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1.10.19

ALEXANDER MCQUEEN


O estilista britânico Alexander McQueen revolucionou o jeito de fazer moda. Com criatividade, aliada à sua habilidade, arquitetou roupas que foram além da utilidade do vestir. Seus desfiles dramáticos e suas peças irreverentes chocaram e encantaram o mundo. E deixou tudo como legado para sua luxuosa marca Alexander McQueen, na qual as estruturas das roupas transitam entre tradição e modernidade, passeando pela transgressão, um dos principais trunfos da grife britânica. A marca é distinta por sua expressão inovadora e intransigente de criatividade desenfreada. 

A história 
Caçula de seis filhos de um taxista e de uma dona de casa, nascido no dia 17 de março de 1969, em Londres, Lee Alexander McQueen (foto abaixo) começou a se interessar por moda desde pequeno. A primeira memória de que Alexander teve dele próprio foi a de desenhar um vestido em uma das paredes de sua casa, em 1972, aos três anos de idade. Aos 15 anos já tornava as suas visões realidade e fazia vestidos para as três irmãs irem à escola, de forma a ajudar os pais com as despesas. Pouco depois, aos 16 anos, o inglês deixou a escola, passou a se dedicar exclusivamente à sua grande paixão e começou a trabalhar na famosa rua da alfaiataria de luxo masculina de Londres - a Savile Row (sua escola primária na moda). Foi lá que durante quatro anos como aprendiz de alfaiatarias tradicionais como Anderson & Shephard, Gieves & Hawkes e Angels & Bermans, aprendeu as técnicas para a execução dos mais diversificados cortes de vestuários. Em 1989 foi para Milão trabalhar como assistente de Romeo Gigli. Toda esta incrível experiência contribuiu para que Alexander McQueen concluísse em 1992, com muito destaque, o mestrado em design de moda na conceituada Saint Martins College of Art and Design, o maior celeiro da cena fashion inglesa. Em seu desfile de formatura, batizado de “Jack the Ripper Stalks His Victims” (inspirado em Jack, o estripador), o visual dramático do britânico chamou a atenção de grandes players da moda: a lendária editora de moda da então revista Tatler, Isabella Blow, comprou toda a coleção (por £5.000) e persuadiu o estilista a usar apenas seu nome do meio, ou seja, Alexander McQueen (o primeiro nome, Lee foi abandonado).


Pouco depois, ainda em 1992, criou a sua própria grife, batizada é claro de Alexander McQueen. Ele passou então a unir as técnicas de alfaiataria com um estilo pautado pelas ruas de Londres, a maior referência para suas coleções. Em 1993 o estilista apresentou oficialmente sua primeira coleção feminina (batizada de “Taxi Driver”) no pomposo hotel Ritz. No ano de 1995, a coleção “Highland Rape”, apresentada em março, causou enorme rebuliço entre a imprensa da moda fazendo com que o estilista ganhasse o apelido de “Enfant Terrible” (criança terrível, em francês). Afinal, o estilista sempre dizia: “Você tem que conhecer as regras para poder quebrá-las. É por isso que estou aqui, para demolir as regras e manter a tradição ao mesmo tempo”. A coleção, cujo objetivo era homenagear seus ancestrais escoceses, apresentava tartã preto e vermelho, além de blusas de renda rasgadas. Não demorou muito para o sucesso encontrar McQueen. No ano seguinte, seu enorme talento foi recompensado com o prêmio British Designer of the Year. Além disso, assumiu o cargo de diretor criativo da tradicional Givenchy, deixado por seu colega de faculdade John Galliano, com a missão de reprojetar a marca francesa no cenário do mundo da moda de luxo. Ele permaneceu no cargo até 2001 e comandou, em paralelo, a marca que leva seu nome.


No ano de 1997, em sua principal coleção apresentou ao público a famosa jaqueta com chifres. Já celebrado e disputado pela indústria da moda, McQueen continuava o seu intenso e audacioso processo de criação, consolidando-se profissionalmente ao lançar tendências que marcaram o mundo, entre elas as calças de cintura baixa, as estampas de caveiras, as peças de alfaiataria, a estética gótica e os desfiles tratados como verdadeiras superproduções, que levavam a tecnologia, o drama e as artes cênicas para cima das passarelas. Em dezembro de 2000, sua grife passou a integrar o portfólio do grupo Gucci (atual Kering), que adquiriu 51% das ações, e ganhou a merecida expansão internacional, inaugurando luxuosas lojas em Nova York, Londres, Milão, Las Vegas e Los Angeles. Pouco depois, em 2003, a marca lançou Kingdom, sua primeira fragrância feminina. Nos dois anos seguintes a marca ampliou sua linha de produtos com o lançamento da coleção de óculos e roupas masculinas (2004) e bolsas (2005). No desfile da coleção de verão 2005, o estilista transformou as modelos em peças de xadrez, onde o jogo era pautado pela dualidade Oriente versus Ocidente e inspirado em uma das cenas de Harry Potter. Pouco depois, em julho de 2006, mais uma novidade com a introdução de sua linha mais jovem e acessível, batizada de McQ. Nesta época, a originalidade da construção de suas roupas era impressionante, sempre com um elemento surpresa: ombros de casacos remodelados, tecidos desgastados em roupas de alta-costura, padronagens típicas da moda inglesa, aumentadas e distorcidas, matérias-primas como cabelo e látex.


Se por um lado não era simpático com a mídia e não se preocupava em explicar suas coleções, alimentando o mito de menino mau da moda inglesa, McQueen era fiel aos seus amigos. Por exemplo, em 2006, foi um dos primeiros a defender a modelo Kate Moss após ser flagrada por uma tabloide consumindo cocaína. A modelo viu sua carreira entrar em decadência. Todos tomaram alguma distância dela, exceto McQueen, que provocador e num gesto de apoio à amiga, projetou um holograma tridimensional da modelo dentro de uma pirâmide, em seu desfile na cidade de Paris. No fim, entrou com uma camiseta onde estava escrito “Nós te amamos, Kate!”.


A vida do polêmico estilista começaria a desmoronar emocionalmente em 2007 quando a grande amiga e parceira, Isabella Blow cometeu suicídio, em outubro. Nesse mesmo ano McQueen dedicou sua coleção a leal amiga. A sua última coleção, Plato’s Atlantis, previa uma espécie de retorno à origem das espécies, tendo Charles Darwin como ponto de partida. Passado e futuro se misturavam, criando mulheres com vestidos que lembravam águas-vivas e sapatos Alexander McQueen do icônico modelo tatu, com saltos de 25 centímetros. A marca lançou uma loja online nos Estados Unidos em 2008, que mais tarde seria expandida para o mercado do Reino Unido e outros países. Nove dias após a morte de sua mãe, Joyce, no dia 11 de fevereiro de 2010 Alexander McQueen cometeu suicídio devido a uma forte depressão em seu apartamento no elegante bairro de Mayfair, em Londres, chocando e comovendo o mundo da moda. Sua precoce morte aos 40 anos colocou fim à carreira de um dos mais talentosos e iconoclastas estilistas. As passarelas do mundo da moda nunca mais seriam as mesmas sem ele. Se olhava para o passado, viajava para a Inglaterra eduardiana, recriava corsets que faziam as modelos perderem o fôlego (Abbey Kee Kershaw desmaiou em um desfile), era também uma ponte para o futuro: o último desfile, do verão 2010, tinha looks anos-luz à frente da concorrência e sapatos com saltos de 30 cm.


Em Fashion Victim: The Killing of Gianni Versace, documentário produzido em 2001, McQueen deu a seguinte declaração: “Não acho que a marca (Versace) deva continuar após a morte de Gianni. Um designer tão autoral como ele não pode ser substituído. Quando eu morrer, não quero que ninguém continue por mim”. Mas sua grife sobreviveu sem seu mentor, apesar dele não concordar. Isto porque, desde maio de 2010, o desafio de continuar a marca sem seu criador coube à estilista Sarah Burton, que foi assistente de McQueen por 14 anos. Em setembro desse ano, Sarah apresentou a primeira coleção de sua autoria e, em 2011, foi escolhida pela duquesa de Cambrige, Kate Middleton, para fazer seu vestido de casamento com o príncipe William. Ainda em 2011, a marca inaugurou sua primeira loja na cidade de Pequim com um enorme desfile. Aclamada pela crítica, Sarah Burton manteve vivo o estilo de McQueen, ressaltando o aspecto artesanal das roupas e adicionando toques de feminilidade, inclusive em sua segunda marca, McQ (que começaria a ganhar lojas próprias nos anos seguintes). Em 2012, a estilista foi condecorada com a Ordem do Império Britânico em retribuição a sua contribuição para a moda inglesa, mostrando que estava mesmo à altura de perpetuar a tradição de Alexander McQueen. Nos anos seguintes, a marca inaugurou lojas em grandes cidades cosmopolitas do mundo e ingressou fortemente no mercado asiático e Oriente Médio.


Integral à cultura, a marca sempre foi a justaposição entre os elementos contrastantes: a fragilidade e a força, tradição e modernidade, fluidez e intensidade. A mistura de cortes clássicos, materiais invulgares, design extravagante, ousadia nas cores, composições surrealistas e carisma sempre fizeram parte de suas coleções. Coleções essas que combinam conhecimento profundo e trabalho de alfaiataria britânica sob medida, o fino acabamento dos ateliês franceses de alta-costura e o acabamento impecável da fabricação italiana. Por isso, ao longo dos anos, o DNA exclusivo da marca Alexander McQueen conquistou clientes famosos e fiéis como Beyoncé, Fergie, Rihanna, Lady Gaga, Naomi Campbell, Sarah Jessica Parker, Cameron Diaz, Sandra Bullock, Cate Blanchett, Michelle Obama e até o Príncipe Charles.


Shows midiáticos 
Outra grande contribuição do designer Alexander McQueen à moda inglesa e mundial foi a concepção de desfiles dramáticos, que seguiam uma narrativa e desafiavam a fórmula das passarelas. Os desfiles do estilista na Semana de Moda de Paris tinham mesmo o dom de se destacar frente às dezenas de coleções de outras marcas. Teatral e único, o polêmico estilista enclausurou o público e a imprensa num armazém claustrofóbico, recheado apenas de sons de pássaros e acidentes de carros (1994), colocou nas passarelas modelos com peças rasgadas, como se tivessem sido violentadas (1995), colocou robôs tingindo vestidos na passarela (verão de 1999), recriou A Noite dos Desesperados, de Sidney Pollack, com modelos dançando até a exaustão (verão 2004), montou um xadrez humano (verão 2005), homenageou Hitchcock (inverno 2005), projetou na passarela um espectro de Kate Moss (inverno 2006) e trouxe às passarelas modelos com bocas que em quase nada lembravam lábios humanos (2009). Criou peças que muitas vezes se aproximavam da arte - e nem sempre eram compreendidas. Não eram somente as passarelas que serviam de palco para as criações de McQueen. Cate Blanchett e Sarah Jessica Parker eram duas entusiastas de seus tartãs e vestidos excêntricos. Já as cantoras Björk e Lady Gaga usaram figurinos dele em vídeos e aparições públicas.


A evolução visual 
A identidade visual da marca passou por algumas alterações ao longo dos anos, adquirindo uma grafia mais moderna e atraente. Há alguns anos atrás o novo logotipo apresentou uma nova tipografia de letra. Mas a principal mudança foi o nome da marca escrito por inteiro (sem a letra C dentro do Q).


Dados corporativos 
● Origem: Inglaterra 
● Fundação: 1992 
● Fundador: Alexander McQueen 
● Sede mundial: Londres, Inglaterra 
● Proprietário da marca: Alexander McQueen Trading Limited 
● Capital aberto: Não (subsidiária da Kering S.A.) 
● CEO: Emmanuel Gintzburger 
● Diretor criativo: Sarah Burton 
● Faturamento: €350 milhões (estimado) 
● Lucro: Não divulgado 
● Lojas: 50 
● Presença global: 55 países 
● Presença no Brasil: Sim 
● Segmento: Moda de luxo 
● Principais produtos: Roupas, acessórios, calçados e perfumes 
● Ícones: A extravagância e transgressão 
● Website: www.alexandermcqueen.com 

A marca no mundo 
As marca de luxo Alexander McQueen, que oferece coleções de roupas masculinas e femininas, acessórios, óculos e fragrâncias, é vendida através de 50 lojas próprias e luxuosas lojas de departamentos em mais de 55 países ao redor do mundo. O faturamento anual estimado da marca é de €350 milhões. 

Você sabia? 
Se o estilista não se rendia aos apelos comerciais (sua marca quase sempre operou no vermelho), era capaz de transformar produtos banais em itens de colecionador através de parcerias: os tênis da Puma (2005), a coleção cápsula para a varejista Target (2009) e as malas da Samsonite (2009) são provas disso. 
Alexander McQueen foi eleito o melhor estilista da moda britânica em 1996, 1997, 2001 e 2003, além de angariar o posto de melhor designer do ano, em 2003, concedido pelo CFDA (Conselho da Fashion Designer of America). 
Durante sua existência criativa, McQueen esteve em contato com o Brasil em diversas oportunidades. Em um desses encontros, ajudou a lançar a nossa maior representante: Gisele Bündchen. Em 1998, começando na carreira, a brasileira desfilou para a marca do britânico. Ela usaria três looks durante o desfile, sendo o primeiro um maiô prateado, o segundo um vestido e o terceiro uma saia. A modelo perguntou onde estava a blusa do último look e ouviu como reposta: “não tem blusa”. Desesperada, pediu a uma maquiadora que pintasse seus seios de branco e assim entrou na passarela. 


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Elle, BusinessWeek, Vogue e Exame), sites de moda (Farfetch), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand) e Wikipedia (informações devidamente checadas). 

Última atualização em 1/10/2019

26.5.09

BOTTEGA VENETA


A BOTTEGA VENETA é a grife em franca ascensão no concorrido e bilionário segmento de luxo. Conhecida por suas bolsas, carteiras, sapatos e cintos feitos impecavelmente em couro, cujos valores ultrapassam sem muita dificuldade a barreira de €1.000, a marca italiana não ostenta logotipo (seu nome é escrito por extenso no interior de seus produtos). Discreta, a italiana BOTTEGA VENETA domina hoje as páginas iniciais das principais revistas de moda internacionais, e incomoda muitos ícones luxuosos como a francesa Hermès, com suas bolsas reinando nos braços das mais chiques e poderosas mulheres do mundo. 

A história 
A história da BOTTEGA VENETA, que em italiano significa “loja veneziana”, mas nasceu em Vicenza, cidade ao norte da Itália reconhecida por abrigar até hoje hábeis ourives, começou em 1966 quando Michele Taddei e Renzo Zengiaro inauguraram um pequeno, porém dinâmico negócio que manufaturava produtos e artigos luxuosos em couro, como bolsas, carteiras e cintos. Desde seu nascimento, a marca italiana ficou conhecida por tratar o couro usado em sapatos, bolsas e acessórios com o mesmo cuidado com que um artesão manipula filetes de ouro. Seu maior patrimônio era - e continua sendo - o “Intrecciato”, um trançado artesanal do couro que remetia à arte da cestaria, e que representa a importância que a marca dá ao trabalho artesanal. E isto surgiu por uma necessidade. No começo de sua história, as máquinas de costura usadas nos ateliês da empresa não eram apropriadas para se costurar couro, fazendo com que os artesãos fossem obrigados a usar um couro extremamente fino que se encaixasse nas agulhas das máquinas. O trançado do couro se tornou o Intrecciato, até hoje marca registrada da BOTTEGA VENETA.
   

Para a BOTTEGA VENETA, o desfile dos logotipos de maneira óbvia era considerado um tipo de traição ao princípio do produto feito à mão, que é único e pessoal. As iniciais BV só apareciam discretamente dentro das bolsas. Em 1972, a marca inaugurou sua primeira loja nos Estados Unidos, localizada na cidade de Nova York. E, em meados dessa década, começou a produzir sapatos. Michele Taddei deixou a marca no final dos anos de 1970, sendo seguido pouco tempo depois por Renzo Zengiaro. A marca foi assumida então pela estilista Laura Moltedo, que havia sido casada com Taddei anteriormente. É nesse momento que a história da marca começa a mudar. Isto porque, Laura era uma jetsetter que passava grande parte do seu tempo em Nova York e seu lifestyle ajudou a popularizar o nome da BOTTEGA VENETA na alta sociedade internacional, criando relações com nomes como Andy Warhol, que chegou a dirigir um curta-metragem sobre a marca italiana.
   

E foi nesta época, em 1978, que a marca italiana lançou o que viria a se tornar um de seus maiores ícones: as pequenas bolsas de mão para festas (conhecida em inglês como “Knot”). O modelo Knot, praticamente um sinônimo de bolsa italiana, rapidamente se tornou um dos itens mais desejados da marca e popular entre as mulheres endinheiradas, celebridades e realeza. Hoje em dia a Knot pode ser fabricada em diversos tamanhos, cores e estampas. E mais uma vez, esse sucesso se deveu em grande parte a Laura. Suas boas conexões permitiram a proeza de incluir a Knot da BOTTEGA VENETA no figurino celebrado de Lauren Hutton no filme “Gigolô Americano” (1980), um hit da época que contava também com Richard Gere usando criações do então jovem designer, Giorgio Armani (conheça essa outra história aqui).
  

Na década seguinte os acessórios da grife italiana se tornaram extremamente populares entre os frequentadores da lendária boate nova-iorquina Studio 54, tendo no cultuado artista pop americano Andy Warhol, um de seus mais notáveis divulgadores. Na década de 1990, o interesse pela marca despencou e a BOTTEGA VENETA se viu restrita a um punhado de consumidores abonados. Foi quando em 1998 a família Moltedo resolveu contratar o jovem estilista inglês Giles Deacon para literalmente “chacoalhar a marca”. Sob seu comando a grife lançou a primeira coleção de roupas femininas em 2000. O sucesso foi imediato e apesar de suas criações espalhafatosas, especialmente no segmento de roupas, a BOTTEGA VENETA começou a chamar a atenção de outras grandes marcas de luxo.
  

Foi então, que em julho de 2001, o Grupo Gucci (conheça essa outra história aqui), que hoje pertence ao conglomerado de luxo Kering (onde divide espaço com outros nomes de peso da moda como Balenciaga, Alexander McQueen, Saint Laurent e Boucheron), comprou a BOTTEGA VENETA por US$ 156.8 milhões. A primeira providência dos novos proprietários foi contratar um novo diretor criativo, o alemão Tomas Maier, para revitalizar a marca, isto é, modernizar o tradicional e o clássico. Maier deu um novo impulso à marca italiana, mantendo o estilo clássico e atemporal. Além disso, o estilista alemão criou o modelo de bolsa chamado Cabat, que teve sua estreia na coleção de Primavera/Verão de 2002. A bolsa se tornou um enorme sucesso, com sua produção limitada, o que a torna um item de desejo e cobiça por causa de sua pouca produção anual. Era o renascimento da marca italiana no concorrido mercado de luxo.
  

Depois de reconquistar o sucesso no segmento de acessórios, Maier sentiu que era hora de se aventurar em outro terreno, o das roupas. Foi então, que em 2005, a primeira coleção prêt-à-porter feminina da BOTTEGA VENETA foi lançada no mercado, seguida pela masculina em 2006. Interessante é que essa decisão de iniciar a produção de roupas surgiu de uma necessidade. Tomas percebeu que a marca precisava vender os cintos que produzia. Então, a primeira calça foi criada como complemento dos acessórios, pois o visual completo ajudava a comunicar às consumidoras da marca de forma mais eficiente: elegante, discreta e feminina.
   

Nos anos seguintes o estilista alemão desenvolveu um conceito de luxo baseado em criação artesanal diferenciada, design inovador, funcionalidade contemporânea e materiais da mais alta qualidade. Com o suporte financeiro dos novos proprietários, pouco a pouco, a BOTTEGA VENETA, então com apenas 17 lojas no mundo, foi crescendo, inaugurando novas e sofisticadas unidades em outros países (como em 2002, quando abriu três lojas localizadas em endereços luxuosos de Paris, Londres e Milão) e fabricando produtos cada vez mais de alta qualidade, estilo e extremo luxo, cujos preços beiravam o absurdo.
   

Em 2004, além do lançamento da sua primeira coleção de joalheria, a marca italiana inaugurou uma enorme loja de dois andares em plena Quinta Avenida na cidade de Nova York, dando um belo exemplo de como crescer sem perder a aura de butique. Na loja, cada um dos puxadores das portas era feito em couro - e à mão - os tapetes eram de lã artesanal da Nova Zelândia e havia uma sala dedicada a artigos feitos sob medida em couro para homens e mulheres. Tinha clima e ambiente de pequena butique dentro de uma imensa loja. Em 2006, a grife italiana expandiu sua área de atuação ao lançar uma luxuosa e moderna coleção de móveis para casa. Neste mesmo ano inaugurou sua segunda loja em Paris, localizada na badalada Avenida Montaigne. Além disso, no verão, inaugurou uma escola para ensinar o ofício do trabalho artesanal em couro chamada Veneta della Scuola Pelletteria, que apoia e ajuda as novas gerações de artesões da empresa.
   

Nos anos seguintes a BOTTEGA VENETA levou seu estilo clássico e luxuoso para outros segmentos com o lançamento de coleções de óculos. Nos últimos anos, assim como muitas de suas marcas concorrentes, a BOTTEGA VENETA também investiu na Índia, na China, Turquia, Ucrânia e Rússia, procurando atingir os consumidores famintos por produtos de luxo desses mercados emergentes. Além disso, no final de 2009, a marca italiana e a Coty (conheça essa história aqui), líder global no segmento de produtos para beleza, anunciaram a formação de uma exclusiva parceria para criar, desenvolver e distribuir uma linha de fragrância sob a grife BOTTEGA VENETA. O resultado foi o lançamento, em 2011, da primeira fragrância feminina da marca (que entre os ingredientes possuía uma matéria-prima brasileira: a pimenta rosa), além de loção corporal e sabonete líquido.
   

A grife italiana desembarcou no Brasil no final de 2011 com a inauguração de uma sofisticada loja no shopping Iguatemi, em São Paulo, onde todos os elementos no interior foram feitos sob medida - desde as vitrines até as maçanetas revestidas em couro. Em 2012, a capital paulista ganhou uma segunda loja, localizada no shopping JK Iguatemi. Pouco depois, o lançamento da Eau de Parfum da marca italiana, em vidro de murano assinado por Tomas Maier e cuja assinatura da grife aparecia na tampa metálica (uma fita em couro) ao exuberante preço de R$ 4.000 (por apenas 50 ml deste líquido cuja fragrância é sensacional), marcou uma tendência que já se podia observar no mundo todo e que tinha força para seduzir apaixonados consumidores: o retorno de perfumes em edições especiais, vendidos em frascos que são verdadeiras obras de arte.
  

Em 2018, a BOTTEGA VENETA apresentou ao mercado um novo diretor criativo: o inglês Daniel Lee, que já tinha passagens por marcas famosas como Margiela e Celine (conheça essa história aqui). Por ser um nome até então pouco conhecido no mundo da moda, a escolha da marca italiana sacudiu o mercado e o que se presenciou no primeiro ano de transição foi uma BOTTEGA VENETA com linhas mais minimalistas e modernas, investindo também no ready-to-wear, mas sem perder seus pilares. Altamente preparado, o jovem estilista chegou cheio de energia e pronto para injetar modernidade à qualidade impecável da tradicional marca italiana. Rapidamente ele conquistou uma legião de fãs sedentos por um ponto de vista que dialogasse entre contemporâneo e tradicional com sex appeal e personalidade. O sucesso foi tamanho, que sua versão da marca foi apelidada carinhosamente de “New Bottega”.
   

E sua ousadia rendeu frutos rápidos para a marca. Logo em seu primeiro ano no comando criativo da BOTTEGA VENETA, ele conquistou um feito inédito, batendo recorde de vitórias no Fashion Awards, vencendo nas quatro categorias que foi indicado: Marca do Ano, Designer do Ano, Designer Feminino do Ano e Designer de Acessórios do Ano. Como o couro e o processo artesanal meticuloso são sinônimos da marca italiana então não foi nenhuma surpresa que Daniel tenha construído sua visão ancorada nesses valores. O couro migrou dos acessórios para invadir também os looks, enquanto a devoção pelo artesanal foi expressada por outros meios, como nos tricôs de acabamento impecáveis. Além disso, o repertório de complementos foi ampliado através de joias esculturais e ferragens, que passaram a adornar calçados e bolsas, adicionando peso e renovando formas. Lee também ousou ao revolucionar o método Intrecciato utilizando proporções, texturas e muita criatividade. Com isso, o trançado característico virou oversized. Foi maximizado, acolchoado, foi parar em roupas, virou item de apelo esportivo, enfeitou sapatos e surgiu em diversos materiais diferentes garantindo uma visão contemporânea da técnica icônica da BOTTEGA VENETA.
    

Outro sucesso foi a bolsa Pouch (com seu visual descomplicado e minimalista), que esgotou em tempo recorde. Tudo isso sem contar o grande hit do sapato de bico quadrado, cuja volta dessa tendência é creditada, e muito, a BOTTEGA VENETA. Por tudo isso, Daniel Lee transformou uma marca já icônica em uma sensação do streetstyle. Afinal, os sapatos acolchoados, com frente quadradas e até o trabalho com tecido que imita uma rede, surpreenderam o mundo da moda e alavancaram a posição da grife italiana como uma das mais luxuosas e desejadas do momento.
  

A BOTTEGA VENETA é reconhecida por seus três pilares: tradição, qualidade e o trabalho manual cuidadoso com o couro. E a cada coleção, a marca italiana, que não ostenta tendências, persiste produzindo peças com um couro impecável, cores elegantes e modelos discretos. Crescendo silenciosamente e com um perfil discreto, sem alardear seu logotipo, a marca foi adotada por celebridades como a apresentadora Oprah Winfrey, Jennifer Lopez, Sarah Jessica Parker e Scarlett Johansson, que apareceram em público utilizando seus exclusivos e sofisticados produtos. Nada mal para uma marca que tem aversão de mostrar seu logotipo.
  

Discrição para alcançar o sucesso 
Atualmente a BOTTEGA VENETA, que possui bolsas, cujos preços variam de US$ 1.500 a US$ 75.000, está sendo discretamente comparada à lendária Hermès (conheça essa história aqui) e aparece como a segunda maior força do conglomerado Kering, atrás somente da Gucci. O segredo? A BOTTEGA VENETA mostrou que tem o DNA do luxo e cresceu porque soube se posicionar. O famoso lema da marca italiana, “Quando suas próprias iniciais são suficientes”, expressa uma filosofia de individualidade e confiança que está no centro do compromisso da BOTTEGA VENETA no que se refere ao luxo e ao artesanato insuperáveis. Portanto, se você pensa em comprar uma bolsa de alguns milhares de euros somente para ganhar status entre seus amigos, a BOTTEGA VENETA não é a grife certa. Até agora a marca se manteve autêntica, evitando aderir à “logomania” do luxo e atraindo cada vez mais aquele consumidor atualizado e avesso às ostentações mais óbvias. No longo prazo, esta é uma estratégia que preserva a integridade da marca.
  

Além disso, ao longo do tempo resistiu às tentações de abaixar seus preços para atingir um mercado maior e se tornar uma marca mais convencional e de alta difusão. Ao invés disso, concentrou-se em coleções bem direcionadas, mantendo sua qualidade diferenciada tanto na manufatura quanto no atendimento ao cliente, sem oferecer brindes ou descontos. Outro ponto forte que faz a marca se manter no topo é o fato de todos os produtos terem como característica diferencial a manufatura artesanal. Um exemplo disso é a bolsa Cabat, com uma produção anual limitada a no máximo 500 peças, vendidas a €3.000, podendo a chegar a €75.000, dependendo do material utilizado (couro de avestruz, crocodilo ou até mesmo de iguana). E a novidade é que essa característica foi trazida também para as coleções de joias e para os objetos de decoração recentemente.
  

Luxo é, na sua concepção genuína, gerar diferenciação pelos símbolos que proporcionem a sensação de exclusividade e escassez. Ou seja: aquilo que é para poucos e sem conhecimento de muitos. E nos primeiros dias de 2021, a BOTTEGA VENETTA levou essa definição ao pé da letra. Isto porque, a marca causou alvoroço mundial ao deletar suas contas no Instagram - com 2,5 milhões de seguidores - e no Twitter, além de apagar todo conteúdo existente no Facebook mantendo apenas a foto de perfil. A atitude surpreendente em um mundo cada vez mais baseado na presença online, e por ir contra o comportamento da maioria das marcas - e dos conselhos de branding e marketing em geral -, a saída das redes sociais faz todo sentido para a BOTTEGA VENETA, que carrega em sua essência valores como discrição, exclusividade e a intimidade do processo artesanal. Além disso, a saída também combina com a posição pessoal do diretor criativo Daniel Lee, que nunca teve Instagram próprio e optou por um desfile de Verão 2021 presencial, mesmo com as limitações ocasionadas pela pandemia, por não acreditar em apresentações digitais. Apesar disso, a BOTTEGA VENETA segue em voga nas redes através de conteúdo gerado de maneira espontânea pelos milhares de devotos da estética de Lee e sua #newbottega. Seria essa decisão algo temporário ou aposta visionária? Só o futuro dirá.
   

A evolução visual 
A identidade visual da marca, que segue o conceito da discrição total, passou por pequenas alterações ao longo de sua história. O logotipo atual visto apenas em suas campanhas e nas fachadas das lojas adotou uma nova tipografia de letra, mais leve, sofisticada e como sempre discreta.
  

Dados corporativos 
● Origem: Itália 
● Fundação: 1966 
● Fundador: Michele Taddei e Renzo Zengiaro 
● Sede mundial: Milão, Itália 
● Proprietário da marca: Bottega Veneta S.R.L. 
● Capital aberto: Não (subsidiária do Kering S.A.) 
● CEO: Bartolomeo Rongone 
● Diretor criativo: Daniel Lee 
● Faturamento: €1.21 bilhões (2020) 
● Lucro: €172 milhões (2020) 
● Lojas: 279 
● Presença global: 80 países 
● Presença no Brasil: Sim 
● Funcionários: 3.830 
● Segmento: Moda de luxo 
● Principais produtos: Sapatos, bolsas, acessórios, perfumes e roupas 
● Concorrentes diretos: Hermès, Goyard, Longchamp, Prada, Bally, Chanel, Loewe e Louis Vuitton 
● Ícones: O couro trançado (Intrecciato)
● Slogan: When your own initials are enough. 
● Website: www.bottegaveneta.com 

A marca no mundo 
Os exclusivos produtos da BOTTEGA VENETA, que incluem bolsas, artigos de vestuário para homens e mulheres, calçados (scarpins, sapatos, sandálias e botas), malas, óculos, perfumes e joias sofisticadas, entre outros itens, são comercializados nas mais badaladas lojas de departamento do mundo e em suas 279 lojas próprias, localizadas em países como Japão, Itália, Estados Unidos, França, Espanha, Reino Unido, Alemanha, Suíça, China, Hong Kong, Kuwait e mais recentemente Brasil (onde possui 3 lojas). Com faturamento de €1.21 bilhões em 2020, os produtos em couro (bolsas, malas e carteiras) representam 74% das vendas, os sapatos 16% e as roupas 7%. Os maiores mercados da marca são: Ásia-Pacífico, Europa, América do Norte e Japão (onde existe o maior número de lojas da marca, são mais de 50). 

Você sabia? 
Longe das redes sociais desde janeiro de 2021, em abril a marca lançou a Issued, sua própria revista digital. 
Em 2008, a BOTTEGA VENETA ganhou o prêmio de marca mais luxuosa do mundo organizado pelo Luxury Institute. 
No ateliê da marca, instalado em uma vila histórica do século 18 próximo a Montebello Vicentino, trabalham mais de 150 hábeis artesões especialistas na confecção de artigos em couro. 


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, BusinessWeek, Exame e Isto é Dinheiro), sites de moda (Farfetch), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers). 

Última atualização em 2/11/2021

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7.6.06

GUCCI


Vestidos deslumbrantes. Alguns com decotes provocativos. Perfumes com aromas exóticos e inconfundíveis. Sapatos clássicos com ares modernos. Bolsas que são carregadas por lindas e famosas mulheres nos quatro cantos do mundo. Tudo renomado pela criatividade, inovação e a tradição artesanal italiana. Celebridades, escândalos, enormes fortunas e muito glamour sempre foram associados ao nome GUCCI, marca que mais sintetiza a pura elegância italiana no mercado de luxo. 

A história 
Guccio Gucci nasceu no dia 26 de março de 1881 em Florença, no norte da Itália. Filho de um artesão de origem humilde, ele adquiriu bom gosto e elegância encantando-se com o luxo das malas com brasões das famílias nobres enquanto trabalhava como ascensorista, maleiro e posteriormente maître no famoso e requintado hotel Savoy de Londres na virada do século 19. Em 1921, depois de seu retorno para cidade de Florença, abriu uma pequena loja com suas economias - 30 mil liras na época - cujo intuito era vender acessórios de viagem (malas e valises de luxo), feitos em couro de alta qualidade proveniente da região da Toscana, pelos melhores artesãos, incluindo membros da sua própria família. Sua modesta loja era apenas um reflexo de seu estilo: ele andava sempre bem vestido e impecável pelas ruas de Florença. E não demorou muito para a alta burguesia e a nobreza florentina reconheceram a excelência e originalidade dos produtos e, em pouco tempo, a marca superou os limites da cidade, impondo-se como uma das mais conhecidas e preferidas entre a elite italiana. Com o aumento das vendas, ele conseguiu abrir atrás de sua pequena loja, uma modesta oficina para produzir suas próprias mercadorias.


Necessitando expandir seu negócio a empresa inaugurou uma fábrica maior em Lungarno Guicciardini em 1937. Foi a partir deste ano que estribos e franjas estilizados se tornaram a assinatura equestre da marca italiana. Em poucos anos os produtos da marca, que incluíam malas, baús de viagem, luvas, sapatos e cintos, com um design de inspiração equestre, atraíram uma clientela ainda mais sofisticada e internacional. Com o grande sucesso de seu negócio e clientes famosos, a marca abriu sua primeira grande loja na cidade de Roma em 1938 no sofisticado endereço da Via Condotti. No ano seguinte seus filhos, Aldo, Vasco e Ugo, ingressaram no negócio. Em 1947 a GUCCI lançou no mercado o que viria a se tornar um ícone da marca: a bolsa com alça de bambu japonês, que literalmente seduziu com seu charme e elegância centenas de celebridades pelo mundo afora. A novidade foi uma forma original encontrada por Guccio para lidar com a escassez de materiais causada pela Segunda Guerra Mundial. Pouco tempo depois, em 1951, o estilista inaugurou uma loja na cidade de Milão em plena Via Montenapoleone. Nesta época surgiu a assinatura vermelha e verde, que se tornaria marca registrada da grife.


No dia 2 de janeiro de 1953 morreu Guccio Gucci aos 72 anos, 15 dias antes da inauguração da primeira loja da marca no exterior, localizada no Savoy Plaza Hotel em Nova York, onde as celebradas estrelas de Hollywood contribuíram e muito para que a marca italiana brilhasse nas principais capitais do luxo. Comandada agora pelos filhos do fundador, Aldo e Rodolfo, a GUCCI iniciou um audacioso plano de expansão pelo território americano com a inauguração de lojas em cidades como Filadélfia, San Francisco, Beverly Hills e Palm Beach. Ainda em 1953 a marca lançou outro ícone, o horsebit loafer, calçado estilo mocassim com fivela de metal, além de uma faixa frontal de tecido nas cores verde e vermelha, um dos principais símbolos de identificação da marca no mundo, que se tornou presença garantida no guarda-roupa de homens chiques e modernos. Nesta época, celebridades como Sofia Loren, Ingrid Bergman, John Kennedy e sua então esposa Jacqueline Kennedy eram alguns dos fiéis clientes da marca. Essas celebridades eram constantemente fotografadas portando artigos clássicos da marca, como a bolsa de couro com alça de bambu ou o mocassim com fivela de metal. Isso contribuiu para transformar a GUCCI na marca queridinha nos bastidores de Hollywood. Somente em 1955 surgiu o icônico GG (duas letras G, uma normal e outra invertida, entrelaçadas), que rapidamente se tornou outra marca registrada da GUCCI. O novo logotipo começou aparecer em todas as bolsas, malas e acessórios em couro da marca, dando um ar mais aristocrático aos produtos.


Na década seguinte, após introduzir os tecidos estampados com as duas letras G entrelaçadas e a estampa floral criada especialmente para Grace Kelly, a empresa já vendia seus produtos em lojas próprias nas cidades de Londres (inaugurada em 1967, sendo a primeira na Europa fora da Itália), Paris, Tóquio (1971), Chicago e Hong Kong. Além disso, Grace Kelly, Peter Sellers e Audrey Hepburn contribuíram para que a marca se tornasse sinônimo de bom gosto e sofisticação na badalada Hollywood, ganhando inúmeros adeptos entre as estrelas do cinema mundial. Em 1974, existiam 14 lojas e 46 franquias da GUCCI em todo o mundo, muito graças à expansão que Aldo realizou, especialmente para o mercado japonês. Ele também diversificou a linha de produtos com o lançamento de perfumes, promovendo assim um novo negócio dentro da empresa para que seus filhos, membros da terceira geração, pudessem trabalhar. Já a década de 1980 foi marcada pela criação da coleção prêt-à-porter, lançada com grande pompa em importantes desfiles de moda.


Em 1989, quando a imagem da marca começava a se deteriorar no mercado de luxo, Domenico Del Sole, funcionário de um dos escritórios americanos de advocacia que prestavam serviços à GUCCI, foi indicado para moderar e buscar soluções para as divergências internas da empresa, especialmente entre membros da família. No mesmo período, com a saída de Aldo do comando, a empresa de investimento árabe Investcorp adquiriu 50% do capital da GUCCI. Maurizio, o último membro da família trabalhando na empresa, acabou vendendo sua participação acionária em 1993 por não se entender com o grupo de investidores. Com Maurizio fora de cena, a GUCCI passou a ser liderada por Domenico Del Sole, que transferiu a sede da empresa de Milão para Casellina e nomeou o estilista Tom Ford - que já trabalhava na grife desde 1990 - como diretor de criação. Começava aí a nova fase da GUCCI. Além do relançamento das bolsas com alças de bambu e dos mocassins com bridão, da bolsa Horsebilt Clutch, que se tornou um sucesso entre as estrelas de Hollywood, ele passou a assinar todas as coleções, escolher os fotógrafos, decidir o tema das campanhas publicitárias e até opinar na arquitetura e decorações das lojas. Os rostos nas campanhas também mudaram. Audrey Hepburn e Grace Kelly deram lugar à Madonna e Tina Turner. As coleções cheias de sensualidade eram bem acolhidas pela imprensa especializadas e um investimento milionário em campanhas para lá de provocativas foi realizado.


Em 2000 a empresa pertencia a um grupo de acionistas, entre eles Bernard Arnault (dono do grupo de luxo LVMH) e François Pinault (então dono do grupo PPR). Embora Arnault quisesse aumentar suas ações para ter mais controle sobre a empresa, Del Sole e Tom Ford conseguiram privilegiar Pinault, que através de negociações meio que impostas, foi aumentando seu capital até tornar-se o único proprietário da GUCCI em 2004. No mesmo ano, Del Sole e Ford saíram da empresa e a estilista de ascendência romena Frida Giannini passou a responder pela direção de criação da marca. Com dinheiro em caixa e criatividade de sobra, a GUCCI voltou aos editoriais e às capas de renomadas revistas de moda. Foi a mais retumbante volta por cima da moda internacional, criando uma tendência no mercado do luxo.


No dia 8 de fevereiro de 2008 foi inaugurada a maior loja da grife italiana no mundo. Com uma espaçosa área de 14.020 m², a loja possuía três andares totalmente climatizados e iluminados naturalmente. Expressando todo o requinte da marca italiana, o interior da loja apresentava detalhes decorativos como suportes de vidro e ouro polido. Além disso, o exterior do prédio revestido de vidro brilhante compunha uma visão admirável para aqueles que o viam. A sofisticação da GUCCI foi rigorosamente traduzida nesta nova loja, que, entre outros detalhes de luxo, tinha o piso coberto de mármore branco, com algumas listras de mármore preto, se estendendo pelas paredes e pelo teto. O revestimento das maçanetas das portas se alternava em ouro e vidro com listras. Minuciosos detalhes que proporcionavam uma experiência única aos clientes e admiradores que a visitavam. Projetada por Frida Giannini, diretora criativa da marca e pelo célebre arquiteto James Carpenter, a nova flagship tinha andares extremamente luxuosos e estava localizada em plena 5ª Avenida em Nova York. Para causar expectativa e interação com o público, a marca lançou o site GucciLovesNY na semana da moda na cidade. Os visitantes do site concorriam a uma bolsa exclusiva da marca. Para participar era só enviar uma foto usando algum acessório GUCCI no lugar preferido de Nova York.


A GUCCI inaugurou sua primeira loja no Brasil no final deste mesmo ano, no Shopping Iguatemi em São Paulo. A loja abriu as portas em 30 de novembro contando com 470 m² e seguindo o mesmo projeto da unidade de Nova York. Nas araras, inúmeras peças: do prêt-à-porter aos perfumes, passando pela coleção masculina completa de acessórios, sapatos e lançamentos simultâneos com as principais flagships ao redor do mundo. Nos anos seguintes, o logotipo da grife italiana brilhou nas mãos da estilista Frida Giannini, responsável pelos acessórios e o prêt-à-porter feminino e masculino. A estilista conseguiu equilibrar doses certas de elegância, sensualidade e modernidade, além de inserir a marca no âmbito cultural. Em janeiro de 2015 a marca foi repaginada e ganhou um visual jovem após a promoção do designer romano Alessandro Michele para o cargo de diretor criativo. O jovem talento trouxe para as peças e artigos da marca influências de décadas passadas, principalmente a de 1970, estampas geométricas, superfícies metalizadas, cores da estética vintage, e questões consideradas polêmicas como a quebra do tabu da liberdade de escolha e igualdade de gênero. Em suas campanhas e nas passarelas, esqueça qualquer padrão - há espaço para narigudos, albinos, muitos negros, trans, ruivos, magros e gordos. Idade tampouco é uma questão: as atrizes Vanessa Redgrave e Faye Dunaway, de 81 anos e 77, estrelaram recentes publicidades da marca. Com isso conquistou de vez a clientela millennial, pessoas entre 18 e 35 anos, que passaram a idolatrar a GUCCI.


A linha do tempo 
1925 
Lançamento das malas de viagem feitas com couro maleável. 
1932 
Lançamento dos sapatos tipo mocassim. 
1964 
Lançamento do cinto com fivela contendo as famosas as iniciais de Guccio Gucci. 
1969 
Lançamento da bolsa com alça para o ombro (inicialmente batizada de HOBO), especialmente desenvolvida e criada para Jacqueline Kennedy, que até hoje é conhecida como “Jackie O”. O modelo foi relançado em 1999, vendendo o número recorde de seis mil peças. 
1974 
Lançamento do primeiro perfume da marca italiana. 
1979 
Criação da GUCCI ACCESSORIES COLLECTION (GAC), divisão responsável por produtos como perfumes, canetas, relógios, isqueiros, entre outros acessórios. 
1997 
Lançamento do perfume feminino ENVY com fragrâncias florais. 
1999 
Lançamento do perfume RUSH acondicionado em um frasco moderno e jovial. 
2001 
Lançamento do perfume feminino RUSH 2, feito de uma composição de essências de madeira de palmeira, flor de narciso, lírio do vale, frésia, gardênia, rosa e almiscar, resultando em um aroma refrescante. 
2008 
Lançamento de uma coleção exclusiva chamada GUCCI LOVES NY. Desenhadas por Frida Giannini, as peças desta linha faziam uma homenagem a cidade de Nova York e somente podiam ser adquiridas na loja da 5ª Avenida. Entre elas estavam jaquetas e bolsas de couro, material ícone da marca. 
Lançamento de uma coleção especial com edição limitada, chamada 8-8-2008. Oito exclusivos acessórios que remetiam à esportes de competição foram desenvolvidos por Giannini, como o relógio I-Gucci, equipado com tecnologia digital, pulseira vermelha de couro e detalhes cromados. Porém, a peça mais inusitada desta coleção foi a bicicleta vermelha com listras verdes, equipada com lanterna e duas charmosas bolsas GUCCI sobre a roda traseira. 
Lançamento do perfume GUCCI by GUCCI, com notas de goiaba, mel e florais. Essa cheirosa combinação vinha embalada em um frasco marrom com estilo art déco, contendo o logotipo da marca em letras douradas. A garota-propaganda da fragrância foi a brasileira Raquel Zimmerman. 
2009 
Lançamento do perfume feminino FLORA By GUCCI
2010 
Lançamento de sua primeira linha de roupas e acessórios infantis. A linha possuía duas coleções: uma dedicada às crianças mais crescidinhas e outra para os bebês. Entre as peças da coleção baby, era possível encontrar grandes clássicos da marca, entre eles os famosos trench em dimensões micro, mas também babadores e macaquinhos. Para festejar o lançamento desta nova linha, a marca anunciou a intenção de doar US$ 1 milhão à UNICEF para um programa de construção de escolas na África. 
Lançamento do perfume masculino GUCCI by GUCCI POUR HOMME SPORT, que evoca a liberdade de estar ao ar livre e o desejo pelo esporte. Ao mesmo tempo, doce e refrescante, a criação exclusiva desta fragrância garante que ela também seja bem acabada e complexa. 
Lançamento do perfume GUILTY. O conceito da fragrância dá ênfase na jovialidade e sensualidade urbana, e foi criado para mostrar o lado ousado e sexy da marca. Os rostos da campanha publicitária foram da cantora e atriz Evan Rachel Wood e do ator Chris Evans. 
2011 
Lançamento da coleção 1921, que em homenagem aos 90 anos da GUCCI propunha acessórios de prêt-à-porter masculinos e femininos, fazendo alusão ao universo da marca desde a época de sua criação. Clássicos da marca como bolsas e mocassins foram oferecidos em uma infinidade de cores e materiais. Bambu, pelica e crocodilo apareciam em tons de castanho escuro, rosa, caqui, verde e cereja. Todos os modelos levavam a assinatura G. Gucci Firenze 1921
A então diretora criativa da marca, Frida Giannini, assinou o FIAT 500 by GUCCI. Esta edição especial era uma versão personalizada do conhecido modelo citadino da montadora italiana, em colaboração com Centro de Estilo Fiat. Um dos detalhes mais marcantes deste modelo era uma faixa verde/vermelho/verde, típica da GUCCI, ao longo da carroceria, junto às molduras das janelas. 
2014 
Lançamento de uma linha de maquiagens com embalagens luxuosas, paleta de cores escolhida cuidadosamente e gama completíssima (mais de 200 itens). 
2015 
Lançamento do perfume feminino GUCCI BAMBOO, extremamente poderoso e inspirado na força e elegância do bambu. 
2016 
Lançamento da bolsa GG MARMONT, que rapidamente recebeu o selo de aprovação das fãs, principalmente por suas variações cheias de estilos, que misturam o passado e o presente da identidade GUCCI. Fugindo aos designs convencionais, as bolsas trazem opções com aplicações de patch, veludo, correntes e tudo que a nova imagem da GUCCI representa. 
2017 
Lançamento da GUCCI DÉCOR, primeira linha de decoração de interiores da marca, composta por almofadas, biombos, cadeiras, chaleiras, vasos, bandejas, peças de porcelana, tapetes, castiçais, velas, incensos e vários outros objetos que dialogam com as estampas, desenhos e estética romântica contemporânea da GUCCI. 
2019 
Lançamento do Mémoire d’une Odeur, primeira fragrância sem gênero da marca italiana. 
Lançamento da Globetrotter Suitcase, uma nova mala de viagem estampada com monogramas da grife italiana, alças de apoio e rodinhas 360°.


Uma família polêmica 
O reconhecimento da marca como ícone de sofisticação trouxe fama, dinheiro e, sobretudo, traições e conflitos familiares, especialmente na década de 1980, depois que Aldo Gucci foi citado em um escândalo de fraude fiscal que atingiu a cifra de US$ 7 milhões. Batalhas judiciais, desentendimentos e intrigas entre os membros da família colaboraram para que grife entrasse em um período de inércia criativa, além de problemas financeiros e a frequente citação da palavra “falência”. Nesta época, arremessos de cinzeiros e palavrões eram comuns na sala de reuniões da diretoria. Em 1989, uma empresa de investimentos árabe, a Investcorp, adquiriu aproximadamente 50% do comando da GUCCI. Para completar, na manhã do dia 27 de março de 1995, o último membro da família a dirigir a empresa, Maurizio Gucci, sobrinho de Aldo e neto do fundador da grife, foi assassinado com quatro tiros nas costas quando chegava a seu escritório, na cidade de Milão, a mando de sua ex-mulher, Patrizia Reggiani. Anos depois, Patrizia, conhecida como Viúva Negra pela imprensa italiana e condenada a 26 anos de prisão, pediu permissão à justiça para cumprir a sentença em prisão domiciliar. Misteriosamente, todos os funcionários que trabalhavam na papelada do caso foram acometidos por sintomas como irritação na garganta, pele rachada e enjoos. A doença desconhecida foi apelidada de “a maldição de Maurizio”, pois muitos acreditavam que se tratava de uma manobra sobrenatural do fantasma do executivo para impedir que sua ex-esposa saísse da cadeia. Tal processo foi abandonado, já que todos os funcionários da justiça de Milão se recusaram a mexer nos papéis da apelação. Ela foi colocada em liberdade condicional no mês de setembro de 2013. Tudo isso está detalhadamente narrado no livro “Casa Gucci” que relata os bastidores da saga da marca italiana. Já a ideia de um longa-metragem sobre essa melancólica e polêmica história da família circula em Hollywood há alguns anos. Só resta esperar um filme com esse roteiro.


Eternizando a história 
No dia 26 de setembro de 2011, a marca italiana resolveu eternizar sua história com a inauguração do GUCCI MUSEO na pitoresca cidade de Florença, em plena Piazza della Signoria. O museu ocupava três andares do Palazzo della Mercanzia, um deslumbrante palácio construído em 1337. O aconchegante museu contava em detalhes a trajetória de Guccio Gucci e como sua marca tornou-se uma grife de prestígio internacional. O museu apresentava um grande e valioso acervo de peças antigas, algumas delas verdadeiros clássicos da marca italiana, como as bolsas de bambu usadas por Jackie Onassis e Sofia Loren, acessórios de esportes, as primeiras malas de viagens, coleções prêt-à-porter, um Cadillac Seville com a característica estampa da marca, entre muitos outros itens. Eram bolsas, roupas, sapatos, cintos, malas, chapéus e vestidos de gala que podiam ser vistos em uma linha de evolução que mantinha a originalidade da marca. Além disso, vídeos mostravam como o couro é trabalhado e a maneira como são feitos os exclusivos produtos da marca, a mão, demostrando o cuidado que cada peça demanda. Para completar, o espaço contava ainda com um charmoso café, uma loja (que oferecia produtos exclusivos da marca encontrados somente ali) e uma agradável livraria especializada em moda, arte e fotografia.


Recentemente, no início de 2018, o museu foi reformulado e rebatizado como GUCCI GARDEN, e se transformou em um espaço criativo e colaborativo que reúne arte, moda, gastronomia e história. O primeiro e segundo andares abrigam seis diferentes salas, inclusive um cinema, que exploram a história da grife, sua identidade, a evolução da logomarca e do conceito de suas coleções. Também é possível encontrar uma loja conceito que vende itens exclusivos, de roupas e acessórios a artigos de decoração e revistas. Outra novidade é a Gucci Osteria, restaurante idealizado por Massimo Bottura, chef com 3 estrelas Michelin no currículo.


A evolução visual 
A identidade visual da marca italiana passou por algumas alterações ao longo dos anos. Após adotar, em meados da década de 1950, o tradicional símbolo GG, que continha duas letras G, uma normal e outra invertida, entrelaçadas; há poucos anos atrás a marca apresentou uma nova identidade visual, que além da cor preta ganhou também a versão dourada e com tipografia de letra mais afinada. Apesar disso, o símbolo GG continua sendo utilizado em muitos de seus produtos.


Dados corporativos 
● Origem: Itália 
● Fundação: 1921 
● Fundador: Guccio Gucci 
● Sede mundial: Florença, Itália 
● Proprietário da marca: Guccio Gucci S.p.A. 
● Capital aberto: Não (subsidiária da Kering S.A.) 
● CEO & Presidente: Marco Bizzarri 
● Diretor criativo: Alessandro Michele 
● Faturamento: €8.3 bilhões (2018) 
● Lucro: €3.2 bilhões (2018) 
● Valor da marca: US$ 15.949 bilhões (2019) 
● Lojas: 577 
● Presença global: 120 países 
● Presença no Brasil: Sim 
● Funcionários: 9.500 
● Segmento: Moda de luxo 
● Principais produtos: Roupas, bolsas, calçados, perfumes e acessórios de luxo 
● Ícones: A bolsa com alça de bambu e o mocassim com fivela 
● Website: www.gucci.com 

O valor 
Segundo a consultoria britânica Interbrand, somente a marca GUCCI está avaliada em US$ 15.949 bilhões, ocupando a posição de número 33 no ranking das marcas mais valiosas do mundo de 2019. 

A marca no mundo 
A luxuosa marca italiana tem mais de 575 lojas próprias ao redor do mundo, presença em mais de 120 países e faturamento de €8.3 bilhões (dados de 2018). Além do Chile, o Brasil é o outro país na América do Sul que possui lojas da GUCCI. São ao todo dez lojas: em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Recife e Curitiba. A loja do shopping JK Iguatemi, em São Paulo, é dedicada exclusivamente ao público masculino. Atualmente a marca, controlada pelo grupo Kering (proprietário também das grifes Saint Laurent, Bottega Veneta, Boucheron, Stella McCartney, Balenciaga e Alexander McQueen), produz e vende bolsas, malas de mão e outros acessórios de couro (que representam 59% do total de vendas), sapatos (13%), roupas, gravatas, perfumes e relógios, além de uma linha para decoração. Em relação à participação de mercado para a marca, o maior é a região Ásia-Pacífico (36%), seguido pela Europa (29%), América do Norte (21%) e do Japão (8%). 

Você sabia? 
A marca italiana tem mais de 90 perfumes em sua base de fragrâncias. A edição mais antiga foi criada em 1974 e a mais recente em 2019. 
O sultão de Brunei foi responsável pelo maior pedido que a GUCCI já recebeu: 27 jogos de malas em couro de crocodilo no valor de US$ 2.4 milhões. 
Em 7 de fevereiro de 2019, a marca retirou de todas as suas lojas um suéter que recebeu muitas críticas e acusação de racismo. A peça era preta com gola alta que subia até a altura do nariz, e ao redor da boca havia um recorte simulando lábios vermelhos. Muitos associaram a peça à prática do “blackface” e a um personagem de um livro infantil tido como o mais racista da história, chamado “As aventuras do pequeno Sambo Negro”. 


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek, Exame e Isto é Dinheiro), jornais (O Globo), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers). 

Última atualização em 26/12/2019