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1.3.21

DR. MARTENS


Com suas costuras amarelas e solado característico marcante, elas conseguem transformar qualquer visual. Estão presentes nos pés mais famosos do mundo da música. Elas são presença constante em grandes festivais. São símbolos de força, resistência e rebeldia, sem nunca perder o conforto. Hoje, são calçados perfeitos para sair chutando lata ou companheira confiável para qualquer tarefa, seja ela qual for. Você as usa como quiser. Você faz delas o que quiser. Elas mudam com a moda, à medida que a moda muda. Assim são as icônicas botas e coturnos da inglesa Dr. Martens. 

A história 
A história de um dos mais fortes ícones do setor de calçado começou na década de 1940, com um médico alemão chamado Klaus Märtens. Ao final da Segunda Guerra Mundial, em 1945 e auge de seus 25 anos de idade, enquanto se recuperava de uma fratura no tornozelo e como as botas do uniforme oficial o incomodavam naquela situação, ele resolveu criar um calçado, que fosse mais confortável e que ajudasse na sua recuperação, utilizando para isso um couro mais macio e sola acolchoada. Ele então idealizou uma sola com amortecimento aerado para substituir as tradicionais solas de couro. Utilizando uma forma de sapateiro improvisada, ele desenvolveu um protótipo e despertou o interesse de um antigo colega de faculdade, o engenheiro mecânico Dr. Herbert Funk. Reaproveitando excedentes de guerra e material reciclado, incluindo restos de borracha da Força Aérea Alemã (a temida Luftwaffe), os dois desenvolveram uma técnica para unir o cabedal e a sola, criando compartimentos de ar que amorteciam o impacto nos pés. Os dois amigos então firmaram uma parceria e começaram a vender calçados (botas e coturnos) de porta em porta. A produção começou oficialmente em 1947, um ano perfeito para isso. Afinal, os europeus haviam passado cinco anos com botas militares nos pés. Conforto era o que mais desejavam.
  

Em 1952 o negócio prosperava e a operação saiu de uma acanhada cabana para uma fábrica, inaugurada na cidade de Munique. Nesta época, o mercado alemão se tornou pequeno demais para os produtos da empresa, e a dupla resolveu que estava na hora de vender seus inovadores calçados para outros países. Um acontecimento iria mudar os rumos da empresa alemã. Isto porque, Bill Griggs, terceira geração de sapateiros e que administrava um negócio familiar que fabricava botas desde 1901 na Inglaterra, estava folheando uma revista inglesa especializada em calçados quando viu um anúncio promovendo uma sola feita na Alemanha. Interessado, ele entrou em contato com Klaus e Herbert e adquiriu uma licença de exclusividade para produzir o calçado.
  

A vasta experiência calçadista dos ingleses trouxe algumas mudanças importantes para o produto alemão. A sola ganhou um novo design, com o salto que conhecemos hoje. O cabedal ficou mais alto e simples, lembrando um sapato mais tradicional. A famosa costura amarela, bem como os vincos e sulcos no solado também foram ideias de Bill Briggs. Para finalizar, todas as solas eram marcadas com “AirWair” (sistema patenteado pela empresa inglesa), além do puxador preto e amarelo com o slogan “With Bouncing Soles” (algo como “Com solas que saltam”). Fruto da colaboração entre a tecnologia alemã e a tradição calçadista inglesa, exatamente no dia 1º de abril de 1960, era lançada a icônica bota/coturno Dr. Martens 1460. Essa primeira versão oficialmente britânica era feita em couro napa (pele fina e macia), como o couro de carneiro ou de cabra por meio de um curtimento especial, e com 8 ilhoses na cor vermelho-cereja.
   

Desde o começo as botas da marca inglesa foram um grande sucesso tanto entre homens quanto mulheres. Os primeiros clientes foram carteiros, policiais, fazendeiros e operários que trabalhavam no chão de fábrica, e precisavam de um calçado resistente e confortável. Eles gostaram do conforto durante as longas caminhadas e jornadas e da resistência que a sola possuía a óleos (escorregadios). Um fato curioso e surpreendente foi que as donas de casa (na época, não era tão comum uma mulher sair para trabalhar) também aderiram ao calçado.
  

Mas um fator foi determinante para o sucesso inicial das botas Dr. Martens. A década de 1960 vivenciava uma onda de mudança sem precedentes na sociedade. Foram anos de novas ideias, agitação cultural e, eventualmente, revoluções sociais. Esta atmosfera radical trouxe também uma moda mais extravagante. Os jovens não queriam ser como seus pais, vestindo roupas de cor cinza conformista dos anos de 1950. E foi em meio a toda essa confusão que algo incrível aconteceu: jovens rebeldes excluídos da camada alta da sociedade começaram a usar a bota Dr. Martens como um símbolo da classe trabalhadora. E durante anos as botas Dr. Martens carregaram a credibilidade dessa classe. Um bom exemplo era um político do partido trabalhista, chamado Tony Benn, que só usava botas Dr. Martens na tentativa de expressar solidariedade com os sindicatos.
  

Outro fator importante para a popularidade da botas Dr. Martens foi o movimento skinhead (não confundir com o significado atual). Eram jovens multi-culturais, amantes do gênero musical ska, que defendiam orgulhosamente o estilo da classe trabalhadora britânica, antes do movimento ser sequestrado por forças racistas. Os jovens adeptos a esse movimento começaram a comprar as botas da marca por um motivo: o modo como o couro era cortado na parte da frente da bota para revelar os bicos de aço, as faziam serem vistas como armas, dando mais segurança para quem as usava.
  

Quando as botas Dr. Martens já eram calçadas por grupos de jovens ingleses da classe trabalhadora, uma grande revolução aconteceu em 1967 e impulsionou-as para os holofotes dos festivais de rock e para a visibilidade dos movimentos de contra-cultura. Um fato contribuiu para isto: em Londres, um homem esguio, magro e narigudo, entrou em uma loja de roupas para trabalho, comprou um macacão azul escuro e ao avistar uma bota com sola de borracha da Dr. Martens, resolveu levá-la também. Este homem era Pete Townshend, líder da banda The Who, uma das personalidades mais influentes da época (e na história do rock). O guitarrista do The Who foi uma das primeiras celebridades a calçar a bota Dr. Martens como um símbolo de orgulho da classe trabalhadora. A atitude agressiva da bota proporcionava força e confiança para todos os que as usavam, e talvez tenha sido esse principal elemento responsável por democratizar a Dr. Martens. A música “Uniforms”, de Peter Townshend, tem um trecho que representa bem este sentimento: “It don’t matter where you’re from, what matters is your uniform. Wear your braces ’round your seat, Dr. Martens on your feet”.
  

Essa iniciativa mudou a história da marca, que deixou de ser um acessório para o trabalho, e se tornou essencial para a cultura da época. Ao final da década de 1970, as botas da Dr. Martens haviam se tornado um forte símbolo de expressão pessoal no coração da cultura juvenil britânica. Nos anos de 1980, foi notado um crescimento na venda dos tamanhos masculinos menores, mostrando que as mulheres também eram fãs do estilo britânico. Foi então que a Dr. Martens iniciou a venda dos coturnos e botas femininos. Além disso, populares bandas americanas começaram a levar a moda e as botas da marca para a costa leste, criando tendência entre os consumidores americanos. Já na década de 1990, o grunge transformou o mundo da música e levou a Dr. Martens para milhões de jovens ao redor do mundo. Foi nesta década que a marca inaugurou suas primeiras lojas próprias na Inglaterra. A partir dos anos de 2000, a marca ampliou sua oferta de produtos ao lançar sapatos, sandálias e botas steel-toed, feitos exclusivamente com os solados AirWair.
  

Mais de 50 anos após o lançamento da marca em solo britânico, a Dr. Martens precisou se reinventar. A juventude moderna passou a ter mais consciência ambiental e, portanto, evitando qualquer tipo de pele, camurça, pelo, lã ou seda, além de não utilizar colas que contenham produtos animais ou derivados. Retornando às raízes da marca, de que todos pudessem usar os seus produtos, em 2011 foi lançada a coleção vegana Dr. Martens com os modelos clássicos da marca. Mantendo a mesma qualidade de produção, mas com materiais cruelty free: o calçado é feito com sarja, um tecido leve, mas duradouro. Além da bota clássica, outras opções veganas surgiram, como por exemplo, os sapatos femininos Polly T-Bar e botas de plataforma, ambos feitos com “Cambridge Brush”, um material sintético brilhante que dá a aparência final de couro natural. O ano de 2011 também foi marcado por uma tentativa mal-sucedida de lançar uma linha de vestuário.
  

Em 2013, a família Griggs vendeu a Dr. Martens para o grupo de participações privadas Permira em uma transação avaliada em US$ 410 milhões. Além disso, a marca lançou uma linha de acessórios composta por meias, além de bolsas e mochilas em couro. Antes da pandemia, a Dr. Martens estava investindo cuidadosamente em sua expansão internacional. A empresa incorporou Miami e Houston à rede de lojas nos Estados Unidos em setembro de 2019 e estava concentrando sua presença física na França e na Alemanha. Porém, durante a pandemia - com a maioria de suas lojas e grandes varejistas de calçados fechados por meses em virtude de lockdowns - a operação digital da marca impulsionou as vendas, e a Dr. Martens comercializou 700 mil botas/coturnos a mais nos seis meses até o final de setembro em comparação com o mesmo período do ano anterior.
  

As botas e coturnos Dr. Martens já superaram associações passadas negativas, pois eram calçados símbolos nos pés de hooligans e fascistas. Os conceitos de auto-expressão e rebeldia ainda são o cerne da marca, e o grande apelo de seus calçados é justamente o seu histórico riquíssimo. Mas em sua essência, a Dr. Martens está totalmente vinculada à música. Sem a música, e as subculturas que existem ao redor dos gêneros musicais, ela seria apenas mais uma bota de trabalho.
  

Os slogans 
Tough as you. (2019)
Stand for Something. (2013) 
Forever. (2007) 
Outside of ordinary. (2004) 
With Bouncing Soles. (1960)
   

Dados corporativos 
● Origem: Inglaterra 
● Fundação: 1 de abril de 1960
● Fundador: Bill Griggs 
● Sede mundial: Londres, Inglaterra 
● Proprietário da marca: Dr. Martens Plc 
● Capital aberto: Sim (2021) 
● CEO: Kenny Wilson
● Faturamento: £672 milhões (2019/2020) 
● Lucro: £74.8 milhões (2019/2020) 
● Valor de mercado: £4.9 bilhões (março/2021) 
● Lojas: 130
● Presença global: 65 países 
● Presença no Brasil: Sim 
● Funcionários: 1.500 
● Segmento: Moda casual 
● Principais produtos: Botas, calçados e acessórios 
● Concorrentes diretos: Timberland, Wolverine, CAT, Red Wings Shoes, Oak Street, L.L. Bean, Hunter e Steve Madden 
● Ícones: O coturno 1460 
● Slogan: Tough as you.
● Website: www.drmartens.com 

A marca no mundo 
A Dr. Martens vende anualmente mais de 11 milhões de pares de calçados, incluindo seus tradicionais coturnos e botas, em mais de 65 países ao redor do mundo. Apesar de contar com 130 lojas próprias em todo o mundo, a maior parte da receita vem da venda por meio de outros varejistas. Em 2020, a loja online, que espera ser “o principal motor de crescimento nos próximos anos”, foi responsável por um quinto das vendas, que totalizaram £672 milhões. 

Você sabia? 
A influência das botas Dr. Martens é histórica. Por exemplo, Viv Albertine, guitarrista da banda punk Slits, quebrou as normas e inovou ao se tornar, provavelmente, a primeira mulher a usar a bota tradicionalmente masculina com um vestido. Já Elton John ousou ao utilizar botas Dr. Martens gigantes em uma ópera rock, do The Who. 
A marca frequentemente é referida como Doc Martens


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek e Exame), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand) e Wikipedia (informações devidamente checadas). 

Última atualização em 2/3/2021

10.8.17

RED WING SHOES


Há mais de um século a RED WING SHOES é uma das melhores e mais respeitadas fabricantes de botas e calçados do mundo. Durante esse período, o compromisso de alta qualidade e durabilidade por trás de cada calçado, fez com que a marca estivesse nos pés de mineradores, vaqueiros, lenhadores, operários, caçadores e motociclistas, que literalmente “construíram a América”. O que um dia foi uma bota para trabalho pesado hoje é também perfeita no guarda roupa de qualquer um. Mas não se engane. Até mesmo as botas e calçados da linha casual são feitos para durar. 

A história 
Tudo começou em 1905 quando o imigrante alemão e habilidoso vendedor de sapatos Charles H. Beckman, juntamente com mais 14 investidores, fundou uma fábrica de calçados na pacata cidade de Red Wing, estado americano do Minnesota. Inicialmente a pequena empresa produzia botas para a indústria de mineração local, pois seus trabalhadores necessitavam de calçados resistentes e seguros para enfrentar o árduo trabalho. A primeira bota da marca foi vendida por US$ 1.75. Esse primeiro modelo (work boot original) era feito em couro e combinava cadarço e fivelas para ajustes no encaixe. As botas eram (e ainda são) produzidas em parceria com o curtume S.B. Foot Tanning, que opera desde 1872. Hoje, ele pertence à própria RED WING SHOES (foi adquirido em 1987), para desenvolver seus couros especiais.


Devido à alta qualidade de suas botas o sucesso não demorou e rapidamente a RED WING SHOES se tornaria para qualquer cidadão norte-americano, mesmo os que viviam em grandes cidades, sinônimo de calçados resistentes e duráveis. Com dez anos de existência a empresa já produzia mais de 200 mil pares de calçados por ano. A empresa mudou radicalmente seu foco durante a Primeira Guerra Mundial, passando a produzir coturnos de couro para os soldados americanos, tornando-se um dos principais fornecedores de calçados militares. O término da guerra gerou um boom na economia e atividades industriais americanas, aumentando muito a demanda por calçados de trabalho. Foi então que a RED WING SHOES expandiu sua linha de produtos e começou a fabricar calçados para cada tipo de profissão. O catálogo então contava com botas para carteiros, fazendeiros, lenhadores, eletricistas, operários e até para trabalhar em plataformas de petróleo (lançada em 1920). Em 1926 a marca lançou sua primeira bota feminina, conhecida como Gloria. O logotipo alado da marca apareceu pela primeira vez em 1928.


Se a década anterior tinha sido excelente para a empresa, a Grande Depressão que assolou os Estados Unidos deixava claro que a década de 1930 seria muito difícil. A contração da economia quase acabou com o mercado de botas, e a RED WING SHOES respondeu com a produção de modelos mais baratos. Foi lançada então a No.99 Boot, que nunca apareceu nos catálogos oficiais da marca. Essa bota era vendida por apenas 99 centavos (o que seria mais ou menos US$ 15 nos valores de hoje). Apesar das dificuldades econômicas do país, a década também foi marcada por grandes lançamentos, como por exemplo, a Billy Boot, uma bota infantil para os aventureiros e escoteiros mirins. Essa bota tinha um bolso lateral para canivetes e virou uma campeã de vendas. Foi em 1934 que a marca lançou sua primeira bota com biqueira de aço, inaugurando uma nova era na segurança do trabalho. Essa década também assistiu ao aparecimento do estilo Engineer Boots, botas sem cadarço para motociclistas.


Durante a Segunda Guerra Mundial a empresa novamente voltou sua produção para os coturnos militares. A empresa produziu desde botas de paraquedista aos coturnos tradicionais estilo “boondocker”, o design mais icônico de botas da Segunda Guerra Mundial. Outra inovação para manter a fábrica produzindo e combater a crise durante a guerra foi a venda móvel (Mobile Shoe Sales), onde a própria RED WING levava os calçados e botas até as fábricas, atendendo os clientes sem intermediários. O verdadeiro sucesso global da marca começou em 1950 com o lançamento da linha The Irish Setter Sport Boots, inicialmente com o modelo Red Wing 854, uma bota especialmente desenvolvida para caçadores. Essa linha tinha esse nome como uma referência ao cachorro da raça Setter Irlandês, cujos pelos eram da mesma cor do couro das primeiras botas. O couro era tingido usando um extrato de casca de sequoias gigantes da Califórnia.


Mas o sucesso da Irish Setter atingiria seu auge em 1952, mesmo ano em que o logotipo da linha surgiu e cuja inspiração foi um verdadeiro cão setter irlandês chamado “Red Mike of Doxmoe”, com o lançamento do modelo “moc toe” Red Wing 877 (usado por Jack Nicholson no clássico filme Um Estranho no Ninho). Essas famosas botas com solado branco tinham o nome “moc toe” em referência ao design do bico. A costura em “u” lembra a construção mocassim. O objetivo dessas botas de cano alto eram elevar a altura da costura e assim dificultar a entrada da água. Essa bota de cano mais alto foi vendida inicialmente como um calçado esportivo (para caçadores e pescadores), mas fez enorme sucesso entre os fazendeiros. Essa clássica bota provou ser uma companheira ideal, proporcionando durabilidade e conforto para quem estava nas fazendas e nas fábricas. Uma história conta que a sola branca foi desenvolvida para os fazendeiros e caçadores. O desenho da sola não tinha ranhuras proeminentes para evitar o acumulo de terra e outros resíduos. Mas também, fez surgir uma anedota: dizem que a sola branca era para as esposas baterem o olho e mandar o marido limpar antes de entrar em casa. A versão de cano mais baixo (conhecida como modelo 875) veio logo em seguida quando o mercado industrial pediu uma versão mais baixa, pois não precisava da mesma proteção contra os elementos que fazendeiros e caçadores necessitam. Foi o modelo “moc toe” que transformou a RED WING SHOES em uma das marcas de botas mais conhecidas dos Estados Unidos, ajudando a marca a se estabelecer na Europa e depois no Japão, um de seus maiores mercados.


Outra novidade da década foi a bota Pecos, lançada em 1953. Esse modelo combinava durabilidade e conforto com o estilo das botas country. Além disso, em 1956, foi apresentado o modelo 898, primeira bota a se caracterizar pelo isolamento, que foi muito apreciado pelos caçadores que passavam longas horas em condições de frio. Ainda nos anos de 1950, a empresa iniciou a inauguração de lojas próprias, ingressando no varejo de calçados. A década seguinte tem início com o lançamento em 1963 do modelo RED WING 888, bota que apresentava couro de canguru verde e era embalada em uma caixa revestida de vinil. Essas botas eram vendidas com um par de meias e uma lata de produto para realizar a manutenção do couro. Em 1964, para atender a alta demanda por seus calçados e botas a empresa inaugurou uma segunda fábrica, muito próximo da original. No final da década, em 1968, foi lançada a primeira bota da linha Irish Setter com couro impermeável. Os solados também ganharam melhorias com o modelo chamado SuperSole®, que tinha a sola presa ao cabedal através de um processo que prometia durabilidade e conforto bem superiores. As inovações continuaram nos anos seguintes, como por exemplo, em 1986 com o lançamento da bota 855, cujo couro de camada dupla proporcionava total impermeabilidade.


Nos anos de 2000 os japoneses resolveram encomendar um modelo especial que replicava o couro e os detalhes de uma tradicional bota RED WING da década de 1950. O sucesso foi tanto que o mercado japonês começou a pedir mais modelos antigos do catálogo da marca. Os clientes desejavam usar essas botas, não para o trabalho, mas como complemento de estilo (lifestyle). A empresa viu neste episódio uma grande oportunidade de negócios e, em 2008, lançou a RED WING HERITAGE, responsável por recriar as botas mais clássicas na história da marca. Essa linha oferece botas tipo coturno, chelsea, desert, moc toe, entre outras. Nos últimos anos a RED WING diversificou sua linha de produtos de couro com o lançamento de cintos, luvas, carteiras e malas, além de acessórios como meias, palmilhas e produtos para conservação dos calçados. Além disso, apresentou tecnologias inovadoras para suas botas, como por exemplo, em 2013 com a RPM™, um material compacto que reduz significativamente o peso da bota, ao mesmo tempo em que aumenta o conforto e a durabilidade extrema. Uma das mais recentes novidades da marca, lançada em 2015, é a bota de caça de borracha Rutmaster 2.0, com tecnologia ExoFlex™, uma combinação inovadora de design e materiais, tornando-a fácil de colocar e tirar.


Apesar de ter globalizado sua operação, mais da metade das botas RED WING ainda são feitas em território norte-americano, com materiais e componentes locais, contando inclusive com o próprio curtume. A tecnologia e os requerimentos dos ambientes de trabalho pesado mudaram, e a marca acompanhou esse movimento com botas mais modernas sem deixar para trás seu rico passado. Com botas e calçados marcados pela longevidade e atemporalidade, elas provam que a qualidade do produto e a satisfação dos clientes nunca saem de moda. Hoje em dia, a RED WING SHOES tem como principal mercado as botas de segurança e botas para trabalho pesado. A tecnologia dos calçados evoluiu bastante desde o lançamento da primeira bota da marca e atualmente atendem características específicas para cada profissão de risco.


O ícone 
A bota RED WING IRON RANGER é talvez o miar ícone da marca. Tem esse nome em homenagem aos moradores de uma região chamada “Mesabi Iron Range”, uma área montanhosa e remota ao norte do estado de Minnesota, muito rica em minério de ferro. E foi justamente lançada na década de 1930 para os mineradores com o nome de Style No. 8111 Iron Ranger. A principal característica do modelo é um detalhe utilitário para garantir a durabilidade necessária. A camada dupla de couro no bico, costurada com duas camadas de pontos duplos é uma antepassada das biqueiras de aço. A parte de trás da bota também é reforçada por uma camada extra de couro que firma o calcanhar e o tornozelo. O bico é bem arredondado e relativamente alto. O cano tem uma inclinação super característica dessa bota. Já o tipo de couro é o “Amber Harness”, feito especialmente para a empresa, em seu curtume próprio. É um couro grosso, maleável e bastante oleado para garantir muita impermeabilidade.


A evolução visual 
O tradicional logotipo da marca, adotado oficialmente em 1928, passou por pequenas mudanças ao longo dos anos.


Os slogans 
Built to fit. Built to last. 
Work is Our Work. 
Hand crafted, purpose-built boots made with pride.


Dados corporativos 
● Origem: Estados Unidos 
● Fundação: 1905 
● Fundador: Charles H. Beckman 
● Sede mundial: Red Wing, Minnesota, Estados Unidos 
● Proprietário da marca: Red Wing Brands of America Inc. 
● Capital aberto: Não 
● CEO: David Murphy 
● Faturamento: US$ 750 milhões (estimado) 
● Lucro: Não divulgado 
● Lojas: 500 
● Presença global: 110 países 
● Presença no Brasil: Sim 
● Funcionários: 2.000 
● Segmento: Calçados 
● Principais produtos: Botas e sapatos 
● Concorrentes diretos: Wolverine, CAT, Oak Street, Dr. Martens, Alden, Timberland e L.L. Bean 
● Ícones: A bota Iron Ranger 
● Slogan: Built to fit. Built to last. 
● Website: www.redwingshoes.com 

A marca no mundo 
Atualmente a RED WING SHOES, que produz calçados para caça, trilhas e trabalho pesado, esta última linha inclusive atende as especificações de segurança da legislação dos Estados Unidos e Canadá, além de uma linha lifestyle, comercializa seus produtos em mais de 110 países ao redor do mundo. A marca tem uma rede de lojas próprias com mais de 500 unidades em vários países. A empresa possui duas fábricas principais, localizadas em Potosi, estado do Missouri, e em Red Wing, estado do de Minnesota, nesta última são produzidos diariamente 5.000 pares de botas. 

Você sabia? 
O nome e o logotipo da marca são homenagem a cidade e a um índio norte-americano chamado Red Wing, líder dos habitantes originais do território ao redor do rio Mississippi. 
Boa parte das botas da marca é feita com a construção “Goodyear Welted”, também conhecida como palmilhada. Essa é a maneira mais resistente de se fazer uma bota. São várias camadas e costuras para garantir conforto e durabilidade. 


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek e Time), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers). 

Última atualização em 10/8/2017

20.9.16

UGG®


Elas são confortáveis, apesar de esquisitas. Afinal mais parecem uma espécie de pantufa de cano alto forradas por dentro com lã de ovelha e couro de carneiro por fora. Mas são aconchegantes para os pés em climas frios. E se tornaram um verdadeiro fenômeno entre as celebridades e no mundo fashion. Elas são as botas da UGG®, que se transformou em uma das marcas mais desejadas do mundo, esquentando pés estrelados como os de Dua Lipa, Megan Fox, Cardi B, Gigi Hadid e Kendal Jenner. 

A história 
Para contar a história da UGG® é preciso primeiro saber a origem dessas botas que fizeram a marca famosa. Existe uma saudável disputa, entre Austrália e Nova Zelândia, por quem pode dizer que foi o inventor deste estilo de bota feita com couro de carneiro e lã de ovelha. Porém, segundo conta a história, essas botas se tornaram popular nas praias da Baía de Byron, onde os surfistas australianos começaram a usar calçados com couro de carneiro e forrados com lã de ovelha para se aquecerem entre as baterias de competições de surfe. Localizada na margem leste do continente australiano, a Baía de Byron ostenta mares de água cristalina com famosos pontos para a prática de surfe. As décadas de 1960 e 1970 foram marcadas pelo descobrimento desses pontos pelos surfistas que se dirigiam aos locais e permaneciam por semanas e, durante sua estadia, buscavam maneiras de manter os pés quentes e secos. Como a Austrália é abundante em couro de carneiro e lã de ovelha, os surfistas passaram a desenvolver artesanalmente uma espécie de bota que manteria a umidade longe de seus pés. Outra história conta que elas foram criadas por tosquiadores - profissionais que retiram a lã da ovelha - para impedir que os dedos dos pés congelassem nos galpões em que trabalhavam.
   

Deixando a disputa pela criação do calçado de lado, surge outra polêmica em relação ao nome: descritas como ugs, uggs ou ughs (trocadilhos com a palavra “ugly”, ou feio) devido a sua aparência controversa e rústica. Segundo muitos, as botas receberam seu nome na Primeira Guerra Mundial, quando pilotos australianos usaram “uggs voadoras”, ou botas de couro de carneiro que ficavam bem acima do joelho para impedir que suas pernas congelassem nas cabines despressurizadas dos aviões da época.
   

Já a história da marca UGG® começou no ano de 1978 quando o jovem surfista australiano Brian Smith (imagem abaixo) chegou à costa sul da Califórnia trazendo uma mala com algumas dúzias das tradicionais botas de couro de carneiro (forradas com lã), na esperança de que os surfistas locais compartilhassem a paixão que ele desenvolvera pelo produto em sua terra natal. As praias da Califórnia sempre foram o epicentro de um estilo de vida relaxado e casual, levando Brian a achar este clima perfeito para estas botas. Os exemplares foram vendidos rapidamente e Brian percebeu um enorme potencial para esse produto. Foi então que Brian e seu sócio Doug Jensen, com apenas US$ 500, criaram em Santa Monica a marca UGG® AUSTRALIA para vender essas tais botas. As inesquecíveis botas, inicialmente importadas da Austrália e a sensação única que proporcionavam para os pés, rapidamente se disseminaram entre os surfistas locais, estabelecendo inicialmente a UGG® como uma marca masculina.
   

Em meados de 1980, a marca passou a ser um símbolo do estilo de vida e da cultura dos californianos, ganhando espaço em lojas de surfe e outros estabelecimentos comerciais por toda a costa da Califórnia - desde San Diego e San Francisco a Santa Cruz. Além disso, por ser um modelo unissex, as mulheres também começaram a usar as botas. Rapidamente as botas da UGG® alcançaram o mercado além da praia, surgindo aos poucos nas vitrines de lojas em grandes e pequenas cidades e, no inverno, passaram a ser vendidas em lojas de esqui, se tornando tendência em badaladas estações de esqui como Aspen e Vail, ambas no estado do Colorado. A marca ganhou atenção e destaque internacional depois que suas botas foram usadas pela equipe olímpica dos Estados Unidos em Lillehammer para as Olimpíadas de Inverno de 1994.
   

Em agosto de 1995 e com vendas que alcançavam mais de US$ 18 milhões, a marca chamou a atenção da Deckers, uma empresa de calçados e acessórios, que adquiriu a UGG® e começou a transformar suas botas em calçados de luxo e populares no universo fashion. Em 1998 a coleção da UGG® era constituída por duas botas (cano alto e cano baixo), quatro chinelos e alguns modelos de calçados casuais. Foi então que a empresa começou a investir em branding, distribuição - para lojas mais premium e selecionadas, como a Nordstrom (conheça essa outra história aqui) - e estratégia de marketing para tornar a UGG® uma marca mais conhecida entre os consumidores de alto poder aquisitivo. A curiosidade da mídia catapultou rapidamente as botas UGG® para as revistas de moda mais emblemáticas, o que contribuiu para que elas se tornassem populares nos lugares mais cosmopolitas do mundo, aparecendo nas ruas de Nova York, Londres ou Amsterdã.
 

A história da marca começaria a mudar a partir da década de 2000, quando suas botas literalmente começaram a cair no gosto das celebridades e do mundo da moda, ganhando ainda mais visibilidade depois que a carismática apresentadora Oprah Winfrey declarou seu amor por suas botas UGG® em seu popular programa de televisão. O impacto foi instantâneo. E a marca agiu rápido presenteando Oprah com 350 pares de botas para que ela pudesse dar de presente para sua plateia. A partir daí, as botas começaram a aparecer nos pés de celebridades como Sarah Jessica Parker, Kate Hudson, Avril Lavigne, Sienna Miller e Cameron Diaz, e invadiram a cultura popular, se tornando presença constante nos sets de gravação do seriado Sex and the City. Tudo isso ajudou a transformá-la em uma marca cultuada.
   

E esse enorme interesse pelas botas chegou aos fabricantes das “uggs genéricas” na Austrália, criando então uma polêmica que parece não ter fim. Embora as botas já fossem, havia décadas, produzidas por um pequeno segmento industrial na Austrália, a imagem caseira delas contrastava bruscamente com a imagem sofisticada que a UGG® cultivava nos Estados Unidos. Em 2003 a UGG® criou as botas nas cores azul bebê e rosa clássico. Pela primeira vez na história, suas icônicas botas foram vendidas em tons pastéis. E foi outro enorme sucesso. O investimento para transformar as botas UGG® em ícones fashion deu resultado e, a partir de 2004, elas começaram a ser presença constante nas passarelas de moda em Paris, Milão e Nova York. Foi um verdadeiro burburinho no mundo da moda.
   

Além disso, em 2006 a UGG® inaugurou sua primeira loja própria em Nova York (no badalado bairro do SoHo), deixando sua marca na capital do mundo da moda. Ainda esse abriu outra loja em Tóquio, dando seu primeiro passo rumo à expansão internacional, começando a ganhar espaço também nos mercados da Europa e Ásia. Em 2008 a UGG® inaugurou uma loja em Xangai, sendo a primeira das 50 unidades que seriam abertas no país. A marca também inaugurou duas lojas em Londres, aumentando sua presença internacional e proporcionando aos fãs britânicos um local para vivenciarem a experiência UGG® em primeira mão.
  

Pouco depois, em 2009, a marca em parceria com o estilista Jimmy Choo (conheça essa história aqui) lançou uma coleção de botas que se tornou um enorme sucesso. Reconhecida por seu brilho, em 2010 a UGG® fez outra parceria, desta vez com a Swarovski® (saiba mais aqui), oferecendo suas botas com designs customizados com cristais. A UGG® também inaugurou novas lojas (decoradas com mobílias em dois tons de cáqui, românticas luzes indiretas e prateleiras de alumínio polido) em cidades como San Francisco, Chicago, Honolulu e Nova York, que nada se pareciam com as acanhadas lojas de família e postos de gasolina na Austrália em que “botas ugg genéricas” ainda são vendidas.
   

Em 2012, além de inaugurar sua primeira loja totalmente dedicada ao público masculina - batizada de UGG® for Men - em plena Quinta Avenida em Nova York, abriu uma loja em Paris, adicionando a França a sua lista de expansão internacional, que já incluía Japão, China, Coréia do Sul, Taiwan, Rússia, Canadá, México e Reino Unido. Além disso, a marca diversificou sua linha de produtos com o lançamento de calçados para bebês e crianças, sapatilhas, botas de couro, pantufas, sandálias, sapatos casuais, meias, luvas, gorros, acessórios (como bolsas) e até uma pequena linha de roupas para ficar em casa, que incluía pijamas e robes extremamente aconchegantes.
   

Em 2013 a marca lançou sua primeira linha Home, composta por tapetes, cobertores, travesseiros e outras peças para casa. Pouco depois, a marca apresentou o material UGGpure, uma luxuosa lã natural tecida em um suporte durável, que melhorava a experiência geral do produto. Ainda esse ano, UGG® by You foi lançado no outono, oferecendo clássicos da marca completamente customizáveis. O programa de customização UGG By You continuou seu sucesso no outono de 2014 com customizações que incluíam mais de 11.000 possibilidades de combinações de cores, decalques da Swarovski® e charmes de monogramas, além de laços coloridos.
  

No ano de 2016 e, após 38 anos, a UGG® apresentou a nova geração de seu popular modelo de bota. Batizada de Classic II e tendo como embaixadora global a bela atriz e modelo Rosie Huntington-Whiteley, o novo modelo incluía uma sola exterior com a tecnologia Treadlite - para uma maior tração e amortização - enquanto a tecnologia Scotchgard™ Protector ajudava a repelir a água e as manchas, tornando-as mais duráveis, leves e confortáveis. Outra novidade foi a inauguração de uma moderna loja dentro do complexo Disney Springs em Orlando, onde é possível encontrar coleções exclusivas da marca baseadas em personagens da Disney (conheça essa outra história aqui). Em 2019 a marca desembarcou oficialmente no Brasil, primeiro com comércio eletrônico e pouco depois com a inauguração de uma loja própria no Shopping Iguatemi em São Paulo.
  

No final de 2019, a marca voltou a chamar a atenção mundial com sua campanha de Natal estrelada pelo músico Ziggy Marley e sua família, incluindo sua mulher, Orly, e seus sete filhos. A campanha “Give the Gift of UGG®” trazia o espírito natalino com a família Marley apresentando novos estilos festivos de calçados, incluindo chinelos aconchegantes, sandálias e muito mais. Em 2020 a UGG® estreou no segmento de roupas prontas para vestir sazonais, incluindo casacos, moletons, calças, entre outras peças. Mais recentemente, em 2024, a UGG® anunciou suas primeiras botas veganas em uma colaboração com a designer Collina Strada. Os materiais do calçado são feitos com cana-de-açúcar, Tencel e microfibra de poliéster reciclada.
  

Apesar do enorme sucesso, as botas UGG®, caracterizadas pelo exterior em tons terrosos e acolchoamento super confortável no lado de dentro, são uma das maiores polêmicas do universo da moda. Afinal, há quem ame e defenda que o modelo é extremamente confortável e esquenta os pés. E há quem odeie argumentando que, além de muito cara, o volume extra da bota deixa a silhueta do corpo sem harmonia. Mesmo assim, é um sucesso extraordinário quando se pensa que na Austrália, até anos atrás, essas botas de couro de carneiro eram um produto rejeitado e ninguém com um mínimo de amor próprio aceitaria ser visto fora de casa com o calçado. Mas sejam as botas rejeitadas ou respeitadas, elas se tornaram um fenômeno no segmento mundial de calçados. Afinal, o conforto de uma bota UGG®, pode facilmente tornar-se uma experiência única, onde o luxo autêntico vai muito mais além da qualidade dos materiais deste icônico calçado.
   

A evolução visual 
A identidade visual da marca passou por remodelações ao longo dos anos. O logotipo original foi registrado em 1985 nos Estados Unidos, sendo composto por uma cabeça de carneiro com as palavras “Original UGG® Boot UGG® Australia”. A última remodelação ocorreu em 2016, quando o logotipo foi simplificado, perdendo a palavra “Australia”. A mudança ocorreu porque a Comissão Australiana de Concorrência e Consumidor investigou a UGG® por fazer referência à “Austrália” em sua marca, o que foi considerado enganoso e ilusório e, portanto, violava as leis de proteção ao consumidor e concorrência leal. Afinal a UGG® é uma marca californiana e não australiana.
  

Os slogans 
Feels Like UGG®. (2024) 
A lighter way to go. (2015) 
This Is UGG®. (2014) 
For gamechangers. (2013) 
Your fashion, our passion.
   

Dados corporativos 
● Origem: Estados Unidos 
● Fundação: 1978 
● Fundador: Brian Smith e Doug Jensen 
● Sede mundial: Goleta, Califórnia, Estados Unidos 
● Proprietário da marca: Deckers Outdoor Corporation 
● Capital aberto: Não 
● CEO: Stefano Caroti 
● Faturamento: US$ 2.23 bilhões (2023/2024) 
● Lucro: US$ 349.5 milhões (2023/2024) 
● Lojas: 140 
● Presença global: 130 países 
● Presença no Brasil: Sim 
● Segmento: Moda de luxo 
● Principais produtos: Botas, calçados, roupas e acessórios 
● Concorrentes diretos: Aussie Uggs, EMU Australia, UGG Australia®, UGG Since 1974™, Bearpaw, Sorel, Timberland, Wolverine e Hunter 
● Ícones: As botas de couro de carneiro forradas com lã de ovelha 
● Slogan: Feels Like UGG®. 
● Website: br.ugg.com/ 

A marca no mundo 
Atualmente a marca UGG®, que pertence a Deckers Outdoor Corporation (proprietária também da badalada marca esportiva Hoka), comercializa seus produtos - além das famosas botas forradas com lã de ovelha, uma diversificada linha de calçados, acessórios e roupas - em mais de 130 países ao redor do mundo, com faturamento anual superior a US$ 2 bilhões. Os produtos são vendidos através de aproximadamente 140 lojas próprias (seis delas no Brasil) e outlets, e em renomadas lojas de departamento. 


Você sabia? 
A expressão “Botas Ugg” é um termo genérico utilizado na Austrália e Nova Zelândia para botas de couro de carneiro. E a tremenda popularidade das botas UGG® nos últimos anos foi acompanhada de uma polêmica que, invariavelmente, acaba nos tribunais. No processo de transformar um calçado utilitário em um ícone onipresente da moda, a UGG®, motivou uma disputa internacional de patente que envolveu políticos, mudou a moda e mexeu com o nacionalismo dos australianos. 


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Vogue, Elle, BusinessWeek e Exame), jornais (The Wall Street Journal), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers). 


Última atualização em 23/9/2024 

O MDM também está no Instagram. www.instagram.com/mdm_branding

30.10.15

SKECHERS®


Quer seja um tênis de alta tecnologia para correr, um confortável chinelo para ficar em casa, um tênis infantil cheio de luzinhas para a criançada brincar a vontade ou uma bota para passear, a americana SKECHERS® oferece calçados para todos os pés. Com esse leque variado, responde às necessidades dos consumidores em todo o mundo, sendo reconhecida por aliar conforto, alta tecnologia, leveza, qualidade e tendências da moda em seus calçados a preços atrativos.  

A história
Tudo começou com Robert Greenberg, um veterano da indústria de calçados que, em 1983, havia fundado a L.A. Gear, empresa que nos anos seguintes se tornou uma das marcas de calçados e tênis mais populares do mercado americano, especialmente devido à febre da aeróbica entre as mulheres mais jovens. Após diversos problemas, incluindo financeiros, ele deixou a empresa e, em 1992, juntamente com seu filho Michael (imagem abaixo), fundou a SKECHERS®, em Manhattan Beach, na ensolarada Califórnia, que inicialmente era apenas uma distribuidora das famosas botas da britânica Dr. Martens (conheça essa outra história aqui). Porém, pouco tempo depois, após desentendimentos com a marca britânica, a empresa resolveu desenvolver e lançar sua própria linha de calçados em 1993. Inicialmente a SKECHERS® vendia botas utilitárias masculinas de cano longo e uma pequena linha de tênis para a prática de skate, esporte bastante praticado no estado da Califórnia.
  

O primeiro calçado de relativo sucesso da marca foi o Chrome Dome, lançado em 1993 como uma bota unissex inspirada pelas tendências da moda grunge da época, com enorme solado e tecido desgastado e desbotado. O sucesso entre o público jovem foi tão grande, que a SKECHERS® passou vender seus produtos em grandes lojas de departamento do país, como por exemplo, a Nordstrom (conheça essa história aqui). Em 1994 a SKECHERS® deu seus primeiros passos para se tornar uma marca internacional com o início da distribuição de seus calçados na Austrália, Nova Zelândia, África do Sul e Japão. No ano seguinte a empresa inaugurou sua primeira loja própria na cidade californiana de Manhattan Beach, ingressando assim no varejo calçadista. Além disso, a marca expandiu-se para o segmentos de roupas casuais masculinas e infantis.
   

Pouco depois, em 1997, além de inaugurar sua primeira loja em Nova York, a SKECHERS® lançou sua linha de calçados infantis para meninas e meninos. Em 1998 lançou, mesmo que de forma tímida, uma linha de tênis masculino para prática esportiva, batizada de SKECHERS® SPORT. A linha feminina seria lançada no ano seguinte. Em 1999 alcançou sucesso mundial com o tênis Energy. Nessa época, a SKECHERS® já havia lançado mais de 900 modelos de calçados. No ano de 2000, com aproximadamente 50 lojas próprias localizadas em cidades turísticas, a marca contratou a primeira celebridade para endossar uma linha de seus produtos: a cantora Britney Spears. O impacto de Spears na SKECHERS® gerou um burburinho entre garotas jovens ao redor do mundo, o que chamou a atenção ainda mais para seus produtos. O ano seguinte foi marcado pelo lançamento do calçado casual Grand Prix (uma espécie de sapatênis) e pela inauguração de lojas próprias em grandes cidades da Europa, como Londres, Düsseldorf e Paris, além de uma unidade em Tóquio.
   

Já em 2002, além de contratar o ator Robert Downey Jr. para promover a marca internacionalmente, a empresa continuou ingressando em novos mercados no continente europeu e lançou a linha SKECHERS® WORK, com calçados voltados para trabalhos profissionais, que exigem segurança, durabilidade e conforto para os pés. No ano de 2003 inaugurou novas lojas na Europa (Madri e Amsterdã) e uma loja conceito em plena Times Square, em Nova York, um dos locais turísticos mais movimentados do mundo.
   

Em 2004, além de lançar a popular linha de calçados Bikers (uma espécie de sapatilha esportiva), iniciou a distribuição direta na Europa através de seis novas subsidiárias e, já no ano seguinte, superou US$ 1 bilhão em faturamento. Pouco depois, em 2007, dando prosseguimento ao seu plano de expansão internacional, a empresa inaugurou sua primeira subsidiária na América Latina, localizada no Brasil. Além disso, a marca lançou o D’Lites, uma versão leve do tênis Energy original, que se transformou em um enorme sucesso. Em 2008, com mais de 200 lojas próprias em funcionamento, a SKECHERS® inaugurou suas primeiras unidades na China. Esse ano também foi marcado pelo lançamento da popular linha infantil Twinkle Toes, calçados com brilho e aplicações de paetês, cheios de estilo e ares lúdicos. O encantamento para as crianças ficava por conta das luzes que acendiam em diversas partes do calçado.
   

Até agosto de 2009 uma empresa de nicho, a SKECHERS® lançaria um calçado que a transformaria mundialmente. Era o Shape-Ups®, um tênis com solado arredondado e super alto que simulava o caminhar na areia da praia e ajudava a tonificar as pernas e o bumbum, além de melhorar a postura com o tempo. Para alardear sua inovação, a SKECHERS® utilizou uma estratégia pouco comum em um mercado dominado por grandes estrelas do esporte. Contratou pseudo-celebridades para endossar suas campanhas publicitárias (que carregavam o slogan “Get in shape without setting foot in a gym”, algo como “Fique em forma sem precisar ir à academia”), como a socialite americana Kim Kardashian e ex-participantes dos reality shows The Bachelor e American Idol. O sucesso foi tamanho, que em 2010, foram vendidos mais de 50 milhões de pares dos tênis “milagrosos”.
   

Em 2011, a empresa criou oficialmente a divisão SKECHERS® PERFORMANCE™, que oferece tênis esportivos que incorporam tecnologias avançadas, sejam elas para caminhar, treinar ou correr. Essa divisão trabalha em parceria com grandes atletas, que trazem experiência, conhecimento e paixão para o processo de criação de produtos inovadores. Além disso, lançou a linha de tênis e roupas esportivas de performance SKECHERS® GOrun, voltada para atletas. No ano de 2012 lançou as linhas de tênis SKECHERS® GOwalk, indicado para caminhadas e de extremo conforto, cujo solado permite interagir com qualquer superfície e induz a uma passada natural, e que obteve um sucesso explosivo; e SKECHERS® GOgolf, calçados para a prática de golfe.
   

Em meados de 2013, a marca inaugurou sua primeira loja em solo brasileiro, localizada na cidade de Brasília, oferecendo as três principais linhas que formam o DNA da SKECHERS®: infantil, casual e performance. Na época, um dos grandes sucessos da marca era a palmilha de espuma viscoelástica Memory Foam, empregada nos calçados esportivos e casuais, e que contorna os pés trazendo sensação de conforto imediato. Essa palmilha tem como característica principal a “memória”. A tecnologia faz com que a espuma se comporte de maneiras diferentes, consoante a temperatura. Quando está fria é mais dura e, à medida que fica mais quente, vai-se tornando mais maleável e suave, adaptando-se à forma do pé.
   

Nessa época a SKECHERS® havia se tornado referência por criar calçados para a prática de corrida com a tecnologia Mid-FootStrike, que induz a pisada com a parte central do pé, promovendo uma passada mais próxima da natural, como se estivesse descalço, o que favorece o desempenho e melhora a postura. Outra novidade da época era o GOrun 2, uma nova geração de calçados de corrida (pesa apenas 190 gramas), projetado com inovadoras tecnologias que promoviam a pisada com o médio pé. Já o modelo GOspeed foi desenvolvido juntamente com o maratonista número 1 dos Estados Unidos - Meb Keflezighi - para que a sensação de impacto na região média do pé seja mínima. Em 2017 ocorreu o lançamento da SKECHERS® STREET, uma linha com foco na tendência athleisure, que combina peças atléticas com casuais.
  

Em 2022 a marca lançou um enorme sucesso: a tecnologia Hands-Free Slip-ins®, tornando mais fácil calçar e tirar os sapatos. A exclusiva tecnologia permite calçar os tênis sem precisar se abaixar ou usar as mãos, simplesmente colocando o pé e deslizando-o para frente. Isso graças à tecnologia Slip-Ins®, aplicada no contraforte (parte da área do calcanhar do sapato), que fornece o suporte necessário para que o pé se encaixe perfeitamente no calçado, sem que a parte traseira amasse ou dobre. Outra tecnologia que complementa o calçado é a Heel Pillow™, um tipo de almofada que garante extremo conforto à parte de trás dos pés e permite que eles fiquem seguros e firmes no lugar. Outra tecnologia de sucesso da marca é a HYPER BURST™, uma espuma na entressola (a parte do tênis que fica entre a palmilha e a sola que entra diretamente em contato com o solo), que se destaca por oferecer um amortecimento simultaneamente macio e responsivo, ideal para corredores que buscam conforto sem perder o desempenho.
    

Em 2023 a SKECHERS® anunciou o ingresso no segmento de futebol e basquete, introduzindo novos calçados, usados ​​e promovidos pelo jogador da seleção inglesa Harry Kane e pelos jogadores da NBA Julius Randle, Terance Mann e Joel Embiid. As primeiras chuteiras da marca seriam lançadas no ano seguinte. Em março de 2025, a SKECHERS® foi adquirida pela 3G Capital, gestora de investimentos dos empresários brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, em um negócio avaliado em mais de US$ 9 bilhões.
   

A comunicação estrelada 
A SKECHERS® segue o mantra “Unseen, Untold, Unsold” (Não visto, Não comentado, Não vendido), que, embora não seja um slogan, orienta a sua estratégia de marketing, focada em tornar a marca e os seus produtos amplamente conhecidos e desejáveis. E para isso, a marca sempre teve uma grande conexão com a cultura jovem, utilizando em suas campanhas publicitárias populares celebridades como o baterista Ringo Starr; as cantoras Demi Lovato, Britney Spears e Christina Aguilera; o ator Robert Downey Jr.; a modelo e atriz Kelly Brook; as apresentadoras Martha Stewart e Brooke Burke; o rapper Snoop Dogg; os lendários jogadores de futebol americano Joe Montana, Joe Namath e Tony Romo; as estrelas do beisebol Pete Rose e Mariano Rivera; a vencedora do The Voice americano Danielle Bradbery; o lendário pugilista Sugar Ray Leonard; entre outros. Além disso, desde 2010, a SKECHERS® tem sido uma anunciante regular do Super Bowl, final do futebol americano profissional e maior palco publicitário do mundo.
  

Em março de 2019, a SKECHERS® lançou uma campanha publicitária comparativa e agressiva - intitulada “Just Blew It” - para destacar o incidente do tênis defeituoso de Zion Williamson com a rival Nike (saiba mais aqui). O anúncio zombava da rival após um incidente em que o tênis Nike usado por Zion Williamson, um então promissor jogador de basquete universitário, rasgou durante um jogo, resultando em uma lesão no seu joelho. O anúncio mostrava uma imagem de um tênis rasgado e a frase “Just Blew It” (algo como “Acabou de Rasgar”), uma paródia do famoso slogan “Just Do It”. A mensagem “We won't split on you” (em tradução livre “Não vamos rasgar em você”) foi adicionada ao anúncio para destacar a durabilidade dos calçados SKECHERS® em contraste com o incidente.
   

Em 2022 a marca voltou a anunciar no Super Bowl com uma campanha estrelada por um dos maiores nomes da música de todos os tempos: Willie Nelson. O lendário artista aparecia em dois comerciais filmados em seu rancho perto de Austin, no estado do Texas: “On the Road” (assista aqui) e “Legalize” (assista aqui). O primeiro filme mostra a famosa música “On the Road” cantada por pessoas comuns e afirma que os consumidores podem voltar a pegar a estrada, seja trabalhando na construção civil, levando o cachorro para passear, correndo ou indo para o escritório. Já o segundo filme oferece uma versão divertida de sua defesa da legalização (mas desta vez, do conforto).
  

Em uma de suas mais recentes campanhas, lançada em 2025 para divulgar o tênis AERO Burst™, a marca resolveu utilizar como protagonistas um bando de zumbis. No filme - intitulado “Scary Fast: Zombies” - um grupo de adolescentes ri à distância, provocando um bando de zumbis preguiçosos por sua lenta caminhada. Mas tudo muda quando os mortos-vivos se deparam com uma loja SKECHERS® e conhecem o novo AERO Burst™. Esse tênis de corrida inovador apresenta um design aerodinâmico que proporciona uma combinação emocionante de velocidade, estilo e conforto para ajudar corredores (vivos ou mortos) a cortar o vento enquanto percorrem quilômetros.


A evolução visual
A identidade visual da marca passou por algumas remodelações ao longo dos anos. A primeira delas ocorreu em 1998, quando a identidade visual ganhou nova tipografia de letra e o tradicional S foi totalmente estilizado, adquirindo um maior impacto visual. Mais recentemente a marca passou a utilizar como logotipo somente o nome da marca (aplicado em azul-marinho, preto ou azul-claro).
   

A marca também utiliza o popular S estilizado como logotipo em algumas situações (como por exemplo, no ambiente digital) e em seus produtos. O símbolo pode ser usado em três cores: azul-marinho, preto ou azul-claro.
  

Os slogans  
The Comfort Technology Company®. 
Comfort that performs. (2025) 
Go Like Never Before. (2012) 
Look right. Feel right. (2009) 
Right fit. Right now. (2008) 
Rock out with style. (2007) 
Always there for whatever you wear! (2006) 
The shoes that can breathe. (2006)  
From Skechers®. (2006)  
Redefining style! (2003) 
Skechers®, It’s the S. (1992)
  

Dados corporativos  
● Origem: Estados Unidos  
● Fundação: 1992  
● Fundador: Robert e Michael Greenberg  
● Sede mundial: Manhattan Beach, Califórnia, Estados Unidos  
● Proprietário da marca: Skechers USA Inc.  
● Capital aberto: Não (subsidiária da 3G Capital)  
● CEO: Robert Greenberg  
● Presidente: Michael Greenberg  
● Faturamento: US$ 8.97 bilhões (2024)  
● Lucro: US$ 639.5 milhões (2024)   
● Lojas: 5.298  
● Presença global: 180 países  
● Presença no Brasil: Sim  
● Funcionários: 20.100  
● Segmento: Calçados e Moda  
● Principais produtos: Sapatos, tênis, botas e roupas  
● Ícones: O tradicional S estilizado  
● Slogan: The Comfort Technology Company®.  
● Website: www.br.skechers.com  

A marca no mundo  
A SKECHERS® - terceira maior produtora de calçados do mundo - vende sua vasta linha de produtos através de aproximadamente 5.300 lojas próprias (apenas 14 no Brasil), lojas on-line e grandes varejistas mundiais, em mais de 180 países. Nos Estados Unidos é a segunda marca de calçados mais vendida (em 2024 foram comercializadas 297 milhões de unidades), sendo a líder no segmento infantil. A empresa, que faturou US$ 8.97 bilhões em 2024, projeta, desenvolve e comercializa mais de 3.000 modelos de calçados para homens, mulheres e crianças.  

Você sabia?  
● O Centro de Distribuição da empresa em Rancho Belago, na Califórnia, é um dos maiores do mundo, com capacidade para distribuir mais de 100 milhões de calçados todos os anos. 
China e Vietnã são dois dos principais polos de fabricação dos produtos SKECHERS®. 


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, Isto é Dinheiro e Exame), jornais (Meio Mensagem e Estadão), sites especializados em Marketing e Branding (Interbrand e Mundo do Marketing), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers).

Última atualização em 30/8/2025 

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