22.10.13

LE BON MARCHÉ RIVE GAUCHE


Paris é uma cidade mágica. A Torre Eiffel, o museu do Louvre, a Avenida Champs-Élysées, o Arco do Triunfo, a estonteante Catedral de Notre Dame e muitas outras atrações, capaz de entreter os mais exigentes dos turistas. Acrescente a esta lista o LE BON MARCHÉ RIVE GAUCHE, a loja de departamento mais chique e sofisticada da cidade, um templo do consumo de bom gosto capaz de seduzir e deslumbrar até os menos consumistas. Afinal não é difícil sair de lá com uma gravata Gucci, uma bolsa Balenciaga ou delicioso sushi para comer em casa. 

A história 
Tudo começou em 1852 na cidade de Paris quando Aristide Boucicaut, filho de um fabricante de chapéus, resolveu transformar seu modesto comércio de rua às margens do rio Sena, em sociedade com os irmãos Paul e Justin Videau, em uma loja de departamento onde imperava a variedade de produtos, marcas e serviços e por onde se podia passear sem ser incomodado. Juntamente com os irmãos e com a ajuda do arquiteto Louis-Charles Boileau, responsável pela construção do prédio, ele criou o AU BON MARCHÉ (que significa algo como “um bom negócio”), um lugar perfeito para acompanhar assiduamente a vida cotidiana dos parisienses, com a elegância e o estilo que lhes é peculiar. Com uma diversificada seleção de objetos de design, elementos de gastronomia, artigos de beleza e o que havia de melhor na moda, Boucicaut conseguiu reunir as francesas e, por que não, os franceses, que não queriam mais andar pela cidade em busca de suas compras, em um novo local onde podiam experimentar, comprar ou apenas olhar as maravilhas e novidades do século.


Sua visão comercial apurada e psicologia do consumo lhe permitiu revolucionar um segmento no qual, a partir daquele momento, os produtos se apresentariam com rótulos que fixavam seu preço ou se ofereceria a possibilidade de mudar ou reembolsar um item se este “não agradasse” a seu comprador. Técnicas que atualmente parecem indispensáveis, e inclusive banais, para o comércio de uma forma geral, mas que naquela época era um desafio para o vendedor e uma tentação constante para os clientes. Outro ponto importante (e então inédito) foi instalar na loja um banheiro feminino. Para os homens, um departamento especial, uma espécie de lounge para que eles confortavelmente relaxassem e, na medida do possível, não reclamassem da demora das esposas. Também havia um espaço para roupas masculinas, serviços de barbeiro e de engraxate.


O fundador, segundo se vangloria a loja de departamento, foi também responsável por instaurar os primeiros descontos (liquidações) da história, quando lhe ocorreu a ideia de reduzir o preço das roupas para se livrar dos estoques altos. A esta prática ele batizou de “O mês branco de janeiro” e devido ao enorme sucesso, ele se arriscou também a estabelecer um calendário anual onde se sucedessem vendas, publicidade e descontos. Em relação á propaganda, artistas, desenhistas e cartunistas idealizavam fantásticos cartões-postais, cartazes e agendas, que serviam como anúncios publicitários. Em 1867, mais uma vez ele se revelou um inovador nas técnicas de vendas, possibilitando a todos os franceses, parisienses ou não, de figurar entre seus clientes, com o envio de 500 mil catálogos com mostras de tecidos e inaugurando assim a venda por correspondência.


A mesma obstinação que possuía esse visionário para vender a seus clientes tinha sua mulher, Marguerite, para melhorar as condições profissionais e pessoais de sua força de trabalho. Ela foi a responsável por uma obra social sem precedentes naquela época. Estabeleceu uma jornada de trabalho de 12 horas em vez de 16, aprovou as férias anuais e as permissões de maternidade, além de instaurar um plano de pensões. Em 1875 foi inaugurada uma galeria de arte, onde artistas podiam expor e vender suas obras para os clientes da loja. Em 1887, entre 15 mil e 18 mil mulheres, já que a clientela era essencialmente feminina, atravessavam as portas da loja de departamento, onde eram convidadas a entrar e experimentar os produtos dispostos deliberadamente sobre numerosas prateleiras. O histórico edifício da loja foi ampliado em 1896, com a supervisão do engenheiro Gustave Eiffel, que havia projetado a famosa torre que leva seu sobrenome.


Em 1984, o conglomerado de luxo francês LVMH comprou a loja de departamento mais antiga de Paris, acrescentou a seu nome o termo “Rive Gauche”, e deu prosseguimento a obra iniciada pelo casal Boucicault, que tinha assentado as bases do comércio e do consumo de massas. Uma nova e renovada gestão empresarial optou em 1988 por uma reestruturação dos 32.000m² do local. Os diferentes espaços passaram a ser concebidos como se fossem “formas de vida”, das quais surgiu, por exemplo, um “cinema da beleza” dedicado aos cosméticos, um “apartamento de moda” para as roupas femininas, uma intimista e imensa seção somente para lingeries, e até uma livraria e uma seção de móveis. Tud com conforto e bom gosto para oferecer mais de 30 mil produtos pensados para “todas as necessidades”.


Além disso, a loja de departamento mantém um fantástico espaço de 3.000m², conhecido como La Grande Épicerie de Paris, localizado do outro lado da rua, que oferece mais de 15.000 produtos diferentes entre alimentos e bebidas, selecionados nos quatro cantos do mundo. Os produtos são comprados todos os dias: mais de 200 tipos de queijos, peixes frescos, frangos, verduras, legumes, tudo diretamente do produtor. Isto sem contar iguarias raras e caras, geléias de champagne, biscoitos com sabores e formatos originais, seções inteiras dedicadas ao salmão, ao foie gras, ao caviar, chocolates, sorvetes, temperos e condimentos, e cortes de carnes (cujos preços fariam muitos adotarem uma alimentação vegetariana). Além de uma seleção de vinhos que está entre as melhores da Europa. Mais de 80 talentosos padeiros, confeiteiros e chefes de cozinha trabalham arduamente para deleitar os mais exigentes paladares, incluindo deliciosos macarons, que estão entre os melhores de Paris. É realmente um passeio gastronômico imperdível.


Localizada na fronteira entre o distrito 6 e 7 de Paris, a um passo da prestigiada Universidade da Sorbonne e da igreja de Saint-Germain-des-Près, a loja de departamento LE BON MARCHÉ RIVE GUACHE continua sendo ícone da elegância francesa, mais de 160 anos após sua fundação. Prova disto é que, para quem deseja pesquisar as tendências da moda, não há lugar melhor em Paris, afinal praticamente todos os estilistas renomados e marcas luxuosas desfilam seus produtos por suas prateleiras.


Para agradar aos brasileiros 
Em abril de 2013, para agradar os clientes brasileiros que cada vez mais desembarcam em Paris, a centenária loja de departamento de luxo criou uma exposição que celebrava a cultura do país através da moda, arte, gastronomia e design. Para realizar a exposição, LE BON MARCHÉ adquiriu US$ 2.25 milhões em produtos de empresas brasileiras para serem divulgados e comercializados. Batizada de “Le Brésil Rive Gauche”, a exposição oferecia alguns produtos bem conhecidos dos brasileiros. Por exemplo, uma sandália Havaianas era comercializado por €26. Já uma sandália da Melissa era vendida por €59.


A evolução visual 
Até 1989 a tradicional loja de departamento era conhecida como AU BON MARCHÉ. A partir deste ano, além de mudar seu nome para LE BON MARCHÉ e acrescentar a expressão “RIVE GAUCHE”, a marca apresentou uma nova identidade visual.


Dados corporativos 
● Origem: França 
● Fundação: 1852 
● Fundador: Aristide Boucicaut, Paul e Justin Videau 
● Sede mundial: Paris, França 
● Proprietário da marca: LVMH Moët Hennessy • Louis Vuitton S.A. 
● Capital aberto: Não 
● Presidente: Patrice Wagner 
● Faturamento: Não divulgado 
● Lucro: Não divulgado 
● Lojas: 1 
● Presença global: Não (presente somente na França) 
● Funcionários: 2.200 
● Segmento: Varejo (loja de departamento) 
● Principais produtos: Roupas, acessórios, calçados, cosméticos e alimentos 
● Concorrentes diretos: Galaries Lafayettes e Printemps 
 ● Ícones: O prédio onde a loja está instalada 
● Website: www.lebonmarche.com 

A marca na França
Hoje em dia a icônica LE BON MARCHÉ RIVE GAUCHE através de mais de 30.000m² oferece milhões de produtos de 1.400 marcas, incluindo Louis Vuitton, Dior, Chanel, entre outras, que se esparramam pelas araras e prateleiras da loja. Devido às festas de final de ano, os meses de novembro e dezembro correspondem a 40% das vendas da LE BON MARCHÉ. E quase metade de seu faturamento está atrelado aos clientes estrangeiros. 

Você sabia? 
Os dias preferidos dos turistas para visitar LE BON MARCHÉ são segunda, terça e quinta-feira. Para fugir das multidões e filas, evite essas datas e opte por quarta e sexta-feira ou pelo fim de semana. 


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, BusinessWeek, Exame e Isto é Dinheiro), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Portal de Branding), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers). 

Última atualização em 22/10/2013

15.10.13

SPERRY TOP-SIDER


Há 80 anos várias gerações estão intimamente ligadas à marca SPERRY, partilhando a paixão pelo mar e vestindo calçados com propostas elegantes que combinam classe e conforto. Na verdade, nenhuma outra marca vem à mente quando se trata de confiáveis sapatos originais náuticos. Apesar disso, hoje em dia a SPERRY é uma marca de estilo de vida náutico, comercializando inúmeros acessórios, muito além do universo dos calçados. 

A história 
Tudo começou quando Paul Alling Sperry, um ex-oficial da marinha americana e que quase havia perdido sua vida em um escorregão no deque do barco, ao observar seu cocker spaniel, chamado Prince, correr sobre o gelo em um típico dia de inverno, em Connecticut, na região da Nova Inglaterra, reparou na capacidade fantástica que o cão possuía em manter a tração mesmo em um piso tão escorregadio. Ao analisar minuciosamente a pata de seu cão, ele reparou nas centenas de pequenas ranhuras e cortes que ziguezagueavam em todas as direções, fazendo com que ele não escorregasse. Estas estrias onduladas foram a principal inspiração para que o Sr. Sperry requeresse a patente da sola Razor-Siping™, fundamental em maximizar a tração e desempenho do Authentic Original Sperry Top-Sider, primeiro calçado para a prática de esportes á vela, introduzido no mercado americano em 1935.


Paul Sperry provavelmente nunca imaginou que seus sapatos se tornariam um ícone americano nas décadas seguintes. Afinal, tudo o que ele desejava, sendo um ávido velejador, era encontrar um sapato que iria ajudá-lo a atingir a estabilidade perfeita no convés escorregadio de seu veleiro enquanto navegava. A partir deste momento a marca SPERRY iria compartilhar a paixão com aqueles que apreciam uma boa vida no, sobre ou nas proximidades do mar.


O sapato rapidamente se tornou popular entre os velejadores pela característica antiderrapante do solado e por sua cor branca, que o impedia de sujar os convés dos barcos. Até 1939 o calçado era um produto de nicho, restrito a um público pequeno. Foi então que a Marinha dos Estados Unidos negociou com a empresa o direito de fabricar o modelo para os marinheiros, com a finalidade de caminhar com firmeza e evitar tombos e acidentes no piso escorregadio de barcos e deques, enquanto defendiam o país. Depois disso o sapato passou a ser comercializado em todo o país com enorme sucesso, ganhando também o mundo. SPERRY se tornou sinônimo de boat shoe e acompanhou o sucesso da empresa que viu seu calçado ser usado por pessoas de todas as idades, em diversas ocasiões casuais, migrando das marinas para o ambiente urbano.


Por muito tempo o principal modelo da marca se tornou uma das peças chaves no guarda roupa dos homens de todas as idades, mas passou por uma fase onde parou de calçar os pés dos jovens. A SPERRY então soube agir na hora certa para prevenir os efeitos do envelhecimento de sua clientela. Na última década o clássico modelo voltou com tudo ao mercado e rapidamente se tornou uma peça indispensável para quem quer estar sempre na moda. Neste caso, as cores e variedades (com diversas opções de modelos, indo do couro marrom até listras, dourado e estampa xadrez) atraíram novos consumidores, e o formato já conhecido do modelo facilitou que os antigos redescobrissem um velho conhecido. A marca também criou um estilo de bota (batizada de Chukka Sperry) inspirado no Top-Sider, reservada para o uso urbano. O desenho da base é o mesmo, porém o cano fica na altura do tornozelo. É um modelo casual que pode ser usado com calça jeans, sarja ou veludo, expandindo assim o universo de opções dos calçados da SPERRY.


Além disso, neste período, a SPERRY expandiu sua linha de produtos muito além do segmento de calçados, tornando-se assim uma marca de estilo de vida para quem curte atividades ao ar livre ou uma vida a beira mar. Com isso foram lançados no mercado um infinidade de acessórios, como por exemplo, mochilas, bolsas, carteiras, cintos, cachecóis, luvas, meias, relógios, óculos, sandálias, uma pequena linha de roupas (camisetas, bermudas e moletons) entre outros itens. Outra estratégia adotada pela marca neste período foi a inauguração, em 2009, de cinco lojas próprias, localizadas nas cidades de Tampa, Orlando, Boca Raton, Kansas City e Dallas. O sucesso de sua empreitada no varejo levou a marca a inaugurar outras lojas próprias em importantes cidades americanas nos anos seguintes.


A SPERRY tem realizado um trabalho de posicionamento bem interessante, cujo objetivo é manter a marca relevante sem alienar o público alvo ao longo dos anos. A marca tem constantemente lançado pequenas coleções em colaboração com a Band of Outsiders e participando de feiras como a Project e Capsule. Essas coleções geralmente consistem em pegar o Top-Sider (seu modelo mais famoso) e trocar o couro do cabedal por outro tipo de material, fazendo com que o clássico fique sempre atualizado.


Mais recentemente a SPERRY introduziu no mercado uma linha de sapatos náuticos mais técnicos, fabricados recorrendo a materiais e tecnologias do segmento de calçados esportivos modernos. Estes calçados (botas náuticas para competições) oferecem um apoio e leveza espetaculares e são fabricados de forma a expulsarem a água do seu interior e secarem rapidamente. Essa linha, equipada com a inovadora tecnologia GripX3 (que garante maior adesão da sola ao convés dos barcos), foi utilizada por velejadores patrocinados pela marca nos Jogos Olímpicos de 2012. Para o evento a SPERRY criou também uma cor exclusiva para estes calçados, o Podium Blue.


Há pelo menos 60 anos a SPERRY e outra fabricante de calçados náuticos, a Sebago, fundada em 1946 e que hoje pertencem à mesma empresa, duelam para saber quem produz o melhor modelo. As marcas são registradas, tanto que ninguém pode usar os termos Top-Sider (da SPERRY) e Dockside (da Sebago), que se refere aos mocassins impermeáveis como “boat shoes” (sapato para barco) ou “deck shoes” (sapato para o deque, ou seja, piso do barco).


A evolução visual 
A identidade visual da marca passou por algumas modificações, algumas delas radicais, ao longo de sua história. A primeira delas, apesar de manter o tradicional veleiro, principal ícone de identificação da marca, foi totalmente redesenhado, com o logotipo apresentando uma tipografia de letra mais moderna e refinada. Mais recentemente a identidade visual passou por uma profunda reformulação, que adotou uma nova tipografia de letra, reestilizou completamente o tradicional veleiro, excluiu a palavra TOP-SIDER e acrescentou a expressão “Since 1935”.


Dados corporativos 
● Origem: Estados Unidos 
● Fundação: 1935 
● Fundador: Paul Sperry 
● Sede mundial: Lexington, Massachusetts, Estados Unidos 
● Proprietário da marca: Sperry Top-Sider, Inc. 
● Capital aberto: Não (subsidiária da Wolverine World Wide, Inc.) 
● CEO: Blake Krueger 
● Presidente: Craig L. Reingold 
● Faturamento: Não divulgado 
● Lucro: Não divulgado 
● Lojas: 40 
● Presença global: + 50 países 
● Presença no Brasil: Não 
● Segmento: Moda 
● Principais produtos: Calçados e acessórios 
● Concorrentes diretos: Sebago, Rockport, Timberland, Toms e UGG Australia 
● Ícones: O modelo Top-Sider 
● Slogan: A passion for the sea. 
● Website: www.sperry.com 

A marca no mundo 
Atualmente a marca SPERRY, mais conhecida por seus tradicionais Top-Sider, oferece inúmeros produtos que contemplam um estilo de vida náutico, como por exemplo, calçados casuais, sandálias, mochilas, relógios, óculos e uma pequena linha de roupas. Os produtos da marca americana são comercializados em mais de 50 países ao redor do mundo, com forte presença na América do Norte e Europa. Os produtos da marca são vendidos em lojas de departamento e grandes varejistas, assim como através de aproximadamente 40 lojas próprias nos Estados Unidos. 

Você sabia? 
O SPERRY Top-Sider faz parte do uniforme da Academia Naval Norte-Americana. 
A SPERRY patrocina e apóia instituições, atletas e competições ligadas a esportes e atividades náuticas, como por exemplo, a U.S. Sailing Association (Associação Americana de Vela). 


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek e Isto é Dinheiro), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand) e Wikipedia (informações devidamente checadas). 

Última atualização em 15/5/2015

9.10.13

HOLLISTER


Você já ouvir falar na marca HOLLISTER? Se ainda não, basta perguntar para seus filhos, adolescentes ou qualquer jovem descolado, que você irá perceber a força desta marca americana. Representada pela silhueta de uma gaivota estilizada, suas roupas foram praticamente transformadas em uma espécie de uniforme por milhões de adolescentes no mundo inteiro. 

A história 
Tudo começou em meados dos anos de 1990 quando a tradicional Abercrombie & Fitch (conheça essa história aqui) identificou que havia espaço no mercado americano para a criação de uma segunda marca que vendesse roupas e acessórios com preços mais acessíveis e para um público mais jovem. Para diferenciar essa nova marca da Abercrombie, a empresa resolveu que as roupas e acessórios teriam um estilo jovem, aventureiro e um visual praiano do sul da Califórnia (conhecido em inglês como SoCal), como por exemplo, camisetas coloridas, jeans com cara de usado, bermudas, roupas de praia, moletons confortáveis e chinelos de dedo. Foi então que surgiu a HOLLISTER COMPANY, também conhecida como HCo. A nova marca, além da diferenciação de preço, foi posicionada tendo como público alvo os consumidores com idades entre 14 a 18 anos.
   

Mas não bastava apenas lançar uma nova marca no competitivo mercado americano. Era preciso utilizar uma estratégia de marketing diferenciada para criar um conceito e uma identidade. E para isso a empresa resolveu criar uma história, mesmo que fictícia, que contasse as origens da HOLLISTER (fato revelado e assumido somente em 2015). E a pseudo-história (chamada na comunicação de storytelling) para justificar sua criação tem início com o personagem John M. Hollister, um jovem aventureiro americano que passou a infância praticando esportes nas pacatas águas do Maine, e se formou na tradicional Universidade de Yale, que após renegar a vida “conservadora” herdada do pai, comprou um veleiro, viajou o mundo e, devido a sua paixão pelo Pacífico Sul, decidiu abrir em 1922 um pequeno negócio na bela praia californiana de Laguna Beach, que inicialmente vendia artesanato e bijuterias locais. John e sua mulher, Meta, tiveram três filhos. Um deles era o ex-surfista profissional John M. Hollister Jr., que ao assumir o pequeno negócio familiar em 1957, adicionou artigos e equipamentos de surfe, fazendo com que, em poucos anos a HOLLISTER se tornasse uma das mais populares marcas do estilo de vida no segmento de casual wear.
  

Com tudo isso minuciosamente arquitetado e uma história romantizada a HOLLISTER inaugurou em 27 de julho de 2000 sua primeira loja, localizada no Easton Town Center no centro da cidade de Columbus, estado de Ohio. O sucesso entre os adolescentes americanos foi quase imediato. Em 2001 a marca lançou suas primeiras fragrâncias no mercado. Em pouco mais de cinco anos, outras lojas da marca foram inauguradas em grandes e médias cidades americanas. Além disso, o sucesso da HOLLISTER entre os turistas fez com que a empresa iniciasse um forte plano de expansão internacional, inaugurando sua primeira unidade no exterior no mês de janeiro de 2006 na cidade de Toronto no Canadá. Foi a partir de 2007, após um investimento superior a US$ 10 milhões, que a marca iniciou a instalação de enormes telões imitando janelas que transmitiam imagens ao vivo da praia de Huntington Beach na Califórnia. Foi uma bem-sucedida tentativa de “encantar” o consumidor, presenteá-lo com uma narrativa bonita e ofertar um conto de fadas coerente com a experiência que a marca propunha.
   

Em 2008 a marca inaugurou sua primeira loja no continente europeu, localizada na cidade de Londres. Além disso, introduziu uma completa linha de produtos para o cuidado do corpo. Em 2009 a marca inaugurou em Nova York sua primeira loja âncora (chamada em inglês de flagship store), localizada no descolado bairro do SoHo, que mais parecia uma casa de praia: toda de madeira por dentro, meio escura, com várias poltronas onde era possível relaxar e observar com calma as “janelas” feitas de telas planas que mostram vários pontos da praia de Huntington Beach ao vivo. Essa loja tinha 6.000m² divididos em 4 andares mais o subsolo.
   

Nos anos seguintes a HOLLISTER inaugurou lojas em Roma, Milão, Berlim, Frankfurt, Hamburgo, Colônia, e depois nas cidades de Barcelona, Madri e Dublin. Em 2011 a marca inaugurou sua primeira unidade em Hong Kong e, no ano seguinte, na Coréia do Sul, ingressando assim oficialmente no enorme mercado asiático.
   

Em poucos anos no mercado a HOLLISTER conseguiu criar uma atmosfera única, descolada, voltado ao público jovem, estilo surfwear, atenta aos detalhes e diferenciada. Bastava entrar em sua loja de dois andares localizada na badalada 5ª Avenida em Nova York, inaugurada no final de 2010, para perceber isso. Dois rapazes bonitos e sarados, de bermudão de praia, óculos de sol e protetor solar, mesmo quando fazia frio na cidade, recepcionavam os clientes já na calçada. Ao invés de vitrines inúmeras televisões de alta definição interligadas formavam um paredão com incríveis imagens das parias californianas, com direito ao barulho das ondas. Mas era ao ingressar na loja que essas características ficavam mais nítidas: arquitetura em estilo vintage, com direito a pranchas de surfe, móveis de madeira e tapetes desgastados, um imenso telão perfeitamente encaixado entre os frisos de madeira imitando uma janela exibiam imagens, algumas ao vivo, da bela praia californiana de Huntington Beach, fazendo com que os clientes literalmente se sentissem exatamente lá. Além é claro, de vendedores malhados com shorts de praia e meninas de biquínis e saída de praia. A música alta (marca registrada do Grupo Abercrombie, da qual a marca faz parte) e as luzes baixinhas do interior da loja criavam ao mesmo tempo uma atmosfera intimista e descontraída. Uma fragrância agradável também completava a ambientação do local.
  

Até 2012, a HOLLISTER comandava o varejo americano de vestuário para adolescentes e chegou até mesmo a superar em popularidade sua marca mãe, a Abercrombie & Fitch. As escolas secundárias americanas estavam repletas de gaivotas. As vendas chegaram a superar US$ 2 bilhões. Eis que, a partir de 2013, as coisas começaram a desandar. Além da agressiva concorrência no setor, o então CEO da empresa, Mike Jeffries, se envolveu em diversas polêmicas. Por exemplo, afirmou que suas marcas, incluindo a HOLLISTER, não eram para ser vestidas por pessoas feias ou acima do peso. Não por acaso, suas lojas eram repletas de modelos ostentando suas barrigas chapadas. Isso, no entanto, criou diversas campanhas contra a marca, que acabou sofrendo rejeição de parte do público. No fim de 2014, com resultados financeiros insatisfatórios e pressão popular, Jeffries foi demitido e uma nova executiva assumiu.
  

Sob novo comando, a HOLLISTER foi reposicionada em 2016 como uma versão alegre e descontraída de sua antiga imagem elitista. Além disso, lojas foram fechadas, e outras ganharam um novo design. Modelos sarados e belas mulheres sumiram da comunicação da marca. Foi lançado também um novo programa de fidelidade e houve uma reformulação em suas roupas (se tornaram menos coloridas e chamativas), que provocaram um impacto tangível no desempenho da HOLLISTER. Camisetas modernas e jeans desgastados chegaram com tudo. A gaivota, que antigamente era um selo de aprovação dos jovens descolados, passou a ter papel bem menor em suas roupas e produtos. A marca passou a investir também em mercados emergentes, onde a HOLLISTER ainda tinha certa aura de exclusividade. Somente na China foram abertas 10 lojas. A HOLLISTER também relançou, em 2017, a Gilly Hicks (criada em 2008), marca de lingeries e roupas íntimas do grupo Abercrombie e Fitch. O resultado dessas inúmeras mudanças: em 2019 a HOLLISTER voltou a ganhar relevância em seu segmento. E apesar da crise vivida nesses últimos anos, a HOLLISTER continua sendo considerada um dos melhores exemplos de lifestyle bem aplicado no ambiente de varejo.
  

A evolução visual 
A identidade visual da marca passou por pequenas alterações ao longo dos anos. A tradicional silhueta de uma Seagull (gaivota) voando, ave geralmente associada ao litoral e ao conceito de liberdade, manteve sua forma e importância como principal símbolo da HOLLISTER. Assim como a cor marrom. A tipografia de letra foi levemente alterada (afinada) e a palavra Califórnia adicionada ao logotipo. Essa identidade visual também pode ser aplicada em outras cores (como azul-marinho) e sem a palavra Califórnia.
    

Dados corporativos 
● Origem: Estados Unidos 
● Lançamento: 27 de julho de 2000 
● Criador: Abercrombie & Fitch 
● Sede mundial: New Albany, Ohio, Estados Unidos 
● Proprietário da marca: Abercrombie & Fitch Co. 
● Capital aberto: Não (subsidiária) 
● CEO: Fran Horowitz 
● Faturamento: US$ 1.5 bilhões (estimado) 
● Lucro: Não divulgado 
● Lojas: 500 
● Presença global: 22 países 
● Presença no Brasil: Não 
● Segmento: Moda casual 
● Principais produtos: Camisetas, camisas polo, bermudas, jeans, moletons, bonés, perfumes e bolsas 
● Concorrentes diretos: Aéropostale, American Eagle, GAP, Old Navy, Jack Wills e H&M 
● Ícones: Gaivota estilizada 
● Website: www.hollisterco.com 

A marca no mundo 
Atualmente a HOLLISTER, marca mais importante da Abercrombie & Fitch Co., possui aproximadamente 500 lojas em 22 países. Além de estar presente nos Estados Unidos (onde tem aproximadamente 350 lojas), a marca possui forte presença de mercado no Reino Unido, Alemanha, França, China e Canadá. O faturamento anual estimado da HOLLISTER é de aproximadamente US$ 1.5 bilhões. 

Você sabia? 
Durante anos a marca utilizou o slogan “Complete lifestyle brand for teens”
Hoje em dia a HOLLISTER está entre as cinco marcas de roupas preferidas pelos adolescentes americanos. 
Uma das poucas claras manifestações sobre a origem fictícia da marca é encontrada no perfume batizado de JAKE, lançado em 2005 e que faz uma homenagem e conta a história do “pseudo-fundador” John Hollister e seu filho. 


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek e Isto é Dinheiro), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers). 

Última atualização em 31/3/2021