29.10.14

GOPRO


Você pode até não conhecer a GoPro, mas com certeza já viu fotos ou vídeos capturados por suas potentes câmeras. Verdadeira febre entre esportistas, aventureiros e aventureiros, as versáteis câmeras digitais da marca americana retratam fielmente imagens e vídeos de um ângulo jamais visto antes. Quando o assunto é captura de imagens em ação a GoPro é capaz de transformar momentos em experiências inesquecíveis para os olhos. Ou como diz seu slogan “BE A HERO” (Seja um Herói). 

A história 
Tudo começou com o americano Nicholas D. Woodman (imagem abaixo), formado em artes visuais pela Universidade da Califórnia e praticante assíduo de esportes radicais, especialmente o surfe, que sempre sonhou fazer grandes imagens de suas aventuras pelo mundo, mas nunca conseguiu. Isto porque os fotógrafos normalmente não estavam preparados para chegar onde os surfistas estavam. Foi então que Nick, como era conhecido, teve uma ideia que iria mudar sua vida. E se houvesse uma câmera portátil, resistente e à prova d’água capaz de registrar os momentos mais incríveis de um ponto de vista único. E para registrar imagens de boa qualidade enquanto pegava ondas, ele amarrou sua câmera de 35mm ao pulso para bater fotos. Em março de 2002, durante uma temporada de surfe nas agitadas águas da Austrália e da Indonésia, ele resolveu testar a câmera e capturou imagens únicas de um ângulo surpreendente. Surgia neste momento a visão empreendedora do jovem Nick.
  

Para financiar a ideia, o empresário, juntamente com sua futura mulher, Jill, comprou em Bali 600 colares feitos de concha por US$ 1.90 e os revendeu nas praias da costa californiana por US$ 60 cada um. Com o valor arrecadado, mais um empréstimo de US$ 35.000, conseguido com a mãe, Concepcion Socarras, e mais US$ 200 mil do pai, um banqueiro da Califórnia, ele começou a investir em seu novo e promissor negócio. Ainda em 2002, no mês de outubro, ele fundou oficialmente a Woodman Labs Inc. Por quase dois anos, Nick ficou trancado em seu quarto por 18 horas diariamente, trabalhando em seus protótipos de câmeras e acessórios. O resultado de tamanho esforço foi uma câmera analógica que utilizava filme de 35mm. Ou seja, apenas fotos e nada de vídeos (por enquanto).
   

Batizada de GP HERO era muito semelhante á uma câmera descartável convencional, tinha capacidade para 24 fotos e vinha equipada com uma grande lente angular de 28mm (livre de foco), um case para utilizar embaixo d’água (até 5 metros), uma alça para fixação no pulso, um adaptador para luvas e um cabo para disparo rápido. Todos esses apetrechos eram o diferencial da nova câmera, desenvolvida e criada, principalmente, para que os surfistas conseguissem tirar seus famosos selfies enquanto pegavam ondas. E para isso bastava prender a GP HERO no pulso e ao movimentá-lo para cima, o cabo de disparo rápido entrava em ação e a foto era batida. A novidade possibilitava que surfistas registrassem imagens fantásticas sem precisar de um fotógrafo ou alguém do lado de fora para fazer isso. A câmera, produzida pelo fabricante chinês Hotax, começou a ser vendida em setembro de 2004 por apenas US$ 19.99.
  

Inicialmente ele vendeu os equipamentos a amigos adeptos da prática de esportes radicais e para lojas de surfe da Califórnia, para quais entregava as câmeras em uma VW Kombi ano 1971. Prometia aos surfistas e praticantes de esportes radicais um equipamento confiável para ajudar a registrar os momentos mais inacreditáveis. E eles compraram, e gostaram. Nesta época a GoPro era uma empresa de um homem só: Nick era engenheiro de produto, responsável por pesquisa e desenvolvimento, vendedor, embalador e, é claro, garoto-propaganda. Para promover sua própria invenção, ele a usava em qualquer lugar. A primeira grande encomenda, no entanto, aconteceu ainda em 2004, quando a GoPro fechou a venda de 100 equipamentos para uma feira de esportes de ação no Japão. Isto porque, Nick apareceu em um programa de TV no estilo Polishop (conheça essa outra história aqui) para tentar vender alguma coisa. E conseguiu. Em 2005 a empresa já vendia 35.000 câmeras.
  

Ainda nesse começo a GoPro literalmente estendeu-se pelos sete mares e arrebentou com as fronteiras que a limitava ao universo do surfe. Suas câmeras passaram a ser utilizadas para registrar basicamente qualquer situação que exija versatilidade de ângulos e facilidade de manuseio. Isto porque, podiam ser instaladas em praticamente qualquer lugar, de asas-delta e capacetes a pranchas, skates, diversas partes do corpo e até coleiras de cachorro. O sucesso foi comprovado quando canais de TV - como National Geographic (conheça essa outra história aqui) e Discovery Channel (saiba mais aqui) - passaram a utilizar câmeras da GoPro para registar documentários ou aventuras. A mudança de perspectiva também foi muito importante no desenvolvimento da marca GoPro. Afinal, a câmera permitia que fotos fossem tiradas de ângulos incomuns, contribuindo para a criatividade de fotógrafos amadores e profissionais ao redor do mundo.
  

Outro fator de sucesso foi o desenvolvimento da câmera original. A cada nova versão foi adicionada novas funcionalidades, o tamanho da câmara foi sendo reduzido, o tempo da bateria aumentado, entre outras modernizações. Por exemplo, em 2006, a empresa introduziu sua primeira câmera digital, que tinha capacidade para gravar vídeos de apenas 10 segundos e não captava áudio. Como o YouTube (saiba mais aqui) se tornava cada vez mais popular, o momento foi perfeito para a GoPro lançar essa nova câmera, pois o conteúdo gerado pelo usuário se tornava a nova moda. No ano seguinte foi introduzida a DIGITAL HERO3, que possuía recursos de vídeo e áudio ilimitados, além de aguentar até 30 metros de profundidade. Em 2008 foi a vez da DIGITAL HERO5, com 16mb de memória interna e primeira câmera a utilizar uma lente com ângulo de 170 graus de amplitude para capturar imagens mais panorâmicas, que aguentava até 100 metros de profundidade.
  

Já no início de 2010, a GoPro deu um salto na questão tecnológica ao lançar a HERO HD, câmera de alta definição com lentes angulares de 127°. Começava então outra revolução na empresa com aumento considerável nas vendas e a chance de expandir sua presença no mercado com o fracasso da Flip, um concorrente direto lançado pela Cisco (conheça essa outra história aqui). Em dezembro de 2012, Nick vendeu 8.88% de participação da GoPro para a Foxconn, a conhecida fabricante chinesa de produtos eletrônicos, que monta aparelhos como o iPhone e o iPad para a Apple (conheça essa história completa aqui). O negócio foi fechado por US$ 200 milhões, dinheiro utilizado para a expansão da empresa em outros países e o desenvolvimento e lançamento de novos produtos.
  

Ainda em 2012, a HERO3 foi um divisor de águas, já que iniciou várias características que viraram marca registrada da GoPro. Para começar, a nova câmera oferecia três cores: branco, preto e prata, com pequenas diferenças técnicas entre si. Tinham WiFi embutido e foram ficando cada vez menores e mais leves a cada geração, sendo sucedidas pela 3 Plus, com bateria melhorada e um sistema de redução do barulho do vento nas filmagens. No final de 2013, a empresa lançou a HERO3+, câmera com 10 megapixels para fotos e 1080 pixels para vídeos em alta resolução (permitia filmar em resolução de até 4K), equipada com WI-FI quatro vezes mais rápido, bateria com 30% a mais de duração, 20% menor e mais leve. Com todos esses avanços, as câmeras da GoPro podiam ser utilizadas para filmar, filmar em câmera lenta (slow motion) ou simplesmente tirar fotos, tudo com alta qualidade.
   

Em meados de 2014, a empresa abriu seu capital na Nasdaq, bolsa americana que concentra empresas de tecnologia, arrecadando US$ 427 milhões, o que permitiu ir além das action cams. Com isso, a empresa passou a adquirir startups de mídia e edição ou produção de vídeos, e o resultado foi o surgimento do serviço GoPro Studio, para tratar os clipes gravados. Pouco depois, lançou no mercado sua nova câmera, HERO4, equipada com tela touchscreen integrada, capaz de capturar vídeos a 60 quadros por segundo em altíssima resolução (4K), além de uma nova lente de 13Mp e melhorias na gravação no escuro, além de Bluetooth.
  

A partir de 2015 as vendas começaram a cair, pois o público exigia melhorias mais perceptíveis nos novos modelos e a concorrência aumentou, principalmente com a radical melhoria das câmeras dos cada vez mais modernos smartphones. A GoPro reagiu rápido e, em 2016, lançou HERO5 Black, que apresentava novidades como a captura de fotos em formatos como RAW e WDR, GPS integrado, suporte a áudio estéreo e comandos de voz. O modelo Hero5 Black se tornou a câmera que vendeu mais rápido na história da empresa. Ainda esse ano, a GoPro ingressou no mercado de drones com o Karma, que em pouco tempo se provaria um fracasso devido a problemas operacionais.
  

Nos anos seguintes, a GoPro introduziu novos modelos com aprimoramentos tecnológicos como a HERO6 Black (2017) com estabilização aprimorada e capaz de capturar vídeo 4K em 60 FPS; a Fusion (2017), uma câmera omnidirecional capaz de gravar imagens em 360 graus que apresentava novo recursos como transformar os vídeos esféricos em imagens 2D; a HERO7 Black (2018), que apresentava a nova forma de captura de vídeo, “TimeWarp”, proporcionando um efeito de alta velocidade aos vídeos, e capacidade de transmitir ao vivo em diversas plataformas, como Facebook (conheça essa outra história aqui) e YouTube; e a GoPro MAX (2019), capaz de capturar imagens em 360° e chega a resoluções de 5,6 K a 30 frames por segundo.
  

2020 não foi um bom ano para ninguém, mas foi pior especialmente para a GoPro que essencialmente necessitava que alguém saísse de casa para utilizar suas câmeras. O resultado foi uma queda abrupta nas vendas e demissões de funcionários. Mesmo com as dificuldades impostas pela pandemia a marca não deixou de inovar e, ainda em 2020, lançou no mercado a HERO9 Black, uma câmera capaz de capturar imagens em 5K com 4 tipos diferentes de resolução e fotos de 20 megapixels. Além disso, anunciou uma nova linha de roupas e acessórios, batizada de GoPro Lifestyle, que oferecia camisetas, moletom, boné, mochilas, garrafas térmicas e até uma jaqueta à prova d’água.
  

As mais recentes novidades da marca, introduzidas em 2022, são as novas câmeras da linha HERO11 Black, que apresentam sensor maior (oferecendo a mais alta resolução), vídeo colorido de 10 bits, novo campo de visão “HyperView” ultra-amplo, estabilização de vídeo HyperSmooth 5.0, trava de horizonte total em 360 graus e bateria Enduro de alto desempenho.Essas três novas câmeras da linha HERO11 Black também levam o serviço de assinatura da GoPro para um novo nível com o envio automático de vídeos de destaques no celular. E já em 2023, a GoPro apresentou a HERO12 Black, câmera com duas telas - painel traseiro conta com 2,27 polegadas, enquanto a frontal, posicionada ao lado da lente, é um pouco menor, com 1,4 polegada - sendo capaz de capturar imagens em alta resolução e vídeos de até 5.3K em até 60 FPS (frames por segundo).
  

O sucesso 
Ajudando o mundo a capturar e compartilhar de maneiras envolventes e empolgantes. Este foi o caminho escolhido pela GoPro para que milhões de aventureiros, esportistas, exploradores e entusiastas amadores tenham a oportunidade de fazer produções cinematográficas e ótimas fotos apenas com uma única e pequena câmera nas mãos. Além de ter sido um produto inovador, explorando um nicho ainda não pensado pelos grandes fabricantes, são os conteúdos compartilhados pelos utilizadores na internet que “espalham” a marca, fazendo assim uma publicidade gratuita e espontânea. E o sucesso pode ser comprovado nas redes sociais (dados de setembro/2023): o canal da GoPro no Youtube possui mais de 10.6 milhões de assinantes. Já no Instagram (conheça essa outra história aqui) a marca realmente brilha com mais de 21 milhões de seguidores.
  

A GoPro também se apoia na produção de conteúdo para impulsionar as vendas. Para isso, disponibiliza aos consumidores o GoPro Studio, um editor de vídeos para usuários das câmeras, cujos principais recursos são a adição de conteúdo multimídia e efeitos aos vídeos, conversão para novos formatos e edição de gravações. Além disso, disponibiliza um aplicativo para controlar a câmera remotamente, reproduzir e compartilhar o conteúdo, ou até mesmo assistir aos “melhores” vídeos no canal GoPro.
  

A evolução visual 
A identidade visual da marca GoPro passou apenas por uma única modernização ao longo dos anos, como mostra a imagem abaixo.
  

Dados corporativos 
● Origem: Estados Unidos 
● Fundação: 2002 
● Fundador: Nicholas Woodman 
● Sede mundial: San Mateo, Califórnia, Estados Unidos 
● Proprietário da marca: GoPro Inc. 
● Capital aberto: Sim (2014) 
● CEO: Nicholas Woodman 
● Faturamento: US$ 1.09 bilhões (2022) 
● Lucro: US$ 28.8 milhões (2022) 
● Valor de mercado: US$ 534.5 milhões (setembro/2023) 
● Presença global: 100 países 
● Presença no Brasil: Sim 
● Funcionários: 964 
● Segmento: Eletrônicos 
● Principais produtos: Câmeras digitais, filmadoras e acessórios 
● Concorrentes diretos: Sony, Nikon, Canon, Olympus, Polaroid, Toshiba, Apple, Akaso, DJI, TomTom e Garmin 
● Slogan: Be a HERO. 
● Website: www.gopro.com/pt/br/ 

A marca no mundo 
Atualmente a GoPro, líder absoluta de seu segmento no mundo, comercializa sua linha de câmeras e acessórios (suportes, baterias, estojos e iluminação) em mais de 100 países. Em 2022, a empresa vendeu mais de 2.8 milhões de câmeras no mundo inteiro. Segundo dados do setor, a GoPro detém mais de 33% de participação de mercado no segmento de filmadoras de bolso no mercado americano, que são comercializadas em aproximadamente 30 mil varejistas e lojas. 


Você sabia? 
A GoPro também investe em patrocínios de eventos e atletas. Entre os quais já esteve o surfista Kelly Slater. 
O empreendedorismo de Nick Woodman o tornou bilionário antes dos 40 anos, dono de uma fortuna avaliada em US$ 1.3 bilhões na época. 


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek, Exame e Isto é Dinheiro), jornais (Valor Econômico, O Globo e Meio Mensagem), sites de tecnologia (TechMundo), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers). 


Última atualização em 11/9/2023 

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