13.6.06

THE NEW YORK TIMES


Ele é conhecido pelo primor de seus textos jornalísticos. Tornou-se uma bíblia e referência para o mundo pelo prestígio. Corre a lenda que uma notícia só adquire status depois de publicada em suas páginas. O jornal tem milhares de anunciantes, o que lhe dá independência econômica e política. Chega a esnobar certos anúncios de milhares de dólares, mesmo em época de crise, e ainda se acha no direito de criticar algumas dessas propagandas. Essa é a personalidade do THE NEW YORK TIMES, o jornal mais conhecido e conceituado do mundo, e talvez a voz mais ressonante e respeitada na América.

A história
O tradicional jornal americano foi fundado em 18 de setembro de 1851 pelo jornalista e político Jarvis Raymond e o banqueiro George Jones com o nome New-York Daily Times, com tiragem matutina todos os dias da semana, exceto no domingo. O jornal foi lançado tendo como público alvo uma parcela mais intelectualizada do público da cidade. Em 1857 o jornal passou a se chamar THE NEW YORK TIMES. As edições de domingo começaram a ser vendidas no dia 21 de abril de 1861 devido ao interesse do público na cobertura da Guerra Civil Americana. Não demorou muito para que a influência do jornal transpassasse as fronteiras de Nova York. Em 1883, como parte de uma verdadeira guerra por participação de mercado, o preço do jornal foi reduzido a 2 centavos de dólar para concorrer com o The Sun e o The World.


Em 1896, quando passava por dificuldades financeiras, o jornal foi adquirido pela bagatela de US$ 75.000 por Adolph Simon Ochs, um editor da cidade de Chattanooga. Nesta época, ele cunhou a famosa campanha publicitária com o slogan “All the news that’s fit to print” (em tradução livre “Todas as notícias dignas de publicação”), que até os dias de hoje aparece na primeira página do jornal. O novo editor revolucionou o THE NEW YORK TIMES. Ele queria um jornal capaz de ter semelhança com uma mesa de café, na qual “não se maculasse a toalha da manhã”. As ideias empregadas para obter um produto de qualidade incluíam imparcialidade, noticiário completo, escrito de forma concisa, atraente, com linguagem polida, e saindo mais cedo. Sua influência dentro do jornal foi tamanha que as recomendações e a filosofia implantada por ele são seguidas com fervor quase religioso até os dias de hoje. Eis a fórmula adotada por Ochs, a qual foi se aperfeiçoando, de acordo com as mudanças da sociedade e as exigências do leitor: THE NEW YORK TIMES é a mais sólida instituição familiar dos Estados Unidos. Os descendentes continuam participando ou influenciando no seu destino. Nenhum governo quis briga com o jornal. Sempre que os presidentes daquele país são convidados para uma cerimônia ou entrevista, na sua sede, comparecem. Houve casos em que o jornal foi consultado pelo governo sobre a nomeação de algumas autoridades. Lyndon Johnson tinha um telefone direto com o comando do jornal. John Kennedy, que estudou jornalismo, trabalhou por duas vezes no órgão.


Ganhou seu primeiro Prêmio Pulitzer (o mais importante do jornalismo mundial) para reportagens jornalísticas e artigos sobre a Primeira Guerra Mundial em 1918. No ano seguinte realizou sua primeira entrega transatlântica para Londres através de um dirigível. Era apenas o início de uma grande expansão internacional do jornal. Em 1946, o jornal lançou a edição internacional (conhecida como INTERNATIONAL EDITION), mas parou de publicá-la em 1967 quando se juntou aos jornais Herald Tribune e The Washington Post para publicar o International Herald Tribune em Paris. Em 1974 a redação do jornal entrou na era dos computadores, ganhando muito mais agilidade e qualidade. Os cadernos especiais (Sports Monday, Science Times, Living e Home) com assuntos específicos como esportes, ciências, decoração, entre outros, começaram a circular entre 1976 e 1978. O jornal entrou na “Era das Cores” em 1997 quando a primeira fotografia colorida de capa foi publicada em 16 de outubro: era do jogador de Beisebol Tony Fernandez da equipe do Cleveland Indians.


Nos últimos anos, a “Bíblia do jornalismo americano”, está sufocada por pesadas dívidas (US$ 1.1 bilhões), pela recessão e principalmente pela Internet, problemas que se somaram a decisões duvidosas do grupo empresarial, como a compra do Boston Globe e a construção de uma nova e suntuosa sede na Oitava Avenida, no coração de Nova York. Especula-se que o jornal poderia operar só na Internet de segunda a sábado, preservando em papel a edição dominical – nela, anúncio avulso em cor e página inteira custa em torno de US$ 270.000. Mas ninguém descobriu como viabilizar-se financeiramente na Internet, arrecadando o bastante para bancar um jornalismo de alto padrão. O site do próprio THE NEW YORK TIMES é um bom exemplo. É uma pérola do jornalismo on-line. Com mais de 33 milhões de visitantes por mês (somente nos Estados Unidos), oferece perfis e gráficos interativos, tem um arquivo com matérias do século XIX, áudios e vídeos de qualidade irretocável e oferece links até para a concorrência. Mas, por enquanto, não se sustenta. Em média, seus visitantes ficam no site 35 minutos – por mês. Ou 1.10 minutos por dia. Não dá tempo de ler nem um gibi. É como se os internautas passassem numa banca, dessem uma olhada nos títulos expostos e fossem embora. Sem ler nada. E para piorar, mandar repórteres ao Darfur, à Amazônia ou ao Tibete, e manter correspondentes em várias localidades do mundo, custa muito caro ao jornal.


Porém este panorama começou a mudar quando o jornal lançou, em março de 2012, a versão paga da sua edição digital, que em poucos meses vendeu mais 100.000 assinaturas, um número que pode ser considerado bom. Os utilizadores da versão paga desembolsam mensalmente um valor entre US$ 15 e US$ 35, de acordo com a plataforma de acesso. O jornal continua com uma versão gratuita limitada à primeira página e a vinte artigos por mês, limite após o qual o leitor é convidado a subscrever a assinatura do jornal. Os assinantes da versão impressa têm acesso garantido à versão integral da edição digital sem custos acrescidos. Recentemente o jornal americano revelou ao mundo sua intenção de produzir uma versão digital da publicação em português a partir do segundo semestre de 2013.


A linha do tempo
1861
Em 11 de dezembro é publicada a primeira ilustração de capa feita por Henry J. Raymond.
1893
O jornal começou a ser impresso com partes coloridas.
1896
Começa a circular junto com o jornal aos domingos a revista Sunday Magazine, mostrando as primeiras fotografias exibidas no jornal.
1910
Acontece a primeira entrega do jornal via aérea para a cidade da Filadélfia.
1919
Tornou-se o único jornal do mundo a editar o Tratado de Versailles.
1942
As famosas palavras-cruzadas foram publicadas pela primeira vez, passando a serem publicadas diariamente no jornal somente em 1950.
1946
Início da publicação da sessão de moda.
1949
As primeiras previsões do tempo são publicadas em 2 de fevereiro.
1967
O topo da primeira página foi totalmente reestilizado.
1978
Lançamento da seção de negócios na edição do dia 17 de maio.
1980
Início da publicação da Edição Nacional em Chicago.
1984
Início da publicação das programações das televisões a cabo no jornal em 29 de janeiro.
1987
A edição de domingo de 13 de setembro foi publicada contendo 1.612 página, um recorde para a época.
1996
Lançamento de sua página na Internet (NYTimes.com). Atualmente recebe mais de 33 milhões de visitantes mensalmente somente nos Estados Unidos (e outros 48 milhões no mundo), sendo a página de Internet de jornal mais acessada do mundo. O site tem o slogan “All the News That’s Fit to Click”.
2004
Lançamento em 29 de agosto da nova revista chamada The New York Style Magazine.
Relançamento de inúmeras seções como Real Estate (imobiliário), SunadyBusinness (negócios), Book Review & Culture (cultura) e Travel (viagens).
2006
Lançamento no dia 5 de fevereiro da revista de esporte do jornal chamada PLAY.
Lançamento no dia 10 de setembro da revista imobiliária do jornal chamada KEY.
2008
Lançamento da TIMES READER, versão digital do jornal para iPhone. A versão para iPad foi introduzida em 2010.
2012
Lançamento da versão em chinês de seu site (cn.nytimes.com). Apesar disso, a relação com a China não é das melhores. O país censurou no dia 26 de outubro a informação do jornal de que a família do primeiro-ministro Wen Jiabao, que sempre recorda suas origens modestas, possui uma fortuna oculta de pelo menos US$ 2.7 bilhões.


A influência do jornal
O jornal THE NEW YORK TIMES, conhecido como “A velha dama cinzenta” (“the Old Gray Lady”), tornou-se famoso não apenas pelos furos de reportagens, uma de suas especialidades. Na tragédia do Titanic em 14 de abril de 1912 esteve à frente dos acontecimentos. Abocanhou quase uma centena do mais famoso prêmio de jornalismo do mundo, o Pulitzer. Por diversas vezes envolveu-se em processos, por crimes de informação, saindo-se quase sempre vitorioso, ao alegar o espírito da Primeira Emenda à Constituição Americana. O mais famoso dos processos travado com o governo diz respeito à publicação de documentos secretos do Pentágono, sobre a Guerra do Vietnã. Para ter uma ideia da qualidade do jornal, em 2001, recebeu nada menos que 6 prêmios Pulitzer pela sensacional cobertura dos atentados terroristas de 11 de setembro às Torres Gêmeas. Em toda sua história conquistou 108 prêmios Pulitzer, o mais importante de jornalismo e literatura do mundo. Ao longo de 15 décadas o THE NEW YORK TIMES conquistou o poder de conferir credibilidade quase absoluta às notícias e às análises que estamparam suas páginas e sempre se orgulhou de ostentar no alto da primeira página o slogan “Todas as notícias dignas de publicar”. Atualmente, seu staff, composto por aproximadamente 1.000 jornalista e mais de 40 fotógrafos, está entre os mais respeitados do mundo.


A sede
A famosa Times Square foi nomeada assim por causa do jornal, que no dia 2 de janeiro de 1905 mudou sua sede para a região no famoso Times Tower. A região recebeu este nome, pois o tradicional jornal era chamado por seus leitores de Times. Cerca de 7 anos mais tarde, com o jornal crescendo rapidamente e precisando de mais espaço físico, sua sede foi mudada novamente para um prédio anexo localizado no 229 West 43rd Street. Em junho de 2007, o jornal deixou sua tradicional sede, que ocupou por quase 100 anos, e mudou-se para as novas instalações, na Oitava Avenida, a poucos quilômetros da antiga sede. O novo edifício, projetado por Renzo Piano com custo estimado de US$ 550 milhões, que acolhe a redação do THE NEW YORK TIMES, tem 52 andares de altura e é revestido em cerâmica e cristal, sendo dotado das mais modernas tecnologias. Devido a grave crise financeira, o NYT foi forçado, devido ao pesado endividamento, a vender parte do prédio (21 andares dos 52) por US$ 225 milhões em 2009.


Os slogans
Expect the World. (1997)
All the news that’s fit to print. (1896)


Dados corporativos
● Origem: Estados Unidos
● Fundação: 18 de setembro de 1851
● Fundador: Henry Jarvis Raymond e George Jones
● Sede mundial: New York City, New York
● Proprietário da marca: The New York Times Company
● Capital aberto: Sim
● Chairman & CEO: Arthur Sulzberger Jr.
● Editor: Jill Abramson
● Faturamento: US$ 2.3 bilhões (2011)
● Lucro: - US$ 39.7 milhões (2011)
● Valor de mercado: US$ 1.3 bilhões (novembro/2012)
● Leitores: + 6 milhões diariamente
● Presença global: 160 países
● Presença no Brasil: Sim
● Funcionários: 7.270
● Segmento: Mídia
● Principais produtos: Jornais e sites de notícias
● Concorrentes diretos: The Wall Street Journal, Financial Times, Los Angeles Time e The Washington Post
● Ícones: As manchetes da primeira página
● Slogan: All the news that’s fit to print.
● Website: www.nytimes.com

A marca no mundo
Um dos jornais mais lidos do planeta, com mais de 6 milhões de leitores diários, possuí 27 escritórios (bureaus ou sucursais) nos Estados Unidos e 26 no exterior, tendo uma tiragem diária, somente nos Estados Unidos, de 1.3 milhões de cópias, alcançando 1.8 milhões de cópias nas edições de domingo. Existem três edições do famoso e renomado jornal: New York, Northeast (servindo Washington e New England) e a Nacional. O jornal custa US$ 2.50 (de segunda-feira à sábado) e US$ 5 (edição de domingo). A versão digital do jornal conta com aproximadamente 500 mil assinantes. O acervo digital do NYT é impressionante: são mais de 13 milhões de artigos.

Você sabia?
O tradicional NYT pertence à THE NEW YORK TIMES COMPANY, que também publica outros jornais de grande circulação como o International Herald Tribune e o The Boston Globe e controla outros dezoito jornais e cinquenta sites.


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Newsweek, BusinessWeek, Forbes, Fortune, Time e Isto é Dinheiro), jornais (Valor Econômico e Meio Mensagem), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers).

Última atualização em 7/11/2012

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