O sobrenome de Willian Boeing, fundador da empresa, tornou-se sinônimo de avião. BOEING 737, 767, 747, 777 ou 787. E dificilmente quem anda ou já andou de avião não voou em uma dessas maravilhas dos ares. O usamos também quando nos referimos a algo muito grande, dizendo que tal coisa “é do tamanho de um Boeing”. A empresa americana é um exemplo simples de como as marcas podem estar inseridas em nossa comunicação diária.
A história
William Edward Boeing nasceu na cidade de Detroit no dia 1 de outubro de 1881, descendente de uma família de origem alemã. A família Boeing mudou-se para Seattle, na costa oeste americana. William, que estudou na tradicional universidade de Yale, cresceu e tornou-se um bem sucedido empresário do ramo madeireiro nos arredores de Grays Harbor, estado de Washington. Trabalhando na indústria madeireira, ele adquiriu conhecimento sobre estruturas, que seria inestimável em seu projeto posterior de montagem de aviões. Em 1915, durante a Primeira Guerra Mundial, William e seu amigo George Conrad Westervelt, engenheiro e comandante de um esquadrão da marinha americana, começaram a acalentar o sonho de construir um hidroavião tão bom, ou melhor, que os já existentes. Compraram então um hidroavião Glenn Martin “Flying Birdcage” e estudaram sua construção nos mínimos detalhes. Mas isso aconteceu por obra do destino: William Boeing havia se acidentado com esse avião e como o tempo de espera para receber as peças seria longo demais, eles resolveram consertar a aeronave por conta própria e ainda fizeram modificações no design. Finalmente, criaram seu próprio modelo, batizado de B&W 1, que decolou em 15 de junho de 1916. Era o primeiro voo de um BOEING. Surgia assim a Pacific Aero Products Company, fundada no dia 15 de julho em um pequeno andar no litoral de Seattle. Mostraram à marinha o hidroavião de dois lugares, que rapidamente agradou aos militares. Modificações foram feitas, e o novo modelo foi batizado de B&W “C” Model. Em 1917 foi declarada guerra à Alemanha. A Marinha Americana então encomendou 50 unidades do C-4, diretamente a Boeing Airplane Company, razão social adotada em 26 de abril do mesmo ano.
Com o fim da guerra em 1918, um grande excedente de aviões militares usados e baratos inundou o mercado, o que impediu as empresas fabricantes como a BOEING de vender qualquer nova aeronave. A empresa encontrou dificuldades para sobreviver: passou então a construir aparadores, bancadas e móveis, barcos de fundo plano chamado de Sea Sleds e a fabricar modelos de aeronaves desenhados por outras companhias. Apesar da crise, em 1919, o BOEING B-1 fez seu primeiro voo. A aeronave acomodava um piloto, dois passageiros e correio. Ao longo de oito anos fez voos de correio aéreo internacional de Seattle a Victoria, no Canadá. Em 24 de maio de 1920, o modelo BOEING 8 fez seu voo inaugural, sendo a primeira aeronave a voar sobre o Monte Rainier. Pouco depois, os projetistas da empresa desenvolveram um ótimo avião, o trimotor para 12 passageiros conhecido como Model 40. Com esta aeronave, em 1926 a empresa venceu a concorrência para iniciar serviços de transporte de correio entre as cidades de San Francisco e Chicago: nascia então em 1927 a Boeing Air Transport, uma companhia de correio aéreo. Em 27 de julho de 1929, o BOEING 80 de 12 passageiros fez seu primeiro voo. Com três motores, foi o primeiro avião da empresa construído com a única intenção de servir como transporte de passageiros. Uma versão atualizada, o 80A, com aproximadamente 20 metros de comprimento e capacidade para 18 passageiros, fez seu primeiro voo em setembro de 1929. Uma novidade foi à contratação de uma aeromoça (na verdade, uma ex-enfermeira) para cuidar dos passageiros durante os voos. Porém, apenas 16 unidades desse modelo foram vendidas.
Em 1930, o Monomail, um monoplano de asa baixa para transportar correio foi construído inteiramente de metal, que além de muito rápido e aerodinâmico, também possuía trem de pouso retrátil. O seu design era tão revolucionário que os motores e hélices da época não puderam ser usados no avião. Apenas duas aeronaves deste modelo foram construídas. O segundo, o modelo 221, tinha uma cabine para 6 passageiros. Em 1933, a tradicional United Airlines adquiriu 60 unidades do BOEING 247, então a mais avançada aeronave produzida na América, quase toda em alumínio e com capacidade para 10 passageiros. Foi o primeiro avião de passageiro bimotor que poderia voar com apenas um motor. Em uma era de motores não confiáveis, isso aumentou muito a segurança de voo. Com sete paradas e 20 horas de voo, era possível ir de Nova York a Los Angeles (sete horas a menos que qualquer outra aeronave). E na época, a propaganda da BOEING se orgulhava em dizer que o novo bimotor podia voar de Londres até a Austrália em apenas 85 horas. Em 1935, outra aeronave que tornou a BOEING famosa começava a sair das pranchetas: foram os primeiros protótipos do B-17, apelidado de “Fortaleza Voadora”. Pouco depois, em 1938, a empresa concluiu os trabalhos do Model 307 Stratoliner. Este foi o primeiro avião quadrimotor de cabine pressurizada do mundo e era capaz de viajar a uma altitude de 20.000 pés (6.100 metros) - acima da maioria das turbulências causadas por mau tempo. Ele se baseou no B-17, utilizando a mesma cauda, asas e motores. A popularidade das viagens de avião durante a década de 1930 e o crescente número de passageiros querendo voar sobre o oceano, levou a Pan American Airlines a procurar um hidroavião quadrimotor de longo alcance. Em resposta, a BOEING desenvolveu em 1938 o modelo 314, conhecido popularmente como “Clipper”, que tinha alcance de 3.500 milhas, podia transportar 74 pessoas, tinha camarins, sala de jantar e suíte nupcial, e realizou oficialmente o primeiro voo transatlântico para o Reino Unido no dia 28 de junho de 1939. Cerca de um ano depois, o Clipper estava voando rotineiramente através do Oceano Pacífico.
Com o ingresso dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, as encomendas explodiram. Findado o conflito mundial, a empresa desenvolveu, em 1947, um novo avião para transporte de passageiros, o modelo 377 Stratocruiser. Este avião comercial de luxo (com capacidade para até 100 pessoas, tinha sala de jogos, bar e camas) com quatro motores, desenvolvido a partir do bombardeiro B-29 (este avião foi responsável por lançar as primeiras bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, no Japão), não teve as vendas como o esperado e a empresa foi obrigada procurar outras utilizações para recuperar a situação. Foi a última grande aeronave comercial produzida pela BOEING com motores a pistão. Com isso, a BOEING vendeu com sucesso derivados militares do Stratocruiser, como por exemplo, o C-97 adaptado para o transporte de tropas e o KC-97 para reabastecimento aéreo. A vitória sobre a Alemanha nazista rendeu frutos inesperados. Os engenheiros da BOEING tiveram acesso aos projetos alemães, muito mais avançados em campos como propulsão e aerodinâmica. Com estes papéis em mãos, a empresa desenvolveu em 1950 seu primeiro jato, o B-47 Stratojet com seis turbinas; e seu projeto mais notável, o bombardeiro B-52 (que, passado mais de seis décadas, continua operacional na Força Aérea Americana), apresentado em 1955. O bombardeiro com oito motores e quase 177 mil quilos, além de atuar na Guerra Fria, teve papel ativo na Guerra do Vietnã, do Golfo Pérsico (1991) e no Afeganistão (2011). Com a força destes sucessos comerciais, a BOEING avançou em outras áreas da indústria aeroespacial. Foguetes balísticos intercontinentais de ataque, o módulo de propulsão do foguete Saturno V (que levaria o homem à lua), helicópteros Chinook, hidrofólios (peças que ajudam a abaixar a proa do barco), hovercrafts e mesmo um caça tático bi-supersônico são alguns dos projetos da empresa nos anos de 1960, quando já contava com mais de 100.000 funcionários e fábricas em Seattle (Washington) e Wichita, no estado do Kansas. Neste período, a empresa entregou o seu primeiro avião comercial para o Brasil no dia 7 de junho de 1960, um BOEING 707 para a Varig.
No campo comercial, o sucesso do BOEING 707 deu origem a mais dois modelos para operar em rotas de curto e médio alcance e pistas mais curtas: o tri-jato 727 em 1964 e, em 1965, ao birreator 737, que se tornaria o avião mais vendido na história comercial da aviação. Os anos de 1960 marcaram ainda o mais fantástico projeto da empresa: o primeiro Widebody (conhecido como Jumbo), que ficaria famoso pelo nome comercial de BOEING 747. O cancelamento do supersônico 2707 (a resposta da empresa para o Concorde anglo-francês) e a crise energética de 1973 não ajudaram em nada os planos da empresa. Porém, a BOEING continuava líder inconteste no mercado civil, tendo inclusive entregue seu 3.000º jato comercial, um 727-200 para a companhia aérea Northwest Airlines, em 1977. A nova e terceira geração de jatos comerciais começavam a ser desenvolvidas com o anúncio do lançamento, em 1978, dos BOEING 7N7 e 7X7, que viriam a ser respectivamente o 757 e 767. Em 1983, a situação econômica começou a melhorar. Durante os anos seguintes, aeronaves comerciais e suas versões militares tornaram-se o equipamento básico da força aérea americana e das companhias aéreas. Como o tráfego aéreo de passageiros aumentou, a concorrência era mais difícil, principalmente da Airbus, uma empresa europeia na época recém-formada que também fabricava aviões comerciais. A BOEING precisava oferecer novas aeronaves, e desenvolveu o 757 com um único corredor, o grande 767 com dois corredores, e versões atualizadas do 737. Um projeto importante desse período foi o Space Shuttle, o qual a empresa contribuiu com sua experiência em foguetes espaciais desenvolvidos durante a era Apollo. Além disso, o sistema de defesa aérea Avenger e uma nova geração de mísseis de curto alcance também entraram em produção. A BOEING também contribuiu para o desenvolvimento de energia eólica com as turbinas eólicas experimentais MOD-2 para a NASA e o Departamento de Energia dos Estados Unidos.
Os anos de 1990 foram os mais difíceis para a empresa. Afinal, foi neste período que surgiu com mais força o único competidor capaz de enfrentá-la. Em número de encomendas, a BOEING perdeu o primeiro lugar como construtora de aeronaves comerciais para a europeia Airbus, algo que não ocorria desde os tempos do modelo 707. A reação começou em 1997, quando a McDonnell Douglas (empresa formada em 1968 pela fusão da McDonnell e da Douglas) foi adquirida pela BOEING por US$ 13 bilhões. Com isso a BOEING adquiriu os direitos dos caças militares F-15 e F-18. Após a fusão, o McDonnell Douglas MD-95 foi rebatizado de BOEING 717, e a produção do MD-11 foi limitada à versão cargueiro.
Nos anos seguintes a guerra entre BOEING e a rival europeia Airbus acirrou, obrigando a empresa americana a se superar para não perder a liderança de mercado, fato que aconteceu algumas vezes. Nesta voraz guerra, a BOEING deu uma cartada inesperada: anunciou o Sonic Cruiser, um ambicioso projeto na área de aeronaves comerciais. O Cruiser deveria voar longas distâncias a velocidades limítrofes à barreira do som, encurtando assim um voo trans-pacífico em consideráveis 3 horas. Além disso, iria consumir mais combustível que os aviões de hoje (fala-se em 30% a mais), mas, em compensação, sua produtividade seria maior, gastando menos tempo para realizar uma viagem. No entanto, o destino do avião foi selado com as mudanças no mercado de aviação comercial após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, a fraca economia subsequente e o aumento dos preços dos combustíveis. Como o projeto se mostrou um fracasso a BOEING concentrou suas forças na produção das novas variantes dos modelos 777, 737 e 747, além do novo 787 Dreamliner, que provou ser uma escolha popular das companhias aéreas mundiais, e ganhou um número recorde de encomendas no pré-lançamento. Após a Airbus assumir o controle acionário da canadense Bombardier em outubro de 2017, a BOEING iniciou conversações para se associar à brasileira Embraer. Parece inevitável, principalmente para a sobrevivência da Embraer e para BOEING ser competitiva no segmento de jatos regionais, que o acordo seja fechado ainda em 2018.
A linha do tempo
1958
● Primeiro voo comercial com o BOEING 707 (aeronave transcontinental com 4 turbinas e capacidade para até 180 passageiros) efetuado pela já extinta Pan American (Pan Am), no dia 26 de outubro, entre as cidades de Nova York e Paris. A versão era da série 707-120. Rapidamente diversas outras companhias aéreas adquiriram essa aeronave de enorme sucesso em todo o mundo, encurtando distâncias em longos voos transatlânticos. O modelo era a maravilha da época. Podia transportar 181 passageiros em uma viagem sem escalas de Nova York a Paris. Em 1979, foi suspensa a produção dessa aeronave, somando 865 unidades produzidas para uso comercial.
1964
● Lançamento do BOEING 727, uma avião de menor porte (mais adequado aos voos domésticos) introduzido em serviço comercial no mês de fevereiro através da Eastern Air Lines. A aeronave utilizava três tripulantes na cabine de comando (comandante, co-piloto e o engenheiro de voo). Foi a primeira aeronave trijato a ser disponibilizada no mercado. Em 5 de dezembro de 1977 a geração 727, bateu um recorde até então inédito. Foi transportado naquela data o passageiro de número 1 bilhão. Em setembro de 1995, esse número atingia 4.2 bilhões de passageiros transportados nesse tipo de aeronave, recorde absoluto em todo mundo. A sua produção comercial foi encerrada em agosto de 1984. Foram vendidas 1.832 aeronaves do modelo, incluindo todas as suas versões.
1967
● Lançamento do modelo BOEING 737-100 (oficialmente denominado pela empresa como “Originals”), entrando em serviço com a Lufthansa em fevereiro do ano seguinte.
1969
● Lançamento oficial no dia 9 de fevereiro do modelo BOEING 747, aeronave popularmente conhecida como JUMBO.
1982
● Lançamento oficial em 19 de agosto do primeiro BOEING 767, entregue a United Airlines, entrando em serviço somente no dia 8 de setembro, quando realizou a rota entre as cidades de Chicago e Denver. O modelo, um widebody com configuração de assentos 2x3x2 na classe econômica, foi projetado para longo alcance (mesmo com apenas dois motores) e baixo custo operacional, sendo o principal responsável pela grande popularização dos voos transatlânticos na década de 1980. Foi o primeiro avião widebody (corredor duplo) e equipado com glass cockpit (painéis totalmente digitais) da BOEING. Além disso, foi projetado para ser utilizado em rotas internacionais médias e longas, com capacidade de 181 a 375 passageiros. Chegou a ser a aeronave que mais cruzava o Oceano Atlântico diariamente. Em março de 1984 surgiu o modelo 767-200ER, uma versão que tinha um alcance superior, mesmo quando muito pesado, e um tanque central adicional para permitir voos ainda mais longos. A primeira companhia aérea que operou este modelo foi a Ethiopian Airlines. Até dezembro de 2017, foram entregues 1.106 unidades deste modelo em todas as versões.
1983
● Estreia oficial em voo do BOEING 757 no dia 1 de janeiro através da companhia aérea Eastern Airlines. O modelo foi fabricado em 3 versões: B757-200 (passageiros), B757-200F (cargueiro) e B757-300 (passageiros e alongado). Com produção já encerrada (em 2004), foram fabricadas 1.050 unidades deste modelo.
1994
● A necessidade de uma aeronave moderna, de grande alcance e menor consumo de combustível que os trijatos e quadrijatos, fizeram nascer o BOEING 777, que voou pela primeira vez em 12 de junho e foi o primeiro a apresentar o sistema fly-by-wire (controles de voo eletrônicos, por computador). United Airlines, All Nippon Airways, British Airways, Japan Airlines e Cathay Pacific, foram as companhias aéreas que participaram junto com a BOEING do esboço e da análise do modelo, resultando em um cockpit com funções e design feitos para um melhor conforto na pilotagem da aeronave. O modelo entrou em operação no dia 7 de junho de 1995. Atualmente é fabricado nas versões 777-200ER, projetado como uma opção de maior alcance que o original; 777-200LR, versão estendida do modelo; 777-300ER, uma das aeronaves comerciais com maior alcance do mundo; e o 777F (versão cargueira). O modelo tem capacidade de 314 a 550 passageiros. Atualmente, o 777 é um dos modelos mais vendidos da BOEING. As companhias aéreas adquiriram a aeronave como uma alternativa eficiente em termos de combustível a outros jatos widebody e tem sido cada vez mais implantado em rotas de longo curso, principalmente as transoceânicas. Até dezembro de 2017 foram entregues 1.534 unidades.
1995
● O BOEING 717-200 foi, até maio de 2006, uma opção da BOEING para o mercado de jatos regionais. Com capacidade para 106 passageiros, ele substituiu as versões menores do antigo Douglas DC-9 (MD-95), que deixou de ser fabricado. Foi lançado oficialmente em 1998. O primeiro deles, entrou em serviço pela empresa AirTran Airways em 12 de outubro de 1999. Com produção já encerrada, foram fabricadas apenas 156 unidades do modelo.
2007
● Apresentação oficial do BOEING 787 Dreamliner em 8 de julho, o mais ousado e avançado avião já produzido pela empresa. No dia de seu lançamento oficial, mais de 670 unidades já haviam sido encomendadas por 48 companhias aéreas internacionais, fazendo dele o maior sucesso comercial da indústria aeronáutica mundial em todos os tempos. O avião fez seu primeiro voo no dia 15 de dezembro de 2009, cuja duração foi de 3 horas (3 horas menos que o planejado devido ao mau tempo). A decolagem e aterrissagem foram ambas realizadas no Boeing Field em Seattle, onde fica localizado o centro de testes da fabricante. A primeira unidade foi entregue em outubro de 2011 para a companhia aérea All Nippon Airways. O BOEING 787 é capaz de transportar de 242 a 335 passageiros, dependendo do modelo e da configuração do interior da aeronave. O novo e revolucionário modelo poupa aproximadamente 20% de combustível comparando com aeronaves do mesmo segmento. Este ganho, segundo a empresa, deve-se aos novos materiais usados: 50% de materiais compostos, 20% de alumínio, 15% de titânio, 10% de aço e 5 % de outros materiais, testados em caças americanos. Com esta filosofia de construção foi possível poupar 1.500 folhas de alumínio, 45 mil parafusos e porcas, milhares de rebites e 100 quilômetros de fio de cobre. Seu custo por milha é 10% inferior que aviões do mesmo porte e graças à sua estrutura de materiais compostos, ele pesa apenas 13.000 toneladas, contra 18.000 do Airbus A330, que é considerado um dos melhores birreatores do mundo. Além disso, é 60% mais silencioso que qualquer jato. Enquanto um BOEING 767 precisa a cada seis anos passar por uma revisão completa, com o BOEING 787 esse período é de 12 anos. O modelo está disponível nas versões 787-8 (para até 242 passageiros e autonomia de 13.600 km), 787-9 (290 ocupantes e autonomia de 14.100 km) e 787-10 (330 assentos e autonomia de 11.910 km). Atém dezembro de 2017 foram entregues 636 unidades.
Um ícone dos céus
O BOEING 737 é literalmente uma presença constante nos céus, em qualquer região do planeta. O modelo tem sido tão amplamente utilizado, há mais de 3.000 deles em voo pelo mundo, que um 737 decola ou pousa a cada um segundo e meio no mundo. É a aeronave comercial de maior sucesso comercial da história da indústria. Afinal, ao todo foram produzidos e entregues mais de 10.000 aviões deste modelo, incluindo todas as versões, tornando-o a aeronave mais vendida da história da aviação. O modelo é o mais popular jato comercial de passageiros de fuselagem estreita (narrow-body) para médio-alcance no mundo. Além disso, mais de 22 bilhões de pessoas voaram em um BOEING 737 ao longo desde seu lançamento.
Em 9 de abril de 1967 foi realizado o voo inaugural do modelo BOEING 737-100 (oficialmente denominados pela fábrica como “Originals”). O avião decolou do campo da BOEING em Seattle para uma viagem de 2h30, até pousar em Paine Field em Everett, Washington. O modelo entrou em serviço com a Lufthansa em fevereiro de 1968, como a primeira companhia aérea fora dos Estados Unidos à lançar um novo modelo da BOEING. Era um avião bijato, turbinas nas asas, bem mais econômico e versátil para pequenas e médias distâncias e que ocupava pouca pista. No decorrer dos anos novas versões foram lançadas como o 737-200, versão original alongada introduzida em 1968; o 737-300, que entrou em serviço no dia 24 de fevereiro de 1984; o 737-400, versão desenvolvida para companhias áreas de voos charters, que entrou em serviço no dia 19 de fevereiro de 1988; e o 737-500, que entrou em serviço em 1990. O BOEING 737 reinava absoluto até 1987, quando a Airbus lançou o modelo A320. Para enfrentar a concorrência, nos anos de 1990 a empresa fez uma atualização do modelo. A nova geração levava a designação 737NG (Next Generation ou Próxima Geração) com as versões 600, 700, 800 e 900. O primeiro avião a ser entregue foi o 737-700, em dezembro de 1997. A diferença entre eles está no tamanho e capacidade de passageiros. O novo modelo da família é o 737 MAX (com quatro versões, que variam de 138 a 230 passageiros), que começou a operar no dia 6 de maio de 2017. O avião tem novos motores e melhorias aerodinâmicas, que prometem um consumo menor de combustível e aumento no alcance no segmento de aeronaves de corredor único.
O gigante dos ares
Se A BOEING se tornou um gigante dos ares, foi muito em virtude de outro gigante conhecido popularmente como JUMBO. Esta impressionante aeronave foi lançada oficialmente no dia 9 de fevereiro de 1969 como BOEING 747, em um voo inaugural sob o comando do comandante Jack Waddell, do co-piloto Brien Wygle e do engenheiro de voo Jess Wallick. Foi projetado na década de 1960 para satisfazer a demanda de companhias aéreas norte-americanas, europeias e japonesas por um tipo de equipamento mais adequado para viajar a grandes distâncias, ligando grandes centros urbanos sem necessidade de escalas para reabastecimento, sobrevoando inclusive o Oceano Atlântico, o Oceano Pacífico e outras regiões inóspitas e isoladas do planeta, como desertos e florestas. O avião, cuja parte da cabine tinha dois andares, era equipado com quatro motores a jato que permitiam cruzar a metade do mundo a quase 1.000 km/h. O modelo era widebody (como é designado todo avião comercial contendo três fileiras de assentos, com um par de fileiras de assentos próximas à janela e uma fileira no meio e dois corredores). O Jumbo ou “King of the skies” (o rei dos ares), como ficou conhecido, tornou-se a galinha dos ovos de ouro (“cash cow”) da empresa. As companhias aéreas que tem mais BOEING 474 em suas frotas atualmente são a JAL (Japan Airlines), British Airways e Korean Air. Uma curiosidade: uma de suas variantes, o 747-400, foi durante muito tempo a aeronave comercial mais veloz em atividade, podendo atingir Mach 0.855 (aproximadamente 85% da velocidade do som).
Ao longo dos anos o modelo foi utilizado para o transporte de passageiros e cargas, com versões configuradas para 350 passageiros (baixa-densidade), 400 passageiros (média-densidade) ou 450 passageiros (alta-densidade). O desenvolvimento do modelo 747 quase causou a falência da BOEING pelos elevados custos de desenvolvimento, mas o esforço valeu à pena, pois ele se tornou um verdadeiro best seller, e certamente um dos maiores sucessos da empresa em todos os tempos. Em setembro de 1993, quando a BOEING fabricou seu milésimo aparelho, os 747 tinham transportado mais de 1.4 bilhões de passageiros, o equivalente a um quarto da população terrestre, e percorrido 28 trilhões de quilômetros. Desde 1969 já vendeu mais de 1.540 unidades, nas versões SP (um 747 mais curto), 100 (com 3 janelas na parte superior), 200 (com mais janelas na parte superior), 300 (com a parte superior alongada), 400 (com wing-lets nas pontas das asas) e 8 (pode ser configurado para até 605 passageiros). O 747-400 foi a que recebeu a maior quantidade de inovações técnicas e a introdução de novos materiais que permitiram uma significativa redução de peso e, como consequência, redução no consumo de combustível, além da adoção de motores mais silenciosos e de manutenção mais barata, entrou em serviço em 1989, tendo a Northeast Airlines como seu primeiro cliente. Uma das versões mais recentes do modelo é o moderno cargueiro 747-8F, que tem autonomia de voo e peso de decolagem maior, e começou a voar em 2011. A versão comercial, batizada de 747-8 INTERCONTINENTAL e que entrou em operação em 2012, tem capacidade para até 605 passageiros, além de ser o avião mais longo produzido no mundo (76.4 metros). A primeira versão, feita para demonstração na fábrica da empresa, tinha pintura vermelha e laranja, diferente do tradicional azul utilizado pela BOEING. Essa mudança era uma homenagem aos clientes asiáticos, que vêem nestas cores sinais de prosperidade e sorte. Além de seu uso no transporte de passageiros e carga, notabilizam-se também suas aplicações militares. Destacam-se o Shuttle Carrier Aircraft, que durante muitos anos transportou os ônibus espaciais da NASA, e os VC-25A 28000 e 29000 “Air Force One”, utilizados para o transporte pessoal do presidente dos Estados Unidos.
A guerra voraz dos céus
Há muito tempo que Airbus e BOEING competem para ver quem vende mais em menos tempo. Uma acusa a outra de só conseguir sucesso graças às massivas subvenções estatais. É uma guerra declarada nos céus. Até o ano de 2000 a empresa americana levava ampla vantagem. Mas os tempos mudaram. A montadora europeia assumiu a liderança e começou uma agressiva guerra pela liderança de mercado. Devido a uma grave crise a BOEING permitiu que, em 2003, a europeia Airbus tomasse a dianteira na entrega de aviões pela primeira vez na história da indústria aeronáutica. O fabricante americano começou então um processo de transformação que começou a render frutos somente alguns anos depois. O ano de 2008 ficou marcado pela reconquista: foi quando a BOEING reconquistou a liderança perdida para a Airbus em diversas categorias. A empresa não só vendeu um número expressivo de aeronaves (441) como viu a lista total de encomendas ultrapassarem a da concorrente pela segunda vez desde o ano 2000. Porém, no ano seguinte, a empresa americana voltou a ser ultrapassada pela rival, entregando 481 aeronaves (contra 498 da Airbus). Mas, em 2017, a BOEING entregou mais aviões comerciais do que qualquer fabricante pelo sexto ano consecutivo e estabeleceu um recorde na indústria com 763 unidades, impulsionada pela alta produção dos modelos 737 e 787, líderes de mercado. Ao mesmo tempo, a empresa aumentou sua carteira de encomendas com 912 pedidos, refletindo a demanda saudável por seus aviões.
A nomenclatura
Uma das perguntas mais frequentes para quem ama aviação é de onde saiu a sequência 7-7 para os aviões comerciais da BOEING. A empresa sempre colocou números sequenciais em seus modelos por décadas. Por exemplo, as versões militares são mais lembradas pelas suas designações, como por exemplo, o B-17 Flying Fortress ou o B-52 Stratofortress. Após a Segunda Guerra Mundial, a BOEING era muito mais uma empresa com produtos militares do que civil. William Allen, o presidente da BOEING na época, decidiu que a empresa precisava expandir também para o mercado da aviação comercial e ao mesmo tempo iniciar o desenvolvimento de mísseis e naves espaciais. Para suportar essa diversificação estratégica, o departamento de engenharia dividiu os números dos modelos em blocos de 100 para cada novo produto. 300 e 400 continuariam a representar aeronaves militares, 500 seria para motores, 600 para foguetes e mísseis e 700 seriam usados para aeronaves a jato de uso comercial ou de transporte de carga. A primeira aeronave comercial a utilizar essa nomenclatura foi o BOEING 707 quando lançado oficialmente em 1958, isto porque a repetição dos números causava mais impacto. Foi então que o departamento de marketing decidiu que todos os outros números que começassem ou terminassem com 7 seriam exclusivos para aviões comerciais.
A famosa linha de montagem
A mais famosa linha de montagem da BOEING está localizada em Everett, 25 milhas ao norte da cidade de Seattle, no estado de Washington. Foi especialmente construída no ano de 1967 para abrigar a linha de produção do gigante 747, então o maior avião de passageiros do mundo. De tão grande que é a fábrica chega a ser considerada uma pequena cidade autossuficiente. Possui sua própria rodovia, a sua própria estação de trem, corpo de bombeiros, polícia, estação de tratamento de água, subestação de energia, banco, centro médico, creche e diversos cafés, lanchonetes e restaurantes (que servem aproximadamente 17 mil refeições ao dia). Não é à toa. São aproximadamente 40 mil pessoas trabalhando no local, em horários de serviço divididos em três turnos. Mesmo assim, seus períodos de saída são escalonados para evitar um caos de trânsito nas estradas que cercam a fábrica. Para ir de um ponto a outro na fábrica os funcionários se locomovem sob rodas, inclusive bicicletas que a empresa disponibiliza para a mobilidade. Além disso, são mais de 3.7 quilômetros de túneis subterrâneos.
Em 27 de agosto de 2007 a BOEING comemorou a entrega da aeronave de fuselagem larga de número 3.000 desta fábrica. O modelo foi um avião 777-200ER, entregue a Korean Air. De acordo com a empresa americana, atualmente aproximadamente 80% dos aviões produzidos nesta fábrica ainda estão em serviço, num total superior 2.900 aeronaves. Uma das atrações do local é a visitação pública guiada ao Future of Flight Aviation Center & Boeing, onde o turista poderá acompanhar a gigantesca linha de montagem dos modelos 747, 767, 777 e 787 Dreamliner, passo a passo, na maior construção do mundo e com os maiores vãos livres do planeta, com mais de 13.3 milhões de m³ e ocupando uma área de 98.7 acres. Os visitantes são guiados através de túneis subterrâneos enormes e plataformas de observação perto do teto que dão uma vista espetacular da aeronave que está sendo montada. Um pequeno museu na entrada da fábrica tem painéis com a história e a linha de produtos, peças dos aviões, exemplos de funcionamento de turbinas, a cabine do piloto e até um simulador de voo. A maioria do trabalho feito na gigante unidade de Everett é de montagem das aeronaves, ou seja, as equipes recebem a maior parte das peças produzidas em outras fábricas e fazem o trabalho de montagem. As peças chegam por caminhão e trem, e até mesmo avião de carga (A empresa tem quatro aeronaves voando continuamente em todo o mundo, transportando peças para Everett) ou navio no caso das peças maiores como as asas. Alguns números impressionantes deste gigantesco complexo: as portas de entrada de cada seção do hangar são do tamanho de um campo de futebol americano; caberiam 911 quadras de basquete dentre do hangar; em cada turno trabalham mais de 13.000 pessoas; e a conta anual de luz é superior a US$ 16 milhões. Além disso, fotos e filmagens não são permitidas para visitantes e nem mesmo para a imprensa. O complexo ainda inclui um enorme teatro, uma loja (conhecida como BOEING STORE) e quatro cafés.
A evolução visual
O logotipo da BOEING mudou muito desde o início da empresa. A tradicional tipografia de letra utilizada pela marca foi adotada na década de 1940. O atual logotipo da empresa, que assumiu definitivamente a cor azul, foi apresentado em 1997. Este novo logotipo foi apresentado após a fusão com a McDonnell Douglas e culminou na união do símbolo desta empresa - uma esfera com anel em torno dele - a clássica tipografia de letra da BOEING. Inicialmente o símbolo era cinza, mas pouco depois adotou o tom de azul do nome da marca.
Os slogans
Forever New Frontiers. (2001)
Build Something Better.
If it is not Boeing, I am not going!
Dados corporativos
● Origem: Estados Unidos
● Fundação: 15 de junho de 1916
● Fundador: William Edward Boeing
● Sede mundial: Chicago, Illinois, Eswtados Unidos
● Proprietário da marca: The Boeing Company
● Capital aberto: Sim
● Chairman & CEO: Dennis Muilenburg
● Faturamento: US$ 93.3 bilhões (2017)
● Lucro: US$ 8.1 bilhões (2017)
● Valor de mercado: US$ 188.4 bilhões (março/2018)
● Aeronaves entregues: 763 unidades (2017)
● Presença global: 150 países
● Presença no Brasil: Sim
● Funcionários: 141.322
● Segmento: Aeronáutico
● Principais produtos: Aviões comerciais, cargueiros, aeronaves militares e satélites
● Ícones: O avião conhecido como JUMBO
● Slogan: Forever New Frontiers.
● Website: www.boeing.com.br
A marca no mundo
A BOEING, referência mundial em aviação, é uma das principais fabricantes de aviões e material aeroespacial do mundo, que comercializa seus produtos em mais de 150 países. Sua sede está localizada em Chicago, enquanto que as principais fábricas da empresa encontram-se na região metropolitana de Seattle (em Everett), estado de Washington; em St. Louis (estado do Missouri); e Seal Beach, Califórnia. A empresa oferece aeronaves comerciais e militares, satélites, armas, sistemas eletrônicos e de defesa, sistemas de lançamento, sistemas avançados de informação e comunicação, logística e treinamento. Atualmente a empresa detém mais de 50% do mercado de aviação comercial, tem 11 centros de Pesquisa e Desenvolvimento e emprega mais de 141 mil pessoas (das quais 45 mil são engenheiros) em 65 países. Em 2017 a BOEING entregou 763 aeronaves e obteve faturamento superior a US$ 93 bilhões.
Você sabia?
● Atualmente mais de 10.000 aeronaves da BOEING estão em operação no mundo inteiro.
● A empresa também oferece a mais completa linha de cargueiros, e aproximadamente 90% da carga mundial é transportada a bordo dos aviões da BOEING.
● William Boeing só retirou-se definitivamente do negócio da aviação no início da Segunda Guerra Mundial. Ele faleceu em 28 de setembro de 1956 a bordo de seu iate dias antes de completar 75 anos. Seu atestado de óbito declarou como causa da morte um ataque cardíaco.
As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek, Isto é Dinheiro e Exame), jornais (Valor Econômico, Folha e Estadão), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers).
Última atualização em 26/3/2018
Um brasileiro apaixonado pela Boeing e seu sucesso.
ResponderExcluirGostaria de ainda ver e voar num Boeing movido a energia elétrica e tendo um de seus reatores produzir essa energia para os demais reatores. Isto mudaria o cenário, pois diminuiria o custo e prolongaria o tempo de vôo sem reabastecimento. Sonhos são sonhos. Um reator movido a alguma enegeria que movimentará todos os demais. Menor barulho nos ares e na terra, menos poluição. Melhor de tudo, a Boeing estaria fazendo algo diferente antes de todos os demais concorrentes. O reator de energia iria tomar um espaço do avião? Sim. E quanto estaria produzindo de economia. Isso é possível?. Sim. Basta sonhar e viver seu sonho.
Lógico, não se esqueçam de me convidar para o vôo inaugural. Thank you!
NEMÉSIO MARCHINI
mfmarchini36gmail.com.
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Morumbi
São Paulo, Brasil