18.8.21

CHAMPION


Um C estilizado é presença constante em moletons, camisetas e acessórios nas universidades americanas, palcos de música e ambientes esportivos e descolados. Com mais de 100 anos vestindo campeões e sempre mantendo os princípios de inovação e qualidade inalterados, a Champion se tornou um ícone no segmento esportivo e de streetwear e uma das marcas mais desejadas por atletas, artistas e descolados no mundo inteiro. E hoje em dia, se tornou indispensável aos amantes da cultura de rua, fazendo inúmeras colaborações e funcionando como private label para as maiores marcas de streetwear do mundo. 

A história 
As origens da marca remontam ao ano de 1919, na cidade de Rochester, estado de Nova York, quando os irmãos Feinbloom, William e Abraham, com o apoio do pai, fundaram uma pequena empresa têxtil chamada Knickerbocker Knitting Mills. Inicialmente a jovem empresa se concentrou em vender no atacado seus suéteres resistentes. Mas foi em 1926 que a empresa apoiou a primeira equipe de sua história, a da Academia Militar de Wentworth, com o fornecimento de uniformes esportivos e suéteres. Pouco tempo depois, outro importante personagem entrou para essa história: a Universidade de Michigan. Com o fornecimento de agasalhos e uniformes para a prática de futebol americano para a universidade, a marca ingressava em um novo e promissor segmento, o rentável mercado das ligas esportivas universitárias. Foi então que a reputação da empresa começou a se espalhar à medida que os treinadores da Universidade de Michigan conversavam com treinadores de outras escolas e faculdades americanas sobre a excelente qualidade dos uniformes que suas equipes utilizavam.
   

Já na década de 1930, o nome Champion passou a ser usado como marca comercial em seus produtos e se tornou referência no quesito qualidade no segmento esportivo. Foi nesta época que a empresa foi renomeada para Champion Knitting Mills. Depois da Universidade de Michigan, várias universidade de outros estados americanos passaram a adotar peças da marca, que iam de meias até camisetas, calças e uniformes para a prática esportiva (especialmente futebol americano e basquete) e até gravar seus emblemas nos produtos Champion que serviam de traje oficial para as universidades. Nesta época a marca também produzia roupas íntimas de lã como protótipos do moletom, vendendo-as para proteção contra o frio para trabalhadores ao ar livre. Com sua reputação de funcionalidade e durabilidade crescendo não demorou muito para que os produtos Champion fossem adotados pela Academia Militar dos Estados Unidos para serem usados durante os exercícios de treinamento e aulas de educação física.
   

Foi nessa mesma época, em 1934, que surgiu o famoso Reverse Weave, o primeiro tipo de malha desenvolvida especialmente para a prática de esportes. O principal diferencial do tecido era a considerável diminuição do encolhimento das peças, que eram constantemente lavadas após seu uso nas atividades esportivas. Essa ideia surgiu das necessidades que treinadores e gerentes de equipamentos de equipes universitárias tinham de lavar os uniformes de seus atletas sem o risco de danificá-los. É por isso que, para evitar o encolhimento horizontal, o velo da fibra foi colocado na vertical no momento da criação, daí o nome Reverse Weave. Para evitar o encolhimento, na direção oposta, todos os moletons Reverse Weave eram caracterizados pelos dois painéis laterais. Mesmo os punhos, o decote e a parte de baixo da malha reversa tinham a mesma característica das inserções, a fim de evitar a dispersão do calor durante e após o treino, mantendo a liberdade de movimento. O processo de solicitação de patente, a fim de certificar e validar o procedimento revolucionário e técnico do Reverse Weave, foi iniciado no dia 9 de agosto de 1938, e devido a Segunda Guerra Mundial, só foi finalizado quase quinze anos depois, em 14 de outubro de 1952.
   

Na década de 1960, como forma de atender as necessidades dos jogadores de futebol americano, a Champion desenvolveu um tipo de malha super respirável feita a partir do náilon, que não demorou muito a ser copiada por todas as suas concorrentes. Com desempenho aprimorado e um visual diferente das peças anteriores, as novas camisas se tornaram o padrão não só no futebol americano, mas também nas quadras de basquete. E foi durante essa década que a Champion entrou em um programa de licenciamento intensivo, que começou com a National Athletic Association (NCAA) e expandiu-se nos anos de 1970 com uma parceria com a poderosa e popular National Football League (NFL), principal liga profissional de futebol americano, para a venda de produtos oficiais das equipes. De 1970 em diante, a Champion se mostrou cada vez mais empenhada em oferecer produtos inovadores e com qualidade elevada, mas a força da marca ultrapassou barreiras e passou a ser desejada fora do ambiente esportivo, principalmente no segmento streetwear. Com isso, até os anos de 1990 era cada vez mais comum ver músicos subindo aos palcos com peças da Champion, muitas vezes reconhecíveis apenas pelo clássico logotipo do “C” estilizado na manga esquerda de suas blusas e moletons.
   

Nas décadas de 1970 e 1980, a Champion tornou-se famosa por criar uma das mais importantes peças esportivas do século 20: o Moletom com Capuz. Ele foi projetado e desenvolvido por razões práticas e introduzido pela primeira vez como uma peça de aquecimento para os atletas usarem entre o intervalo de jogo ou sessões de treinamento. Este fato marcou os primeiros passos significativos de sua transição da roupa esportiva para a moda de rua. Nesta época, a Champion transcendeu o que significava ser uma marca esportiva, tornando-se a primeira marca a produzir a camiseta de dupla face (ou reversível), que podia ser fabricada nas cores da escola/universidade e ser invertida de uma cor para outra para indicar os jogadores de cada equipe; e a primeira a desenvolver e fabricar um tecido de malha de náilon “respirável”, que viria a se tornar o tecido para uniformes de basquete em todo o mundo. Em 1989, a Champion foi vendida para a empresa Sara Lee (conheça essa história aqui).
  

A Champion reforçou ainda mais sua posição na vanguarda do esporte americano ao adquirir os direitos exclusivos de ser a fornecedora oficial de todas as 27 equipes da National Basketball Association (NBA) entre o período de 1989 a 1997. Esta era uma época de ouro para a NBA e a parceria estabeleceu a Champion como a marca oficial para produtos autênticos, tanto nas quadras (uniformes) como fora delas (roupas, acessórios e réplicas de camisas e shorts das equipes). Por isso, até hoje, muitos entusiastas e colecionadores da NBA ainda se destacam nas icônicas peças Champion dos anos de 1990, tal foi a importância e a nostalgia desta década no basquete.
   

Além disso, a Champion foi a fornecedora oficial da primeira e melhor equipe dos sonhos do basquete americano na histórica Olimpíada de Barcelona, na Espanha, em 1992. O time de basquete, conhecido como Dream Team (que tinha Magic Johnson, Larry Bird, Scottie Pippen e Michael Jordan em pleno auge), conquistou a medalha de ouro e esse feito ajudou a Champion a estabelecer sua reputação internacional no segmento e como uma marca autêntica, atlética e de vestuário.
  

Em 2012, para marcar o 60º aniversário da concessão de patente do moletom reverso (Reverse Weave), a Champion relançou este lendário produto na Europa. Isso também coincidiu com o aumento na demanda de formadores de opinião, celebridades e consumidores de moda que estavam sendo influenciados pela cultura de música e do streetwear. Em 2015, todas as linhas de moletons, camisetas, calças, bermudas e shorts com o icônico logotipo do “C” estilizado foram apresentados a uma nova geração de consumidores. E a Champion intensificou colaborações icônicas e muito desejadas, com marcas como Supreme, Off-White, Kith Puts Its Spin on, HyperX, CASETiFY, Bape®, Todd Snyder, entre outras, para o lançamento de coleções especiais e limitadas. A preocupação constante da marca com o design e a qualidade funcional de suas peças, fez com que a Champion permeasse entre sportswear e streetwear, desenvolvendo os dois pilares em paralelo com grande sucesso.
   

A Champion chegou oficialmente ao Brasil no final de 2017. Com apenas cinco meses de operação, a marca já era um enorme sucesso em lojas consideradas influenciadoras e de extrema importância no segmento urbanwear. Depois de quase um século sem presença direta no varejo, em 2018 a Champion inaugurou sua primeira loja própria em Los Angeles, buscando ganhar mais exposição em cidades conhecidas por esportes, artes e cultura. Desde então, a marca inaugurou unidades em cidades como Nova York, Boston e Chicago, entre outras. Além disso, ingressou na categoria de calçados Premium e, em 2019, recrutou o ex-jogador de basquete Magic Johnson e uma série de influenciadores para apoiar a celebração de seu centenário através da campanha “100 Years for the Team” (em português “100 anos para a equipe”).
  

A Champion já projetou e fabricou uniformes universitários, para academias militares e equipes da NBA em seus dias gloriosos. Também colaborou com outras marcas de renome em todo o mundo. No entanto, por um breve período, a marca americana perdeu o brilho e praticamente sumiu da competição. Como seu status de ícone é incontestável, nos últimos anos a marca voltou ao jogo através do lançamento de coleções autorais e inúmeras colaborações, além de licenciamento, demonstrando cada vez mais que não entra “em um jogo para brincadeira”. Construída sobre um patrimônio de inovação, a assinatura do “C” estilizado representa um símbolo de autenticidade, usado por artistas, músicos, celebridades, atletas e criativos em todo o mundo. Com isso, a Champion chegou a um patamar que transcendeu o sportswear e se tornou um marco na cultura, de fato.
  

A evolução visual 
A identidade visual da marca passou apenas por uma significativa remodelação ao longo de sua história. E isto aconteceu em 1960, quando o tradicional C estilizado (que se tornaria o principal símbolo de reconhecimento da marca), uma nova tipografia de letra e a cor azul foram utilizadas no novo logotipo. A partir deste momento, o logotipo do C estilizado (com a paleta de cores azul, vermelho e branco) foi fixado na manga esquerda do moletom, que se tornaria um dos símbolos da marca americana.
  

Com o passar dos anos, esse tradicional logotipo ganhou modernizações, perdeu a inscrição U.S.A. e adotou tons de azuis mais escuros. Atualmente a identidade visual da marca, dependendo de situações e mercados, pode ser aplicada como mostra a imagem abaixo.
  

Os slogans 
Be Your Own Champion. (2020) 
100 years for the team. (2019) 
Dare to be Champion. (2018) 
It takes a little more to make a Champion. (década de 1960)
  

Dados corporativos 
● Origem: Estados Unidos 
● Fundação: 1919 
● Fundador: William e Abraham Feinbloom 
● Sede mundial: Winston-Salem, Carolina do Norte, Estados Unidos 
● Proprietário da marca: Hanesbrands Inc. 
● Capital aberto: Não 
● CEO: Stephen Bratspies 
● Faturamento: US$ 2 bilhões (estimado) 
● Lucro: Não divulgado 
● Lojas: 41 
● Presença global: 60 países 
● Presença no Brasil: Sim 
● Segmento: Esportivo 
● Principais produtos: Roupas, calçados e acessório
● Ícones: A letra C estilizada 
● Slogan: Be Your Own Champion. 
● Website: www.champion.com 

A marca no mundo 
Atualmente a CHAMPION, que atua no segmento esportivo e de streetwear, e segunda marca mais valiosa e importante da empresa Hanesbrands (proprietária de grifes como Hanes, Playtex e Zorba), está presente em mais de 60 países comercializando roupas, calçados e acessórios. Com faturamento anual estimado em US$ 2 bilhões, a marca possui mais de 40 lojas próprias, em sua maioria localizada nos Estados Unidos, com unidades também em Londres, Milão e Amsterdã. 

Você sabia? 
A Champion é considerada a inventora do moletom (incluindo a versão com capuz) e o alçou ao status de ícone pop. O reconhecimento veio em 2018 quando o moletom Reverse Weave da marca passou a ser peça permanente nas coleções do Museu de Arte Moderna de Nova York (conhecido como MoMa). 


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Elle, Vogue, BusinessWeek, Isto é Dinheiro e Exame), jornais (Meio Mensagem e Estadão), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel, Interbrand e Mundo do Marketing) e Wikipedia (informações devidamente checadas). 

Última atualização em 18/8/2021

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