12.11.20

Zoom


Zoom é uma presença constante dentro de grandes corporações. Uma ferramenta indispensável para médias empresas. Um eficiente meio de comunicação para matar a saudade de amigos e familiares. E, nos dias de hoje, parte integrante do “material escolar” de milhões de estudantes. Tornar as comunicações por vídeo livres de complicações, que capacitam as pessoas a concretizarem mais atividades. Essa é a principal missão do Zoom, que se tornou a opção número um para milhões de usuários na hora de reuniões de trabalho à distância ou de se conectar aos familiares e amigos. 

A história 
Tudo começou quando Eric Yuan (foto abaixo), nascido na província chinesa de Shangdon e filho de engenheiros de mineração, decidiu emigrar aos Estados Unidos nos anos de 1990 para trabalhar na área de tecnologia, que em seu país de origem ainda engatinhava. Depois de ter o visto americano recusado por oito vezes, no verão de 1997, Eric finalmente chegou ao Vale do Silício, após ter trabalhado por quatro anos no Japão. Ele tinha 27 anos e não falava uma palavra de inglês, mas havia se especializado em código de computadores, era formado em matemática aplicada e tinha mestrado em engenharia. E foi assim que se juntou à equipe da WebEx, uma empresa que trabalhava com soluções de videoconferência e colaboração em tempo real - sim, exatamente a mesma expertise do Zoom. Uma década mais tarde, a WebEx seria vendida à poderosa Cisco Systems (conheça esta história aqui) por US$ 3.2 bilhões, e Eric se tornou vice-presidente corporativo de engenharia.
  

Eric achava que a Cisco Systems deveria seguir um caminho mais arrojado e incorporar vídeo aos sistemas de conferências, baseados em telefonia. Também queria que as reuniões fossem fáceis de montar e tivessem fundos divertidos. Ele então apresentou sua ideia para um sistema de videoconferências que podia ser usado em smartphones. Mas quando seus chefes não se entusiasmaram com a ideia, Eric resolveu pedir demissão para criar sua própria empresa. E como não conseguia investidores, pegou dinheiro emprestado de amigos e familiares (cerca de US$ 250 mil) para fundar a Saasbee na cidade de San Jose, na Califórnia, no dia 21 de abril de 2011, sendo seguido por 40 engenheiros da Cisco que toparam encarar o novo desafio. A ideia era usar sua experiência em videoconferências e à tecnologia cada vez mais avançada da nuvem (armazenamento online) para atingir um número cada vez maior de pessoas. E por ironia do destino, em junho de 2011, a nova empresa arrecadou US$ 3 milhões em capital inicial do fundador da WebEx.
  

Em maio de 2012, a empresa mudou seu nome para Zoom Video Communications, influenciada pelo livro infantil Zoom City, de Thacher Hurd e no dia 10 de setembro lançou a versão beta, que poderia hospedar conferências com até 15 participantes de vídeo. O que Yuan gastava em pesquisa e desenvolvimento de uma tecnologia proprietária, ele economizava em todo o resto. Por exemplo, ao invés de adquirir o domínio zoom.com de seu dono na época, optou pela solução mais barata: zoom.us (somente em 2018 a empresa finalmente compraria o endereço .com, por US$ 2 milhões). Em novembro, a empresa assinou com a renomada Universidade de Stanford como seu primeiro cliente. Porém, havia um ceticismo crescente em relação àquela nova empreitada, que teria que competir com Skype da Microsoft, Hangouts do Google e o próprio WebEx da Cisco, além de tantas outras alternativas gratuitas - mas que eram todas instáveis.
   

Mas a desconfiança mudaria da noite para o dia quando em 25 de janeiro de 2013 a versão 1.0 do programa foi lançada oficialmente para o público em geral com um aumento no número de participantes por conferência para 25. O Zoom era diferente de tudo que a concorrência tinha no momento. Entretanto, não foi nenhum de seus aspectos técnicos ou de infraestrutura que conquistaram o público. Era a facilidade de uso, que removia a complexidade de se conectar com amigos e colegas. Além disso, oferecia qualidade de áudio e de vídeo impecáveis. Para facilitar ainda mais, apenas o responsável pela reunião precisava de uma conta no serviço, enquanto os participantes poderiam ingressar instantaneamente sem mesmo precisar baixar nada ou se logar. Com isso, ao final de seu primeiro mês, o Zoom já possuía 400.000 usuários, que subiram para 1 milhão em maio. Ao final deste ano, o Zoom já era responsável por hospedar 5.000 reuniões por dia. A partir desse momento, os investidores começaram a aparecer aos borbotões.
   

Em fevereiro de 2015, a empresa recebeu US$ 30 milhões em financiamento de investidores. Nessa época, o Zoom tinha 40 milhões de usuários, com 65.000 organizações inscritas e um total de 1 bilhão de minutos de reunião desde que foi estabelecido. Com a disponibilização da versão 2.5 em outubro, o Zoom aumentou o número máximo de participantes permitidos por conferência para 50 e depois para 1.000 para clientes empresariais. Fã de basquete, Eric era torcedor fanático do Golden State Warriors. E enxergou aí uma enorme possibilidade para o Zoom, que em 2016 iniciou uma parceria de três anos com a equipe. Essa iniciativa colocava o programa de videoconferência como a plataforma para os jogadores se comunicarem com seus fãs e, em troca, o Zoom poderia exibir seu logotipo em destaque na Oracle Arena, em Oakland. Era uma dupla vitória para a empresa, obviamente, que ajudava a popularizar sua solução nos dois lados do acordo. Com isso, o faturamento da empresa aumentou em 300% ao final deste ano.
  

Em abril de 2017, a empresa lançou o Zoom for Healthcare, um produto de telemedicina que permite aos médicos, remotamente, fazerem consultas ou visitas a pacientes por meio de vídeo e áudio em alta definição, além de oferecer serviços aprimorados de sala de espera de pacientes, de links de reuniões personalizados, de gravação de reuniões ou consultas, de compartilhamento de telas e arquivos, de bate-papo online e de colaboração com outros médicos e especialistas. Pouco depois, em maio, o Zoom anunciou a integração com os sistemas de conferência da Polycom, permitindo recursos como reuniões com várias telas e dispositivos e compartilhamento de tela HD e sem fio. Além disso, em setembro realizou a Zoomtopia, sua primeira conferência anual de usuários, onde anunciou uma parceria com a Meta para integrar o Zoom com realidade aumentada, integração com Slack e Workplace por Facebook, além de dar os primeiros passos em direção a um programa de reconhecimento de voz de inteligência artificial.
   

Ainda em 2017, mais de 65.000 empresas no mundo todo dependiam do Zoom para reuniões, conferências e seminários pela web e mais de 40 milhões de pessoas já tinham usado a plataforma para participar ou organizar uma conferência. Além disso, Zoom fechou o ano marcando presença em 90% das principais instituições acadêmicas dos Estados Unidos e com crescimento superior a 150%. No dia 18 de abril de 2019, Zoom teve um dos IPO (sigla em inglês para Oferta Pública de Ações, ou seja, quando a empresa se torna pública, oferecendo ações na Bolsa de Valores) mais bem-sucedidos do ano, obtendo uma valorização inicial de US$ 15.9 bilhões.
  

Durante a pandemia de COVID-19, a demanda pelas chamadas virtuais aumentou muito, causada pela necessidade de isolamento social, e o Zoom se tornou praticamente onipresente para que hospitais, universidade, escolas e outros negócios pelo mundo pudessem continuar conectados e operacionais. Quando partes da China entraram em isolamento, o fundador da empresa abriu as contas gratuitas de nível básico, geralmente limitadas a 40 minutos por reunião, para funcionar por 24 horas. Em meados de março, expandiu a oferta a todas as escolas de ensino fundamental e médio que suspenderam as aulas, primeiro nos Estados Unidos, Itália e Japão e depois para mais 19 países. Com isso, no início de abril, mais de 90.000 instituições escolares já usavam o Zoom. Adicione-os aos outros milhões que começaram a aproveitar o modelo gratuito da plataforma para utilizá-lo por motivos profissionais ou pessoais.
   

Em abril de 2020, o Zoom atingiu a marca de mais de 300 milhões de participantes em reuniões diárias (antes da pandemia eram cerca de 10 milhões de participantes por dia). Antes usado apenas no ambiente corporativo, o Zoom tornou-se íntimo de milhões de pessoas no mundo inteiro. Tudo isso levou o Zoom a um novo patamar financeiro, estratosférico. Por exemplo, em setembro de 2020 ultrapassou US$ 100 bilhões em valor de mercado.
  

Claro que esse crescimento absurdo não veio impune. Com milhões de usuários diários, facilidades de conexão e sem exigir inscrição, o Zoom revelou falhas que não estava preparado para responder. Isto porque, a empresa começou a ser questionada, e até investigada, por autoridades de vários países sobre seus procedimentos para garantir privacidade e segurança de dados dos usuários. Reuniões públicas enfrentaram invasões e envios de imagens pornográficas ou materiais ofensivos (prática que ganhou o nome de “Zoombombing”). As críticas foram enormes e a empresa reagiu rápido aprimorando e atualizando recursos de segurança para corrigir vulnerabilidades, como por exemplo, reuniões protegidas por senha, autenticação de usuário, salas de espera, reuniões bloqueadas, desabilitação do compartilhamento de tela do participante, IDs gerados aleatoriamente, capacidade do host de remover participantes perturbadores e criptografia ponta a ponta para os usuários. Contra vazamento de emails e informações pessoais, também ofereceu recompensas para hackers éticos, anunciou a criação de um conselho de segurança e contratou especialistas externos.
  

A empresa também aproveitou o momento causado pela pandemia para lançar novos produtos, como por exemplo, o Zoom for Home, uma linha de produtos para uso doméstico, voltada para quem trabalha em casa. O primeiro produto consiste em uma tela de 27 polegadas com três câmeras grande-angulares e oito microfones, com software Zoom pré-carregado no dispositivo. Outros lançamento foram o OnZoom, um mercado de eventos virtual com um sistema de pagamento integrado onde os usuários podem hospedar e promover eventos ao vivo gratuitos ou pagos; e o Zoom Phone, um serviço (pago) disponível em 40 países que permite às empresas migrarem de um sistema de telefonia legado para um sistema IP, que se integra com a plataforma de comunicação em vídeo do Zoom. A empresa também anunciou o Zoom Apps, um recurso que integra aplicativos de terceiros para que possam ser usados na interface do Zoom durante as reuniões. Além disso, adicionou novos recursos de acessibilidade para tornar o aplicativo mais fácil de usar para pessoas surdas, com deficiência auditiva ou com deficiência visual.
   

A evolução visual 
A identidade visual da marca passou por uma pequena remodelação com a retirada de seu principal símbolo, representado por uma câmera branca em um fundo azul-claro. Com isso, o nome da marca passou a ser mais encorpado.
  

Apesar disso, o principal símbolo de reconhecimento da marca Zoom é amplamente utilizado nos meios digitais, como por exemplo, aplicativos e redes sociais.
  

Dados corporativos 
● Origem: Estados Unidos 
● Fundação: 21 de abril de 2011 
● Fundador: Eric Yuan 
● Sede mundial: San Jose, Califórnia, Estados Unidos 
● Proprietário da marca: Zoom Video Communiations Inc. 
● Capital aberto: Sim (2019) 
● CEO: Eric Yuan 
● Faturamento: US$ 622 milhões (2019/2020) 
● Lucro: US$ 21.7 milhões (2019/2020) 
● Valor de mercado: US$ 114.7 bilhões (novembro/2020) 
● Valor da marca: US$ 4.481 bilhões (2020)
● Usuários: 300 milhões 
● Presença global: 150 países 
● Presença no Brasil: Sim 
● Funcionários: 2.500
● Segmento: Tecnologia 
● Principais produtos: Aplicativo de videoconferência e chat online 
● Concorrentes diretos: Google Meet, Facebook Messenger Rooms, Microsoft Teams, Cisco Webex, WhatsApp e Skype 
● Ícones: A câmera branca no fundo azul-claro

O valor 
Segundo a consultoria britânica Interbrand, somente a marca ZOOM está avaliada em US$ 4.481 bilhões, ocupando a posição de número 100 no ranking das marcas mais valiosas do mundo. 

A marca no mundo 
Zoom oferece videoconferências, voz, webinars e bate-papo em desktops, telefones, dispositivos móveis e sistemas de sala de conferência, possui mais de 300 milhões de usuários ativos em 150 países ao redor do mundo, está disponível em quase uma dúzia de idiomas, emprega mais de 2.500 pessoas e faturou US$ 622 milhões no ano fiscal de 2019/2020. A empresa atende mais de 80 mil clientes corporativos, como Samsung, Uber e Walmart, que pagam centenas de milhares de dólares por ano pela versão Premium da plataforma. A empresa, além de sua sede corporativa na cidade californiana de San Jose, possui 16 escritórios espalhados pelos Estados Unidos, Índia, Japão, China, Cingapura, Holanda, Austrália, Reino Unido e França. O uso da plataforma é gratuito para videoconferências de até 100 participantes ao mesmo tempo, com limite de 40 minutos. Para conferências mais longas ou maiores com mais recursos, assinaturas pagas estão disponíveis. Recursos voltados para conferências de negócios, como Zoom Rooms, estão disponíveis por US$ 50-100 por mês. Até 49 pessoas podem ser vistas em uma tela ao mesmo tempo. 

Você sabia? 
Eric já chegou a comentar em entrevistas que o Zoom é a realização de um sonho de juventude. Enquanto estava em seu primeiro ano de faculdade na China, ele tinha que enfrentar um trem por dez horas para visitar sua namorada, que morava longe. Eric detestava essas viagens e pensava constantemente em outras maneiras de vê-la sem precisar entrar em um trem. No fim, isso foi a semente do Zoom. E a história teve final feliz: não só a empresa se tornou realidade, como Eric se casou com a então namorada, teve três filhos e hoje vivem juntos na Califórnia. 
O crescimento se torna ainda mais impressionante quando observamos que, nos primeiros anos, o Zoom nem mesmo tinha um time de marketing dedicado. Sua popularidade era orgânica, impulsionada pela satisfação dos consumidores e pelo evangelismo do próprio Yuan. 


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, BusinessWeek, Isto é Dinheiro e Exame), jornais (Valor Econômico e Estadão), sites de tecnologia (Canal Tech), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers). 

Última atualização em 14/11/2020

Um comentário:

Adalberto disse...

Desconheço um blog mais legal que este