Durante décadas o nome Pierre Balmain esteve associado a um conceito único de elegância, a um charme cinematográfico e reconhecido como um marco do mundo da moda de luxo. Caiu no ostracismo, mas ressurgiu das cinzas como uma verdadeira Fênix. Hoje em dia a essência da BALMAIN pode ser resumida em uma palavra: Incontrolável. A marca é sexy, confiante, moderna, mas ao mesmo tempo obcecada pelo passado e tradição de sua história. Tachas, vestidos curtos, calças com rasgos e aquele monte de brilho que a BALMAIN trouxe de volta à moda e fez algumas mulheres, principalmente celebridades como Angelina Jolie, Penelope Cruz, Kate Moss, Céline Dion e Kim Kardashian, gastarem seus milhares de dólares em roupas e acessórios da grife francesa.
A história
Das aulas de arquitetura para os ateliês de alta costura de Paris: assim foi o caminho do francês Pierre Alexandre Claudius Balmain (foto abaixo) para o mundo da moda. Ele nasceu no dia 18 de maio de 1914 na pitoresca cidade de Saint Jean de Maurienne, na região da Sabóia, no sul da França. Desde pequeno, costumava desenhar vestidos até que um dia mostrou seus esboços para o estilista Edward Molyneux. Nesta época Pierre estudava arquitetura na Escola de Belas Artes de Paris. Encantado com o trabalho, Edward lhe ofereceu um emprego como aprendiz em sua Maison, onde ficou durante 5 anos. No ano de 1936, entretanto, Pierre foi chamado para cumprir o serviço militar obrigatório. Após finalizá-lo, em 1939, se juntou a Maison do estilista Lucien Lelong, onde foi colega de Christian Dior e com quem trabalhou durante a ocupação alemã em Paris. Em 1943, o jovem estilista desenhou um vestido de crepe preto que fez muito sucesso e que deu o impulso decisivo em sua carreira. Com o fim do conflito mundial que devastou a Europa, Pierre Balmain resolveu criar sua própria Maison, em 1945, para atender a elite parisiense no pós-guerra. Seu estilo trazia o retorno da opulência, do charme e da elegância perdidos nos anos da guerra. Um estilo que ele mesmo batizou de “O novo estilo francês”. Desde o início o estilista prezava pela qualidade. Era famoso por seu rigor no trabalho. Sempre afirmava que “se durante as provas um vestido não estivesse com a estrutura correta, era melhor destruí-lo, porque nem mesmo um belo acessório poderia salvá-lo”.
Além de se antecipar a Christian Dior no lançamento de roupas com cintura bem marcada e saias mais compridas e rodadas, Pierre Balmain foi um pioneiro também na criação de uma linha prêt-à-porter, que passou a vender nos Estados Unidos, a partir de 1951. A grife do estilista fez muito sucesso no continente americano por ter sido capaz de traduzir a moda francesa em roupas que a mulher americana podia usar. Uma de suas marcas registradas dessa época foi a estola, feita dos mais diversos materiais, que se popularizou até bem longe dos requintados salões de alta costura. Estilista fino e elegante, Balmain vestia as mulheres com roupas que valorizavam seu corpo, e que dosavam na medida exata o clássico e uma comedida extravagância. Ele se tornou conhecido pelas saias de corte A, com uma base larga e uma cintura fina. Durante os anos de 1950, Pierre Balmain popularizou-se com variadas peças, como vestidos com transparências, casacos cintados, capas, entre outras. E nesse período se transformou em um embaixador da moda francesa no mundo. Exportava suas criações para outros países, fato que não era comum naquela época. Entre os quais estavam Austrália, Ásia e América do Sul, além de vários países do Oriente Médio.
Além disso, entre 1951 e 1972, Pierre Balmain desenhou peças para 16 filmes de Hollywood, entre os quais contavam obras do cinema com a participação de estrelas como Vivien Leigh e Mae West. Também concebeu peças para filmes franceses, incluindo o famoso “E Deus Criou a Mulher”, que apresentou Brigitte Bardot ao mundo. E chegou até a desenhar uniformes para aeromoças. Isto catapultou Pierre Balmain para o mundo e a alta sociedade. E conquistou uma clientela repleta de celebridades e figuras reais, como a Rainha Sirikit da Tailândia, Ava Gardner, Marlene Dietrich, Sophia Loren, Katherine Hepburn, entre outras. Após o lançamento de várias fragrâncias (Vent Vert foi o primeiro em 1947), em 1979, a marca apresentou ao mercado o Ivoire, um perfume que expressava todo o estilo de elegância da Maison BALMAIN. Este perfume trazia nas notas de cabeça uma quantidade maior de componentes. Isso resultou em uma fragrância profunda e intensa.
Pierre Balmain faleceu no dia 29 de junho de 1982. A marca passou para o comando de Erik Mortensen, assistente pessoal de Balmain desde 1951 e o colaborador mais próximo do estilista. Este manteve as tradições da marca, desenvolvendo peças atuais, mas mantendo o espírito do seu fundador. Apesar disso, a BALMAIN começaria a enfrentar seu pior momento dentro do universo da moda e um lento declínio. Em 1992, o cargo de diretor criativo foi assumido por um dos grandes nomes da moda, o estilista dominicano Oscar de La Renta, que ficou encarregado do departamento de Haute Couture da marca. Mas no início dos anos de 2000 a BALMAIN estava à beira da falência e tinha caído no ostracismo. O ressurgimento começou quando Christophe Decarnin assumiu o posto de diretor criativo em 2005, salvou a marca da falência e a colocou de volta no radar e nos holofotes da moda. O estilista ficou conhecido por investir em um estilo que remetia à herança couture de BALMAIN, misturando essas referências com o universo do rock. Ele criou coleções inspiradas em músicos e ícones fashion como Prince e Michael Jackson.
A partir de 26 de abril de 2011, o cargo de diretor artístico foi assumido por Olivier Rousteing, segundo mais jovem estilista, tinha apenas 25 anos, a já ter assumido uma Maison francesa da moda de luxo. E o jovem elevaria a BALMAIN a uma potência ao longo dos próximos anos. Mas tinha uma árdua missão: conquistar uma nova geração de consumidores e transformar a BALMAIN em uma grife global. Afinal, nesta época a BALMAIN tinha perdido projeção e apelo junto ao público e contava com uma única butique, em Paris. Inicialmente sua moda sexy, com roupas justas, cheias de recortes, foi massacrada pela crítica especializada, que achou tudo muito vulgar. Mas ele apresentou peças que se tornariam objetos de desejo, como por exemplo, os jeans e os tops e blusas, além do casting das campanhas publicitárias assinadas por ele reunirem as modelos mais disputadas do mundo da moda. Alvo de muitas críticas pela exuberância de suas peças, Olivier conseguiu com sucesso quebrar as regras de uma moda antiga e arcaica, reforçando um conceito de empoderamento e feminismo.
Além da imagem recuperada, Olivier também investiu na expansão da BALMAIN para outras áreas, como por exemplo, em 2013, quando lançou a Care and Styling for Hair Couture, uma sofisticada linha para tratamento de cabelo com xampus, condicionadores, máscaras de tratamento e cremes. Já para o lançamento da coleção de 2014, o estilista contratou a cantora Rihanna para estrelar a campanha publicitária, ficou amigo de Kim Kardashian e outras pessoas influentes e converteu isso em valores e vendas para a marca. Era o definitivo renascimento de um ícone da moda. Além disso, em novembro de 2015, a BALMAIN lançou uma coleção em colaboração com a varejista H&M, que arrastou milhões de mulheres para as lojas da marca sueca. No mês de junho de 2016, enxergando o potencial da marca BALMAIN e de seu líder criativo, o Mayhoola, fundo de investimentos controlado pela família real do Qatar (proprietária também da Valentino), adquiriu a grife por €500 milhões, que até então pertencia aos herdeiros do empresário Alain Hivelin, responsável por ressuscitar a BALMAIN nos anos de 2000. A partir de então, com pesados investimentos, a BALMAIN voltou a ser uma marca desejada no universo da moda. Em poucos anos a marca iniciou a abertura de várias flagship stores em cidades como Milão, Las Vegas, Miami, Nova York e até São Paulo (a loja foi inaugurada em 2019).
Como forma de expandir a marca para outras categorias de luxo, a marca BALMAIN lançou novos produtos como uma linha de roupas para crianças de 6 a 14 anos (2016), composta por roupas e calçados; sua primeira linha de acessórios (2017), como sapatos, bolsas e óculos; uma luxuosa linha de batom (2017); e até uma coleção cápsula com a Victoria’s Secret (2017), composta por lingeries. Além de tudo isso, 2019 marcou o retorno da BALMAIN à alta-costura, depois de um hiato de 16 anos: pérolas, tweeds, estampas grafite ou plástico acolchoado, correntes tecidas, jeans e plumas de couro, tudo competindo pela atenção contra as silhuetas em tamanho super. E ainda lançou um aplicativo (democratizando a moda pelo meio digital) e inaugurou uma sofisticada flagship store na Rue Saint-Honoré em Paris.
Olivier Rousteing (foto abaixo) já marcou a história da BALMAIN. Após assumir em 2011, a marca aumentou sete vezes seu faturamento, a moda masculina representa 40% da receita, se tornou a primeira grife francesa a chegar a milhões de seguidores no Instagram e passou de 1 loja em Paris para 35 lojas em todo mundo. Além disso, com mais de 5.9 milhões de seguidores no Instagram (@olivier_rousteing), que fazem dele o estilista mais popular da plataforma, Olivier entendeu desde muito cedo o poder das redes sociais para construir uma imagem de marca e se conectar com o consumidor. Por meio delas, estabeleceu também seu Balmain Army, termo criado pelo próprio para se referir ao squad que formou e que ajudou a marca a cravar um lugar no zeitgeist, como Kim Kardashian, Gigi Hadid, Jennifer Lopez, Rihanna, Brigitte Macron, Joan Smalls e Rosie Huntington estão entre as celebridades sempre vistas usando suas criações com a marca BALMAIN. Todo esse marketing de novos rostos da grife, fora as supermodelos presente em seus desfiles, fez com que muitas mulheres quisessem fazer parte do chamado Balmain Army.
A evolução visual
A identidade visual da marca passou por algumas alterações ao longo dos anos. Em dezembro de 2018 a marca apresentou um novo logotipo com design contemporâneo, mas ao mesmo tempo vintage. Além de uma nova tipografia de letra, mais sóbria e elegante, o logotipo apresentou um símbolo (a princípio, é possível reparar somente a letra B). Mas, ao olhar com atenção, é possível perceber que o ícone combina de forma única as letras B e P, uma referência ao fundador da Maison, Pierre Balmain, e também a Paris. Pouco depois, o símbolo ganhou uma pequena atualização como mostra a imagem abaixo.
Dados corporativos
● Origem: França
● Fundação: 1945
● Fundador: Pierre Balmain
● Sede mundial: Paris, França
● Proprietário da marca: Pierre Balmain S.A.
● Capital aberto: Não (subsidiária da Mayhoola Investments)
● CEO: Jean-Jacques Guével
● Diretor criativo: Olivier Rousteing
● Faturamento: €220 milhões (estimado)
● Lucro: Não divulgado
● Lojas: 35
● Presença global: 80 países
● Presença no Brasil: Sim
● Funcionários: 250
● Segmento: Moda de luxo
● Principais produtos: Roupas, bolsas, perfumes e acessórios
● Concorrentes diretos: Roberto Cavalli, Moschino, Marc Jacobs, Versace, Cerruti e Jean Paul Gaultier
● Ícones: A grande letra B estilizada
● Website: www.balmain.com
A marca no mundo
Atualmente a BALMAIN comercializa roupas (feminina, masculina e infantil), acessórios e perfumes em mais de 80 países através de 35 lojas próprias localizadas em cidades como Nova York, Los Angeles, Las Vegas, Londres, Miami e Milão. Com faturamento anual superior a €220 milhões, a marca francesa também vende seus produtos em lojas de departamento e lojas multimarcas de luxo. Entre roupas e acessórios, o time criativo da BALMAIN coloca no mercado 10.000 itens diferentes por ano.
Você sabia?
● Junto com o francês Christian Dior e espanhol Cristóbal Balenciaga, Pierre Balmain formou o centro pós-guerra da indústria da alta-costura na França.
As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, BusinessWeek, Vogue, Elle, Veja, Isto é Dinheiro e Exame), sites de moda (Farfetch), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand) e Wikipedia (informações devidamente checadas).
Última atualização em 31/3/2020
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