 mil. Atualmente, essa de linha de luxo da marca, oferece três tipos diferentes de charutos.
Uma obra-prima
O tabaco destinado à elaboração do COHIBA é muito especial. Seu cultivo exige os cuidados mais extremos e a dedicação mais absoluta. Cresce em apenas 10 excelentes várzeas localizadas na zona de Vuelta Abajo (como San Juan y Martinez e San Luis), província de Pinar del Rio, localizada na parte ocidental da ilha e a melhor de Cuba. Uma das principais características dos charutos COHIBA está no fato de que eles passam por uma terceira fermentação no tabaco utilizado para sua elaboração, processo que acrescenta um equilíbrio inconfundível ao sabor do charuto. Além disso, todos os tipos de COHIBA, dos menores aos mais robustos, são feitos exclusivamente à mão, com as seleções mais especiais das folhas de tabaco. A marca, sempre pioneira, foi a primeira no segmento a introduzir uma Reserva em 2002, e uma Gran Reserva em 2009, charutos que foram elaborados com folhas de tabaco envelhecidas no mínimo de 3 a 5 anos respectivamente. O COHIBA não é produzido em grandes quantidades, se tornando um charuto seleto e limitado pela qualidade da colheita. Isto faz com que a marca mantenha-se no auge e continue sendo o máximo: o charuto cubano que todos desejam fumar.
A evolução visual
A identidade visual da marca passou por algumas alterações ao longo de sua história.
Dados corporativos
● Origem: Cuba
● Lançamento: 1966
● Criador: Fidel Castro e Célia Sánchez
● Sede mundial: Havana, Cuba
● Proprietário da marca: Habanos S.A.
● Capital aberto: Não
● Presidente: Inocente Núñez Blanco
● Faturamento: Não divulgado
● Lucro: Não divulgado
● Presença global: 80 países
● Presença no Brasil: Sim
● Funcionários: 500
● Segmento: Tabacaria
● Principais produtos: Charutos
● Concorrentes diretos: Davidoff, Partagas, Arturo Fuente, Zino Platinum, Stradivarius, Montecristo, Romeo y Julieta
● Ícones: O Comandante Fidel Castro (seu maior garoto-propaganda)
● Website: www.habanos.com/es/marcas/cohiba/
A marca no mundo
Atualmente a COHIBA, que comercializa um dos charutos mais caros do mundo, e considerado por muitos plantadores, como o mais seleto, vende seus produtos em mais de 80 países. A marca também comercializa umidores e outros acessórios relacionados ao universo do charuto.
Você sabia?
● Até pouco tempo atrás, em suas andanças pelo mundo, Fidel Castro presenteava os Chefes de Estado e as autoridades com uma caixa dos charutos COHIBA.
● A empresa cubana trava há décadas uma batalha judicial contra a americana General Cigar, proprietária da marca COHIBA no mercado americano e que comercializa charutos feitos na República Dominicana. Em 2015 a Suprema Corte Americana deu vitória para a empresa estatal cubana de charuto em relação à marca COHIBA em território americano. Agora o caso vai ser levado ao US Patent and Trademark Trademark (algo como Registro de Patentes dos Estados Unidos).
As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, BusinessWeek, Exame, Época Negócios, Adega e Isto é Dinheiro), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers).
Última atualização em 19/7/2016
Muito legal...
ResponderExcluirnao pode faltar em casa, pra mim e o melhor charuto
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