Onde há uma oportunidade, lá está Sir Richard Branson e sua marca, a VIRGIN, pronto para fazer acontecer. Seu grupo começou com uma gravadora e lojas de discos, depois decolou com o transporte aéreo espalhando-se para serviços diversos como bancários, viagens, entretenimento, saúde e fitness e comunicação. Hoje são mais de 60 empresas sob a poderosa marca VIRGIN. O incansável espírito de empreendedorismo e inovação de Sir Richard criou um grupo diversificado. A motivação para criar um novo negócio pode ser uma paixão pessoal (seu gosto por viagens de balão deu origem à Virgin Balloon Fligths), satisfazer-se como consumidor (a dificuldade, em determinada ocasião, de conseguir um voo para Porto Rico fez com que criasse a Virgin Atlantic Airways) ou desafiar marcas consolidadas (o que o levou a criar a Virgin Cola, considerada um fracasso). “Começo uma empresa quando encontro algo que me interessa”, disse certa vez em uma entrevista à revista The New Yorker. E assim é o espírito da VIRGIN.
A história
As empresas do Grupo VIRGIN são tão criativas e fantásticas como a personalidade de seu criador: Sir Richard Charles Nicholas Branson, um simpático barbicha com cara de roqueiro maluco. Ele é mesmo um homem incomum. Gago e tímido foi mau aluno, o que levou seu pai a dizer que “Richard não seria grande coisa na vida”. Ledo engano. Começou sua empreitada em 1968 juntamente com seu amigo de escola John Holland-Gem, quando fundou a Student, uma revista alternativa para a juventude, que conectava estudantes e abordava temas de importância social, como por exemplo, gravidez na adolescência e tentativas de suicídio. O lado social sempre esteve presente nas iniciativas dele, sendo um dos fatores de seu sucesso até os dias de hoje. Feita por estudantes para estudantes, a publicação conseguiu a proeza de vender US$ 8 mil em anúncios publicitários logo em sua primeira edição. O dinheiro foi suficiente para custear a primeira impressão de 50 mil exemplares gratuitos, e fez Richard abrir os olhos para o grande potencial do que tinha em mãos. Os negócios começaram a prosperar e, quando a circulação aumentou, ele decidiu abandonar a escola. O diretor lhe disse: “Branson, de duas, uma: ou você se tornará um milionário, ou vai acabar na cadeia”. Ambas as previsões se realizaram. Poucos anos depois, em fevereiro de 1970, juntamente com seu amigo Nik Powell, fundou a empresa que viria a se tornar a VIRGIN, começando a vender discos pelo correio. O nome VIRGIN foi escolhido porque era o primeiro negócio oficial de Sir Richard Branson. Como algumas operações eram internacionais, em um imbróglio fiscal, foi preso pelas autoridades aduaneiras e libertado com pagamento de fiança pouco depois.
No ano seguinte já inaugurava a primeira loja (imagem acima) em plena Oxford Street na cidade de Londres, um lugar onde, além de comprar discos, as pessoas podiam se encontrar e ouvir músicas. Em 1972, já então com 20 lojas em funcionamento, fundou seu primeiro estúdio de gravação o VIRGIN RECORDS, localizado em uma mansão em Shirton-on-Cherwell, próximo a Oxford, e que se tornaria um marco na indústria musical. Em 25 de maio de 1973, a gravadora lançou seus primeiros quatro álbuns, entre os quais, Tubular Bells, de Mike Oldfield, que se tornou um dos maiores sucessos de vendas da década, com mais de cinco milhões de exemplares comercializados. Em três anos, a VIRGIN era a empresa mais quente do mercado britânico, e Branson, com quase 24 anos, já era milionário.
Os próximos anos foram dedicados a crescer e diversificar o portfólio de empresas e produtos, a maioria delas sob a poderosa imagem da marca VIRGIN, na cor escarlate como o sangue. E a gravadora ganhou ainda mais notoriedade ao assinar contrato com a banda punk Sex Pistols em 1977, e cujo disco “Never Mind the Bollocks” fez enorme sucesso no mercado britânico. Além da repercussão mundial que causou, o disco abriu as portas para uma enxurrada de novas bandas do estilo punk, divulgando ainda mais o nome da gravadora. Aproveitando-se disso, a VIRGIN assinou com nomes como Culture Club, Rolling Stones e Genesis, tornando-se uma das maiores gravadoras do mundo. Ainda nesta década a empresa se expandiu com a abertura, em 1978, de seu primeiro night-club, chamado The Venue, onde atuavam os artistas da gravadora. Logo depois, a VIRGIN RECORDS começou a atuar no mercado internacional, inicialmente por meio de licenças, e mais tarde estabelecendo subsidiárias próprias, a primeira delas na França. Finalmente em 1981 a VIRGIN começava a ganhar dinheiro. Phil Collins, ex-baterista dos Genesis, assinou com a empresa. Neste momento a VIRGIN MUSIC tinha nove músicas no Top 20 britânico. Apesar do sucesso, Sir Richard parecia não ter limites, comprando o clube Roof Gardens, em Kensington, e o clube gay Heaven, em Charing Cross, além de lançar a revista Event. Em 1982, mais dois artistas importantes, Boy George e os Culture Club, assinam os direitos mundiais com a VIRGIN.
No ano seguinte, ele procurava novos negócios para investir. Nascia então a VIRGIN VISION (precursora da VIRGIN COMMUNICATIONS), criada para distribuir filmes e vídeos e operar no setor de televisão; a Vanson Developments, para explorar oportunidades na promoção imobiliária no Reino Unido; e a VIRGIN GAMES, editora de software de jogos para computador. Porém, uma de suas maiores apostas, começou a florescer em 1984, quando o advogado americano Randolph Fields propõe a Richard investir em uma companhia aérea. Nasciam assim a VIRGIN ATLANTIC AIRWAYS e a VIRGIN CARGO, duas das empresas que seriam as mais rentáveis do grupo. Em 1988, a empresa vendeu 67 das 102 lojas VIRGIN à empresa W.H. Smith, para financiar a instalação da VIRGIN MEGASTORES em Paris, e quitar a dívida da Virgin Atlantic Airways, que comprava, neste ano, o seu quarto avião.
Em 1990 nascia a VIRGIN LIGHTSHIPS para desenvolver um novo tipo de publicidade em balões a hélio, iluminados internamente. No ano seguinte ocorreu o lançamento da primeira estação de rádio comercial de rock, a INR2. Em 1992 o grupo vendeu a VIRGIN MUSIC, a joia da coroa de Sir Richard, para a Tohrn EMI por US$ 1 bilhão. Com dinheiro em mãos, investiu em outras empresas do grupo, em especial na companhia aérea. Em 1996 nascia a VIRGIN BRIDE, em Londres, que chegou a ser a maior loja de noivas da Europa, e a VIRGIN NET, empresa de internet do grupo.
Quando parecia que a saga de Sir Richard tinha chegado ao fim, ele lançou novos serviços como uma empresa de cosmético e cuidados pessoais em 1997; serviços financeiros; o refrigerante VIRGIN COLA, que estreou oficialmente em Nova York no ano de 1998; o cartão de crédito VIRGIN em 2002; uma empresa para explorar o turismo espacial; uma companhia aérea de baixa tarifa na Nigéria; além do lançamento do serviço de telefonia móvel em outros países como Estados Unidos, Canadá e África do Sul. Depois a empresa ingressou do milionário mundo da Fórmula 1 com a escuderia VIRGIN RACING, aventura que duraria pouco, as daria visibilidade a marca. E nos últimos anos diversificou sua empresa e a marca VIRGIN para os setores de saúde e fitness, e mais recentemente, para cruzeiros marítimos.
As empresas
O Grupo VIRGIN é composto por mais de 60 empresas e marcas que atuam nos mais variados segmentos de mercado. As empresas do grupo têm uma coisa em comum: não importa o segmento em que atuam, todas proporcionam ao consumidor uma experiência de entretenimento. Não interessa se o consumidor vai ouvir uma música, falar ao telefone, voar de Londres a Nova York, andar horas de trem ou até mesmo desejar ir ao espaço em um futuro próximo, a VIRGIN tenta oferecer mais diversão e experiência que os concorrentes.
Dentre as muitas empresas e marcas, as mais importantes e inusitadas são:
● VIRGIN MEGASTORES (1971)
Rede de lojas especializadas em música, filmes, jogos para videogames e eletrônicos. Atualmente o grupo é proprietário de 14 lojas nos Emirados Árabes Unidos.
● VIRGIN ATLANTIC AIRWAYS (1984)
Uma das melhores e mais conceituadas companhias aéreas do planeta, transporta anualmente 5.3 milhões de passageiros, em uma das frotas mais novas da aviação mundial, composta por 44 aeronaves para 30 destinos na Ásia, Europa, Caribe, África do Sul e América do Norte com faturamento anual de £2.66 bilhões. Atualmente a VIRGIN detém somente 20% da companhia aérea.
● VIRGIN HOLIDAYS (1985)
Uma agência de turismo que tinha como principal objetivo vender pacotes de férias e assentos nos aviões da Virgin Atlantic Airways para suas rotas de Nova York, Orlando e Miami. Atualmente a agência vende para 397.000 passageiros (dados de 2017) pacotes turísticos e passagens aéreas para os Estados Unidos, Canadá, Caribe e África do Sul. Também é responsável pela VIRGIN HOLIDAYS CRUISES, que vende pacotes turísticos para cruzeiros marítimos.
● VIRGIN BALLOON FLIGHTS (1987)
Opera a maior frota de balões do Reino Unido em mais de 100 localidades diferentes na Inglaterra, Escócia e País de Gales. Por ano mais de 30 mil passageiros voam em seus balões. As viagens, para até 19 pessoas, duram cerca de uma hora.
● VIRGIN BOOKS (1991)
Editora de livros, inclusive digitais, no segmento de esportes, romances, ficção, cultura popular, humor e música. Atualmente a VIRGIN detém apenas 10% do negócio.
● VIRGIN RADIO (1993)
Estações de rádios do grupo, inclusive pela internet. O grupo licencia a marca VIRGIN para estações de rádios em outros países da Europa, América do Norte, Oriente Médio e Ásia, com mais de 18 milhões de ouvintes diariamente.
● VIRGIN VOUCHER (1995)
Uma espécie de vale-presente que pode ser utilizado na maioria das empresas do grupo e seus parceiros.
● VIRGIN MONEY (1995)
Empresa de serviços financeiros que oferece cartões de crédito, empréstimos, pensões e seguros com atuação no Reino Unido (onde possui mais de 4 milhões de clientes), Austrália e África do Sul. A VIRGIN detém 34% da empresa.
● VIRGIN TRAINS (1997)
A empresa foi constituída para aproveitar a oportunidade criada pela privatização da companhia estatal British Rail em meados da década de 1990. A empresa opera serviços de passageiros de longa distância na Linha Principal da Costa Oeste, entre Londres, West Midlands, Noroeste da Inglaterra, Norte do País de Gales e Escócia. O serviço conecta seis das maiores cidades do Reino Unido, como Londres, Birmingham, Manchester, Liverpool, Glasgow e Edimburgo, que possui uma população metropolitana combinada de mais de 18 milhões de pessoas. Uma das vedetes da empresa é o “Pendolino”, um super-moderno trem elétrico. A VIRGIN detém 51% do negócio.
● VIRGIN ACTIVE (1999)
Rede de modernas academias com mais de 60 unidades espalhadas pelo Reino Unido. A rede possui unidades também na Itália, Espanha, Portugal, Austrália, e África do Sul com um total de mais de 200 academias e 975.000 alunos. A VIRGIN detém 20% da rede de academias.
● VIRGIN MOBILE (1999)
Empresa de telefonia móvel que comercializa aparelho e planos, com milhões de clientes em países como Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Austrália, África do Sul, Irlanda, Emirados Árabes Unidos, México, Colômbia, Chile, entre outros.
● VIRGIN EXPERINCE DAYS (2001)
Empresa de vale-presentes corporativos exóticos e inusitados como estadias em spas, experiências de direção em automóveis como Porsche e Ferrari, passeios em balões, rafting, entre outras experiências radicais. Seu slogan é “Live for the present”.
● VIRGIN GALACTIC (2004)
Empresa criada para desenvolver o turismo espacial comercial. Centenas de pessoas já se inscreveram para viajar, no futuro, para o espaço a bordo da VIRGIN GALACTIC, em um voo de três horas em que os passageiros irão experimentar a sensação de anti-gravidade, uma vez que a nave alcança uma altura superior a 100 quilômetros. Em 2018, a nova nave espacial da empresa (Virgin Galactic VSS Unity) realizou o seu primeiro voo supersônico, a partir do deserto de Mojave, na Califórnia, o primeiro desde o acidente fatal em 2014 que matou um piloto. O teste foi considerado um sucesso. O bilhete da viagem deverá custar aproximadamente €200 mil e inclui um curso de formação de três dias. A VIRGIN é proprietária de 33% da empresa.
● VIRGIN PULSE (2004)
Empresa com foco em saúde corporativa que oferece uma plataforma digital para que empregadores possam engajar seus funcionários em práticas saudáveis e mudanças de estilo de vida. A empresa adotou esse nome somente em 2013.
● VIRGIN LIMITED EDITION (2009)
Turistas milionários podem se hospedar nas propriedades paradisíacas de Sir Richard, como a Ilha Necker, no Caribe, ou a reserva Ulusaba, na África do Sul, e até mesmo desfrutar de um catamarã à vela de 32 metros com itinerários feitos sob medida, aconchegantes vilas e chalés localizados em Moskito Island (Ilha Virgens Britânicas) e Kasbah Tamadot (Marrocos). A mais nova opção oferecida pela empresa atende pelo nome Necker Nymph, um planador subaquático tripulado capaz de explorar o fundo do mar do Caribe, cujo mergulho turístico custa US$ 25.000 por semana. Outro serviço oferecido é o aluguel do Necker Belle, o iate de 105 pés de Sir Richard, por US$ 88.000 por semana.
● VIRGIN HEALTH BANK (2009)
Empresa de armazenamento de células tronco. Seu banco de saúde armazena células tanto para uso privado quanto para uso público. A empresa atua no Reino Unido. O slogan da empresa é “With you for life”.
● VIRGIN HOTELS (2010)
Rede de hotéis (quatro estrelas) cuja primeira unidade foi inaugurada na cidade de Chicago em 2015. A rede tem unidades em desenvolvimento em cidades como Nova York, Dallas, San Francisco, Nova Orleans, Washington, Las Vegas, entre outras.
● VIRGIN CARE (2010)
É uma rede assistencial, formada por clínicas populares, e que hoje é subcontratada pelo NHS (o sistema público inglês) para assistir a população do Reino Unido. São mais de 400 unidades distribuídas em Primare Care Services (atendimento emergencial e clínica geral), Intermediate Care Services (especialidades), Community Services (reabilitação, saúde sexual, cuidados paliativos etc) e Social Care Services.
● VIRGIN OCEANIC (2011)
Empresa de exploração oceânica que no futuro oferecerá viagens turísticas ao fundo do mar, para que pessoas comuns possam fazer viagens que hoje apenas pesquisadores são capazes de realizar.
● VIRGIN RACING (2013)
Escuderia que compete no campeonato mundial de carros elétricos, que teve a temporada inaugural em 2014.
● VIRGIN VOYAGES (2014)
Empresa de cruzeiros marítimos que deverá iniciar suas operações em 2020. A empresa já encomendou três navios, e promete oferecer o melhor serviço de cruzeiros que inicialmente se concentrarão no Caribe, e também um tratamento diferenciado para seus tripulantes.
Outras empresas que ostentavam a marca VIRGIN foram vendidas, muitas delas por decisão estratégica do grupo, como por exemplo, a VIRGIN WINES, criada em 1999 para vender exclusivamente vinho pela internet e vendida em 2005 para a Direct Wines; a VIRGIN AUSTRALIA, companhia aérea fundada em 3 de agosto de 2000, que se transformou na segunda maior empresa aérea da Austrália, e alguns anos atrás se tornou independente, apenas licenciando o nome VIRGIN; a VIRGIN AMERICA, companhia aérea doméstica americana que iniciou suas atividades no dia 8 de agosto de 2007 com 12 aeronaves que voavam para 5 destinos e foi recentemente vendida para o Alaska Group; a VIRGIN GAMES, empresa fundada em 2003 para a criação e desenvolvimento de jogos de apostas para internet como cassino, pôquer, bingo, entre outros, que foi vendida em 2013; a VIRGIN MEDIA, fundada em 2006 como uma operadora de televisão a cabo, telefone fixo e móvel, além de internet no Reino Unido, sendo atualmente de propriedade da Liberty Global (sob royalties da VIRGIN).
Mas Sir Richard Branson também comete erros. E algumas de suas empreitadas acabaram não vingando, como por exemplo, a VIRGIN DRINKS, empresa criada para comercialização de bebidas como o refrigerante VIRGIN COLA, introduzido no mercado americano em 1998, e bebidas alcoólicas como a VIRGIN VODKA, lançada em 1994 no mercado inglês; a VIRGIN LIMOBIKES, empresa criada em 1995 para a prestação de serviços diferenciados de moto táxis em Londres; a VIRGIN BRIDES, loja de vestidos e acessórios para noivas, madrinhas e damas de honra, inaugurada em 1996 na cidade de Londres, em cuja inauguração Sir Richard compareceu vestido a caráter, com véu e grinalda, além de raspar seu lendário cavanhaque; o V FESTIVAL, empresa de organização de festivais de música no Reino Unido, Austrália, Canadá e Estados Unidos, cujo primeiro evento foi realizado em agosto de 1996, com um dia de shows no Victoria Park e dois dias no Hylands Park; a VIRGIN LIMOUSINES, empresa criada em 1999 para prestar serviço de aluguel de limusines nas cidades californianas de San Francisco, Oakland e região; a VirginStudent criada no início dos anos 2000 como uma espécie de rede social para estudantes; e a VIRGIN SPA, empresa criada em 2006 que chegou a administrar mais de 17 spas na África do Sul.
Fazendo o bem
Em setembro de 2004, Sir Richard criou a VIRGIN UNITE, uma fundação sem fins lucrativos, para lidar com problemas sociais e ambientais difíceis, e que se esforça para tornar os negócios uma força para o bem. Hoje em dia, Sir Richard Branson dedica a maior parte de seu tempo à fundação com atuação no Reino Unido, Canadá, África do Sul, Estados Unidos e Austrália. A fundação apoia projetos diversos, como por exemplo, defender os direitos gays, trabalhar para a reforma das políticas de drogas, lutar contra a caça predatória e a pena de morte.
O gênio por trás da marca
Ele é ousado, atrevido e boa-pinta. Carismático, provocativo e determinado. Corajoso, exibido e impulsivo. E claro bilionário (sua fortuna pessoal é de US$ 5.1 bilhões, dados de 2017). Richard Charles Nicholas Branson nasceu no dia 18 de julho de 1950 em Surrey, já atravessou oceanos de balão, quebrou recordes de velocidade, fez aparições em filmes de James Bond e seriados como Friends, Baywatch e The Simpsons, e chegou a aparecer nu em pêlo na capa de uma revista famosa (posando para incrédulos fotógrafos). “Você nunca vai ser nada na vida” disparou um furioso Edward Branson para seu filho mais velho, Richard. Pesava sobre os ombros de Edward, um respeitado advogado vindo de uma família tradicional, ver seu primogênito indo muito mal nos estudos e abrindo dentro de casa um comércio para venda de discos por correio. Já sua mãe, Eve, tinha sido aeromoça nas rotas entre o Reino Unido e a América do Sul. Será que estaria escondido em algum ponto obscuro e desconhecido de seu DNA sua paixão pela aviação? Pelo menos não até aqueles anos loucos, os Swinging Sixties em Londres. Mas esta é uma das facetas da fascinante personalidade de Branson: apesar de ser extremamente sincero, ele sempre guarda cartas sob as mangas dos suéteres de tricô, que são sua marca registrada. A paixão pela aviação talvez estivesse dormente, escondida sob o seu verdadeiro talento: vender. Desde o início de seu comércio caseiro de discos, sempre soube vender tudo o que quis, pelo preço que desejasse: de discos e preservativos (o que faria décadas depois) aos projetos pessoais mais tresloucados, como cruzar o Atlântico em uma lancha ou dar a volta ao mundo em um balão sem reabastecer.
A venda de discos por correspondência logo cresceu para uma sobreloja em Oxford Street. E depois finalmente para uma gravadora. Os próximos anos foram dedicados a crescer e diversificar o portfólio de empresas e produtos, a maioria delas sob a imagem poderosa da marca VIRGIN. De boates a jornais para adolescentes, de lojas de conveniência a empresas de táxi e companhias aéreas, o império de Branson crescia, bem como sua notoriedade. Seu jeito, porém, permanecia o mesmo: incorrigível, costumava ligar diretamente para seus interlocutores, e só parou de fazê-lo, pois não era mais atendido. As pessoas sempre achavam que se tratava de trote. Ou então, convidava os funcionários para festas a fantasia, apostando qualquer bobagem com algum deles. Quem perdesse, tinha de tirar toda a roupa. Como consequência, foi visto por seus funcionários mais do que uma vez do mesmo jeito que sua mamãe o via quando passava talquinho no seu bebê. Em outra aposta, Branson perdeu para o amigo Tony Fernandes, então executivo chefe da AirAsia, sobre o resultado da Fórmula 1. Para pagar a aposta, se vestiu de aeromoça da AirAsia e serviu os passageiros. E ainda teve que ver Fernandes “demiti-lo” no primeiro dia de trabalho. Ele também já se vestiu de Papai Noel e Coelhinho da Páscoa. Como Papai Noel, percorreu a Avenida Champs-Élysées, em Paris, em 2007, para promover sua estação de rádio. Claro que a mística, a atração pela pessoa de Branson só fazia crescer na mesma proporção de seus negócios. Um faro inato para os negócios, um jeito pessoal cativante, franco e direto, e um gosto pela autopromoção que beira o mais desvairado narcisismo são algumas de suas características fundamentais, e pontos-chave para provar errado o vaticínio de seu rabugento pai.
Não sendo de nenhuma família nobre, seu sucesso na estrada da vida lhe valeu o título de “Sir” em 1999, ao receber a honraria de Cavaleiro concedida pela Rainha da Inglaterra. Pelo menos no marketing, Sir Richard Branson tem sangue azul: ele é o Rei do Marketing. Mas também comete erros. E admite que o pior deles foi o lançamento do refrigerante VIRGIN COLA. O produto sumiu de muitas prateleiras, mas Sir Richard, que era disléxico (pessoa que possuí um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração), não cansava de repetir que ele era líder de mercado em Bangladesh. Quando não está dando expediente em sua ilha particular no Caribe (a Necker Island, localizada nas Ilhas Virgens Britânicas, adquirida em 1978 por US$ 180 mil), ele é o garoto-propaganda de quase todas as suas mais de 60 empresas, sempre com bom humor e muitas vezes em situações inusitadas. Para lançar a marca de vestidos de noiva VIRGIN BRIDE, por exemplo, vestiu-se de branco e raspou seu lendário cavanhaque. No anúncio da empresa de telefonia VIRGIN MOBILE, desceu a fachada da loja de CDs VIRGIN MEGASTORE de Londres pendurado em uma corda. E já chegou a se vestir de aeromoça, nem tão sexy, em voos da Virgin Atlantic Airways. A pessoa que ele mais admirava no mundo era seu amigo Nelson Mandela. Uma vez, Mandela telefonou-lhe para dizer que uma grande rede de spas havia quebrado e 5.000 pessoas iriam perder o emprego. Ele tomou um avião, olhou os livros e a VIRGIN chegou a ter 85% dos spas na África do Sul.
A casa dele em Londres é uma residência de quatro andares do século 19. Ele não tem motorista. Toma táxi. Assim como a rainha, não carrega dinheiro e tem de arranjar trocados com os colegas. Tampouco carrega chaves. Espera do lado de fora de seu escritório até que alguém o deixe entrar. Em festas flerta acintosamente e, muitas vezes, é protagonista de trotes maldosos, como erguer uma mulher de vestido curto até que todos vejam sua lingerie. Os ingleses acham isso encantador. Os americanos provavelmente o processariam. Sir Richard Branson é mesmo surpreendente. Seu carisma, fortuna e presença constante na mídia conseguiram vários amigos influentes, especialmente duas mulheres muito famosas na sua Grã-Bretanha. A Dama de Ferro, Margaret Thatcher, que via nele o arquétipo ideal de seus sonhos neoliberais. E sempre a ocupar um lugar especial em seu coração, ninguém menos que Sua Alteza Real, a Princesa de Gales, Lady Di. As aventuras de Sir Richard estão bem documentadas no livro “Losing My Virginity” e sua visão de negócios é descrita no livro “Business Stripped Bare”.
A evolução visual
A identidade visual da marca passou por apenas uma grande remodelação ao longo dos anos. O logotipo original da marca, criado pelo ilustrador inglês Roger Dean e conhecido como “The Gemini”, apresentava gêmeas siameses nuas descansando em frente à árvore psicodélica com um dragão ao lado, cuja cauda tremulava sugestivamente entre as pernas. Em 1979, o tradicional logotipo da marca como conhecemos hoje foi rascunhado em um guardanapo, por um jovem designer. Depois de passar por uma atualização com afinamento da letra e mudança no design da letra V, em 2006, esse logotipo passou por uma pequena modernização, adotando uma nova tipografia de letra.
Dados corporativos
● Origem: Inglaterra
● Fundação: Fevereiro de 1970
● Fundador: Sir Richard Branson e Nik Powell
● Sede mundial: Londres, Inglaterra
● Proprietário da marca: Virgin Group Ltda.
● Capital aberto: Não
● Chairman: Peter Norris
● CEO: Josh Bayliss
● Faturamento: £19.5 bilhões (estimado)
● Lucro: Não divulgado
● Empresas/produtos: 60
● Presença global: 35 países
● Presença no Brasil: Não
● Funcionários: 71.000
● Segmento: Conglomerado
● Principais produtos: Companhia aérea, trens, comunicações, mídia, entretenimento e turismo
● Concorrentes diretos: SpaceX, Blue Origin, British Airways, FirstGroup, Verizon, T-Mobile, Thomas Cook e TUI Travel
● Ícones: Sir Richard Branson e a cor vermelha escarlate
● Website: www.virgin.com
A marca no mundo
O VIRGIN GROUP é um conglomerado privado composto mais de 60 empresas e marcas, que emprega ao todo mais de 71 mil pessoas em 35 países, servindo anualmente mais de 53 milhões de consumidores todos os anos. Os analistas falam em um faturamento de £19.5 bilhões por ano. O grupo ganha dinheiro através de uma mistura complexa de participações em empresas e royalties obtidos com o licenciamento da marca. A VIRGIN é um conglomerado incomum. A maior parte de sua receita vem de uma companhia aérea (da qual só detém 20%), telefonia, serviços bancários, comunicação móvel, mídia, turismo e transporte ferroviário. Porém, 20% vêm de dezenas de empreendimentos pequenos e espalhados, tanto que, é difícil acreditar, que o próprio Sir Richard se lembre de todos.
Você sabia?
● A VIRGIN é uma das marcas de maior prestigio na Europa. Além disso, a VIRGIN tem um reconhecimento de marca de 99% no Reino Unido, França e Austrália, além de 96% nos Estados Unidos e África do Sul.
● A empresa ainda possui o VIRGIN GREEN FUND, um fundo de investimentos criado em 2006 que coloca milhões de dólares em projetos de combustíveis alternativos e energia renovável na América do Norte e Europa.
As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek, Isto é Dinheiro e Exame), jornais (Valor Econômico, Folha e Estadão), portais (Terra), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers).
Última atualização em 24/4/2018
Exemplo de empreendedorismo ùnico! A virgin nos mostra que os limites da criatividade humana são imensuráveis. Impressionante!!
ResponderExcluirObrigado pelo conteúdo disponibilizado pela equipe Mundo das Marcas.
ResponderExcluirVEM AI VIRGIN MOBILE NO BRASIL
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