28.7.06

SALVATORE FERRAGAMO


Salvatore Ferragamo foi um artista em sintonia com o clima cultural de seu tempo. Inspirado, dedicou sua vida à arte dos sapatos. Para ele um pé bem calçado podia valer mais do que mil palavras. Perfumes e acessórios merecem destaque na elegante coleção da luxuosa marca italiana SALVATORE FERRAGAMO, caracterizada por sofisticação, beleza, conforto e arte. Apesar de morto há mais de 50 anos, o sucesso dele perpetua-se pelo sucesso da sofisticada grife italiana que leva o seu nome. 

A história 
Nascido no dia 5 de junho de 1898, em Bonito, vilarejo rural do interior da Campania, com pouco mais de 2 mil habitantes, a 100 quilômetros de Nápoles, na Itália, Salvatore Ferragamo desde pequeno mostrou ter uma vocação: a de fazer sapatos. Aos 9 anos nascia um artista. Uma noite, viu a irmã chorar porque não tinha sapatos brancos para usar na primeira comunhão. Decidiu produzir um par - sozinho e escondido - para total surpresa da família. Já aos 11 anos foi aprendiz de sapateiro trabalhando junto com Luigi Festa, com quem aprendeu tudo sobre a profissão, e aos 13 anos abriu uma pequena sapataria em sua cidade natal, onde não se limitou a fazer reparos e confeccionar botas de fazendeiros, mas também desenhar modelos exclusivos e literalmente criar moda para os pés femininos. Perspicaz, o designer escolheu um domingo para inaugurar sua loja, que ficava exatamente em frente à igreja local. Depois da missa, uma pequena multidão de curiosos se aproximou e o sucesso foi imediato, apesar das piadas sobre a idade do pequeno empreendedor. Em 1912, aos 14 anos, o designer já contava com clientes nas cidades vizinhas e seis assistentes na loja. Foi quando, mais uma vez, sentiu que podia ampliar os horizontes e partir em busca de novos desafios. Dessa vez, embarcou rumo aos Estados Unidos para juntar-se aos irmãos mais velhos.


Decepcionado com a qualidade e o acabamento dos sapatos produzidos em série nas grandes fábricas de Boston, onde um de seus irmãos trabalhava, Salvatore foi ao encontro dos outros parentes em Santa Bárbara, na Califórnia, próximo aos grandes estúdios de cinema. A partir daí, abriu uma pequena loja para confecção e reparos de sapatos, passou a produzir modelos para figurino de cinema e, de quebra, começou a receber encomendas de calçados sob medida das maiores estrelas de cinema da época, como Ava Gardner, Marilyn Monroe, Sophia Loren, Marlene Dietrich e Greta Garbo. Enquanto isso, em sua constante busca por “sapatos que se ajustassem perfeitamente” ele estudou anatomia humana, engenharia química e matemática na Universidade de Los Angeles. Salvatore foi obrigado a se mudar para Hollywood por causa de sua clientela e lá abriu sua famosa Hollywood Boot Shop em 1923, criando calçados para grandes produções cinematográficas como o famoso “Os Dez Mandamentos”. Os personagens mais célebres do cinema foram seus clientes, e a Salvatore Ferragamo foram dados os apelidos de “sapateiro das estrelas” e “sapateiro dos sonhos”. Seu sucesso foi tamanho que a loja não conseguia acompanhar a demanda de pedidos e a mão-de-obra americana não podia confeccionar os sapatos com a qualidade que ele desejava.


Assim, em 1927, ele decidiu voltar para a Itália, estabelecendo-se em Florença, cidade tradicionalmente riquíssima em artesanato e pelo trabalho em couro. Com isso, fundou uma pequena fábrica de sapatos totalmente confeccionados à mão, com uma equipe de 60 artesãos treinados diretamente pelo mestre, e mais tarde uma pequena loja no Palácio Spini Feroni. Lá, o sonho de um homem se transformou em uma empresa que passou a produzir mais de 350 pares de sapatos por dia. A fama de seus calçados, apreciados pela beleza e comodidade dos modelos e por sua refinada elaboração, se estendeu por toda Itália e pela Europa, fazendo do Palácio Spini Feroni, nas margens do Rio Arno e que ele adquiriu por inteiro em 1938, ponto de parada internacional dos atores de cinema.


Mas foi nos anos de 1930 e 1940 que Salvatore mostrou a seu verdadeiro espírito inovador, desenvolvendo sapatos com novos materiais como celofane e cortiça, tudo graças à escassez do couro que dominou o mercado na época. Com a crise na Europa, ele começou a utilizar materiais mais baratos, como o cânhamo, a palha e os primeiros materiais sintéticos. Sua principal invenção foi uma palmilha compensada. Ele ficou conhecido por não gostar da produção em série porque acreditava que cada par deveria ser desenhado em detalhes. Sempre pensando no conforto, suas criações eram, além de belas, anatômicas. Assim como os grandes nomes do design inventou novas formas, baseando-se nas necessidades funcionais e estéticas, como o solado inclinado de cortiça, de 1937, projetado para dar maior estabilidade. O salto anabela, de 1938, é outra prova disso. E somente aconteceu porque no período fascista ele se viu sem a possibilidade de importar o metal que constituía parte importante para o conforto de seus calçados, que davam sustento à curva do pé. Então ele teve uma grande ideia: fechar completamente o espaço entre o salto e a parte da frente, e assim foi inventado o salto anabela. Ferragamo usou um material típico italiano, a cortiça da Sardenha, que era ao mesmo tempo resistente e leve. No início as mulheres não aceitaram facilmente a novidade, mas o tempo se encarregou de transformá-la em uma invenção de sucesso.


Sempre conectado com o mundo contemporâneo, Ferragamo era particularmente interessado em arte, design e arquitetura. O sapato que ele criou em 1939, por exemplo, com salto alto em mosaicos, remete a tendência da arquitetura utilizada no interior dos edifícios na época. O estilo dele era também caracterizado pelo forte uso de cores. Sua paleta era composta por tons fortes e ousados, quebrando os padrões da época, que utilizavam as cores bege, branco e preto. Apesar das sandálias de ouro, das plataformas multicoloridas, das sandálias romanas com tiras que se amarravam e dos sapatos com salto-agulha de metal, esses últimos imortalizados por Marilyn Monroe, o primeiro grande sucesso de Ferragamo foi a sandália invisível, de 1947, feita, em parte, com tiras transparentes de náilon. A criação lhe rendeu naquele ano o prêmio Neiman Marcus (importante premiação de moda norte-americana que, até então, nunca havia sido concedida a um designer de sapatos). Outro destaque de sua carreira foi a sandália Calipso, produzida com tiras de cetim pretas, em 1955. Nessa época a marca SALVATORE FERRAGAMO era um verdadeiro sucesso.


Até 1957, o gênio italiano havia criado mais de 20 mil modelos e registrado 350 patentes. O estilista morreu vítima de câncer no dia 7 de agosto de 1960, mas sua família continuou à frente do ateliê, no Palazzo Spini Feroni, um prédio de características medievais que até hoje é mantido como sede da empresa, erguido em 1289 na Via Tornabuoni. Seus seis filhos e sua mulher Wanda herdaram o gosto pela perfeição e mantiveram viva a história do pai dando continuidade ao trabalho artesanal, reeditando clássicos e lançando a partir dos anos de 1960 coleções de roupas femininas, produtos de couro e calçados masculinos. Nas décadas seguintes surgiram coleções de lenços, cosméticos, perfumes, óculos, e acessórios para homens e mulheres, um velho sonho do mestre Salvatore. Além disso, este período foi marcado pelo início de uma forte expansão da marca no continente asiático com inaugurações de lojas em Hong Kong (1986), Nagoia (1991), Xangai (1994) e Seul (1995).


O crescimento contínuo do Grupo Ferragamo, que, em manobra pioneira, adquiriu a sofisticada grife francesa Emanuel Ungaro em 1996 e, desde 1997, também dirige quatro hotéis em Florença e um em Roma, permitiu que os mais de 20 herdeiros, entre filhos, primos e netos, participem ativamente dos negócios. Pouco depois, em 1999, inaugurou sua primeira loja própria na América Latina, no México. Com a chegada do novo milênio a SALVATORE FERRAGAMO inaugurou lojas em novos mercados, como por exemplo, na Índia (2006) e Emirados Árabes Unidos (2009). Ainda em 2009, lançou seu comércio eletrônico na Europa e nos Estados Unidos, e ampliou sua rede de lojas para mais de 500 unidades, incluindo 19 novas unidades inauguradas em importantes aeroportos mundiais. O crescimento continuou no ano seguinte, puxado principalmente pelos mercados asiáticos, especialmente a China (onde atingiu 91 lojas), fez com que a marca italiana superasse US$ 1 bilhão em faturamento. Ainda nesse mesmo ano inaugurou novas lojas em cidades como Istambul, Cairo, Doha e Johanesburgo. Já no Brasil, a marca italiana está presente desde meados dos anos de 1990, onde tinha um ponto de venda dentro da antiga Daslu, para depois evoluir para corners personalizados dentro da Daslu, e por fim, em 2002, a abertura de uma primeira loja própria no Shopping Iguatemi em São Paulo.


A linha do tempo 
1920 
Criação das sandálias romanas, com tiras que se amarram nos tornozelos. 
1938 
Criação da MAHARANI, inspirada nas célebres sandálias feitas para a princesa Indira Devi, de Cooch Behar. O nome “Maharani” é um termo que, na Índia, define a mulher do marajá. 
Lançamento da RAINBOW, uma sandália entrelaçada em camadas volumosas revestidas de camurça colorida, que adornou os pés da atriz Judy Garland. 
Inauguração de lojas em Roma e Londres. 
1948 
Inauguração de sua primeira loja nos Estados Unidos localizada na Quinta Avenida em Nova York. 
1949 
Lançamento da primeira bolsa da grife. 
1955 
Lançamento dos primeiros lenços de seda da grife italiana. 
1958 
Criação de um modelo de bolsa onde aparecia pela primeira vez o fecho GANCINI, que se tornaria uma das marcas registradas da grife italiana. 
1965 
Lançamento de sua primeira coleção de roupas femininas e da primeira linha de produtos de couro. 
1970 
Lançamento das primeiras coleções de sapatos masculinos. 
1978 
Lançamento do sapato feminino VARA, que possuía bico arredondado, laço na frente e se tornaria o modelo mais famoso da marca. Em 2008 foi lançada uma releitura desse sapato, como uma sapatilha, batizada de VARINA. Ambos são vendidos até hoje. 
1998 
Lançamento de sua primeira coleção de armações de receituário e óculos solares para mulheres e homens através de uma parceria com a Luxottica. 
Lançamento de seu primeiro perfume chamado SALVATORE FERRAGAMO POUR FEMME
Lançamento de uma fragrância masculina. 
2002 
Lançamento do perfume masculino SUBTIL
2003 
Lançamento do perfume INCANTO
Lançamento dos primeiros cosméticos e produtos para o corpo. 
Inauguração de lojas âncoras nas cidades de Nova York e Tóquio. 
2004 
Lançamento da coleção de óculos PICNIC, que teve como base um memorável par de sapatos criado em 1938, coberto de flores coloridas de ráfia bordadas à mão. 
Introdução do serviço personalizado de fabricação sob medida de sapatos masculinos. 
2006 
Lançamento do perfume feminino F by FERRAGAMO. A versão masculina foi lançada no ano seguinte. 
2007 
Lançamento do perfume feminino F for FASCINATING
Lançamento do PREZIOSI (do italiano, “precioso”), uma série de armações e óculos solares com aplicação de pedras semipreciosas em formato de gota nas hastes. 
2008 
Lançamento de uma sofisticada linha de relógios. 
Lançamento da nova fragrância unissex, a TUSCAN SOUL, um perfume que é oferecido sob a forma de produtos para o banho, exclusivamente para quem voa pela Singapore Airlines desde 2006, e que chegava às lojas em todo mundo. 
2009 
Lançamento de ECO FERRAGAMO, uma linha de bolsas feitas a partir de uma técnica de coloração livre de metais poluentes. O couro é tingido com uma tinta derivada da casca de árvores por meio de um processo certificado pelo Instituto Alemão SG. As bolsas são também biodegradáveis e resistentes à água. A marca decidiu revestir as bolsas dessa linha com cânhamo fiado à mão, já que o cânhamo é resistente e não requer o uso de pesticidas. A linha é composta de cinco bolsas nas cores tabaco, amarelo limão e rosa. 
2010 
Lançamento do perfume feminino ATTIMO (que significa “instante” em italiano). 
Lançamento do projeto RED CARPET, uma iniciativa que permite as clientes da grife personalizarem seus sapatos, escolhendo entre seis estilos que vão desde escarpins a sandálias. As consumidoras poderão escolher entre 23 cores diferentes de cetim, além de acrescentar às suas criações um monograma personalizado. O processo leva aproximadamente seis semanas. 
2012 
Lançamento do perfume feminino SIGNORINA
2015 
Lançamento do perfume feminino EMOZIONE.


A arte 
Salvatore Ferragamo foi o primeiro designer a produzir sapatos feitos à mão em grande escala. E a manufatura de sua oficina, instalada em Florença desde 1927, continua impecável: até hoje o couro é cortado à mão e cada peça passa cinco dias sendo moldada. Atualmente a fábrica produz mais de 11 mil pares de sapatos por dia. É quase impossível não achar um de seus modelos que não fique perfeito nos pés. Audrey Hepburn, Sophia Loren (foto) e Carmem Miranda eram clientes fiéis. Marlene Dietrich nunca repetia um modelo mais de duas vezes. Greta Garbo chegou a encomendar 70 pares de uma vez. O artista pop americano Andy Warhol e a eterna Princesa Diana também eram clientes assíduos da marca.


Sua aptidão de trabalhar com os mais variados materiais e sua incrível habilidade técnica e artística, fizeram com que a marca introduzisse e eternizasse novidades no concorrido segmento dos calçados. Abaixo algumas das matérias-primas mais utilizadas por SALVATORE FERRAGAMO: 
Tecido pintado à mão 
Os sapatos eram fabricados em tecidos e levados a um artista que imprimiria sobre eles uma imagem da escolha do cliente: o animal favorito, jogos de cartas, cenas famosas de Londres, Paris, Nova York ou Roma, árvores, pássaros, flores, castelos. O efeito era fascinante e o custo extremamente baixo, considerando o alto padrão artístico e pelo fato de que, não importava quão comum fosse o estilo do sapato, as pinturas davam um toque de glamour a uma criação única e exclusiva. 
Materiais baratos 
A seleção de materiais mais baratos, consequência da escassez do couro e tecidos mais nobres, tornou-se cada vez mais comum na indústria de calçados e vestuário a partir de 1935 e durante a Segunda Guerra Mundial. Foi durante este período que Ferragamo desenvolveu algumas de suas mais belas e inovadoras criações, demonstrando uma incrível habilidade em trabalhar com materiais diversos, que testavam sua criatividade e técnica impecável. Cortiça, papel celofane, lã, algodão, fios de malha, ráfia e linho bordado. Entre outras criações patenteou o uso, na parte que cobre o dorso do pé, o feltro reforçado e o solado feito de resíduos prensados de seda. 
Couro 
Salvatore frequentemente usava couro em suas criações, principalmente de cabra. A pele era tingida em uma extraordinária variedade de cores e combinada com outros materiais como couro de lagarto ou cetim, para os sapatos de noite. O couro de boi era especialmente utilizado para calçados casuais e de inverno. 
Peles exóticas 
No final dos anos de 1920, a demanda por peles exóticas aumentou significativamente. Na maioria das vezes, eram combinadas com materiais polidos, camurças, couro de vitela e cabra, além das imitações em pele de cobra, que apareceram regularmente nas criações de Ferragamo, nos anos de 1920 e 1930. A recuperação da economia após a guerra levou ao retorno dos bens de luxo e acessórios de peles finas, principalmente crocodilo e lagarto. No final dos anos de 1950, muitas peles também foram utilizadas, especialmente de jaguatirica, girafa e zebra. 
Plástico 
Resinas de vinil eram cada vez mais utilizadas na produção de calçados e acessórios, saltos e solados, pela flexibilidade do material, variedade de cores possíveis e resistência. Em 1955, Salvatore, que fazia uso constante do vinil, lançou a inovadora sola transparente e invisível. 
Escamas de peixe 
Durante a década de 1920 novos materiais foram explorados para criar diferentes efeitos. No final desta década os chamados “couros do mar” foram inventados. As “peles de peixe” eram preparadas de forma especial e seu tamanho reduzido exigia grande habilidade no manuseio e no design do sapato. Desde 1928, a grife italiana utilizava pele do sea-leopard, um peixe encontrado nas águas do norte. Com a Segunda Guerra Mundial, esse material desapareceu do mercado, sendo reintroduzido por Ferragamo em 1954. 
Solas e saltos brilhantes 
Saltos em aço ou bronze foram utilizados nos sapatos da marca desde a década de 1920. Mas eles estiveram no auge da moda, sobretudo nos anos de 1950. Em 1955, a marca apresentou uma série de criações importantes. Uma delas foi o salto metalizado em várias cores, revestido com uma lâmina de alumínio, a outra era uma espécie de gaiola no calcanhar, oca e leve, mas bastante resistente. A terceira, e ainda mais engenhosa, era um salto adornado com pedras preciosas, ouro, prata ou metal, cuidadosamente feito à mão. Mas a invenção mais extraordinária foi o solado de metal que Ferragamo desenvolveu em 1956, quando foi chamado para criar o sapato mais caro que já havia produzido: uma sandália em ouro 18 quilates. 
Palha e ráfia 
O uso de fibras vegetais e palha na confecção de calçados não era exatamente uma novidade, mas antes de Ferragamo reavivá-los, no início dos anos de 1930, o material havia caído em desuso. Quando se instalou em Florença, a indústria de palha, uma das atividades mais prósperas da cidade, inspirou a reintrodução do uso deste material em calçados. A favorita de Ferragamo era a ráfia, uma fibra derivada da folha de uma palmeira do leste africano, que o designer explorava em suas criações de luxo. A inovação proposta foi a adotar essa trama para a parte do dorso do pé, essencialmente nas coleções de verão. Em 1950, palha e ráfia estavam em falta, sendo gradualmente substituídas pelas fibras sintéticas. Ferragamo favoreceu a disseminação de um tipo específico de ráfia sintética chamada “pontovo”, produzida principalmente em Bonito, sua cidade natal. 
Celofane 
Com as guerras, as indústrias de calçados e vestuário, foram obrigadas a encontrar materiais substitutos para a confecção dos produtos. “Meu primeiro grande desafio foi encontrar um substituto de alta qualidade para pele de cabra. Experimentei muitos materiais, mas nenhum foi satisfatório. Foi então que, numa manhã de domingo, eu encontrei a solução. Minha mãe gostava muito de chocolates, e neste dia eu havia comprado uma caixa de bombons. Ao desembrulhar o chocolate, fiquei encantado com o papel transparente e pensei: aqui pode estar o substituto que eu tanto procurava”. Isso marcou o início da produção de sapatos da SALVATORE FERRAGAMO em papel celofane, trabalhado frequentemente em composições com algodão e outros materiais.


A criatividade de Salvatore Ferragamo contribuiu para o sucesso do design e da moda italiana com invenções que mudaram a história do calçado e que ainda são fontes de inspiração para muitos dos estilistas. As criações dele foram perpetuadas pelos seus filhos, em particular Fiamma, que desenvolveu uma gama de sapatos e acessórios que se tornariam os emblemas mais conhecidos da marca. Até hoje, 90% do processo de produção dos calçados é artesanal, o que faz com não exista dois sapatos da marca absolutamente idênticos. Por dia, cada 30 funcionários produzem, em média, 30 calçados. O couro é cortado à mão e cada peça passa cinco dias sendo montada, em um total de 200 etapas.


O museu 
O Museo Salvatore Ferragamo é um museu privado, dedicado à história da empresa SALVATORE FERRAGAMO, a vida de seu fundador e suas criações: as peças de calçados, síntese de busca da estética e de técnicas artesanais inovadoras. Inaugurado no mês de maio de 1995, o museu nasceu por iniciativa da família Ferragamo com a intenção de disponibilizar ao público, estudiosos e, sobretudo, aos jovens, as qualidades artísticas do estilista e o importante papel que desempenhou na história do setor de calçados e também da moda internacional. Seus estudos sobre a anatomia do pé e sobre as formas o levaram a inventar o “método Ferragamo”, uma técnica de artesanato de calçados revolucionária.


O museu está localizado no centro histórico de Florença na Itália. Está instalado no segundo piso do Palácio Spini Feroni, situado na Rua Tornabuoni, nº 2, onde se encontrava o “formarino”, o arquivo de formas em madeira dos pés mais ilustres do mundo do cinema e de famílias reais. No térreo encontra-se a atual loja da SALVATORE FERRAGAMO e pela entrada principal do palácio, através de uma escadaria se tem acesso ao museu que fica no andar superior. São fotografias, patentes, rascunhos, livros, revistas e fôrmas em madeira de pés famosos, além da exibição bienal da coleção com mais de 10 mil modelos de sapatos, expostos em rodízio, ordenados cronologicamente e colocados em estantes transparentes que garantem a conservação e correta exposição, para contar de forma única a história da marca e do estilista. A coleção de calçados do museu documenta a intensa atividade desenvolvida por Salvatore Ferragamo desde seu regresso a Itália em 1927 até 1960, ano de sua morte. A coleção manifesta a capacidade técnica e artística de Salvatore, que na escolha das cores, na fantasia dos modelos e na experimentação dos materiais, ofereceu uma contribuição fundamental ao desenvolvimento e a firmação do conceito “Made in Italy” no mundo.


Alguns modelos demonstram o contato entre Salvatore Ferragamo e os artistas da época, tal como o pintor futurista Lucio Venna, autor de quatro esboços da conhecida marca de calçados; outros provam sua contínua experimentação em busca da perfeita aderência do calçado ao pé, e na invenção de detalhes e materiais, desde a famosa sola de cunha de cortiça, patenteada em 1936 e imediatamente copiada por todo o mundo, até a utilização da ráfia, pele de peixe e celofane, que foi usada por ele durante o período das guerras. Não foi por acaso que Salvatore Ferragamo ao regressar para a Itália dos Estados Unidos, se instalou em Florença. Suas belezas, seu passado, seus monumentos, o artesanato ativo, constituem um patrimônio que pertence não somente a Itália, mas ao mundo inteiro. Cidade da arte, Florença é um símbolo também de elegância e do estilo italiano. Para quem, como Ferragamo, havia levado seu ofício a uma atividade artística, não existia lugar melhor para estabelecer-se e organizar seu próprio trabalho e sua vida privada. Por tudo isso, Florença é parte integrante da cultura da marca SALVATORE FERRAGAMO, tal como é o Palácio Spini Feroni, a sede do museu.


Dados corporativos 
● Origem: Itália 
● Fundação: 1927 
● Fundador: Salvatore Ferragamo 
● Sede mundial: Florença, Itália 
● Proprietário da marca: Salvatore Ferragamo S.p.A. 
● Capital aberto: Sim (2011) 
● Chairman: Ferrucio Ferragamo 
● CEO: Eraldo Poletto  
● Faturamento: €1.43 bilhões (2015) 
● Lucro: €174.5 milhões (2015) 
● Valor de mercado: €3.49 bilhões (setembro/2016) 
● Lojas: 662 
● Presença global: 90 países 
● Presença no Brasil: Sim 
● Funcionários: 4.000 
● Segmento: Moda e calçados de luxo 
● Principais produtos: Sapatos, roupas, bolsas e perfumes 
● Ícones: Os luxuosos sapatos 
● Website: www.ferragamo.com 

A marca no mundo 
Atualmente a marca possui 662 lojas localizadas em mais de 90 países, apresentando produtos que englobam de sapatos, roupas, bolsas, echarpes, até gravatas, óculos, relógios e perfumes, tanto femininos como masculinos. Com faturamento superior a €1.4 bilhões em 2015, a SALVATORE FERRAGAMO se transformou em um dos mais importantes impérios da moda italiana. Os calçados representam 42% do faturamento, seguidos pelos produtos de couro e bolsas com 37%. Mundialmente, a região da Ásia-Pacífico representa 36.1% das vendas da grife, a Europa responde por 26.6%, a América do Norte por 23.3% e o somente Japão é responsável por 8.9% do faturamento. Os perfumes, assim como os outros produtos, são “Made in Italy” e exportados para as mais de 15.000 perfumarias que comercializam SALVATORE FERRAGAMO. 

Você sabia? 
À SALVATORE FERRAGAMO foi concedida a primeira patente de uma criação de moda, em 1937. 
São assinados pela SALVATORE FERRAGAMO todos os sapatos usados pela cantora Madonna para encarnar Evita, no filme de Alan Parker, de 1996. 
Lungarno Hotels Collection é a coleção de hotéis luxuosos da família Ferragamo, que possui quatro propriedades em Florença e uma em Roma. O Portrait Suites, na capital italiana, é o mais novo e seus interiores contam a história do patriarca Salvatore Ferragamo. Já em Florença, o Gallery Hotel Art, reúne uma clientela descolada e tem sempre exibições de arte e fotografia no lobby. No Hotel Lungarno, todos os espaços comuns oferecem vista espetacular para o Rio Arno. Já o Lungarno Suites, transmite a sensação de estar em um apartamento florentino. E o Continentale inspira-se nos anos de 1950 para os viajantes românticos. A coleção inclui, ainda, uma vila nos arredores de Florença, a Villa Le Rose (para ser inteiramente alugada) e um veleiro com quatro suítes e tripulação, na costa da Toscana. 


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, BusinessWeek, Travel Whiz, View, Isto é Dinheiro e Exame), jornais (Valor Econômico), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers). 

Última atualização em 1/9/2016

3 comentários:

Andressa Batista disse...

adorei

S.V. disse...

Se já gostava deste nome agora eu amo.

Silvia Odete Morani Massad disse...
Este comentário foi removido pelo autor.