Quem escreve com caneta sempre carregou um peso, uma responsabilidade infinitamente superior às pessoas que utilizam lápis: “se errou, não dá pra apagar”. Esta afirmação era verdadeira até o surgimento de um líquido mágico, de cor branca, batizado de LIQUID PAPER. Depois de sua invenção o ditado “Errar é humano” caiu no esquecimento para milhões de escritores ao redor do mundo.
A história
A história começou em 1951 quando a secretária executiva e digitadora de um importante banco (Texas Bank and Trust) da cidade de Dallas, estado americano do Texas, Bette Nesmith Graham (imagem abaixo), cansada de passar borracha nos papéis para corrigir os constantes erros ortográficos e datilográficos, inventou um método eficaz e rápido para corrigi-los sem rasuras ou sujeira. O produto, batizado inicialmente de Mistake Out (em inglês algo como “Elimina Erros”), era um líquido branco, à base de água, que secava rapidamente, para ser passado com um pincel de esmalte de unha por cima da palavra datilografada incorretamente. A ideia agradou e outras secretárias começaram a utilizar o produto, que na época era embalado em pequenos vidros verdes.
Seus companheiros de trabalho, impressionados com a eficácia do produto sugeriram que a secretária iniciasse a fabricação e venda do produto ao público em geral. Finalmente em 1956, ela fundou a Mistake Out Company e no mesmo ano trocou o nome do produto para LIQUID PAPER (algo como “líquido para papel”), além é claro de patentear a invenção. Conseguiu contratar um negociante de material de escritórios, um professor de química e um trabalhador de uma fábrica de tintas. Foi então que transformou a sua cozinha em um verdadeiro, mas improvisado, laboratório, misturando um produto melhorado com algumas substâncias químicas com a ajuda de uma batedeira elétrica. Seu filho Michael e seus amigos enchiam os potes para os clientes. A produção era feita manualmente pela própria Bette na cozinha de sua casa. Mas o negócio não foi bem. Ao final de 1957, a empresa vendia apenas 100 vidrinhos por mês.
No ano seguinte, quando Bette tinha sido despedida do banco em que trabalhava e passou a se dedicar em tempo integral a empresa, uma popular revista de material de escritório, incluiu o corretor LIQUID PAPER entre os produtos oferecidos. A demanda do líquido mágico aumentou e muito. Com isso, em 1961 a empresa mudou-se para um pequeno escritório nos fundos de sua casa. A primeira fábrica da empresa, com máquinas automáticas e 19 empregados, foi inaugurada somente em 1968 para suprir essa enorme demanda. Nesse ano a empresa vendeu 1 milhão de vidrinhos de LIQUID PAPER. Em 1975 o produto começou a ser exportado para 31 países ao redor do mundo, com a produção excedendo 25 milhões de vidrinhos anualmente. No mês de outubro de 1979, a tradicional Gillette Company comprou a empresa - então com vendas superiores a US$ 38 milhões e 200 funcionários - por aproximadamente US$ 48 milhões, que passou a fazer parte da divisão Paper Mate (conheça essa outra história aqui).
No dia 12 de maio de 1980, Bette Graham faleceu aos 56 anos de idade devido à complicações de uma embolia. Pouco depois, a empresa introduziu no mercado os corretores líquidos coloridos. Com a explosão da era do computador, a marca lançou em 1987 a linha LIQUID PAPER COMPUTER CARE, composta por 17 produtos como limpadores de teclados. LIQUID PAPER chegou ao Brasil nesta época e rapidamente se tornou popular e presença indispensável em qualquer estojo escolar. O produto, que vinha embalado em um pequeno vidro com rótulo preto, tinha o criativo slogan “É líquido e certo”. Além disso, a marca já havia introduzido o LIQUID PAPER JUST FOR COPIES, corretor específico para ser usado em textos impressos, fotocópias ou documentos de fax; e o LIQUID PAPER PEN & INK, especialmente formulado para tintas de canetas como esferográfica, tinteiro, rollerball ou marcadores.
No início da década de 1990, mais dois novos produtos foram lançados, aumentando o portfólio da marca. As novidades foram à linha Dryline (corretores que não deixavam o líquido marcar as folhas subsequentes) e a caneta corretiva, prática e fácil de manusear, sendo ideal para correções mais precisas. Pouco depois, em 1994, a LIQUID PAPER lançou no mercado a fita corretora, que fazia as correções no papel, mas com a vantagem de funcionar a seco. No ano de 2000, a divisão Paper Mate, então pertencente à Gillette (conheça essa outra história aqui), foi vendida para a Newell Rubbermaid (atual Newell Brands), proprietária de marcas famosas como as canetas Parker (saiba mais aqui), as velas Yankee Candle (conheça essa história aqui), os marcadores Sharpie (saiba mais aqui), e que passou assim a ser proprietária da LIQUID PAPER.
Nos anos seguintes, a marca cresceu ainda mais, adicionou novos produtos à sua linha (como o LIQUID PAPER 2 in 1, que podia ser aplicado com pincel, para erros maiores, e também com caneta, para correções menores como letras e números) e continuou sendo presença certa em escritórios, estojos escolares e papelarias do mundo inteiro.
A evolução visual
O logotipo da marca LIQUID PAPER passou por algumas remodelações no decorrer dos anos. A última delas ocorreu anos atrás, quando o logotipo ganhou um visual mais moderno, colorido e impactante.
Corrects it all big or small. (2008)
Make it right. (2002)
The Perfect Solution. (1984)
A little drop, a lot of help. (1982)
A solution for every correction problem. (1980)
É líquido e certo. (1987, Brasil)
La Gota Magica. (1986, Venezuela)
Dados corporativos
● Origem: Estados Unidos
● Lançamento: 1956
● Criador: Bette Nesmith Graham
● Sede mundial: Atlanta, Geórgia, Estados Unidos
● Proprietário da marca: Newell Brands Inc.
● Capital aberto: Não
● CEO: Chris Peterson
● Faturamento: Não divulgado
● Lucro: Não divulgado
● Presença global: 90 países
● Presença no Brasil: Sim
● Segmento: Papelaria
● Principais produtos: Corretores de escrita
● Slogan: Corrects it all big or small.
● Website: www.papermate.com/erasers-corrections
A marca no mundo
Os produtos com a marca LIQUID PAPER são comercializados em mais de 90 países ao redor do mundo. Atualmente a marca pertence à empresa americana Newell Brands sob a chancela da marca Paper Mate.
Você sabia?
● Entre os brasileiros, o produto foi carinhosamente conhecido pelo apelido de “Branquinho”.
● O único filho da inventora do produto, Michael Nesmith, falecido em 2021, era músico e compositor, e mais conhecido por ter sido membro do The Monkees, uma das bandas de pop-rock mais famosas da década de 1960 nos Estados Unidos.
As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek e Time), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand) e Wikipedia (informações devidamente checadas).
Última atualização em 1/4/2024
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