18.7.06

VALENTINO


Valentino, conhecido como o “Rei do Chique”, tornou-se ícone, um nome respeitado e adorado pelas mais chiques celebridades do planeta, e transformou a história da alta costura. O charme de suas criações encantava pela excelência e qualidade. O grande diferencial do estilista foi justamente fazer uma moda luxuosa, soberba, mas elegante, sem exageros desnecessários. A moda de Valentino seduziu e conquistou tanto celebridades como mulheres normais, e sua marca se tornou uma das mais elegantes e chiques do mundo fashion. Mesmo após a aposentadoria do estilista, a marca italiana continua a ser uma referência no tapete vermelho, onde muitas celebridades desfilam com vestidos glamorosos com a tradicional assinatura em “V”. 

A história 
Valentino Clemente Ludovico Garavani (foto abaixo) nasceu no dia 11 de maio de 1932, já com a arte impressa em seu DNA e revelou-se um precoce talento. O menino de Voghera, pequena cidade localizada ao norte de Milão, ganhou esse nome em homenagem ao maior astro do cinema mudo do início daquele século - o também italiano Rodolfo Valentino - e adorava arquitetura, escultura e pintura, além de ser um competente desenhista, especialmente figurinos para o cinema, sua grande paixão. Por conta disso, complementou seus estudos matriculando-se em um curso de desenho de moda no Instituto Santa Maria em Milão. Mas aos 18 anos já estava em Paris, para onde foi com o objetivo de estudar na Câmara Sindical da Alta Costura (Chambre Syndicale de la Haute Couture). E, graças ao primeiro lugar em um concurso no ano de 1952 conseguiu um emprego no ateliê de Jean Dessès e, dos cinco anos que lá passou, manteve os belos drapeados e as referências exóticas e muito bem elaboradas.


Em 1957, se despediu do mestre e seguiu o francês Guy Laroche, colega na Maison Dessès, na abertura de seu ateliê próprio, para auxiliá-lo como estilista e também atuar na área comercial. Mas também decidiu se lançar na moda por conta própria. Voltou para a Itália e abriu seu próprio estúdio em 1960. Um acontecimento em particular iria mudar sua carreira. O ano era 1960, época de ouro. Em meio a essa efervescência cultural e de glamour, o jovem Valentino despontava no mundo da moda. Em Roma, por conta das filmagens de Cleópatra, a estrela americana Elizabeth Taylor se encantou com o novo estilista e encomendou um vestido branco para a estreia mundial do filme Spartacus. Isso bastou para Valentino subir mais um degrau rumo á consagração: Taylor foi apenas a primeira de uma longa lista de estrelas, beldades, famosas e socialites que se tornaram suas clientes assíduas.


Pouco depois, em 1961, o estilista apresentou a primeira coleção (com 120 modelos) no seu ateliê no renomado endereço da Via Condotti, na cidade de Roma, apoiado financeiramente pelo pai. Mas sua primeira coleção seria apresentada oficialmente somente em 1962 em um desfile no Palazzo Pitti na cidade de Florença, então capital da moda italiana. Foi um sucesso. Valentino ainda era um jovem criador em ascensão, mas, muito rapidamente, passou a ser considerado um mestre da alta costura italiana. A explicação para isso é que parece ter “nascido pronto”: diferentemente da maioria dos profissionais em começo de carreira, que está em busca de um estilo próprio e segue vários caminhos até engrenar, aos 20 anos, ele já tinha um talento amadurecido, criando vestidos muito bem equilibrados e exatos nas proporções. Mal havia começado a carreira com a sua luxuosa alta costura, Valentino captou os movimentos do mercado e, na primeira metade dos anos de 1960, lançou a coleção de prêt-à-porter. Nessa mesma época, o então estudante de arquitetura que viria a ser seu parceiro e sócio por muitos anos, Giancarlo Grammetti, uniu-se a ele e passou a atuar como diretor comercial da grife, sendo responsável direto pela expansão internacional da marca que se iniciou nesta década.


No ano de 1967, lançou a coleção denominada VALENTINO’S WHITE, onde o famoso “V” apareceu pela primeira vez. No ano seguinte, a marca inaugurou sua primeira loja em Paris. Ainda nesta década, várias estrelas de Hollywood descobriram a moda da marca VALENTINO, impulsionando-a para sua expansão internacional. A próxima década teve início com o lançamento de sua coleção masculina e feminina “ready-to-wear” em 1972, além da inauguração de suas primeiras butiques nas cidades de Roma e Milão. Somente em 1975, o mestre Valentino realizou seu primeiro desfile na cidade de Paris. E no ano seguinte, inaugurou sua primeira loja em Tóquio. Em 1978 lançou seu primeiro perfume (batizado de Valentino Classique) em noite de gala no teatro Champs-Élysées na cidade de Paris. Seria apenas a primeira de muitas fragrâncias da marca que se tornariam itens cobiçados. A expansão da marca VALENTINO continuou com a inauguração de sofisticadas lojas nos Estados Unidos e Japão. Nos anos seguintes a marca introduziu em sua linha novos produtos, como por exemplo, jeans, braceletes e colares, camisetas, além de uma linha de decoração que incluía tecidos, estampas, papel de parede e até móveis. Valentino assistiu a França e sua semana de moda, sempre a mais poderosa do mundo, se curvar aos seus pés. Nos opulentos anos de 1980, perfeitos para o criador expressar seus luxuosos conceitos, tornou-se o primeiro estilista italiano aceito sem restrições, já que apenas Maisons locais (francesas), e desde que cumprissem uma série de pré-requisitos, podiam integrar o tão restrito universo da alta costura e estrangeiros só eram bem-vindos como membros-convidados. Nada mais natural para quem possuía a alta costura como fonte principal de criação e referência para todo o seu trabalho, do prêt-à-porter, passando pelos acessórios até os perfumes.


No final desta década, o estilista realizou um desfile triunfal com uma coleção inspirada no Wiener Werkstätte, movimento artístico do início do século 20 formado por artesãos vienenses, com desenhos geométricos inspirados em mobiliário e arquitetura, bolas gigantes, listras largas e quadrados. Em 1991, um modelo de sua coleção primavera-verão se celebrizou como um protesto a então recém-iniciada Guerra do Golfo: o “Vestido da Paz”, um tubo de crepe branco com a palavra “paz” em 14 línguas, bordada na horizontal com pérolas prateadas e cinzas e acompanhado de um mantô curto de cetim branco brilhante com a aplicação de uma pomba de pérolas. Pouco depois, em 1993, a marca estreou no mercado chinês. A relação de Valentino com o universo dos óculos começou na primeira metade dos anos de 1990, quando o estilista assinou um acordo de criação, produção e comercialização com a italiana Luxottica e, em 1998, transferiu a licença para a Safilo. Tanto as armações de receituário quanto os óculos solares respiravam o espírito de sofisticação e elegância luxuosa do estilista. 


No final dos anos de 1990, ele vendeu a marca para uma associação industrial comandada por um herdeiro do Grupo Fiat, que pretendia criar um poderoso império de moda. A estratégia não deu muito certo e acabou afundando a grife italiana, que já vinha sofrendo com a falta de recursos para competir no mercado mundial da moda de luxo. Depois de alguns anos de crise, em 2002, a VALENTINO foi adquirida pelo Marzotto Group, conglomerado italiano de marcas de moda que atuava no ramo têxtil desde 1830 e que pagou US$ 210 milhões pela grife. Com a nova proprietária vieram muitas novidades, como em 2003, quando lançou sua marca jovem, a RED VALENTINO (do inglês, “vermelho”, fazendo uma alusão ao “Vermelho Valentino”) e, pouco depois o aclamado perfume V.


Pouco depois, uma reestruturação do grupo reuniu suas marcas de moda (além da VALENTINO, havia Hugo Boss, M Missoni e Marlboro Classics) em uma empresa independente, batizada de VALENTINO FASHION GROUP, que já nascia com um faturamento de €1.72 bilhões. E, para falar apenas da VALENTINO, a operação foi dividida em quatro frentes de negócios: a primeira era a VALENTINO em si (que compreendia as divisões de maior prestígio, como alta costura, prêt-à-porter, acessórios, perfumes, óculos, etc.), a segunda era composta por VALENTINO GARAVANI (divisão de calçados, malas, bolsas e artigos em couro), seguida por VALENTINO ROMA (coleção prêt-à-porter mais casual) e a quarta destinava-se à marca de difusão RED VALENTINO. Nos anos seguintes a grife italiana experimentou um grande período de expansão com inauguração de lojas nas cidades de Bangkok, Honolulu, Buenos Aires e Dallas. Além disso, em 2005, firmou um importante acordo para o desenvolvimento de uma linha de decoração de interiores, expandindo assim ainda mais o universo da grife italiana.


Em 2008, o estilista se aposentou e deixou a empresa. Mas, nessa altura, a marca VALENTINO já havia entrado para a história da moda mundial. Após a saída do mestre o cargo de diretor de criação da marca foi assumido por Alessandra Facchinetti, que permaneceu pouquíssimo tempo antes de passar o bastão para a dupla Pierpaolo Piccioli e Maria Grazia Chiuri. A primeira coleção assinada pela dupla foi extremamente elogiada pela crítica e provou ter conquistado celebridades e famosos, como por exemplo, Jennifer Aniston, que escolheu um vestido da marca para a cerimônia do Oscar em 2009. A dupla conseguiu imprimir um estilo rejuvenescido, com coleções de sucesso que foram muito bem aceitas pelo público, mantendo, porém, o patrimônio de meio século de história da marca, avanço estético com designs femininos e, ao mesmo tempo, contemporâneos. O sucesso da talentosa dupla, que conseguiu deixar a marca em evidência, mesmo com a aposentadoria de Valentino Garavani, chamou a atenção da família real do Qatar que, em julho de 2012, através de seu fundo de investimento adquiriu o VALENTINO FASHION GROUP (que incluía as marcas VALENTINO, Missoni e Marlboro Classics) por €700 milhões. Em julho de 2016, Pierpaolo Piccioli se tornou o único diretor criativo da marca italiana, após a saída de Maria Grazia Chiuri, que foi para a Christian Dior. Em 2017 a marca italiana inaugurou uma loja no Shopping Iguatemi em São Paulo.


Os ícones 
Várias de suas inovações ficarão para sempre inscritas na história da moda. Dentre elas, o logotipo com a letra “V” que, em 1968, passou a aplicar em todas as suas peças de prêt-à-porter, o que originou a estrutura de moda que perdura até hoje, em que o nome do estilista tem um peso decisivo no sucesso de uma casa de moda e a assinatura vale quase tudo. Outra de suas marcas registradas é o “Vermelho Valentino”. Aquele vermelho poderoso. Aquele vermelho deslumbrante, que não passa despercebido, atrai olhares e arranca suspiros. É aquele vermelho Valentino! Tal qual a italiana e grande rival de Coco Chanel, Elza Schiaparelli, que tinha o rosa choque como a sua “cor oficial”, desde os primeiros dias de trabalho na Maison Dessès, Valentino se encantou pelo vermelho e fez da cor uma de suas assinaturas - na época, frequentava a Ópera de Barcelona e notou a força do vermelho nos figurinos: ao lado do preto e do branco, não havia, para ele, cor mais bela do que o vermelho. E dele nunca mais se separou. Era assim que o estilista costumava definir a cor que estampou sua carreira: “Vermelho é meu preto… É fascinante, é vida, sangue da morte, paixão, amor, a cura total da tristeza”. Outros ícones de Valentino foram os sapatos de tachas, os vestidos de noite, estampas animais (especialmente de leopardo, zebra e girafa) em preto e branco, bordados, plissados, pregas horizontais e verticais que geram efeitos incomuns e mantô duplo (duas peças no mesmo tom ou em cores contrastantes que se abotoam uma a outra para se tornarem uma só vestimenta, mas também podem ser desmembradas em duas, mais leves).


O adeus de um mito 
No dia 23 de janeiro de 2008, tudo ficou diferente nas noites de gala. Valentino Garavani, costureiro número um das celebridades, decidiu se aposentar depois de 45 anos vestindo estrelas como Sophia Loren, Elizabeth Taylor, Jacqueline Kennedy, Farah Diba, Audrey Hepburn (que, apesar do acordo que tinha com a casa Givenchy, sempre que podia queria ser vestida por Valentino) e Julia Roberts, só para citar algumas. Em seu último desfile ele foi aplaudido de pé pelos 800 convidados em uma tenda instalada nos jardins do Museu Rodin, em Paris. O estilista formatou uma coleção destacada por tailleurs em tons pastéis e longos vestidos como os que fizeram sucesso entre as principais estrelas de Hollywood. Ao final, o grande estilista saudou os presentes na passarela jogando beijos e abraços. Entre os convidados, destacava-se pelo entusiasmo a atriz Uma Thurman. Na passarela estavam tops como Eva Herzigova e Natalia Vodianova, enquanto na plateia se destacavam Lucy Liu, Miuccia Prada, Alber Elbaz e Emanuel Ungaro. Na passarela, roupas clássicas e impecáveis, dignas do estilista, que entre pretos e brancos não se esqueceu de seu tom favorito: o vermelho. A cor, conhecida como “Vermelho Valentino”, apareceu em modelos de decote V de chiffon em 30 reproduções. Em nota oficial ele afirmou: “Eu quero dizer, como fazem os ingleses: gostaria de sair da festa quando ela ainda está cheia”.


Além de ter conquistado a exigente clientela com seu glamour, Valentino também as fascinou com suas frases marcantes, como “o vermelho é o meu preto”. Jacqueline Kennedy, por exemplo, era uma discípula tão “obediente” que se casou com o armador grego Aristóteles Onassis usando um vestido vermelho curto e moderníssimo. Por causa do pedido de Jackie, Valentino estourou no mundo fashion, em 1968. Na semana seguinte ao casamento, ele recebeu mais de 60 pedidos de noivas. O anúncio da aposentadoria do estilista causou tristeza no mundo inteiro, já que os famosos ficaram órfãos dos croquis do italiano - de seus bordados sofisticados, drapeados e plissados perfeitos para vestir as milionárias americanas, condessas italianas e todas as beldades de Hollywood, sua clientela mais fiel. Sua única frustração é não ter vestido a rainha Elizabeth II, a única cliente que lhe faltava.


A evolução visual 
O tradicional e icônico logotipo em “V”, um dos mais prestigiosos do universo da moda, passou por remodelações ao longo dos anos, adquirindo uma imagem mais sofisticada.


Dados corporativos 
● Origem: Itália 
● Fundação: 1960 
● Fundador: Valentino Garavani 
● Sede mundial: Roma, Itália 
● Proprietário da marca: Valentino S.p.A. 
● Capital aberto: Não 
● CEO: Stefano Sassi 
● Estilista: Pierpaolo Piccioli 
● Faturamento: €1.1 bilhões (estimado) 
● Lucro: Não divulgado 
● Lojas: 150 
● Presença global: 100 países 
● Presença no Brasil: Sim 
● Funcionários: 3.300 
● Segmento: Moda de luxo 
● Principais produtos: Alta costura, roupas, acessórios e perfumes 
● Ícones: O logotipo em V e a cor vermelha 
● Website: www.valentino.com 

A marca no mundo 
O império da grife VALENTINO estende-se de Nova York a Moscou, com seus sofisticados produtos vendidos em 1.500 das mais badaladas lojas de departamento do mundo e através de 150 luxuosas lojas próprias em mais de 100 países. A marca italiana oferece também luxuosas coleções de óculos, bolsas, pequenos artigos de couro, relógios e acessórios, além de uma linha de cosméticos e perfumes. 

Você sabia? 
Em 1989 foi inaugurada a Academia Valentino, um espaço para apresentações de arte na cidade de Roma. 
Valentino sempre teve em mente que: “nenhum homem gostaria de sair com uma mulher que parece um homem”, por isso seus modelos eram extremamente femininos e possuíam características próprias como os cortes diferenciados. E hoje o estilista vive e curte sua mansão no Chateau de Wideville, próximo a Paris. 
Recentemente a marca lançou o “Museu Virtual Valentino Garavani” (www.valentinogaravanimuseum.com). Essa experiência digital reúne cinco décadas de história da moda, com mais de 500 documentos instalados em um Palácio 3D, o qual o usuário passeia entre criações do estilista, eventos da grife, fotografias de moda, e por cada momento da história de Valentino. 


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek e Exame), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers). 

Última atualização em 25/6/2018

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