“Os meus sapatos são esculturas. São criações tipicamente francesas, uma alquimia parisiense de moda”. Esta frase define a marca ROGER VIVIER e seu criador. O designer francês criou durante seis décadas verdadeiras obras de arte que transformavam qualquer mulher em uma reluzente Cinderela. Por tudo isso, suas criações foram consideradas pela crítica como “Fabergé dos sapatos”. Hoje em dia a ROGER VIVIER é uma das grifes mais prestigiadas e artesanais do segmento de calçados de luxo.
A história
Roger Vivier (foto abaixo) nasceu na cidade de Paris no dia 13 de novembro de 1907. Ao perder seus pais com apenas 9 anos de idade, foi adotado por Gérard Benoit-Vivier. Em 1925 ingressou na tradicional Escola de Belas Artes de Paris, com a esperança de tornar-se um escultor. Mas quando um amigo da família lhe ofereceu um emprego em uma fábrica de sapatos, fora de Paris, ele percebeu que poderia se tornar um design de calçados. Seu caminho estava traçado. Em 1937 ele abriu seu próprio atelier no número 22 da Rua Royale em Paris e passou a desenhar coleções não assinadas para marcas famosas como I. Miller, Delman, Bally, Rayne e Elsa Schiaparelli. Roger foi ousado e aliou em suas criações materiais antes pertencentes ao vestuário e à chapelaria como rendas e bordados para transformar suas clientes em cintilantes Cinderelas. Durante o período da Segunda Guerra Mundial, devido à escassez de material, Roger decidiu trabalhar como assistente de fotógrafo, mudou para os Estados Unidos e chegou até a abrir uma pequena chapelaria em Manhattan. Somente em 1945 ele voltou a criar sapatos, sendo o primeiro a empregar plástico transparente como material para calçados. Além disso, para driblar a escassez de couro nesse período de pós-guerra, ele utilizou cetim, couro de crocodilo e penas como materiais alternativos. Sua vida começaria a mudar quando em 1947 ele conheceu o estilista Christian Dior.
Em 1953 o designer foi contratado pela Maison Dior para criar suas primeiras coleções de sapatos e por lá ficou durante uma década. Foi um período de glória para Roger Vivier. E logo de início ele chamou a atenção do mundo ao criar os sapatos para a Rainha Elizabeth II calçar em sua coroação em 1953. Os sapatos, em pelica dourada, incrustados com rubis, foram os primeiros a trazer sola dupla na intenção de proporcionar conforto às longas horas de exposição às quais a futura rainha deveria se submeter na cerimônia de coroação. E o sucesso estava apenas começando. Em 1954 ele foi o idealizador do “salto stiletto” (conhecido popularmente como salto agulha). E sua audácia seduziu o mundo da moda. Nos anos seguintes utilizou seda, pérolas, miçangas, rendas, apliques de joias para criar decorações únicas para seus sapatos, que ele mesmo descrevia como verdadeiras esculturas. Em 1959 mais uma inovação com a criação do salto-choque, encurvado para dentro. Em 1963, Roger deixou a Dior para inaugurar uma loja própria no número 24 da Rua François Premier, em Paris, onde passou a colaborar com grandes nomes da moda como Balenciaga e Ungaro. Foi neste mesmo ano que ele criou o famoso salto vírgula, cujo formato de curva, ousado pra época, virou um verdadeiro hit e símbolo da marca francesa. Nesta época suas criações eram marcadas pela riqueza de delicados detalhes em cada modelo de sapato.
Em 1967 ganhou novamente destaque mundial quando o modelo Peregrino, lançado em julho 1965 para acompanhar o vestido Mondrian de Yves Saint-Laurent, ganhou vida nos pés da atriz francesa Catherine Deneuve na pele da bela Séverine no filme La Belle de Jour, de Luis Buñuel. Foi sucesso avassalador e imediato: com a chancela da prestigiada revista Vogue. Eram cinquenta pares vendidos por dia. Em verniz preto e bico quadrado, adornado por uma fivela retangular em metal prateado como aquelas dos chapéus de peregrinos americanos, o modelo com salto de 4.5 cm se tornaria um clássico da marca sempre presente nas coleções até os dias de hoje, vendido em inúmeras cores, em couro e outros materiais, com diferentes tamanhos de salto – de ballerines a alturas de 11 cm. E o sucesso deste modelo, hoje rebatizado Belle Vivier, fez com que Roger conquistasse clientes famosas como Jackie Kennedy, Marlene Dietrich, Ava Gardner, Josephine Baker, Elizabeth Taylor e até os Beatles.
Em 1968 a linha de produtos foi expandida com o lançamento de pequenas coleções de luvas e cachecóis. E foi nesta década, que Roger Vivier criou as botas de cano longo que cobrem as coxas, vestidas por Brigitte Bardot. As botas, inspiradas nos mosqueteiros, foram criadas para combinar com as coleções de Yves Saint-Laurent e Emanuel Ungaro. Alguns anos depois ele lançou botas de cano curto para serem usadas com calças. Para a cantora francesa Françoise Hardy desenvolveu botas brancas que chamou de “moon boots”. Nos anos seguintes o designer continuou lançando novidades e inovando no segmento de calçados. Em 1996, aos 88 anos de idade, sempre hábil e consciente das mudanças criou um modelo de sandálias com salto e sola moldados em uma só peça de plástico.
Roger Vivier faleceu no dia 2 de outubro de 1998 em sua casa na cidade de Toulouse. Pouco depois, no ano de 2000, o grupo italiano Tod’s comprou os direitos de licenciamento da marca. O ressurgimento da marca começou em 2003 quando o italiano Bruno Frisoni foi nomeado diretor criativo e Inès de La Fressange, eterna musa de Chanel, contratada para ser embaixadora global. Além disso, a marca abriu uma nova loja na sofisticada Rua Faubourg Saint-Honoré, em Paris, cujo design foi inspirado no apartamento de Vivier. Depois inaugurou lojas em Nova York e Hong Kong (2005) e lançou sua primeira coleção de óculos de sol em 2006, mesmo ano que abriu uma loja em Londres. Nos anos seguintes continuou sua expansão internacional com inauguração de luxuosas lojas em cidades como Milão (2008), Xangai (2010) e Costa Mesa (2012). Além disso, expandiu sua linha de produtos com o lançamento de perfumes, bolsas, objetos em couro e uma pequena coleção de joias. A marca passou a vender pela internet em 2011. Hoje em dia a marca conquistou novas clientes estreladas como Carla Bruni, Cate Blanchett, Nicole Kidman, Uma Thurman, Jennifer Aniston e Cameron Diaz.
A evolução visual
A identidade visual da marca passou por algumas mudanças ao longo de sua história. Mais recentemente o logotipo ganhou uma nova tipografia de letra, mais afinada, fazendo com que o nome da marca ganhasse mais destaque.
Dados corporativos
● Origem: França
● Fundação: 1963
● Fundador: Roger Vivier
● Sede mundial: Paris, França
● Proprietário da marca: Roger Vivier Paris SAS
● Capital aberto: Não (marca licenciada para a Tod’s s.p.a.)
● CEO: Diego Della Valle
● Diretor criativo: Bruno Frisoni
● Faturamento: €113.7 milhões (2014)
● Lucro: Não divulgado
● Lojas: 29
● Presença global: 50 países
● Presença no Brasil: Não
● Funcionários: 300
● Segmento: Moda de luxo
● Principais produtos: Sapatos, botas, bolsas, óculos e acessórios em couro
● Concorrentes diretos: Jimmy Choo, Manolo Blahnik, Christian Louboutin, Salvatore Ferragamo, Chanel e Walter Steiger
● Ícones: Os saltos agulha e vírgula e o scarpin com fivela na ponta
● Website: www.rogervivier.com
A marca no mundo
Hoje em dia a ROGER VIVIER vende sua refinada linha de produtos (sapatos, bolsas, acessórios em couro, óculos de sol e até uma pequena coleção de joias) em mais de 50 países ao redor do mundo através de uma pequena e exclusiva rede de lojas próprias formada por aproximadamente 30 unidades. As lojas estão instaladas em cidades como Paris, Londres, Milão, Tóquio, Dubai, Nova York, Genebra, Xangai, Beirute, Taipei, entre outras. Além disso, seus produtos são vendidos em sofisticadas lojas de departamento.
Você sabia?
● Suas criações eram tão fantásticas que seus sapatos estão expostos em importantes museus mundiais como Victoria and Albert Museum de Londres, Metropolitan Museum of Art de New York e Musée du Costume et de la Mode du Louvre, em Paris.
As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek e Time), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand) e Wikipedia (informações devidamente checadas).
Última atualização em 28/5/2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário