20.6.06

WRANGLER


Difícil pensar em uma peça do vestuário mais democrática que o jeans. O tecido está em todo lugar. Nas ruas, nas araras do supermercado, nas vitrines, nas passarelas e nas páginas de revistas, em todos os modelos e cores, com preços para todos os bolsos. E um dos mais famosos do mundo é o WRANGLER, um jeans extremamente associado ao mundo do rodeio e um verdadeiro símbolo do estilo de vida country americano. 

A história 
A história começou em 1897 quando o jovem C.C. Hudson, então com 20 anos de idade, resolveu deixar a fazenda Spring Hill no condado de Willianson Country, estado do Tennessee, em busca de oportunidades na emergente cidade têxtil de Greensboro, localizada na Carolina do Norte. Ele conseguiu emprego em uma pequena fábrica de roupas que confeccionava uniformes, onde ganhava 25 centavos de dólar por dia costurando botões. Em 1904, quando a fábrica em que trabalhava fechou as portas, ele e seu irmão Homer compraram máquinas de costura, alugaram um pequeno espaço em cima de uma doceira e fundaram a empresa Hudson Overall Company com o objetivo de produzir macacões em denim com qualidade e durabilidade para os ferroviários da costa leste dos Estados Unidos. A empresa prosperou e, em 1919, se mudou para um espaço maior, inaugurando uma fábrica própria e passou a se chamar Blue Bell Overall Company. O novo nome foi inspirado em um sino, presente de um grupo de trabalhadores ferroviários para o fundador da empresa. Porém, em 1926 a empresa foi adquirida por US$ 585 mil pela Big Ben Manufactoring do estado de Kentucky.


Em meados da década de 1930, após sua fusão com outras empresas rivais da região tornou-se uma das mais importantes fabricantes de roupas de trabalho do mundo. Foi nesta época, em 1936, que ocorreu o lançamento do Super Big Ben Overalls, um macacão feito de jeans com tecido 100% sanforizado (que reduzia em 1% a probabilidade de encolhimento) e extremamente resistente, o que se tornaria um padrão para a indústria. No final desta década a empresa expandiu seu portfólio de produtos para incluir marcas privadas de jeans. Foi então que adquiriu, em 1943, a empresa têxtil Casey Jones Work-Clothes Company e os direitos da marca WRANGLER, até então desconhecida e raramente utilizada pela antiga proprietária. A empresa decidiu então que precisava de uma linha de jeans com sua marca que pudesse ser produzido em grande escala.


Em 1947, após diversos testes com 13 pares de jeans, foi lançado no mercado o autêntico WESTERN JEANS WRANGLER, desenhado por Ben Lichenstein (apelidado de Rodeo Ben), um reconhecido alfaiate polonês da Filadélfia, amante de rodeios e do estilo de vida do velho oeste, que conhecia a maioria dos melhores caubóis americanos. Para adaptar o modelo aos detalhes de sua funcionalidade ele trabalhou com estrelas do rodeio como Jim Shoulders, Freckles Brown, Bill Linderman, Todd Whatley, Harry Tompkins e Cerald Robert. Estes caubóis fizeram o teste final antes da calça jeans ser efetivamente aprovada. Nascia assim o famoso jeans COWBOY CUT (corte caubói) 13MWZ (abreviação de “Men’s Western Zipper”). A WRANGLER estava entre as primeiras marcas a apresentar um jeans masculino com zíper e a primeira a introduzir um jeans que se moldava ao formato do corpo. A aparência ajustada de alfaiataria e o cuidado com os detalhes asseguraram a satisfação dos consumidores. Essa calça tinha parte traseira maior e mais justa na coxa, para o conforto do vaqueiro na sela; cintura com frente mais alta, para a camisa não sair de dentro da calça; bolsos traseiros mais altos e maiores, evitando que se sentem sobre os objetos ali guardados; passantes de cintos mais amplos; bolso específico para proteger o relógio (iniciou nova tendência de moda); perna do jeans ajustada desde os joelhos até a barra, para quando se usar por fora da bota esta não seja arranhada por galhos; rebites lisos, para não se engancharem na sela; tecido mais pesado, com trama especial e, finalmente, a primeira calça a ter zíper na braguilha, para que os vaqueiros pudessem manuseá-la de luvas (até então eram usados apenas botões). Em 1948, foi adotado o “W” para o pesponto dos bolsos traseiros dos jeans da marca e a etiqueta de qualidade passou a trazer o desenho do destemido caubói com uma tira de história em quadrinhos, denominado Rodeo Series, para ser colecionada por crianças.


O 13MWZ, como ainda é conhecido, tornou-se o jeans nº 1 no mercado masculino de western por ser “desenvolvido por caubóis para caubóis” e apesar das melhorias do tecido, o jeans não mudou muito desde 1947. Não demorou muito para a empresa começar a fabricar também jaquetas e camisas do tipo “rancheiro”, as quais imitavam o que havia de melhor na roupa dos autênticos caubóis. Na década de 1950, a marca lançou o primeiro jeans western desenvolvido para mulheres, movendo o zíper da frente para o lado da calça. No ano de 1962 a empresa inaugurou uma fábrica na Bélgica e a marca WRANGLER foi introduzida com sucesso no continente europeu. Pouco depois, em 1964, a marca lançou o Broken Twill Denim, uma estrutura em sarja interrompida, assinada por John Neil Walter, como forma de combater o efeito de torção do jeans na perna mesmo que a calça seja lavada. Em 1967, a marca criou uma coleção em colaboração com o artista plástico Peter Max, que na época jogou para o mercado todo um sortimento de peças audaciosamente coloridas, tais como shorts de cintura elevada, camisas e jaquetas western, peças estampadas e todos os acessórios e etiquetas contendo o estilo da assinatura do artista. Com isso, na década seguinte, os jeans WRANGLER passaram a ser um ícone da cultura jovem e se tornaram um símbolo da adolescência no mundo todo. Além disso, a marca apresentou mais cortes, estilos, lavagens, tratamentos e inovações do que nunca.


Outro reconhecimento da qualidade da marca ocorreu em 1974 quando a PRCA (Associação Americana Profissional dos Caubóis de Rodeio), tornou o jeans Cowboy Cut 13MWZ da WRANGLER o primeiro e único com sua aprovação. Foi então que ficou conhecido pela maioria de seus consumidores como um jeans “Pró Rodeio”. Hoje em dia, o jeans pode ser achado em 125 tamanhos com uma grande variedade de cores e lavagens. Em 1980 a marca WRANGLER desembarcou oficialmente no Brasil. Ainda nesta década, em 1986, a empresa Blue Bell, proprietária da marca WRANGLER, foi adquirida pela VF Corporation, dona de marcas como JanSport, Timberland, Lee e The North Face, tornando-se uma das maiores produtoras de jeans do mundo. Como o conforto tornou-se um item importante cada vez maior para o consumidor americano, na década de 1990, o novo jeans Cowboy Cut Relaxed Fit oferecia o mesmo conforto que um jeans contemporâneo mas com a tradição do autêntico jeans western em estilo e funcionalidade. Esta década também foi marca pelo estreito relacionamento da marca com grandes nomes da música country americana, como por exemplo, George Strait.


O sucesso da marca pode ser comprovado em 1996, quando uma em cada cinco calças jeans vendidas para homens nos Estados Unidos era da marca WRANGLER. Para atender a alta demanda mundial, em 2001, a marca iniciou a produção de seus famosos jeans no México. A marca se tornou tão forte que lançou roupas para esportes ao ar livre (WRANGLER PRO GEAR), introduzidas em 2003; roupas esportivas e despojadas (sob a marca WRANGLER HERO), WRANGLER WORKWEAR (roupas e uniformes para trabalho, que incluem camisas, calças e bermudas produzidas visando conforto e durabilidade) e até uma linha completa de móveis (WRANGLER HOME) inspirados no mais puro estilo country. Com isso, a marca conquistou um público variado, de caubóis e fazendeiros à trabalhadores da construção civil e universitários.


Hoje em dia a WRANGLER oferece mais de 100 estilos de jeans, incluindo a linha 20X (voltada para a moda arrojada do estilo western), Riggs Workwear (jeans resistentes a chama), PBR (para caubóis profissionais), cortes aprovados pelos cantores country George Strait e Jason Aldean (com um estilo retro) e Premium Performance Cool Vantage™ (jeans que incorporam inovações tecnológicas exclusivas para desempenho, conforto e durabilidade). A WRANGLER, historicamente, destacou-se como a marca de jeans mais forte do segmento country. Ela construiu o universo de sua marca com os elementos significativos do mundo country, que, com todo seu conteúdo mítico, foi, e ainda continua sendo, um poderoso motor de propulsão. A força da marca se deve, em parte, à imagem de legitimidade e agilidade, sendo conhecida, incontestavelmente, como “uma roupa para caubói”.


Os sete ícones 
Muitos creditam o sucesso duradouro da WRANGLER aos chamados “sete ícones” que suas calças carregam até os dias de hoje: 
1. Flat Rivets: o uso de rebites para proteger calças jeans em pontos-chave de tensão ajuda a mantê-los em uma única peça, evitando assim que se rasguem. Mas o método sempre causou problemas, arranhando móveis, bancos de carros, selas e assentos de motocicletas. Os rebites de cobre lisos e planos da WRANGLER não causam esses danos. 
2. Rodeo Watch Pocket: conhecido como bolso de relógio (frontal), nas calças da marca ele é mais profundo com sua forma ergonômica curvada e abertura alta ao longo da cintura, selada naturalmente pelo cinto. Então, qualquer coisa que se coloque lá, como chaves, moedas, chicletes, está bem guardada. 
3. Rear Guard: os rebordos dobrados de tecido nas costuras são característicos do jeanswear, mas as calças da marca tornam esse recurso funcional. Ao criar um lábio virado para baixo acima dos bolsos traseiros, a carteira é mantida firmemente dentro. Como a costura fica plana contra a perna interna, eles ficam mais confortáveis ao andar. 
4. Seven Belt Loops: o jeans original da WRANGLER já estreou com uma inovação, ao invés de cinco espaços para o cinto, contava com sete, deixando assim a cintura mais livre. 
5. W Sticth: o pesponto em “W” nos bolsos traseiros são como uma marca de gado nos jeans da WRANGLER. Essas duas letras W bordadas são iniciais de “Western Wear”. Os bolsos traseiros também têm um ponto horizontal para uma segunda camada de tecido, reforçando-os assim internamente. 
6. Rope Logo: A assinatura da “corda” no primeiro botão frontal é um dos ícones definitivos da marca. A corda era um sinal de ação. Afinal, os jeans WRANGLER são projetados para o exterior, para a liberdade de movimento, para sobreviver por sua inteligência. 
7. The Patch: a tradicional etiqueta retangular no bolso traseiro direito é uma marca de qualidade das calças.


Campanhas que fizeram história 
A partir de 2008, a marca americana começou a trabalhar sua comunicação totalmente voltada para os princípios básicos do ser humano: a irracionalidade. Com o provocativo slogan “We are animals” (em português, “Nós somos animais”), a marca mostrou ao mundo algo como os primórdios de sua própria existência. Em 2011, dando continuidade a sua premiada campanha a WRANGLER lançou uma nova vertente que buscava mostrar o nosso lado animalesco e selvagem, só que dessa vez longe da natureza, e sim em cenários urbanos de Hollywood, regado de peças fotográficas com muita adrenalina e efeitos bacanas. Fotografada pelo renomado Cass Bird, nos cenários da Paramount Studios, a marca mostrou a vida de dublês (conhecidos por stunt performer ou stuntman), com direito a explosões, vidros quebrando e muita ação, levando o conceito de que “somos todos animais” a um outro nível.


A evolução visual 
Ao longo dos anos a identidade visual da marca passou por várias alterações. Desde o logotipo original escrito com uma tipografia de letra que imitava corda e com um sino azul acima (que seria removido na década de 1960), passando pela adição do símbolo de um cavalo, uma clara alusão ao mundo do rodeio, até o atual, a marca sempre primou por uma imagem forte e cheia de personalidade.


O logotipo pode ser aplicado nas cores preta, amarela, azul e até vermelha.


Em alguns países, incluindo o Brasil, a marca também utiliza o logotipo representado pela tradicional etiqueta marrom que aparece no bolso traseiro de suas calças. Já em outros países, especialmente asiáticos e Austrália, pode ser utilizado o logotipo muito semelhante ao original (imagem à direita).


Os slogans 
Born Ready. (2015) 
Find Your Edge. (2012) 
No matter where the destination, where your heart out. 
We are animals. (2008) 
The western original. (2008) 
Long Live Cowboys. (2008) 
It’s a whole new rodeo. (2004) 
Jeans On. (2004) Wanted. (2004) 
There’s a bit of the West in all of us. (2002) 
Whatever You Ride. (2000) 
The authentic Western jeans. (1999) 
Real. Comfortable. Jeans. (1994) 
Think Jeans. Go Wrangler. (1991) 
Style that just won’t quit. (1985) 
A fit for every-body. (1984) 
For the cowboy in you. 
Se você fosse um jeans, você seria Wrangler. (Brasil)


Dados corporativos 
● Origem: Estados Unidos 
● Lançamento: 1947 
● Criador: Ben Lichenstein 
● Sede mundial: Greensboro, North Carolina, Estados Unidos 
● Proprietário da marca: VF Corporation 
● Capital aberto: Não (subsidiária) 
● CEO: Steve Rendle 
● Presidente: Curt Holtz 
● Faturamento: US$ 1.7 bilhões (2016) 
● Lucro: Não divulgado 
● Lojas: 865 
● Presença global: 100 países 
● Presença no Brasil: Sim 
● Segmento: Vestuário 
● Principais produtos: Calças e roupas jeans, calçados e acessórios 
● Concorrentes diretos: Lee, Levi’s, Lee Cooper, Mustang Jeans, Rifle, Pepe Jeans e Carhartt 
● Ícones: O jeans estilo Cowboy 
● Slogan: Born Ready. 
● Website: www.wrangler.com.br 

A marca no mundo 
Os produtos da marca WRANGLER, que além das tradicionais peças em jeans (calças e jaquetas) conta com uma linha de roupas mais esportivas, além de cintos e botas, são comercializados em mais de 100 países ao redor do mundo através de lojas multimarcas, grandes varejistas e mais de 865 lojas próprias, além de comércio eletrônico disponível em 13 países. A WRANGLER, que faturou US$ 1.7 bilhões em 2016, é a terceira marca de jeans mais vendida do mundo. 

Você sabia? 
Em 1981 a marca patrocinou o lendário piloto da Nascar (categoria mais popular do automobilismo americano) Dale Earnhardt, cujo carro azul e amarelo ficou conhecido como “Wrangler Jeans Machine”. 
Criado em 2009, o Wrangler National Patriot Program é um programa desenvolvido com o objetivo de levantar fundos para os soldados veteranos e seus familiares. O programa começou com um cheque de US$ 50.000 em nome do caubói que serviu nas Forças Armadas dos Estados Unidos, Jim Ombros. As camisas com a marca “Wrangler National Patriot Program” estão à venda nos rodeios dos Estados Unidos e parte da verba levantada vai para instituições de caridade que prestam apoio aos veteranos militares. 


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek e Time), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers). 

Última atualização em 8/8/2017

3 comentários:

*_*ari lindinha*_* disse...

Oi,boa tarde!Por favor gostaria muito de estar conhecendo a fabóca de vocês.Poderíam me fornecer o telefone comercial da empresa assim possível estarei entrando em contato com vocês.Desde já muito obrigada!

Unknown disse...

Nos anos 80 no RJ batia de frente com a Levi's.
Outra marca tradicional de Jeans

Anônimo. disse...

Na década de 80 e 90 usava muito, tinha como concorrente maior por aqui a fiorucci.