A FORBES, mais antiga revista de negócios dos Estados Unidos, é um sonho de consumo para executivos, empresários, bilionários, celebridades e empresas, que torcem para que seus nomes estejam em suas capas ou em uma de suas infinitas listas (dos melhores e maiores em várias categorias) divulgadas durante o ano. Além disso, a credibilidade e o teor de suas matérias e reportagens transformaram a FORBES em uma das mídias mais influentes no mundo dos negócios, do poder e das finanças.
A história
A história da tradicional revista começou em 1917 quando Bertie Charles Forbes, sexto dos dez filhos de um alfaiate escocês e colunista financeiro do jornal Hearst, onde publicava reportagens e perfis extremamente laudatórios dos ricos e poderosos, com os quais mantinha estreitos contatos, e Walter Drey, gerente-geral da revista Magazine of Wall Street, vislumbraram que havia espaço e demanda para uma nova revista especializada em finanças e economia no mercado americano. Nessa associação, Forbes entrou com o dinheiro e o nome para a revista, enquanto Walter fornecia toda sua experiência no segmento de edição e publicação. A primeira edição da revista FORBES foi às bancas no dia 15 de setembro custando apenas 15 centavos de dólar, sendo voltada como o próprio título dizia (Forbes: Devoted to Doers and Doings ou em português “Dedicado para Realizadores e Realizações”), para empresários e empreendedores do mercado americano. O primeiro número da revista, que possuía 52 páginas e tinha como editor-chefe o próprio B.C. Forbes, trazia na capa uma chamada da entrevista com o empresário e magnata John D. Rockefeller com o título “How Forbes gets big men to talk” (algo como “Como Forbes fez o grande homem falar”). A nova revista dava informações sobre empregos, serviços úteis, comentários e dados das Bolsas de Valores e colocava nas alturas os principais executivos do mercado. Tecia também críticas à interferência indevida do governo no mundo dos negócios e no sistema educacional.
A revista foi fortemente atingida pela Grande Depressão que assolou o país. Em 1932, estava quase falida - os anúncios tinham encolhido mais de 80%. B.C. Forbes manteve a revista viva com os rendimentos que obtinha como autônomo – ainda era colunista de jornais como o Hearst. No final da década de 1930, Forbes já contava com a assistência de seus dois filhos mais velhos, Bruce Charles e Malcolm Stevenson, que foi o responsável pelo lançamento do “The Forbes Investor”, um boletim informativo semanal que recomendava ações e analisava o mercado. Foi um sucesso e trouxe capital para reorganizar a empresa. Com a morte de seu pai, no dia 6 de maio de 1954, Bruce Charles assumiu o comando da empresa, implantando nos anos seguintes planos de crescimento ambiciosos, assim como estratégias de marketing que permitiram um enorme crescimento da revista FORBES. Entre 1954 e 1964 a circulação da revista mais que dobrou, aumentando o número de leitores, sua influência e capacidade de formar opinião. Quando seu irmão, Malcolm, assumiu o comando da FORBES em 1964, modificou totalmente a estrutura operacional, constituindo uma redação própria, pois até então os repórteres e jornalistas eram, em sua grande maioria free-lancer; os textos da revista ficaram mais enxutos, secos e diretos; as reportagens eram mais fundamentadas, apoiadas em pesquisas minuciosas, e mais críticas. Continuou dando especial atenção aos ricos, o que não impediu que mostrasse que algumas empresas muito admiradas tinham problemas sérios em seus negócios. Em 1967, para marcar o 50º aniversário da revista, Malcolm deu uma festa em sua casa em Nova Jersey. Compareceram mais de 500 líderes das maiores empresas americanas. O discurso de abertura foi feito pelo vice-presidente Hubert Humphrey. Nessa época a FORBES já era uma revista influente.
Fiel ao seu princípio de glorificar os ricos e elogiar a livre iniciativa, a FORBES adotou o lema “The Capitalist Tool” (A Ferramenta Capitalista) e não se cansou de apregoar que os homens de negócios sabiam resolver melhor os problemas da nação e que o governo só atrapalhava. Além disso, uma iniciativa visionária iria tornar a revista conhecida no mundo inteiro: em setembro de 1982 foi lançada a FORBES 400, edição especial que continha a lista das 400 pessoas mais ricas dos Estados Unidos. O nome foi inspirado no salão nobre do icônico hotel Waldorf Astoria - onde só cabiam 400 pessoas especialmente convidadas, a elite da elite. O lançamento teve um impacto muito além do esperado. Para ter uma ideia desse impacto, na Grand Central, a famosa estação ferroviária de Manhattan, a edição se esgotou em quinze minutos. Nos anos seguintes, a Forbes 400 venderia 100 mil cópias nas bancas, três vezes mais que as edições comuns. Todo esse sucesso começou a gerar subprodutos: os esportistas mais ricos, por tipo de esporte, as atores mais ricos, os mais ricos por país, etc.
No início da década de 1990, a FORBES começou a diversificar suas revistas com o lançamento da FORBES LIFE (inicialmente conhecida como FORBES FYI), publicação especializada em estilo de vida, com reportagens que abordavam assuntos como consumo, cultura, turismo, decoração e luxo; além de sua primeira edição internacional, lançada no Japão em 1992. Nesta década, com o crescimento da internet no mundo, a tradicional FORBES lançou seu website no ano de 1996, que assim como a revista, divulga inúmeros rankings de diferentes assuntos, além de contar com reportagens e notícias exclusivas. Rapidamente o site, divulgado com o slogan “Home Page For The World’s Business Leaders”, se tornou um dos mais populares e acessados da internet. No início do novo milênio, em 2001, a FORBES em parceria com o canal de notícias Fox News, lançou um programa de televisão chamado “Forbes on Fox”, estendendo assim seu alcance para outro tipo de mídia.
Em 2002, a empresa passou a licenciar a marca FORBES para mercados locais como as edições coreana (2003), chinesa (2003), israelense (2004), polonesa (2004), russa (2004) e turca (2005). Todas essas edições internacionais continham aproximadamente 40% do conteúdo da edição americana e 60% de matérias nacionais. A partir de 2005, a FORBES começou a dar especial atenção aos produtos digitais com o lançamento do ForbesAutos.com, um site especificamente desenvolvido para compradores e entusiastas de automóveis de luxo; e o ForbesTraveler.com (lançado em 2006), site especializado em viagens, direcionadas a turistas exigentes e experientes. Outra grande novidade da época foi o lançamento da FORBES ASIA (no dia 5 de setembro de 2005), edição voltada para a influente e populosa região asiática. Publicada em língua inglesa duas vezes por semana, a edição asiática tem uma circulação superior a 100.000 exemplares, atingindo mais de 6 milhões de leitores.
Pouco depois, em outubro de 2007, a empresa lançou a revista FORBES WOMAN, publicação especialmente direcionada ao público feminino, abordando assuntos como carreira profissional, liderança, saúde e sucesso. Outros produtos lançados pela FORBES nos anos seguintes foram às edições locais na Croácia (2008), Romênia (2009), Índia (2009), Ucrânia (2011) e Bulgária (2011), além da FORBES AFRICA e da FORBES MIDDLE EAST (edição para o Oriente Médio). Em 2017 a revista comemorou 100 anos com o lançamento de uma edição especial que incluía ensaios e ideias das 100 maiores mentes vivas do mundo dos negócios dos próximos 100 anos.
As famosas listas
A revista FORBES não teria o mesmo reconhecimento e alcance se não fossem suas famosas listas (chamadas pelos americanos de Ranking), divulgadas anualmente. Abordando assuntos diversos, a mais famosa provavelmente é a dos maiores bilionários mundiais. Outras importantes listas divulgadas pela revista são:
● 200 Best Small Companies (lista das 25 melhores pequenas empresas do mundo)
● 400 Best Big Companies (lista das 400 melhores grandes empresas)
● Forbes 500 (lista das 500 maiores empresas do mercado americano)
● The Global 2000 (listas das 2.000 maiores empresas privadas globais)
● America’s Largest Private Companies (lista das maiores empresas privadas do mercado americano)
● Forbes 400 (lista das 400 pessoas mais ricas dos Estados Unidos)
● The World’s Most Powerful People (lista das 75 pessoas mais poderosas e influentes do mundo)
● The World’s 100 Most Powerful Women (lista das 100 mulheres mais poderosas e influentes do mundo)
● Executive Pay (lista dos executivos mais bem pagos do mercado)
● The World’s Billionaires (lista das pessoas mais ricas/bilionárias do mundo)
● Forbes Fictional 15 (lista dos 15 mais ricos personagens de ficção, incluindo filmes, desenhos animados e mascotes publicitários)
● The World’s 50 Most Innovative Companies (lista das 50 empresas mais inovadoras do mundo)
● The World’s Most Valuable Brands (lista das 100 marcas mais valiosas do mundo)
● The Celebrity 100 (lista anual das 100 mais ricas e influentes celebridades mundiais, incluindo artistas, apresentadores, produtores, músicos e atletas)
● Top-Earning Dead Celebrities (lista das celebridades mortas que mais faturam no mundo)
● Forbes 30 Under 30 (lista dos 600 jovens abaixo dos 30 anos pioneiros em diversas áreas de atuação)
● The World’s Highest-Paid Athletes (os 100 atletas mais bem pagos do mundo)
● Forbes SportsMoney Index (lista das 430 equipes, atletas, marcas e ligas mais influentes do mundo do esporte)
● America’s Top Colleges (lista das melhores universidades americanas)
A volta ao Brasil com criatividade
A FORBES possuía uma edição brasileira (escrita em português), que circulou durante os anos de 2000 a 2007. A revista, publicada pela Editora Peixes, deixou de circular no Brasil no mês de agosto de 2007, depois que a empresa, venceu um longo processo que corria na justiça americana e que impedia a Companhia Brasileira de Multimídia (CBM), detentora da editora, de continuar a publicar o título. No mês de agosto de 2012 a revista foi relançada no mercado brasileiro, e já trazia uma versão brasileira do seu famoso ranking de bilionários.
E para comemorar o relançamento da revista foi lançada uma campanha extremamente criativa, cujos anúncios repletos de muito bom-humor brincavam com pessoas famosas que já fizeram parte das tradicionais listas divulgadas pela FORBES (os mais ricos, executivos mais bem pagos, maiores empresas, entre outras). O objetivo da campanha, batizada de “O mundo sem bilionários”, era tentar mostrar aos leitores como seria o mundo sem as figuras que ilustram as listas da FORBES e também enaltecer a importância de cada profissional em sua área. Em um dos anúncios, “O Mundo Sem Bill Gates”, mostrava que, se ele não existisse, o mundo teria menos 1.2 bilhões de pessoas usando computadores de um jeito mais fácil, 317.721 piadas sobre geeks e nerds na internet, 57 milhões de videogames vendidos, entre outras “perdas”. Outros homens importantes fizeram parte da campanha, como por exemplo, Eike Batista, Mark Zuckerberg, Richard Branson, Donald Trump e Tiger Woods.
A evolução visual
O logotipo da marca passou por algumas remodelações ao longo dos anos. A identidade visual original continha a palavra “magazine” (que significa em inglês “revista”) abaixo do nome. Nos anos seguintes o logotipo ganhou diferentes tipografias de letra.
Depois de adotar uma nova identidade visual em 1978, o atual logotipo da FORBES foi criado em 1999 e pode ser aplicado tanto em preto como também em azul, vermelho e outras cores dependendo do design da capa.
Os slogans
Innovation since 1917. (2017)
Change the World. (2012)
The Capitalist Tool. (1966)
Home Page For The World’s Business Leaders. (website)
Dados corporativos
● Origem: Estados Unidos
● Lançamento: 15 de setembro de 1917
● Criador: B.C. Forbes e Walter Drey
● Sede mundial: Jersey City, New Jersey, Estados Unidos
● Proprietário da marca: Forbes Media LLC
● Capital aberto: Não
● CEO: Mike Federle
● Editor chefe: Steve Forbes
● Faturamento: Não divulgado
● Lucro: Não divulgado
● Edições internacionais: 40
● Presença global: 100 países
● Presença no Brasil: Sim
● Funcionários: 2.200
● Segmento: Mídia
● Principais produtos: Revistas de negócios e website de notícias
● Concorrentes diretos: Fortune, Bloomberg BusinessWeek, The Economist, Fast Company, Wired e Business Insider
● Ícones: A lista Forbes 400
● Slogan: Innovation since 1917.
● Website: www.forbes.uol.com.br
A marca no mundo
Em um segmento cada vez mais dominado por grandes conglomerados de mídia, a FORBES consegue manter-se no topo com seu principal produto, a revista (publicada quinzenalmente), que atinge mais de 23 milhões de leitores em 100 países. A revista tem circulação mensal de 900.000 cópias no mundo. Além da revista principal, a empresa publica ainda a FORBES AISA, FORBES MIDDLE EAST (em árabe), FORBES LIFE e FORBES WOMAN, além de 40 edições internacionais e locais (como no Brasil, China, Índia, Israel, Japão, Coréia do Sul, Rússia, Turquia e Ucrânia). O site da FORBES tem uma audiência mensal de 71 milhões de internautas. A marca também atua em outros formatos, como programas de TV e rádio, além da realização de eventos. Desde julho de 2014, a FORBES é de propriedade do fundo de investimento Integrated Whale Media Investiments (51%) e da Família Forbes (49%).
Você sabia?
● O sucesso da revista transformou o próprio Malcolm Forbes em um bilionário, que viajava em seu próprio avião, um Boeing 727, batizado de “Capitalist Tool”, e adaptado para 24 pessoas; voava também em um de seus muitos balões a gás, com os quais atravessou os Estados Unidos de costa a costa e sobrevoou a China; e em terra, tinha vários automóveis de luxo, mas preferia as motocicletas Harley-Davidson, que o levaram de Munique a Helsinque, via Moscou; da França à Noruega; de Bangkok a Brunei.
● Por meio de sua empresa de investimentos, a Elevation Partners, o líder do U2, Bono Vox, controlou 51% da revista entre 2006 e 2013, época em que os planos de aposentadoria de vários funcionários foram congelados.
As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Newsweek, BusinessWeek, Fortune, Exame e Isto é Dinheiro), jornais (Valor Econômico e Meio Mensagem), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Mundo do Marketing) e Wikipedia (informações devidamente checadas).
Última atualização em 8/12/2018
2 comentários:
Gostei da matéria. Poderia até constar na própria Forbes!
É interessante ver histórias de perenidade e solidez no mercado de empresas como a Forbes. Não é à toa que é uma das maiores do mundo em seu nicho.
Abraços e parabéns pelo blog!
Matéria muito boa, parabens!!
Me ajudou bastante em um trabalho da faculdade
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