É justo dizer que cenas pitorescas da história mundial, retratos importantes de fatos que marcaram época, só foram possíveis devido a uma empresa alemã que revolucionou o mercado de câmeras fotográficas no início do século XX. As câmeras da alemã LEICA são sem dúvida uma das mais cobiçadas e caras do mercado. Sua reputação de alta qualidade fez com que grandes fotógrafos do passado, construíssem sua fama com uma câmera LEICA nas mãos, uma verdadeira “extensão do olho”, que criou uma nova escola dentro da fotografia. Para a marca seus produtos têm uma única missão: proporcionar as melhores imagens.
A história
As origens da marca LEICA remontam ao ano de 1911 quando o engenheiro Oskar Barnack começou a trabalhar na fábrica de lentes e microscópios Ernst Leitz Optische Werke, fundada em 1869 e localizada na pequena cidade alemã de Weztlar. Ele era apaixonado por fotografia e pela mais recente invenção da época, o cinema. Enquanto fotografava e filmava suas viagens pelas montanhas, Oskar sentia o esforço e a falta de mobilidade, em virtude de sua saúde fraca, de carregar as pesadas câmeras de chapas e estava disposto a deixar de usar essas câmeras de placa de vidro, que ficavam fixas sobre tripés. Depois de muitas pesquisas e estudos, em 1913, ele desenvolveu um protótipo com uma caixa de metal e uma lente semelhante as que eram utilizadas nos microscópios da época, que tinha velocidade única de obturador (1/40s). Além disso, ele colocou um mecanismo para utilizar o filme para cinema, só que ampliou o tamanho do fotograma para 24 x 36 mm, o dobro do utilizado na época, pois acreditava que este formato permitiria ampliações sem perder a qualidade dos detalhes. Pronto, estava criada a primeira máquina fotográfica portátil da história.
Pouco depois, em fevereiro de 1914, o modelo Ur-Leica já fazia fotografias com sucesso. O nome LEICA surgiu de uma combinação das palavras Leitz Camera. Com o início da Primeira Guerra Mundial o projeto teve que ser interrompido e só foi retomado em 1920, quando Oskar após ter fotografado uma enchente em Wetzlar resolveu implantá-lo. No entanto, ele percebeu que alguns ajustes teriam que ser feitos, como por exemplo, procurar um design de lente que fosse mais compatível com o tamanho da película da Ur-Leica. Só assim as imagens poderiam ser ampliadas em até dez vezes sem perder praticamente nada de detalhes. Foi então, que outro projetista da Leitz, o Doutor Max Berek, criou a lente que ele estava procurando. Ela tinha distância focal de 50 mm e abertura f/3.5.
Para começar a ser produzida, a primeira LEICA levou mais 10 anos, e somente em 1924 entrou em linha de produção, após Oskar convencer o dono da fábrica, Ernst Leitz II. Então foram produzidas 30 raríssimas unidades da LEICA 0. Na primavera do ano seguinte foi apresentada oficialmente ao público em uma feira de fotografia na Alemanha com o nome de LEICA I, que se tornou a primeira câmera 35 mm portátil que utilizava padrão de cinema em filme de 35 mm. Durante esse ano mais de 1.000 unidades foram fabricadas, e se tornou um sucesso absoluto entre os fotógrafos alemães. Em 1930 surgiu o primeiro modelo com lentes intercambiáveis, com base em uma rosca de 39 milímetros de diâmetro. Além da lente de 50 mm normal, uma angular de 35 milímetros de largura e uma lente de 135 milímetros teleobjetiva, estavam inicialmente disponíveis. A novidade conquistou imediatamente muitos fotógrafos e fez enorme sucesso no meio jornalístico, trazendo uma nova dimensão para a cobertura dos fatos através das imagens. Pouco depois, em 1932, já era estimado que aproximadamente 90 mil máquinas da marca alemã estavam em uso em toda a Europa. Ainda neste ano a empresa lançou a LEICA II, equipada com um mecanismo de telêmetro acoplado à lente de focalização. Este modelo tinha um visor separado (mostrando uma imagem reduzida) e medidor de distância (“rangefinder”), que dava um panorama de como seria capturada a imagem pelo fotógrafo.
Oskar Barnack faleceu em 1936, a tempo de ver seu projeto de câmera consagrado como o maior sucesso do mercado fotográfico, depois da própria invenção da fotografia. Foi inevitável que grandes fotojornalistas aderissem ao uso da LEICA pela qualidade das imagens e por ser leve e pequena, o que facilitava o trabalho do profissional que precisava estar sempre na rua. Durante os anos 1940 e 1950, com a fundação da agência parisiense de fotojornalismo, a LEICA foi imortalizada como câmera predileta de gênios como o francês Henri Cartier-Bresson, o húngaro Robert Capa e o polonês David Seymour. Um dos modelos da marca alemã que mais fizeram sucesso foi a LEICA M3, lançada em 1954 e que introduziu o sistema M, de encaixe de baioneta para lentes. Em 1961, a empresa computava a quantidade de 1 milhão de máquinas pelo mundo. E pouco depois, em 1965, lançou a LEICAFLEX, primeira câmera SLR da marca (SLR é a sigla para Single Lens Reflex, sistema no qual o fotógrafo vê exatamente a mesma imagem que vai ser exposta ao filme). Em 1984 a empresa lançou uma de suas máquinas de maior sucesso: LEICA M6, que possuía um medidor de luz moderno, fora do obturador, sem partes móveis e setas LED no visor. Em 1986, a empresa Ernst Leitz GmbH mudou seu nome para LEICA, muito em virtude da força e credibilidade que a marca havia conquistado no mundo. Neste momento, a empresa mudou sua fábrica de Wetzlar para a cidade vizinha de Solms. Em 1996, a divisão de câmeras foi separada da empresa e se tornou uma companhia de capital aberto.
Finalmente em 1998, o grupo dividiu-se em duas unidades independentes: Leica Microsystems (detentora da LEICA CÂMERAS) que produzia equipamentos de pesquisa geológica e Leica Geosystems (fabricante de microscópios). Com a chegada do novo milênio a marca alemã resolveu investir no luxo. Em estreita colaboração com a sofisticada francesa Hermès lançou uma máquina em edição limitada em couro e aço polido e um modelo retrô inspirado na clássica M3, dos anos de 1950. A parceria deu tão certo, que nos anos seguintes novos modelos, sempre em edição limitada, foram lançados no mercado, incluindo uma câmera M7 que “vestia” uma capa de pele de vitela ao preço de US$ 24 mil. A empresa chegou à beira da falência em 2004, quando as câmeras digitais se popularizaram no mercado e a LEICA, por sua vez, se mantinha analógica. Mas em 2009, a marca deu a volta por cima e passou a produzir mais de 300 mil câmeras por ano, ingressando assim no mercado de máquinas digitais. Em 2010, a empresa lançou no mercado a LEICA V-LUX 20, uma câmera digital compacta de alta qualidade para toda família, que rapidamente se tornou um sucesso de vendas. Mais recentemente a marca lançou a SOFORT, uma resposta ao fenômeno das máquinas fotográficas instantâneas e cujo nome deriva da palavra alemã para imediato. Hoje em dia a LEICA conta com modelos digitais como o da linha M, a M8, primeira câmera SLR digital desta série, mas sempre mantendo a tradição de qualidade de sistema ótico, e até a LEICA M MONOCHROM, uma câmera de 18 megapixels que tira somente fotos em preto e branco.
A lendária qualidade da marca baseia-se em uma longa tradição de excelência na construção de lentes. E hoje, em combinação com tecnologias inovadoras, os produtos LEICA continuam a garantir as melhores imagens em todas as situações de visualização e percepção. Cada câmera LEICA ainda traz um pouco do espírito daquele homem que, com sua ousadia e genialidade, mudaria para sempre aquilo que conhecemos como fotografia. A qualidade de seus produtos é tamanha, que as lentes LEICA estão presentes nas máquinas digitais LUMIX, produzidas pela japonesa Panasonic.
A superioridade
A revolução da fotografia em filmes de 35 mm iniciada pela marca alemã há mais de 100 anos fez com que a LEICA estampasse dois slogans: “uma parte integrante do olho” e “uma extensão da mão”, que durante anos definiriam seus produtos na cabeça dos consumidores. Tamanha inovação fez com que a empresa popularizasse o uso da máquina fotográfica, pois era mais barato adquirir uma câmera pequena e mais simples de executar os procedimentos para conseguir um instantâneo. Nas décadas seguintes, a LEICA criou fama de ser a câmera que se adaptava melhor para fotografias à luz natural, tanto que até hoje diversos fotógrafos renomados – tal como o brasileiro Sebastião Salgado – utilizam-na para retratar suas obras de arte.
Diz-se ainda que uma LEICA e suas lentes são eternas se bem cuidadas tamanha a robustez do equipamento. Além disso, a LEICA tem a reputação de possuir as lentes mais claras do mercado. Tamanha clareza permite ao fotógrafo o uso da câmera sem flash em ocasiões de pouca luz, algo que todo profissional valoriza. Em virtude disso suas câmeras são conhecidas por ser uma das poucas que têm permissão para serem operadas dentro de alguns tribunais devido à sua extrema suavidade ao fotografar (muito silenciosa). O estilo de construção das câmeras permanece similar aos modelos clássicos do início do século, o que serve para manter sua mística. Ser discreta, silenciosa, rápida e precisa são os preceitos que a nortearam durante décadas e isso bate com os dogmas do fotojornalismo. Apesar de diversas inovações na fotografia digital nos últimos anos e a crescente concorrência de marcas japonesas e de outras tantas nacionalidades, a LEICA permanece na mente de quem sabe que a fotografia não é apenas um clique, mas uma arte que vai além de capturar as imagens. Afinal, conquistou tudo isso sem deixar de lado a tecnologia de suas câmeras, que chegam a ser submetidas a 60 controles de qualidade nas fábricas de Famalicão, em Portugal, e Wetzlar, na Alemanha.
A evolução visual
A identidade visual da marca alemã passou por algumas remodelações ao longo da história. Sempre mantendo a mesma arquitetura (a letra L estendida), as mudanças ocorreram em relação á tipografia de letra. O logotipo atual ganhou um fundo circular vermelho.
Os slogans
Passion for the perfect picture.
A Thing of Beauty.
When it has to be right. (2009)
My point of view. (2001)
Fascination and precision. (2000)
The freedom to see. (1994)
Lifetime investment in perfect photography. (1958)
Makes better pictures easier. (1952)
Toda Leica tem alma.
Dados corporativos
● Origem: Alemanha
● Lançamento: 1914
● Criador: Oskar Barnack
● Sede mundial: Wetzlar, Alemanha
● Proprietário da marca: Leica Camera AG
● Capital aberto: Não
● Chairman: Dr. Andreas Kaufmann
● CEO: Oliver Kaltner
● Faturamento: €365 milhões (2015/2016)
● Lucro: Não divulgado
● Lojas: 73
● Presença global: 75 países
● Presença no Brasil: Sim
● Funcionários: 1.600
● Segmento: Ótico
● Principais produtos: Câmeras, lentes e binóculos
● Ícones: A qualidade de suas lentes
● Slogan: Toda Leica tem alma.
● Website: www.leica-camera.com
A marca no mundo
Atualmente os produtos da LEICA, que incluem câmeras fotográficas, lentes, binóculos, lunetas, monóculos para golfistas e até miras para rifles, são comercializados em mais de 75 países ao redor do mundo. A empresa possui ainda 73 lojas próprias (batizadas de LEICA STORES e LEICA BOUTIQUES) localizadas em cidades como Tóquio, Berlim, Paris, Moscou, Beijing, Xangai, Londres, Lisboa, Nova York, entre outras. A empresa, que possui somente duas fábricas no mundo, uma na Alemanha (Wetzlar) e outra em Portugal (Vila Nova de Famalicão), investe todos os anos aproximadamente €12.5 milhões em pesquisa e desenvolvimento de produtos, e possui forte penetração na Alemanha, Europa, Ásia e América do Norte. A marca inda possui 17 unidades da LEICA GALLERY, localizadas em cidades como São Paulo, Boston, Frankfurt, Milão, Los Angeles, Tóquio. É espaço cuja proposta é apoiar artistas, promover workshops e encontros, no intuito de gerar uma relação íntima entre fotografia, espectador e espaço expositivo.
Você sabia?
● Em 1979 a empresa criou o OSKAR BARNACK AWARDS, concurso que premia as melhores fotografias de cada ano.
● Hoje em dia, outras três empresas utilizam a marca LEICA: Leica Microsystems (microscópios e softwares de análise de imagem), Leica Biosystems (soluções de biópsia para o diagnóstico) e Leica Geosystems (produz e comercializa equipamentos e sistemas para topografia e geomática).
● A LEICA é, hoje, a “Louis Vuitton da fotografia”. Uma câmera da marca alemã pode chegar a somas estratosféricas. Foi o caso de um modelo vintage, criado pela empresa em 1923, leiloado pela bagatela de US$ 2.8 milhões em 2011, o que lhe conferiu o recorde de câmera fotográfica mais cara do mundo.
● As câmeras da marca LEICA sempre estiveram presentes em alguns dos momentos mais marcantes da história, como a Segunda Guerra Mundial ou os ataques de napalm no Vietnã, e captaram através de suas lentes personagens icônicos como Che Guevara ou James Dean.
As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek, Isto é Dinheiro e Exame), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers).
Última atualização em 25/3/2017
3 comentários:
só um comentário... a Leica é a "M6"!! a única foto que não puseste:)
é quase como fazeres um artigo da porsche sem meteres o 911:)
Um facto importante: JÁ HÁ MAIS DE 40 ANOS K ESTÁ SITUADO EM PORTUGAL UMA FÁBRICA LEICA, PRECISAMENTE EM VILA NOVA DE FAMALICÃO... FÁBRICAS MESMO DA LEICA SO EXISTE NA ALEMANHA E EM PORTUGAL. A LEICA EM PORTUGAL ASSEGURA 90% DA PRODUÇÃO MUNDIAL DE MÁQUINAS FOTOGRÁFICAS......... http://www.comercialfoto.pt/blog/20133/leica-inaugura-nova-fabrica-portugal.aspx
Tenho uma camera leica n 148585
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